Pela manhã, Shizuke foi até as instalações de treinamento da Terceira Divisão, determinado a aproveitar aquela manhã para tentar colocar em prática um estalo que tinha concebido um tempo atrás, um treinamento que lhe permitiria alcançar todo seu potencial com feitiços. A recente promoção adicionou ainda mais responsabilidades e tornar-se forte o suficiente para liderar por exemplo era uma de suas mais imediatas. Assim que chegou, encontrou um dos oficiais mais experientes matando o tempo enquanto cuidava dos equipamentos, sem nenhuma atribuição de treinos obrigatórios para aquela manhã.

Após uma breve conversa, o oficial aceitou ajudar Shizuke, propondo um exercício que, segundo ele, tinha sido passado por um instrutor de outra divisão, e que estava apresentando rápidos resultados com os ceifadores. Apesar de seu entusiasmo, assim que o oficial começou a explicar como funcionava, Shizuke percebeu que devia se tratar de uma ordem vinda de cima, de reabrir casos não resolvidos e passar isso às divisões como uma espécie de exercício. O único motivo de não ter simplesmente voltado ao seu dormitório foi ter recebido um caso sobre desaparecimento na Rukongai, em circunstâncias muito parecidas com o desaparecimento de Aomasa. Chegou a cogitar uma relação entre os casos, então começou a traçar paralelos e pediu permissão para levar os documentos até seu pequeno escritório, cortesia do novo cargo.

Iniciou analisando as datas. O caso entregue a ele pelo oficial tinha datas imprecisas, mas graças aos acontecimentos descritos ele foi capaz de situar os fatos entre cem e cento dez anos atrás, o que era um período de tempo longo demais para o motivo dos desaparecimentos serem o mesmo. Ele anotou a informação e seguiu adiante, repassando o nome dos oficiais no caso: sequer reconhecia os nomes, aqueles deviam ter subido de cargo ou tinham sido transferidos devido a um desempenho ruim.

Fez alguns rabiscos na sua cópia do relatório, descartando informações irrelevantes e verificando a continuidade da investigação — antes dele, alguns anos antes, outro oficial tinha reaberto a investigação, descobrindo pequenos detalhes aos quais Shizuke ainda não tinha se atentado. Em seu relatório da investigação onde Aomasa desaparecera, Shizuke não encontrou nenhum nome ou referência parecida, até que cruzou os dados chegando em… o desaparecimento do artefato. Assim como em sua operação de dias atrás, no caso não resolvido o desaparecimento na Rukongai também foi precedido por um aparente furto. Mesmo sozinho o fato era específico o suficiente para não ser coincidência. Com isso, Shizuke voltou ao escritório e procurou todos os arquivos de desaparecimentos naquele distrito ao norte. Em todas as ocasiões o padrão se repetia: artefato roubado, desaparecimento de um ceifador, passavam-se alguns anos e o artefato era recuperado, e o ciclo se repetia. Devolveu os arquivos ao oficial na área de treinamento, guardando suas anotações pessoais. Imaginava ter encontrado pistas que poderiam resolver de uma vez por todas os desaparecimentos em série, além de ter uma possibilidade de resgatar Aomasa, independentemente do que tivesse acontecido com ele.

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Shizuke voltou à área de treinamentos no dia seguinte, aproveitando a mente afiada da análise da investigação para tentar aprimorar ainda mais sua maestria com os feitiços. O mesmo oficial de antes estava por lá, dessa vez sugerindo uma atividade prática com os Kidos. Shizuke precisava estar preparado para quando sua perícia se fizesse necessária em alguma operação. Akira, o oficial, desapareceu brevemente e depois voltou com a mão cheia de discos, explicando o intuito da atividade.

Acertar os discos em movimento parecia uma tarefa fácil — Shizuke, apesar do pouco tempo na divisão, era estudante da arte desde antes de seu ingresso na academia Shin’o, usando as práticas constantes como meio de manter o corpo acostumado à saída de sua energia para dar forma aos feitiços. Assim que ele começou a lançar os discos no ar, Shizuke notou o quão difícil era adaptar o lançamento de suas técnicas a pequenos alvos em movimentos, muito diferentes de seres humanos ou alvos maiores como Vazios. O Yoshimura errou mais alvos do que podia contar antes de conseguir acertar um único, explodindo-o com uma versão fraca de um Hado genérico. Ele sentiu a variação do tamanho da técnica afetar sua concentração, precisava levar em conta diversas variáveis ao mesmo tempo — o tempo, a distância, a trajetória do objeto e da técnica, comprimir a liberação numa forma menor; junto com sua habilidade de conjuração, precisava também manter o foco.

As tentativas seguintes se tornaram gradativamente mais fáceis: ele havia adotado a estratégia de se adaptar a uma variável por vez, primeiro corrigindo a pequena variação de tempo que existia ao executar o Kido em sua versão compacto, compensando a conjuração para conseguir acertar o disco; depois que a conjuração se tornou intuitiva, passou a se preocupar com a distância percorria por ele, por sua técnica e pelo disco, alinhamento mentalmente o ponto de impacto; apesar de simples, a tarefa fez Shizuke perceber como refinar conceitos onde ele se encontrava estagnado, permitindo um estalo que o faria alcançar seu potencial final como usuário de Kido.

Ele seguiu treinando até mesmo depois que o oficial tinha ido embora — ele havia desistido de acompanhar Shizuke até o final quando percebeu que a empolgação dele era tamanha que ele esquecera do tempo —, encontrando novos discos e esgotando cada gota de seu poder enquanto tinha consciência. Depois voltou ao escritório e escreveu o esboço de uma pesquisa, se certificando de dar forma ao projeto que poderia ser usado no futuro para justificar uma promoção a tenente.

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Situação: Aprovado
Considerações: Boa RP, aprovado.