Nascida de uma era esquecida, marcada pelas superstições e lendas, juntos de forte poder religioso e delimitados por feudos. Rien foi a terceira filha do Rei Dragos, dono das terras da Transilvânia, nomeado pelo próprio Rei Húngaro, por volta do século XV. Depois de um parto sofrido, sua mãe Yelena acabou por falecer, dando à luz a sua última filha. Essa notícia devastou todo o reino, já que ela mesma era muito querida pelos seus súditos, e ainda mais ao seu marido, que mudou muito desde o acontecimento.
    Lembrando muito de sua mãe, seu pai fez questão de se manter o mais distante possível dela, já que sofria demais em relembrá-la. Por consequência disso, a menina se sentia muito sozinha, e acabava sendo um pouco abandonada pelos serviçais do palácio, por mais que fosse bem cuidada. Seus irmãos mais velhos eram a única coisa que traziam certa felicidade à menina, já que a faziam companhia e dividiram histórias de coisas que viram pela cidade. Hector e Bryan faziam questão de animar a garota, já que, ao invés do seu pai, viam nela a perpetuação de sua mãe, o que lhes traziam boas memórias.
    Com o passar dos anos, as coisas melhoraram um pouco, e o coração da garota se tornava tão bom quanto o de sua mãe. Visitava as províncias, ouvia as pessoas dos vilarejos e prestava atenção em suas queixas e problemas, quase como se fosse mais uma dos pobres plebeus. Contudo, a mesma coisa não podia ser dita de seu pai, recluso e cada vez mais misterioso, permanecia no castelo boa parte do seu tempo, agindo nas sombras. A verdade era que havia se corrompido ao sonho de um dia poder ver sua esposa de novo, mas desta vez não na morte, e sim ainda na vida.
    Por causa disso, se aproximou muito do ocultismo, de práticas consideradas infames e rituais malignos, tudo na esperança de retomar o que tanto sentia falta. A má fama se espalhou, e aos poucos as pessoas que antes recebiam a princesa de braços abertos passaram a temê-la. O reinado começou a decair, conforme uma estranha sensação vigiava o coração dos plebeus, já que algumas pessoas passavam a desaparecer, alguns alimentos aprodreciam e as hortas não traziam frutos.
    Rien tentou confrontar o seu pai, mas a esse ponto ele nem mais a ouvia, agindo sempre de forma apressada e agitada quando perto dela. Até que em certo ponto, investigando pelas paredes do castelo ela descobriu algumas passagens secretas, que convergiam para apenas um lugar, uma câmara subterrânea debaixo de todas aquelas pedras. A cena era terrível, vários livros, poções e membros, órgãos e escritas por toda a parede, era pior do que suspeitava que fosse, incluindo inúmeros corpos de pessoas que ela mesmo conhecia.
    Naquele mesmo dia, logo após a sua descoberta, as pessoas das cidades invadiram pela porta de sua enorme casa. Até mesmo os guardas não conseguiram impedi-las, e nem mesmo sentiam-se à vontade com as atitudes de quem serviam, quase que como complacentes a invasão. Naquela mesma noite, ela, seus irmãos e pai foram capturados e levados para fora, amarrados e com seus rostos cobertos por sacos de couro. Eventualmente, todos estavam reunidos na praça principal do reino, em uma noite de lua cheia, ao redor de uma grande fogueira, que ainda estava apagada.
    Poucos minutos depois um padre proclamava em voz alta a todos os crimes cometidos por Dragos, enquanto afirmava as consequências de seus atos. Mortes, fome e peste assolavam a região, associadas aos rituais profanos realizados nas sombras no castelo. Tudo passava sobre uma velocidade muito lenta para a menina, que se prendia a sua mente, em choque por tudo que estava acontecendo. Afinal, o que ela fez para merecer aquilo? Queimado, seu pai agonizou em chamas, seus irmãos e ela foram degolados por lâminas de prata, banhados em água benta, acusados de serem filhos de um demônio.


    Anos depois de uma história tão marcante, o lugar nunca se recuperou por completo, afinal a casa da realeza permanecia intacta, conhecida por ser assombrada. A verdade, por outro lado, era muito mais problemática, pois o espírito de Rein vagava pelo castelo, chamando pela sua mãe e seus irmãos, perguntando porque estava tão sozinha, porque fora abandonada. Sua situação somente se agravou cada vez mais, até que enfim se transformou em um hollow e passou a consumir as pessoas que se aproximavam do lugar.
    A carne e as gerações das pessoas do vilarejo sofriam com os gritos agudos de algo que parecia habitar no castelo, invisível e inexplicável. Estes que pareciam crescer a cada dia, estando cada vez mais perto, até que muitos foram forçados a deixar suas casas, já que os sequestros pareciam ser mais uma vez uma realidade. Com poucas formas de saciar sua sede de carne humana, Rien consequentemente abandonou sua prisão, seu sofrimento, depois de ser enfrentada por um shinigami, sendo forçada a recuar para outra dimensão, que nem mesmo ela conhecia.


    No Hueco Mundo, se destacou como Hollow, se tornando cada vez mais evoluída, até que todo o processo a levou a se formar em um Arrancar. O ganho da consciência lhe custou sua memória, a anos perdia desde a Hollificação, mas a concedeu muito poder, pois era naturalmente diferente dos demais. Percebendo sua situação, assustada e confusa, acabou conhecendo o antigo Rei Hollow e seu esquadrão de Espadas, não demorando muito para que se juntasse a eles. A sobrevivência era mais fácil se jogasse do lado certo da moeda. Sua personalidade havia mudado muito desde então, passando a ser feroz, séria e temível, ainda guardando, mesmo que bem fundo em si, resquícios de sua bondade.
    Para si mesma, prometeu jamais desistir, já que isso representaria comodismo, o que fundamentalmente a mataria em um ambiente tão competitivo quanto o Hueco Mundo. Devido a sua aparência, assim como sua armadura preta e espada, acabou ganhando uma fama ruim entre os outros Hollows, o que causou muitos problemas para Arrancar, dependendo apenas da sua própria vontade para que obtivesse o que precisava.