Qual o objetivo dessa vida? Eu havia me encaixado em um propósito, mas além disso, o que existia? Evoluir uma vez mais me traria alguma clareza? Eu tinha alcançado esse estágio de evolução, no entanto, isso apenas havia me levantado maiores dúvidas, questionamentos acerca do meu poder, da minha existência e do meu próprio querer. Mas qual era o objetivo disso? Do que adiantava tamanha busca por algo? Quanto mais adentrava ao deserto, maior era meu cansaço, não físico, mas mental, a solidão dos meus próprios pensamentos as vezes me levava ao desejo mais primordial de aniquilar uma vida, mas não com a de outro e sim com a minha própria.

— Você… por favor, não me mate. — eu não era capaz de reconhecer aquela súplica, nunca antes havia escutado aquela voz, no entanto, ao me deparar com sua feição, recordei-me na hora. Era meu igual. Sim, matar ele estava nos meus planos, mas era curioso, não? Ele estava desesperado, implorando por sua vida, por qual motivo eu reservaria o direito de ceifá-la? Em busca de algo que sequer sabia a possibilidade. No entanto, diante daquele pedido, tão educado para um lugar como aquele, havia razão para, no mínimo, me aproveitar.

— E o que ganho? — uma pequena pausa — O que ganho por lhe deixar viver? — conclui.

Considerações: