Eu acordava após ter descansado durante um tempo merecido após minha última missão, Leon permanecia a dormir em meus aposentos, eu entretanto me arrumava, colocava o chapéu e me dirigia até o apropriado local para treinos da 12ª divisão, o melhor disso tudo, eu simplesmente tinha mais espaço que todo mundo, vantagens de ser uma grande lenda do mundo shinigami em um corpo compacto. Eu começava a me alongar, começando primeiro pelos braços, apertando as juntas de meus cotovelos, depois, levava minha mão até minhas costas , depois a outra,  sempre, visando alongar os músculos e deixá-los suficientemente aquecidos para o treino que iria fazer. Eu tinha plena consciência, de que eu era ágil o suficiente para qualquer missão que me fosse dada, entretanto minhas pinceladas, minhas habilidades com minha zanpakutou precisavam de um bem treinado trabalho.

Me dirigia até o meio da área determinada para treino, levava então a mão até o cabo da zanpakutou, com um punho firme, eu agarrava o cabo e soltava a trava da bainha com o polegar da outra mão , terminava então de sacar a Zanpakutou colocando a lâmina á minha frente. Colocava a segunda mão logo atrás da mão que firmemente segurava a lâmina em minha frente e então começava a desferir múltiplos golpes, a priori,  os golpes não tinham muita direção ou sentido, apenas utilizava da minha agilidade e reflexos para conseguir atacar as brechas imaginárias que eu determinava, entretanto, ao perceber isso, vi também que não havia muita técnica naqueles movimentos. Eu então, embainhava a zanpakutou novamente, respirando levemente ofegante. Eu então recomeçava o processo, respirava fundo e então começava, sacava a lâmina já em um movimento, conforme ensinavam na academia, percebia então a base adotada, o posicionamento dos pés e o arco dos braços. assim como a força necessária para realizar o golpe.

Começava então a lembrar mais e mais os movimentos ensinados na academia, golpes precisos e que deslizavam, golpes que visavam os pontos vulneráveis de cada um dos inimigos imaginários, estocadas, cortes e retalhos executados de acordo com a academia, entretanto em pouco tempo me lembrava o porquê eu não gostava dessa forma que era ensinada, eu podia sentir o suor acumulando nas juntas e pingando no nariz, eu podia sentir a respiração ficando mais ofegante, o calor que fazia dentro daquele shihakusho. Mas a forma valia a pena, eu podia sentir que os golpes tinham mais objetivo, talvez fosse realmente mais energia gasta porém fosse uma energia gasta de uma forma melhor do que depender apenas da agilidade.

Os golpes, por sua vez, também não eram erráticos, numa maneira onde era dado maior foco em ataques e defesas que priorizavam menos movimento dos pés, firmando uma base, como se eu protegesse o terreno onde eu estava  tentando atacar ou defender o oponente, percebi entretanto que esses ataques não me ajudariam devido ao meu tamanho e o tamanho dos meus oponentes, logo, comecei então a desenvolver um estilo básico adaptado á necessidades que comecei a encontrar durante todo aquele tempo de treino. Golpes que possuíam trabalho de pernas, avanços, pulos, desvios e fintas. Comecei a unir o estilo da academia ao estilo que utilizava antes, um estilo altamente dependente da agilidade que eu possuo, para a movimentação necessária para que eu consiga ficar em segurança, enquanto ainda assim consiga  entrar em um combate onde eu tenha maiores chances de conseguir tanto desferir danos quando conseguir desviar, conseguir lutar o combate na maior vantagem que pudesse obter.

-  Agora sim. - Eu falava comigo mesmo, esboçando um sorriso. Eu descansava por um momento, feliz em ter descoberto aquele estilo de combate, eu sabia que eu havia descoberto algo, agora só precisava explorar aquela habilidade até onde desse. E pela minha sorte, eu estava ali justamente para isso, novamente pegava minha zanpakutou e me colocava na base novamente, com investidas eu fatiava meus inimigos imaginários, trocava a base e as pernas para conseguir defletir um ataque de uma maneira melhor que não me levasse a soltar minha lâmina ou cair para trás, tentava então cortar e  deslizar, parando a cada erro, a cada momento para então começar novamente.  Os movimentos a cada iteração de treinos se tornavam mais cirúrgicos, não, na verdade os cortes pareciam grandes pinceladas no papel da realidade, grandes traçados, que juntos compunham uma obra de arte de combate.

Enquanto eu cortava e cortava o ar eu pensava em um nome para aquele estilo, afinal de contas toda obra, toda escultura, toda pintura precisa de um nome, ao finalizar um corte, aproveitando o momentum eu embainhava a zanpakutou enquanto sorria; -  O estilo do artista errante, isso. -  Com algumas leves risadas, eu voltava novamente a treinar, os cortes e movimentações ficando mais fluídos, cada vez mais eu conseguia encaixar ataques mais precisos e com maior força, cada vez mais rápidos, e então o tempo começou a correr contra mim, algo que eu não havia levado em conta, algo que eu não havia percebido passar por mim enquanto eu tentava e tentava desenvolver um estilo de combate que me fosse útil.

Em um dos avanços, as minhas pernas simplesmente desistiram de me acompanhar e eu com toda a força utilizada era lançado para frente, deslizando um pouco no chão antes de rolar algumas vezes, eu levantava me sentando levando a mão à perna que havia ficando para trás, apertando-a; -  Dormiu aí, parceira? - Eu dizia em tom de brincadeira -  Tudo bem, a quanto tempo estamos fazendo isso mesmo?  - Eu suspirava, e tentava me levantar apenas para perceber que, a outra perna também havia cedido; -  Estão conspirando contra mim, pois bem eu voltarei para o quarto com os os braços!  - Eu então me arrastava até a zanpakutou que estava caída um pouco mais a frente e com todo esforço guardava-a em sua bainha.

Começava a me arrastar dali com todo esforço, mas comecei a perceber que o cansaço era muito grande, por todo o corpo. Eu então vi Leon passando pelo canto de meus olhos; -  Leon seu maravilhoso reptil brilhante, poderia me ajudar?  - O camaleão então se virava para mim, eu levava uma mão para tentar segurá-lo para que pudesse me ajudar apenas para ele lançar sua língua em minha face. Aonde permaneceu por alguns momentos até eu tentar tirá-la com movimentos exagerados, o canalha havia me enganado uma segunda vez. Pelo ou menos ficara ali, me fazendo companhia até conseguir me levantar e dirigir ainda que mancando e lentamente, de volta para os meus aposentos.