Quarto Espada

O Renascimento de minha própria alma; Algo que há tempo busquei, porém  - Mesmo que continuasse a perseguir tal objetivo na jornada, me sentia distante. Não sabia para onde seguir ou começar, até que enfim deixei os princípios de minha selvagem natureza Hollow e entreguei o peso de meu coração corrupto nas mãos de Wanessa. Confesso que, no começo, não compreendia sequer uma ínfima fração do que era sequer a felicidade genuína. Eu era incapaz de senti-la, bem como a tristeza. A única sensação que percorria livremente o meu corpo era o pesar do rancor que me dera origem. Faz-se, no entanto, pouco tempo desde que tivera tal interação com a Fracción, então ainda havia um longo caminho a ser pavimentado.

Me encontrava, por mais uma vez, solitário em minha isolada torre. No salão luxuoso, havia virado a grande cadeira ornamentada com artigos dourados para a janela, onde poderia observar os cinzentos mares sem vida das terras ermas do Hueco Mundo. Era difícil sequer imaginar que algum ser pudesse ser feliz neste lugar, ou amar a própria existência. No fim das contas, isto não é nada além de uma maldição eterna. Uma vez Hollows - Para sempre condenados a vagar em solidão, temendo a luz. Cruzava os dedos das mãos e mantinha os olhares baixos, pensativo.

— "Já se faz quanto tempo desde que esta sina percorre os anais de minha memória? Mal posso me lembrar da última vez em que me desvirtuei deste objetivo. Seria esta a minha penitência? ...Buscar por uma redenção que jamais poderei alcançar?" — Ditei a mim mesmo, enquanto jogava olhares ao céu sombrio.

Após o único suspiro que pude me dar ao luxo de soltar, meu momento de reflexão solitária fora interrompido por um grupo de quatro Fraccións, liderados por um Exéquias. Eles aproximaram-se de meu pseudo-trono e se ajoelharam prontamente, aguardando que eu me dirigisse aos mesmos. Assim o fiz, me levantando da cadeira e jogando meus olhares em direção aos que ali se encontravam. Levei ambas as mãos para as costas, enquanto o Exéquias levantou-se de sua posição de respeito. Com a mão esquerda ainda no peito, o Hollow espião parecia trazer notícias desagradáveis.

 — "Quarta Espada; Lorde Yura." — Ele disse, em um cumprimento formal. — "Assumo que vim lhe observando durante algum tempo, desde a sua empreitada ao Mundo Humano. Uma vez como Exéquias, me vi na obrigação de investigar o acontecido, e acabei por descobrir uma trama entre Quincies e Shinigamis contra ti. Ao que tudo indica, os traços deixados por você no plano dos vivos chamara a atenção dos mesmos. Eu não sei o que planejam ao certo...Mas parece que estão tentando arrumar um meio de nos alcançar." — Ele ditou.

— "...Quincies? Eu não me lembro de ter sentido nenhuma presença dessas no local, mesmo com a Pesquisa de meus Fraccións. Explique detalhadamente o que viu, Exéquias." — Lhe ordenei, visivelmente incomodado pela notícia.

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O Mascarado pareceu hesitar durante um instante, engolindo seco. Ou ele estava escondendo algo - Ou talvez estivesse simplesmente receoso de me passar a informação pela sua magnitude. Por conta disso, mesmo que não pudesse detectar suas emoções através da máscara craniana, sentia o medo. Ele o reprimiu rapidamente, no entanto, para que pudesse finalizar o serviço como mensageiro.

— "Não são meros Quincies também, eu temo. Eles são provenientes de uma linhagem antiga...De uma linhagem que já travara uma guerra contra o Hueco Mundo há alguns séculos. Temo que o senhor ainda não havia nascido, mas fora uma batalha sanguinária. Eles sempre estiveram em busca de vingança pelos seus ancestrais caídos, mas acessar o Hueco Mundo é tão difícil para eles quanto é para nós empreitar a Soul Society. Seus traços de Reiatsu são a chave para que eles possam invadir nosso mundo." — O Exéquias ditara. — "Além disso, estão sendo liderados por um Shinigami. Não sei de quem se trata ou seu nível de poder. Isso é tudo. É melhor nos prepararmos, pois eles virão aos montes." — Finalizou.

— "Mobilizarei todos os meus Fraccións. Quero que uma porção de vocês investigue todos os arredores de Las Noches e que  você retorne até o mundo humano e traga informações adicionais. Eu ficarei aqui e colocarei o castelo em estado de alerta máximo. Eu tenho certeza de que não estão sozinhos." — Ditei.

O Exéquias e os demais Fraccións imediatamente entenderam o recado e desapareceram com utilização do Sonido. Para falar a verdade, estava surpreso de verdade. Eu nunca pensei um dia que fôssemos ser invadidos, ainda mais por uma raça que há tanto tempo vêm diminuindo seus números. Deixei a minha torre, mas não antes de desferir um soco de puro ódio contra uma das paredes, rachando-a. O pesar de Las Noches estava sob minha proteção. Somente a mim havia sido concedido o direito de defender a odiosa e longínqua fortaleza do submundo.

Direcionei os passos através da escada espiral que levava até a base do gigantesco castelo, a fim de alertar a todos os Fraccións ali disponíveis. Se eles nos atacariam com um exército, seriam recebidos pelos meus mais refinados guerreiros. Que haja sangue, e que haja destruição - Não importa quantos morram, Las Noches deveria permanecer de pé. Não só pela supremacia Arrankar, mas também para prová-los de que não é necessário um Rei para nos certificarmos de nosso poder. Uma mensagem ao mundo exterior; Para que temam a escuridão provinda deste plano.

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A Iminência da morte proclamava a urgência pela qual os Fraccións deveriam se posicionar. Avisei-os, de um a um, da ameaça que aos poucos marchava em direção à fortaleza. Muitos dos Arrankar ficaram simplesmente paralisados, quase em estado de choque. Alguns ali passavam dos seiscentos anos de idade, e pareciam recordar-se da última empreitada Quincy a este lugar. Outros já mal sabiam da existência de tal raça. A maioria esmagadora temia o poder dos purificadores, que eram ditos serem capazes de materializar seu próprio espírito em armas  com potência superior a uma zanpakuto. Eram armas místicas, que vaporizavam Hollows ao contato, expurgando-os para todo o sempre. Um poder de tal magnitude, que caso andassem ao lado dos Shinigami, com certeza poderiam destruir todo o Hueco Mundo. E, Após avisar às tropas sob meu comando e ordená-las a se posicionarem a frente do castelo, busquei tomar para perto de mim a companhia de Wanessa e Kehnny, que prontamente compareceram ao chamado de urgência. Promovidos a guarda-costas pessoais de minha pessoa, suas palavras dentro do conspecto da Quarta Espada eram absolutas como as minhas.  

— "Yura-Sama, soubemos do que está acontecendo. Assim como dito pelo Exéquias, alertamos Fraccións de outros Espadas do que está prestes a ocorrer. Las Noches já fora colocada em estado de alerta; Saiba que nossas defesas foram erguidas, e que não passarão enquanto o último de nós estiver de pé. Sei bem sobre os Quincies...Enquanto Vasto Lorde, um deles quase fora capaz de nos matar. O poder deles...Me assusta." — A mulher ditou.

— "É. Eu pesquisei sobre eles no passado, mas nunca tive a chance de encontrá-los de carne e osso. Eu ordenei que outros Fraccións se mantivessem em posições de vigilância por todo o perímetro de Las Noches, bem como arredores próximos e distantes. Eles jamais poderão passar despercebidos. Só nos resta organizar as forças defensivas." — Disse, com o semblante inexpressivo.




Enquanto a trama defensiva se desenrolava no Hueco Mundo, o Exéquias mensageiro acabara por retornar ao mundo humano a fim de perseguir vossos futuros algozes e coletar informações cruciais para o resultado de tal embate. Não demorou muito até localizar o Reiatsu massivo e anormal que os Quincies apresentavam, percebendo que se disfarçavam de humanos comuns. Andavam em grupo, com o Shinigami sempre a frente. Todos eles tinham uma aparência madura - Com exceção do Ceifador, que parecia ser jovem. Porém, é intrigante que um Shinigami ande ao lado de Quincies. Ele não parecia vestir nenhum uniforme ou acessório que relembrasse o Sereitei. Seria ele...Um traidor?

— "Eles estão perseguindo os traços de Reiatsu de Yura, como pensei. Eles terminam na mesma localização de quando ele abrira a Garganta pela primeira vez...Que merda! O tecido do espaço está fragilizado naquela área, será muito fácil para eles invadirem o Hueco Mundo a partir daquela falha. Devo agir? Não...É melhor permanecer aqui." — Ele pensara consigo mesmo.

Os algozes movimentavam-se, até que de repente, resolveram parar. Adentraram em uma viela em uma rua deserta, para que pudessem conversar em segredo. Ao contrário do Shinigami, aqueles Quincies eram visíveis aos olhos humanos, e por isso não poderiam fazer nada enquanto neste mundo. O Exéquias então movimentou-se, para que pudesse extrair informações audiovisuais do que ali aconteceria.

Um jogo de informações - Uma guerra fria, que logo explodiria em caos.

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— "Não se preocupem, eu conheço alguns Adjuchas no Hueco Mundo no tempo que passei lá. Quando fui banido do Sereitei, exilei-me do Hueco Mundo para evitar ser caçado, uma vez que minha pena era de morte na época. Agora já nem devem mais se lembrar de mim, pois se passaram mais de duzentos anos. De qualquer forma, estes Ajudhcas poderão fornecer suporte. Tem Gillians a rodo por lá, se chegarmos a Las Noches, conseguiremos destroçá-la junto de seus Espada." — O Shinigami ditou, confiante.

— "Ah, vocês nunca falham em nos surpreender, Shinigamis. Se é assim, vamos para lá imediatamente e montar as nossas forças para o ataque de amanhã. Eles serão pegos de surpresa por detrás daquelas muralhas covardes." — Um Quincy levantou a voz, apoiando a ideia.

O Exéquias imediatamente balançara a cabeça em sinal de negação, preocupado com o que poderia acontecer. Era uma aliança tríplice, entre Shinigamis, Quincies e Hollows. A junção das três esferas de poder deste mundo resultaria em catástrofes. A lei da natureza não poderia permitir que algo deste calibre pudesse se completar. Após compreender a magnitude e a ameaça da situação, o espião abrira a Garganta com uso do Descorrer, retornando para o Hueco Mundo. Havia coletado informações suficientes para preparar as forças do Quarto Espada.


Foram cerca de duas horas até o retorno do Exéquias, que estava ainda mais nervoso do que antes. À frente dos portões de Las Noches, dezenas de Fraccións haviam sido posicionados, e lentamente marchavam rumo ao norte. Acompanhando-me, estavam Wanessa e Kehnny, sempre atentos e agindo como líderes de meus subalternos. O espião mascarado logo relatara a mim tudo o que presenciou em sua nova investigação no mundo humano, com temor em sua voz. Naquele momento, meus olhos se arregalaram. Até mesmo Hollows haviam se voltado contra nós? Me lembrava da trama sombria de Zion; Mas desta vez, era algo completamente fora do normal.

— "...Mas o que...Droga! Já sei o que podemos fazer." — Suspirei, levemente nervoso. — "Reúnam todos os Fraccións sob meu comando que estejam espalhados por aí. Vamos marchar para o mais longe possível de Las Noches e atrair a Reiatsu de uma possível Garganta para nossa posição. Poderemos surpreendê-los em um terreno distante desta forma! O Ataque ocorrerá em breve, então que marchem o mais rápido possível!" — Ordenei para todos aqueles que tivessem ouvidos para escutar meus comandos.

Estendi a mão destra em forma de imperar sobre os demais. Os que já estavam em posição rumaram para o Noroeste. Havia um complexo montanhoso naquela direção, e poderíamos começar a batalha em um plano em que a vantagem fosse nossa. Não atacar de frente era mais adequado; Que viessem até nós, pois seus egos e naturezas vingativas falariam mais alto do que a racionalidade. As tropas brancas marchariam incansavelmente e se dividiriam em diversos blocos, para que as forças adversárias não pudessem atravessar nosso cerco.

— "E quanto às Resurreccións? Não acha que tantos Arrankar liberá-las de uma vez poderá ser catastrófico para o balanço de Reishi do Hueco Mundo?" — Kehnny perguntara.

— "Não importa." — Respondi, com frieza.

O Hueco Mundo não corria perigo.
Nós corríamos perigo.
Se nos atravessassem, tudo viria a baixo. Nossa raça seria exterminada.

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O Tempo se passou. Nos encontrávamos a exatos dez quilômetros de distância de Las Noches, que poderia ser vista no longínquo horizonte como um ínfimo ponto branco. Vinte e Quatro horas passamos completamente imóveis através do complexo de montanhas cinzentas do Hueco Mundo, cercadas por centenas de árvores sem vida e cadáveres decompostos de Hollow. Nossas forças haviam sido divididas em uma formação quadricular, e os guerreiros mais refinados sob meu comando encontravam-se, obviamente, logo atrás de mim. Me mantive paciente, sobre o mais alto dos montes, com a Zanpakuto cravada na terra e ambas as mãos sobre seu pomo, enquanto meus olhares inexpressivos e expressão inalterada permaneciam fixados no céu permanentemente sombreado. Fora então o momento em que acontecera a chegada de nossos visitantes há tanto tempo aguardados: Uma Garganta gigantesca abriu-se no mais alto dos céus, a cerca de trezentos metros de distância de onde estávamos. Dela, dezenas de Gillians caíram amontoados como uma poça de escuridão. Vários Adjuchas saltaram, e por fim, os quatro Quincies e único shinigami permaneceram na fenda dimensional antes de saltarem até o solo. Eles se aproximavam lentamente. Os colossos mascarados e sombrios estavam sendo controlados pelos Adjuchas, que permitiram a passagem das cinco figuras principais a frente.


— "É belo, não acha, Wanessa? O doce cheiro da morte se aproxima. São trinta e dois Gillians, doze Adjuchas, quatro Quincies e um Shinigami de nível desconhecido. Com uma força desta magnitude, nenhum Espada sozinho poderia lidar. Porém, nós temos aqui sessenta Fraccións de níveis variados, desde o mais básico até aqueles que se equiparam a um Privaron Espada. Enfim..." — Ditei, contemplando.

— "Ambos os exércitos já estão a postos e organizados. Me pergunto qual será o nível de força daqueles caras. Ainda bem que nos afastamos de Las Noches, a Reiatsu deles é imensa." — Wanessa respondera.

Permaneci sobre o monte, observando a lenta aproximação das forças de oposição dos Quincy. Em momento algum alterei o meu tom de voz ou sequer levantei a guarda, pois naquele instante, havia me desligado da batalha. Apenas apreciava a paisagem coberta por guerreiros e monstruosidades disformes.  Aquilo era...Belíssimo.


A apenas cem metros de distância, as forças dos Quincy cessaram os movimentos. Os Gillians se mantiveram por detrás dos Adjuchas controladores, enquanto os quatro manipuladores de Reishi e o ceifador banido se aproximaram para cerca de sessenta metros das forças de Las Noches. Ao que aparentava, estavam bastante nervosos por terem caído na armadilha. A Garganta aberta por eles era bastante falha, e acabou sendo atraído pela maior concentração de Reiatsu que pudera encontrar. Desta forma, Las Noches estaria segura - Ao menos enquanto não fossem capazes de derrubar as forças do Quarto Espada. Imediatamente, os Quincies moldaram seus arcos espirituais e afiaram os olhares, analisando cada adversário e sentindo suas Reiatsu.

— "Parece que vocês se prepararam para isto. Estavam nos espionando, eu imagino. Mas isso não importa, Espada. Mesmo com todos os seus subalternos aqui, apenas um único Espada jamais seria capaz de conter a nossa força. Você se chama Yura, não é? É o Quarto Espada. Tem coragem de vir até aqui por conta própria, mas saiba que também será o seu túmulo. Não seria a primeira vez em que eu mato um Espada, de qualquer forma." — O Shinigami bradou, confiante.

— "Vocês são abominações que devem ser extintas deste mundo. Através deste arco...Eu farei com que isto se torne realidade!" — Um dos Quincy ditara, elevando sua Reiatsu.

 

Eles eram agressivos - Muito agressivos. Mais do que eu esperava, e talvez até mesmo instáveis. Mesmo assim, não lhes dei a resposta imediatamente. Apenas saquei a Zanpakuto do solo e deixei que meu corpo deslizasse através da colina cinzenta, até me posicionar a cinquenta metros dos cinco algozes. Eles se mantinham próximos, e eu tive a audácia de encará-los sozinho. Cravei a espada reta novamente no solo, e firmei os olhares. Os Gillian gritavam descontroladamente, enquanto os Adjuchas tinham problemas em controlá-los. Mesmo assim, meus subalternos se mantiveram em posição, imóveis. Não se moveriam sequer um único centímetro se assim não lhes fosse ordenado.

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Os Quincies nada fizeram durante os primeiros segundos após minha fala. Apenas observaram em silêncio, antes de abruptamente cortarem o silêncio promovido entre ambos os lados com gargalhadas irônicas. De fato, há bastante hipocrisia quando um Hollow afirma que Shinigamis e Quincies são demônios, mas talvez eles também concordassem um pouco comigo.

— "Olhou-se no espelho, Quarto Espada? Não é diferente de nenhum dos outros Arrankar. Vocês vêm e vão como pragas, e estou disposto a pôr um fim definitivo nisso. Mesmo que eu já não tenha mais ligação com o Sereitei, ainda sou um Shinigami por direito. Eu não pretendo usurpar o trono. Eu somente...Quero erradicá-lo de uma vez por todas." — O Shinigami ditara.

— "...É uma pena, Shinigami." — Suspirei, retirando a Zanpakuto do solo e apontando-a para os algozes. — "Não há esperança neste lugar, ao menos não para vocês. Invadem a nossa casa, e ainda se dizem como justiceiros e trazedores do expurgo. São meros soldados formados pela ideologia distorcida da Soul Society. E é justamente por isso que vocês são os verdadeiros inimigos deste mundo." — O Respondi.

Mantiveram-se em silêncio. Então, o Shinigami dera as costas junto a seus companheiros Quincies, se aproximando do grupo de Gillians e Adjuchas que aguardavam comando. Porém, não deferiram quaisquer ordens. Estariam eles na defensiva? Havia montado tal formação pensando na ofensiva brutal e direta de meus adversários, mas me surpreenderam ao provar que esperavam que nós atacássemos primeiros. Se não o ocorresse, ali permaneceriam fossem por horas ou mesmo dias. Estáticos, não dirigiram a nós sequer o olhar.

Afastei-me também, retornando para o topo do monte cinzento. De lá, tive o privilégio de observar todo o campo de batalha em um ângulo panorâmico, ordenando que os Fraccións abandonassem suas posições atuais e tomassem uma postura ofensiva desprovida de estratégia. Naquele momento, não era necessário pensar em como vencê-los com a inteligência. A Força bruta seria sobressalente, e disso tínhamos de sobra. Quando todos estivessem em seus respectivos lugares e postos, ergueria meu palmo direito, inspirando todo o ar para dentro de meus pulmões decrépitos.

— "..." — Tomei o primeiro segundo com o silêncio, antes de baixar a mão em direção aos inimigos. — "ATAQUEM ATÉ QUE NÃO SOBRE NADA!" — Exclamei.

Então, o grito de guerra combinado de todos os Fraccións dava início ao conflito, que logo mais se provaria catastrófico.

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Os gritos de guerra ecoaram através das silenciosas terras ermas, e o Reiatsu dos Fraccións explodia em fúria. Avançaram todos de uma vez, como um exército bestial. Como resposta, os Adjuchas e Gillians também começaram a se mover, mesmo que lentamente. Neste ritmo, o Shinigami exilado saltara na frente de seu grupo, solitário, opondo-se às fileiras de subalternos de Las Noches por conta própria. Porém, eles nem sequer tinha ideia de quem aquele homem era. Baixando o capuz para revelar seus longos cabelos negros e olhos verdes, o homem de aparência jovial permanecia com um sorriso confiante em seu rosto, enquanto transformava a sua Zanpakuto para seu modo Shikai, tornando-lhe uma espécie de gancho alongado. Porém, havia uma história a qual eles desconheciam: A Razão dele ter sido expulso.

Chamado de Tojo, um dia fora condecorado como um Capitão do Sereitei; Responsável pela Terceira divisão há cerca de trezentos anos atrás. Porém, sua cabeça fora colocada à prêmio quando, em um ato de traição, assassinara uma série de Shinigamis desde os aprendizes até mesmo tenentes para se aliar com forças desconhecidas. Ele pagou o preço em sangue - E é dito ter roubado o 'Reishi' de seus companheiros caídos, o que lhes fez vaporizar completamente. Sob o controle da forma espiritual em partículas, ele fugira da Gotei 13, e mesmo sob pena de morte, ninguém ousou persegui-lo. Aquele homem era um assassino sanguinário nato , ele era temido desde o Sereitei até o Hueco Mundo. Em toda a sua vida, adversários caíram com um só golpe. E é por isso, que frente a um exército de Arrankar, ele não recuava sequer um centímetro. Eles sentiriam a fúria daquele que um dia fora chamado de Hitokiri.

O homem que nunca conheceu a derrota.



As forças Arrankar avançaram de maneira brutal - Eles atravessavam a terra em tamanha velocidade que poderiam ser confundidos com relâmpagos. O solo tremia com a pressão espiritual, e não demorara muito para que se aproximassem de seus algozes. O Shinigami - Solitário, fazia oposição ao batalhão de Fraccións de elite que eu havia selecionado a dedo. Porém, eu também não poderia só observar. Junto aos demais, me joguei no combate, mas não buscava enfrentar o Shinigami, e sim os Quincies. Os Gillian, irracionais, condensavam suas energias espirituais massivas para formar esferas de energia avermelhadas em suas bocas. O Cero - Mais de vinte Gillians tentavam fazê-lo simultaneamente, enquanto os Adjuchas permaneciam os controlando.

Três dos Quincies se encontravam sobre os Gillian, enquanto o último estava em terra firme, todos armados com armas espirituais de longa distância. Diferentemente de um Shinigami, eles pareciam ser capazes de moldá-las ao seu bel prazer , o que me levantava a pergunta do que eles realmente eram. Deixei uma única gota de suor escorrer através de meu rosto, enquanto minhas pernas se deslocavam o mais rapidamente possível. Enquanto me distanciava levemente pela lateral, percebia que os Fraccións colidiam com o Shinigami solitário. Por um momento, pensei que ele fosse ser facilmente sobrepujado, então foquei meus olhares nos alvos subsequentes.

— "Atacar Las Noches usando os Hollows do próprio Hueco Mundo? Tolice. Vocês estão desesperados. Esta revolução acabará hoje, bem como suas insignificantes existências." — Ditei em alto e bom tom, para chamar a atenção dos Quincies e outros Hollows próximos.

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As Zanpakutos das mais variadas formas colidiram contra o gancho alongado de Tojo: Desde adagas até lanças, os Fraccións utilizavam todo o seu poder físico para sobrepujar o oponente, mas em vão. Com movimento extremamente hábeis e velozes, ele girava sua arma ao redor de seu próprio corpo com utilização das mãos e rotação do torso, não permitindo quaisquer aberturas para ataque em seu estilo de combate. A cada instante que a Shikai era girada, um corte em velocidade absurda era desferido na direção dos Fraccións, que mal tinham tempo para se fender. Tojo dançava entre uma dúzia de Arrankar da elite, não só evitando - Como também refletindo seus golpes como se fossem uma única entidade. Combinados ou não, os ataques eram parado e prontamente devolvidos pela habilidade do Shinigami exilado, que mesmo com cortes simples que apenas acertavam o ar, deixavam marcas na pele endurecida dos Hollows.

Como um fantasma, ele saltava entre eles, e cada um de seus poucos ataques era preciso o suficiente para infligir danos sem sequer necessitar de contato físico. Todos os Arrankar que resolveram parar para combatê-lo estavam não só surpresos, como levemente preocupados com o estado das coisas. Como era possível um único homem ser capaz de realizar tais proezas marciais?

— "O que há? Já estão ficando cansados, ou perceberam que mesmo que continuem com isso, jamais poderão me acertar? Não se segurem. Me mostrem do que realmente são capazes de fazer. Onde está o Sonido? O Cero? Eu mal precisei usar o meu Shunpo para lidar com a habilidade de vocês. E olhe que está é só a Shikai." — Tojo ditara, zombando dos Fraccións.

— "Desgraçado. Você se arrependerá de suas palavras!" — Um dos Arrankar bradou.

Então, dos doze ali presentes - Oito carregaram seus respectivos Cero. Quantidades imensas de Reiatsu eram concentradas em um ponto próximo, e na sequência, uma sequências de enormes feixes de Reiatsu foram disparados simultaneamente na direção do renegado, que não pareceu se preocupar. Ao invés disso, canalizou sua própria energia espiritual na ponta de sua Shikai e desferiu um contragolpe imediato, que entrara em contato com a onda de energia lançada pelos Fraccións.


Estava acompanhado de trinta e oito Fraccións, uma vez que doze ficaram para trás a fim de darem cabo do Shinigami. Quando os Menos Grandes dispararam seus Ceros avassaladores, boa parte dos Hollows sob meu comando buscaram dissipar a força dos Gillian com seus próprios Ceros, gerando um embate frenético de feixes de imensa energia espiritual. Em alguns casos, os Gillian se sobressaíram, e em  outros, os Arrankar foram capazes de dominá-los. Explosões advindas dos Cero aconteciam em todos os lugares - As centenas de árvores já sem vida dos arredores eram reduzidas a pó, e os montes ermos eram dissipados como poeira ao ar.

Enquanto isso, os Quincies disparavam uma barragem de flechas espirituais não apenas contra mim, mas também contra toda a força Fracción que se encontrava sob minhas ordens. Wanessa e Kehnny permaneceram em terra para rebatê-las, mas outros Fraccións acabaram sendo atingidos ou simplesmente eram fracos demais para lidar com tais oponentes. Desta forma, saltei sobre o crânio de um dos Adjuchas, impulsionando-me através dos Gillians para alcançar o Quincy mais próximo. Com a Zanpakuto em mãos, desferi um golpe vertical de cima para baixo, mirado contra o ombro esquerdo de meu opositor, que trocara a forma de arco para uma espada de Reishi imediatamente, defendendo-se habilmente de minha investida, antes de detoná-la em uma onda de luz que fui capaz de evitar ao me jogar de tal ponto e me segurar no corpo do Menos Grande próximo, que mal reagira.

— "Devo imaginar que você não possua uma Shikai, Bankai ou Ressurrection. Se sua força está determinada pelas armas que pode criar, então talvez..." — Pensava comigo mesmo. — "Não importa, eles não parecem ser do tipo que precisam se transformar para atingir sua força total." — Finalizei.

— "Tsc. Chegou perto, mas não é o bastante, Espada. O Fulror Quincy purificará este mundo de suas mãos imundas!" — Bradara, enquanto uma enorme flecha de Reishi era canalizada em seu recém-criado arco, por mais uma vez.

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— "...Parece que eles já começaram." — Toji ditara em referência aos Quincies e Menos Grandes. — "Aquele cara vai dar trabalho, hein. Mas acho que a gente passa sem sofrer nenhuma baixa. Enquanto isso, eu vou lidar com essas pestes aqui. Me esperem um pouco, companheiros." — Continuou, ignorando a presença dos Fraccións.

Então, o combate retornara. Mais ao contrário do que se esperava, os Arrankar de alto nível estavam sendo capazes de compreender, ler e até mesmo prever todos os seus movimentos Não mais como antes eram atingidos facilmente pelos cortes espectrais do Shinigami - A Qual era a habilidade de sua Shikai. Seus golpes evocavam uma massa de energia espiritual invisível ao olho nu capaz de replicar os mesmos efeitos e força de sua Zanpakuto em um raio de até cinco metros de sua arma. Isso tornava uma defesa física impossível, mas tinha o porém de só ser aplicado após o golpe real. Todos os Fraccións ali já eram capazes de fazê-lo com dificuldade que decrescia a cada novo ataque aplicado. E, apesar disto, o exilado permanecera com um sorriso em seu rosto. Ele apostava em sua agilidade extrema para aplicar os incontáveis golpes em um único segundo, mas também subestimava a força dos Fraccións. Mesmo a combinação de Ceros de antes não fora capaz de sequer arranhá-lo. Mas agora ele parecia estar levando a sério, pois seus ataques físicos já não mais eram efetivos, e ele não havia sido capaz de derrubar nenhum Fracción até então.

— "Bom, eu nunca fui elogiado pelo meu talento na espada, de qualquer forma. Onde eu verdadeiramente brilho...É com Hadous!" — Ditara, antes de saltar. — "Hadou Nº63: Raikouhou!!!" — Exclamara.

Então, caiu sobre o montante de Fraccións, gerando raios dourados que ao contato do solo, explodiram em um domo de energia de mesma cor. A potência de seu Hado era tamanha que fora capaz de arremessar todos os Arrankar para longe, bem como tirar um deles de combate, mesmo que não houvesse sido morto. Os demais saíram feridos, mas capazes de continuar lutando. Bastara somente uma única técnica para levá-los ao limite. Naquela situação, estava óbvio: Não poderiam mais se segurar contra tal oponente. A Reiatsu dos Arrankar explodira subitamente.

Quantas Ressurrections seriam necessárias para derrubar o Invencível?


— "Aquele ataque...Droga." — Ditei, observando a flecha ser disparada. — "Aquilo vai me matar instantaneamente se eu me deixar ser tocado, não é?" — Continuei.

Então, utilizei o Sonido para me esquivar da técnica Reishi. Em extrema velocidade, a flecha espiritual do Quincy atravessara todo o campo, deixando um rastro de Reiatsu antes de se cravar no peito de um dos Fraccións que enfrentavam a ameaça de Tojo. O seu corpo rapidamente se desfez em partículas espirituais, matando-o instantaneamente antes mesmo que pudesse ter chance de reagir ao ataque ou mesmo saber o que lhe atingiu. Observei a potência do armamento Quincy com olhos atentos, e por mais uma vez me utilizei do Sonido para alcançar a parte traseira do Menos Grande o qual o Quincy se encontrava, enquanto fagulhas de energia azulada deixavam minha boca.

— "Cero." — Ditei.

O Feixe espiritual azul fora disparado, sendo maior e muito mais poderoso do que qualquer um lançado até o momento. Com somente o contato do mesmo, o Gillian fora parcialmente vaporizado, e o Quincy também. Uma vez que não se tratavam de Shinigamis ou Arrankar, eles não poderiam utilizar a Pesquisa, e muito menos o Shunpo/Sonido. A única vantagem que aqueles homens tinham no combate era, certamente, a mira. Enquanto eu estivesse em seus campos de visão, seriam praticamente invencíveis.

Os Arrankar Fracción lutavam contra os diversos Adjuchas em terra, enquanto os Gillian disparavam seus temíveis Ceros para todos os lados, errando por muitas vezes graças ao controle mental dos Adjuchas, mas em diversas ocasiões, infligindo danos graves àqueles que fossem atingidos. A verdade é que eles estavam ali para derrubar as muralhas de Las Noches, e não lutar. Apesar de tudo, eram uma adição considerável às forças opositoras.

— "Aquele maldito conseguiu pegar o Yor de surpresa? Só pode estar de brincadeira. Hey, ordene que esses malditos Gillians abram fogo contra aquele Espada de merda! Ele é prioridade sobre todos os demais Arrankar, então sejam rápidos!!!" — Outro Quincy bradou, saltando do Menos em que se encontrava.

Então, disparou diversas vezes contra mim em extrema habilidade e velocidade. Suas flechas eram poderosas, e como resposta, disparei também a Bala. Cada projétil de ambas as técnicas se anulavam, o que me permitiu ter um pouco mais de sossego, enquanto o Quincy era obrigado a se reposicionar junto aos três restantes, que agora estavam completamente focados em me eliminar. Com a queda de um de seus companheiros, eu havia me tornado o alvo prioritário.

— "AHHHHHHHHHHH!!! ENGULA ESSA, PORRA!!!" — Outro Quincy criara uma balista móvel em seus próprios braços, disparando uma flecha de Reishi enorme que se dividiu em outras cinco, capazes de, individualmente, atravessarem diversos Gillians de uma só vez. A velocidade da técnica era incomparável, e mesmo com o Sonido, não poderia me esquivar totalmente.

Só me restava encarar aquilo de frente.

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Quarto Espada

O centro de conflita juntava-se entre os Arrankar que combatiam o Shinigami renegado com as forças Gillian e Quincy do outro lado. A pressão espiritual exercida pela balista fora suficiente para arremessar as faixas brancas de meus trajes negros ornamentados ao ar, enquanto todos ao redor eram esmagados pelo intenso Reiatsu emanado do Quincy. E no mesmo momento em que o mesmo disparara sua técnica suprema, meus olhos cruzaram com as inscrições no antigo idioma do Hueco Mundo que estavam ao longo da extensão de tais faixas: Memento Mori. Naquele instante, lembrei-me que não era imortal. A morte chegaria para todos, mesmo aqueles que se dizem imortais ou eternos. Por conta disso, minha expressão comumente calma alterou-se para um quase apelo pela vida. Era tarde demais, no entanto. Apenas deu tempo de ativar o Hierro.

A Flecha colidira comigo, e uma imensa onda de choque espiritual espalhou-se como a explosão de uma supernova. Toneladas de cinzas dos montes foram levantadas, e o clarão gerado pelo impacto explosivo chamara a atenção de todos, que observaram paralisados. Até mesmo os Gillians cessaram seus gritos de agonia ao presenciarem tal energia. Porém, das cinzas, ressurgi com uso do Sonido. Havia conseguido me esquivar por muito - Muito pouco - E mesmo assim, havia sofrido danos consideráveis. Todo o meu torso havia sido lacerado. Da cintura para cima, minhas roupas haviam sido evaporadas, e deixaram meu corpo exposto. No lado esquerdo do abdome, o buraco que representava minha Hollowficação, junto da grande tatuagem do "4". Sangue escorria de minha carne reforçada, inclusive da boca. Ofegando, ainda tive a audácia de apontar a espada para eles, sem usar a Resurrección que há tanto tempo escondo.

— "Esse ataque fraco não vai me causar nenhum dano sério, Quincy. Tente quantas vezes quiser...Vamos, eu quero que tente mais!!!" — Exclamei, gargalhando em completa insanidade. — "HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!" — Continuei.

Os Quincies observaram com expressões de desgosto. Mesmo que também temessem o meu poder, viam claramente que minha natureza Hollow havia despertado novamente. O Instinto primitivo de uma loucura rancorosa que jamais me deixaria. Fora este rancor odioso que me gerou, e portanto, é dever dele se assegurar de que eu nunca pudesse me desvirtuar do que as leis da natureza me obrigam a fazer. Como Hollow - Eu sou o oposto da luz.

— "Parece que aquele cara ficou pirado de vez. Heh...E quanto a vocês, bem...Os doze - Perdão, onze; liberaram as Resurreccións, não é? Podem vir de uma vez, eu cuido disso. Não é necessário uma Bankai para que eu possa derrotá-los. Além disso...Aqueles Gillians estão fora de controle agora." — Tojo ditou.

E de fato, fora o que aconteceu. A quantidade massiva de energia espiritual liberada fora o suficiente para despertar a fome insaciável e maligna dos Gillian, que quebraram o controle mental dos Adjuchas. Agora, as bestas descontroladas atacariam tudo e todos em vista. Uma chuva de Ceros se aproximava, e tudo o que restaria daquelas cordilheiras seriam cinzas e cadáveres destroçados. No fim de tudo, apenas um lado poderia se chamar de vitorioso, não é? O Combate enfim havia chegado ao seu clímax.

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Os Gillian disparavam seus Ceros descontroladamente - Mal aguardavam intervalos antes de carregarem um segundo ou até mesmo terceiro. A quantidade massiva de feixes espirituais gerava uma pressão espiritual descomunal que culminou na quase total destruição dos montes em que estávamos. Fumaça negra cobria os céus, bem como pilhas de cadáveres. Os Gillians matavam uns aos outros, bem como seus próprios companheiros Adjuchas e alguns Fraccións de baixa categoria sob meu comando. Era possível que a pressão exercida neste embate fosse sentida até mesmo em Las Noches, mesmo que muito possivelmente não fosse mudar nada por lá além de puxar alguns olhares curiosos. Até lá, no entanto, tudo estaria terminado. Se lutássemos próximos da fortaleza, ela com certeza cederia, ao mesmo em partes.

O Caos generalizado gerava desespero e loucura. Tojo utilizava seus Hados e habilidades com a Shikai sem parar, enquanto os Arrankar subalternos sob minha vigilância utilizavam suas Resurreccións, Ceros e todo tipo de habilidade sem sequer medir a força ou direção. Poderiam atingir os próprios aliados, mas naquele momento agarrar-se à sua própria vida era mais importante do que manter a consciência - E isto se aplicava a mim também, se não fosse pela interferência dela. Wanessa tocou meu ombro direito, e pareceu tentar me abraçar por detrás de meu corpo enquanto eu gargalhava de maneira completamente insana. Ainda estava perdido no submundo do caos psicodélico, sem distinguir realidade do falso.

— "Yura-Sama! Por favor, Yura-Sama, responda! Você se esqueceu da sua promessa...De que jamais iria voltar a ser isto novamente? Por favor, volte! Volte logo, eu imploro!!!" — Ela suplicava, derramando lágrimas sobre meu corpo. — "...Eu falhei...? Eu não posso aceitar perdê-lo desta forma..." — Continuou.

— "Ele perdeu o juízo de vez, então? Vou aproveitar. Cubram Tojo e eliminem aqueles Arrankar! Já derrubamos...Huh...Oito deles? Não importa, ataquem sem parar!" — Um dos Quincy ditou, criando uma lâmina espiritual nas mãos.

Então, avançara em minha direção. Naquele momento, senti meu coração pulsar mais forte do que nunca. A voz de Wanessa ecoara através de minha mente corrupta, e no instante em que a sanidade retornara a mim por um ínfimo piscar de olhos, sabia do que teria de ser feito. Recusei a loucura, e reneguei meu passado por mais uma vez. Despertando do transe gerado pelo meu próprio espírito, lentamente apagava o sorriso de meu rosto, utilizando o Agitowari para rasgar o corpo do Quincy ao meio enquanto também atravessava a sua lâmina de Reishi, sem jogar olhares ao mesmo - Bem como também tão rápido que mal puderam acompanhar o golpe.

Após a queda do Quincy, meus olhares voltaram para Wanessa. O que era aquilo que ela sentia por mim? Eu não compreendia - Mas mesmo que estivesse preocupada, porque aquilo me fez despertar novamente? Estava confuso, e acima de tudo, tomado pelo ódio aos Quincy. Naquele momento, eu poderia não ter noção do que estava a ocorrer, mas com toda certeza...Meu espírito sabia.

 — "Hã? Aquele cara..." — Os dois Quincy restante se viraram ao perceber o sumiço da pressão espiritual de seu aliado, com o primeiro erguendo a voz. — "...Merda. Tojo, desgraçado! Venha até  aqui imediatamente!!!" — Bradou.

 Porém, seria inútil. Os Gillian também acabaram por se virar contra os Quincy por possuírem maior pressão espiritual entre os mais próximos dali. Cero atrás de Cero que lhes empurrou até o amontoado de Arrankar que Tojo enfrentava por conta própria. Os Adjuchas no chão eram consumidos pelos feixes de energia advindos dos Menos Grandes, ainda que muitos Gillians houvessem sido mortos. Observei a situação durante alguns segundos, antes de pousar uma das mãos sobre a cabeça de Wanessa, para confortá-la.

— "Eu não me esqueci, Wanessa. Essa é minha penitência. Querendo ou não, irei segui-la até o fim de minha vida." — Ditei, sorrindo levemente.

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A Mulher abriu um leve sorriso em seu rosto e conteve as lágrimas quando vira o retorno de minha consciência. Ela sabia muito bem que caso eu caísse novamente na escuridão de minha natureza obscura, jamais poderia voltar. E somente um forte sentimento poderia fazer alguém como eu retornar: Mas...Que sentimento é esse? O que é esse coração do qual tanto falam? Observei os Quincy com sorriso no rosto durante poucos instantes, antes de utilizar o Sonido para me aproximar dos mesmos, aplicando um Onibi a queima roupa. Porém, a técnica fora habilmente defendida por um escudo de partículas espirituais gerada por um dos dois Quincy restantes, que contra atacaram com um martelo de guerra formado por Reishi, que acertara-me diretamente no peito. O martelo em si não continha força considerável para me ferir, mas me arremessou para dezenas de metros: Na direção de Tojo.

O Shinigami, sem ao menos olhar, empunhara seu gancho de maneira a me atingir no ar. Porém, fui capaz de impedir o seu ataque dilacerante ao colocar a Zanpakuto na distância entre nós dois. Ele aproveitou-se do formato de sua Shikai como gancho para então envolver sua lâmina ao redor de minha Katana reta, trazendo-me para próximo de si. Porém, naquele mesmo instante, girei meu corpo de forma a pousar com ambos os pés no cabo da Shikai do exilado, me propulsionando no ar e utilizando o Sonido para alcançar uma posição de quinze metros acima de ambos os Quincy. Então, caí sobre os mesmos: Cero Cornéa. O Chão partiu-se com a explosão ao mesmo tempo em que minha lâmina os caçava com voracidade. E apesar dos danos causados pelo Cero Cornea,  fui incapaz de finalizá-los.

— "Esta sensação...Eu nunca havia parado para percebê-la. Quando no calor do combate...Por que me sinto desta forma? É como se o mundo fosse mais vivo...Como se eu realmente estivesse contente. Isto não é adrenalina. Poderia ser...Felicidade? Não...Impossível. Eu já assassinei milhares. Isto aqui não é nada. Preciso me concentrar." — Pensei, observando minhas mãos trêmulas.

— "Ele é forte, hein?" — Tojo ditara à distância. — "Parece que aqueles dois não vão conseguir lidar com ele. Que pena, vou ser obrigado a interferir. Além disso, aqueles Gillians de merda estão se matando como animais. Os Adjuchas já eram também. Porra...Isso aqui foi por água abaixo. Eu não devia ter confiado no que aquele maldito Hollow disse. Gillians únicos uma ova!" — Bradou, frustrado.

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O Shinigami exilado percebera a situação, e após executar um chute giratório para trincar a máscara de um dos Arrankar, utilizou-se da cinética do impacto de tal golpe para se lançar na direção contrário, vulgo a qual eu me encontrava. Recitara palavras em meio ao ar, canalizando uma grande quantidade de energia espiritual. Então, levara sua Shikai a frente na mão direita, enquanto feixes de energia luminosa deixavam a lâmina no formato de um gancho. Vinte, quinze, dez metros - E então, se aproximou o suficiente de minha posição para ditar sua técnica.

— "Hadou Nº73: Souren Soukatsui!" — Exclamou.

Porém, antes mesmo que fosse capaz de tocar-me para a realização de sua técnica, girei meu corpo ao redor de meu próprio eixo enquanto desferi um único golpe cortante com minha Zanpakuto, decepando o braço do Shinigami quase ao mesmo tempo em que me virava novamente para os Quincy. O membro do exilado voara rumo ao ar, e seu encantamento destrutivo não fora concretizado. O Sangue jorrara, e antes mesmo que uma única gota alcançasse o chão, utilizei o Sonido para atacar ao mesmo tempo que me deslocava na direção do primeiro Quincy, rasgando sua garganta para lhe aplicar uma execução direta. Quanto ao outro, fora capaz de se afastar, atirando centenas de flechas espirituais no ar, que voltaram à terra como uma chuva purgadora.

Os Gillian atingidos eram imediatamente pulverizados, e os Fracción eram mutilados. Seus membros eram reduzidos a pó, e alguns poucos outros também acabaram por serem mortos pelo uso da chuva torrencial de Reishi advinda do Quincy. Porém, me esquivar da mesma fora fácil demais. Me desloquei entre os pequenos espaços de uma flecha para outra, me aproximando muito mais velozmente do que o homem havia imaginado. Sua Reiatsu havia lhe abandonado; E antes que pudesse remodelar sua arma, o crânio fora partido ao meio com um corte vertical de baixo para cima de minha Katana Reta.

— "Desgraçado...Pensa que está no mesmo nível que eu? É bem arrogante pensar desta forma, sabia? Fará as pessoas lhe evitarem." — O Shinigami zombava, enquanto segurava o ferimento do braço decepado, sorrindo.

— "Eu, arrogante? Está enganado, Shinigami." — Voltei meus olhares a ele, com feição séria. — "Arrogante é você pensar que está no mesmo nível que eu." — Finalizei.

Então, brandi minha Zanpakuto com utilização da Reiatsu para realizar um corte único na horizontal no ar para trás. Aquele golpe aparentemente inofensivo arrancara a metade inferior de um Menos Grande que se posicionara logo atrás de mim, fazendo-lhe cair, em completa agonia. Tojo observou atentamente, com uma mescla de preocupação e raiva em seu olhar.

Seria esta a primeira e definitiva derrota daquele que chamam de Invencível?

— "Diga-me seu nome, Shinigami. Além disso, acho que está na hora de usar sua Bankai. Seu exército está acabado. Eu venci." — Ditei, confiante.

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O Exilado olhara ao redor. Os seus Gillians haviam exterminado a si mesmos. Não restavam mais do que três, que rapidamente foram despachados pelos meus Arrankar. Os Adjuchas? Todos, sem exceção, foram destroçados. O único de pé sobre a montanha de cadáveres era o próprio Shinigami, que arregalara os olhos ao perceber o fracasso de sua empreitada. Apontei a Zanpakuto em direção a sua garganta enquanto me aproximava lentamente, com feição inexpressiva. Havia retornado a ser quem verdadeiramente era — E contemplado pelo sabor da vitória, jamais permitira que criaturas de tal nível abalassem a estrutura do Hueco Mundo. A pressão espiritual e destruição geradas pelo combate foram o suficiente para varrer montanhas, mas a distância até Las Noches era tanta que sequer um único grão cinzento chegara próximo da fortaleza. Talvez a pressão fosse sentido, mas danos causados? Zero. Minha defesa era perfeita.

— "Bankai...? Eu não possua uma. Nunca precisei, porque até aqui eu era forte demais pra qualquer um. Parece que eu acabei avaliando as coisas errado, não é? Tsc. Quem sabe da próxima vez, Arrankar. Me lembrarei com ódio de seu rosto." — Ele ditou, rasgando o tecido do espaço com sua Shikai. — "Sua raça desgraçada ainda há de cair. Seja pelas minhas mãos, ou pelas mãos do Sereitei!" — Finalizou.

— "Você é muito atrevido para quem acabou de ser humilhado. Mas não importa. Você não tem nível para lutar comigo. Faça o que quiser - E se sinta livre para morrer em qualquer beco por aí." — Ditei, antes de desferir um segundo corte.

Desta vez, o ataque rasgou desde o ombro direito até a cintura de lado oposto do Shinigami, que mal pudera reagir. Uma grande quantidade de sangue escorrera de seu corpo extremamente enfraquecido. Tremendo e extremamente ferido - Adentrou no portal gerado pela sua Zanpakuto, enquanto levava a mão esquerda até o peito, numa tentativa falha de estancar o sangramento. No entanto, ele parecia estar sorrindo. Não considerou aquele embate como uma derrota. Ele prometeu que retornaria, e até então...Só me restava aguardar. Banido e caçado pela Soul Society, ele estava sozinho. Não era uma ameaça significativa - E poucos instantes depois, desaparecera junto ao portal. Então, voltei meus olhares para os Fraccións, que de um a um, desativavam suas Resurreccións.

— "Dos cinquenta que trouxe aqui, apenas trinta sobreviveram. Estou decepcionado. Pensei que sob meu comando existissem Hollows mais capazes. Derrotados por Menos Grandes e Adjuchas?! Heh. Vocês são risíveis." — Demonstrei minha infelicidade, colocando as mãos nas costas enquanto liderava o retorno até Las Noches.

— "Parece que você entendeu, não é? O que é sentir uma emoção." — Wanessa se aproximou.

— "Além dos pecados que me formam? Já disse, Wanessa: Eu sou apto a demonstrar todo tipo de negatividade. É o lado da luz que não pode me alcançar; Uma vez que o sombrio já me envolve." — Respondi com frieza, avançando.

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Após retornarmos até Las Noches, todos os Hollows ali presentes nos observaram com olhares de pura confusão. Um Espada extremamente ferido, e uma tropa de Fraccións em estados deploráveis? Isso era inconcebível até mesmo em seus piores sonhos. Apesar disso, ninguém ousou levantar sequer uma única palavra a nós. Observaram em silêncio e temor, enquanto cruzávamos rumo ao nosso lar, na seção referente a minha torre longínqua. Os Fraccións sob meu comando espalharam-se para buscar conforto, e alguns se juntaram para tentar auxiliar companheiros caídos. Enquanto isso Wanessa seguiu-me até o topo de meu salão luxuoso. Andei alguns passos adentro, antes de revirar os olhos e simplesmente colapsar no chão, quase perdendo a consciência. Desde o momento em que recebi o impacto da flecha do Quincy, estive à beira de simplesmente apagar. E agora, tornou-se insuportável.

 — "YURA-SAMA!!!" — Ela exclamou, colocando suas mãos sobre meu corpo, e o virando de barriga para cima. — "O Que está acontecendo? Não pode ser...Por favor, diga alguma coisa!" — Balançou-me com força.

— "...Não se preocupe comigo. São apenas...Ferimentos da batalha. Eu não preciso de ajuda, mesmo que não possa me regenerar tão bem quanto outros Arrankar. O importante é que vencemos a batalha e impedimos a queda das muralhas de Las Noches. Se não fôssemos até lá de antemão, seria um massacre. Estas feridas...Não são mortais." — Respondi, tossindo, ainda sem me mover.

— "Mas o senhor...Enfim...Lhe obedecerei." — Ela ditou, com pesar em sua fala. — "Estou feliz que esteja vivo, Yura-Sama. E que também você tenha conseguido se aproximar um pouco mais de algo que relembrasse a felicidade. Saiba que...Você ainda tem salvação, mesmo que não veja. Ela chegará para você, assim como fora para nós." — Continuou, dando as costas e se retirando da torre.

Me mantive completamente imóvel e desacordado durante as próximas duas horas. Eu havia trocado - Quase - toda a minha capacidade regenerativa por inteligência e poder espiritual. Talvez fosse uma decisão ruim, mas não me arrependia do passado. Quando meus olhos se abriram novamente, me ergui lentamente, inspirando uma grande quantidade de ar antes de jogar olhares para cima, completamente desperto. Minha expressão era de completa desesperança. O Que antes surgira em mim durante o conflito, foi-se.

Me movi até meu pseudo trono, me sentando e o virando para a janela, observando o Hueco Mundo.
Que tédio. Que desgraça. Que tristeza. Que merda.

— "...Aquele homem rebelou-se contra a Soul Society para perseguir seus próprios sonhos. Agora, encontro-me nesta sala vazia e solitária novamente. Do que adiante um castelo e um exército quando não há nenhum povo a ser dominado? Quando não há nenhum inimigo a travar guerra contra? Do que adianta um trono...Se não há o que ser governado? Talvez ele saiba de algo que eu nunca tive...E talvez jamais tenha." — Dei uma breve pausa, antes de recostar completamente no trono ornamentado, fechando ambos os olhos em sinal de tranquilidade. — "...Liberdade." — Finalizei.

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É irônico, não é? Eu nunca tive a necessidade de lutar a sério. Eu jamais temi pela minha própria vida, e para falar a verdade - Sempre a enojei. Em solidão, tracei meu próprio caminho, até acabar nesta fortaleza de obscuridade. Nada mudou. Estou solitário, e cansado desta existência. Não há mundos a serem explorados ou mesmo um futuro que me aguarde. Iniciei minha jornada com rancor e ódio, e terminarei de mesma forma. Esta espada que carrego jamais sentira o sabor da derrota, e minha Resurrección nunca foi liberada contra um adversário. Tive a necessidade de vê-la com meus próprios olhos em solidão, para sentir o gosto de meu verdadeiro poder. Todos eram fracos. Todos eram criaturas petulantes frente a mim, e por conta disso, nunca almejei crescer. Com ou sem rei, não me importava. Não quero o trono. Não quero exércitos, ou seguidores. Eu só queria...Mesmo que por um só segundo, conhecer a felicidade.

— "Eu invejo aqueles que são fracos. Os que estão abaixo de mim...Têm mais privilégios do que eu mesmo. Ter companheiros e lutas de verdade. Viver como quiser, e buscar um objetivo desde o ponto inicial. Eu jamais conheci isto. Do começo ao fim, esta existência sempre foi e será...Miserável." — Ditei a mim mesmo, em tom de melancolia. — "Eu te invejo, Wanessa. Te invejo por saber sorrir." — Comentei, sabendo que ela ainda estava lá.

— "...Não diga essas coisas, Yura-Sama. Você não está só. Tem a todos nós, Fraccións. Se quiser estar acompanhado, fale com eles. Vá até eles. Se inveja os fracos, então por que os evita? Faça este esforço. Você verá que...Eles não são objetos. Todos eles têm alma e sonhos. Talvez...Você consiga encontrar o seu propósito também. Nós também sofremos disto quando éramos um como Las Plagas; Não havia nada neste mundo para nós. Porém...Lutamos contra a solidão. Você também pode." — Ela ditou.

— "Parece fácil quando você diz. Mas é porque você não se lembra de quando foi humana - Se algum dia foi, no caso. Eu me lembro de tudo. Me lembro da desgraça. Me lembro do escuro, e do rancor que me formou. Minha existência desde o princípio está fadada a ser um poço de merda. Eu desconheço tudo o que é positivo. Matando ou morrendo, conquistando...Nada importa. Talvez nem as respostas que busco venham a me satisfazer." — Respondi.

— "Pare de mentir!" — Ela se aproximou, tapeando a minha cabeça, o que me deixou completamente perplexo, observando-a com uma expressão de confusão. — "Já disse que é para você para com isso! Esqueça o seu passado! Se você não se desprender disso, jamais poderá ser o que almeja! Olhe para frente...E não para o que já passou. Você tem a todos nós aqui, e em situação algumas lhe deixaremos. Estes Fraccións aqui estão dispostos a matar e morrer por você. Eles não lhe enojam ou temem. Todos eles...São seus servos. Talvez...Até mesmo, amigos. Lembre-se que mesmo Hollows têm coração. Você só precisa descobrir onde o seu está." — Ela continuou, se retirando de vez da torre com o Sonido.

Me mantive em total silêncio, enquanto baixava a cabeça para observar o chão. O que ela disse poderia soar absurdo para um eu de alguns minutos atrás, mas talvez ela tivesse razão. Não há espaço para crescimento quando se rejeita experimentar o desconhecido. Mas...Eu tinha amigos aqui? Seres que prezavam e zelavam por mim? Soava estranho. Eu jamais tive algo assim antes. Seria verdade? Além disso...Este coração, o que é? Onde estava? Não batia em meu peito. Então...Onde ele está?!

Me levantei do trono e rumei até a escadaria espiral da torre, descendo-a.
Eu precisava verificar com meus próprios olhos. Não acreditava na possibilidade daquilo ser verdade.
Companheirismo? Zelo? Amizade? Isto sempre foi patético e fútil aos meus olhos, mas agora...Eu me sentia atraído por tais emoções. Queria senti-las. Queria estar junto dos fracos e viver como eles. Se eu pudesse me tornar fraco, o faria sem hesitação. Eu queria ter nascido fraco, talvez patético...Só para minha vida ter um sentido.

— "Meus...Amigos?" — Relembrava os Fraccións que há algum tempo destratei. — "...Entendi. São vocês, não é? Não se preocupem...Eu estou indo. Por favor...Por favor...Não me abandonem aqui." — Finalizei o pensamento, para encontrá-los.

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