1999

Ícone : Mensagens : 792 Data de inscrição : 25/09/2022

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— Não retornei ao Mundo Humano desde aquele dia, mas recebi algumas borboletas infernais advindas do grupo de exilados, que aparentemente confiavam em mim o suficiente para me enviar algumas mensagens quanto a sua patrulha no plano terreno. Ao que tudo indicava, Shiro já havia despertado, e nenhuma ocorrência de grande porte havia surgido na Terra. Desta forma, tive uma semana de descanso. Pensei que tudo estivesse acabado, ao menos por enquanto. Mas a grande verdade é que as piores coisas costumam ocorrer por debaixo de seu nariz, e quando finalmente perceber, já ser tarde demais. Talvez fosse isto que estivesse ocorrendo no exato momento, deitado sobre minha confortável cama, nos aposentos da Sexta Divisão.

Havia escutado alguns sons peculiares durante a noite, mas nada para me alarmar. Eram apenas leves toques; Que logo se foram, como fantasmas. Julguei que não deveria ser nada além de alguns animais vagantes ou mesmo o próprio vento. Me levantei como de costume, mas ao invés de me deparar com o café da manhã, uma carta fora deixada. A Tomei em minhas mãos e a deslacrei, retirando o papel em seu interior para ter noção do que estava a ocorrer.

Carta escreveu:
Prezado Tenente,
Como és o único disponível no momento, viemos, por meio desta carta, lhe informar de que há uma movimentação suspeita na Soul Society. Parece que um shinigami infiltrado invadiu nossos quartéis e está roubando documentos e outras informações confidenciais de alto zelo por nossas divisões. Soubemos também que ele age apenas pela noite, então contamos contigo para fazê-lo pagar.

Tenha cautela, não sabemos de quem se trata.

Amassei o papel ao finalizar a leitura, sabendo que mais uma longa noite me aguardava. No entanto, ao menos não poderia ser pior do que uma viagem ao Hueco Mundo, não é? Fiz os meus afazeres; Tomei o café matinal, e deixei os aposentos para vagar através do Sereitei, fragilizado pela ida de todos os capitães no ninho de Hollows, com aparente exceção do demônio Nimura Kishou. Eu o respeitava pela sua inteligência, mas aquele homem com certeza jamais deveria ser mantido entre nós. De qualquer forma, mantive as mãos para trás, mentalizando as ruas e vielas pelas quais eu passava. Se ele estava roubando informações, só poderia levá-lo ao um lugar: O Quartel da Primeira Divisão, ou o da Quarta.

— "...Um traidor, então? Será fácil." — Pensei, confiante da vitória. — "Não tenho a perder com alguém que acabou de aprender a andar." — Finalizei.

[...]

Então, a noite caiu.
A lua prateada deixava escapar seus gloriosos raios prateados sobre o Sereitei.
Havia chegado o momento.

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— A Chuva caiu; Lentamente, e as gotas tornavam-se mais densas e pesadas. O que antes era uma garoa, dentro de poucos minutos tomou uma forma violenta. Permaneci inabalável, acima dos quartéis da Segunda Divisão, vigilante. Me deslocava livremente entre os espaços designados para as demais divisões, pois sabia muito bem que o inimigo se aproveitaria da ausência de meus compatriotas para sujar suas mãos. Oficiais eram, em sua maioria, guerreiros de baixa classe ou em ascensão, então era imprudente deixá-los, mesmo que aos montes, para resguardar os mais importantes itens do Gotei 13. E como um tenente, era meu dever assumir a responsabilidade no lugar de meu superior, Ohta Noboru. Minha expressão era calma, mantendo os olhares baixos e os punhos firmes. Ao invés de estar trajando um terno, como de costume, agora estava vestindo com as vestes padrão do Sereitei, ostentando a braçadeira de tenente, presa ao meu braço esquerdo. As nuvens no céu tapavam as estrelas, mas não a lua. Ela permanecia acima de todos, quase como uma vigília divina.

Meus passos foram dados, rumando até o interior dos aposentos da Segunda Divisão. Nada. Em seguida, para a terceira. Nada. Ao que tudo indicava, o traidor havia deixado várias das divisões completamente intocadas, como se já soubesse exatamente onde deveria ir e o que fazer, no tempo certo. Se assim fosse, minhas suspeitas estariam corretas: A Quarta Divisão seria o alvo mais fácil e óbvio, a julgar que se tratava de um segmento primariamente médico e de coleta de informações, com uma capitã aparentemente tão fraca quanto uma mosca. Não era de me impressionar que fosse um alvo fácil, pois em momento algum da história deste mundo os médicos da Quarta Divisão se destacaram no poderio militar. Me aproximei dos quartéis, percebendo que uma porta se encontrava quase totalmente fechada, mas com uma fresta, pela qual uma fraca luz alaranjada saía.

— "Uma luz na escuridão, heh? Nem um pouco suspeito." — Disse a mim mesmo, de maneira sarcástica. — "Já era, porra." — Continuei.

Me aproximei lentamente do local, dando ênfase na furtividade. Agachei, com passos milimétricos até alcançar a porta. A madeira sequer rangeu - Minha respiração estava abafada, e então, pus a mão na fresta. Esperei um único segundo antes de abrir a porta violentamente e saltar para dentro, cerrando o punho direito e o posicionando para desferir um golpe diretamente contra a figura que ali se encontrava. Mas, para a minha surpresa, quem estava ali não era um procurado.

— "UAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!" — O Garoto gritou, em desespero. — "NÃO, POR FAVOR! EU NÃO! EU SOU MUITO NOVO, POR FAVOR NÃO ME MATE!" — Ele deixava as lágrimas escorrerem, tapando o rosto.

— "Puta merda." — Suspirei, baixando as mãos. — "Relaxa aí, moleque. O que você tá fazendo aí essa hora?" — O Questionei.

— "O-oh...Tenente Sunken? E-Eu não esperava vê-lo aqui, na Quarta Divisão. Você quase me deu um infarto! B-Bom...Eu estou pesquisando conteúdo médico, a capitã disse que tenho potencial, então eu estou virando as noites para melhorar as minhas técnicas de Kaidou. E-e...Uhm...É...E você?" — Ele disse, visivelmente nervoso e apreensivo. Seu rosto estava vermelho como um pimentão.

— "Patrulhando. Têm um traidor por aí. Eu vi essa luz acesa e não pude evitar dar uma olhada. É melhor voltar para dentro, moleque. Você não vai querer saber que tipo de pessoa este salafrário é. Além disso, vira homem, porra. Vai ficar virando noite por causa de técnica de cura? Aprenda a usar a espada. Ela foi feita pra matar, e não pra curar! Você é um shinigami, lembre-se disso!" — Ditei ao mesmo, antes de dar as costas.

— "Q-quê?" — Ele parecia confuso.

Deixei o local tão rapidamente quanto surgi. Sabia que aquele garoto era presa fácil, mas não esperava que o traidor viesse até aqui por causa de um único oficial médico, que provavelmente mal sabe brandir uma espada corretamente. É tão fraco e patético que quase não vale a pena matá-lo, só se for pela crueldade mesmo. Sua reiatsu é baixíssima, mas talvez ele sirva pra alguma coisa em um futuro distante. De qualquer forma, eu estava em apuros. Precisava encontrar algum meio de rastrear o shinigami desertor.

Mas como?
Pensei, olhando ao redor, procurando soluções.
Não havia mais tempo a perder.

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— Havia precipitado: O Inimigo com certeza não era idiota, mas também não seria um espião nato. Acabara por deixar um único rastro para trás, mas que fora mais do que o suficiente para que eu pudesse ter noção de sua localização. Em uma pequena viela, completamente obscura por ser um extremo entre duas residências, havia um pequeno pedaço de papel rasgado com um selo parcialmente obscuro. Era o carimbo oficial da 13ª Divisão. Eu com certeza havia ponderado na possibilidade dele ter ido até a Primeira, Quarta ou mesmo Terceira, mas a 13ª? Me soava muito estranho. De qualquer forma, investi até a localização de seus quartéis nos extremos do Sereitei.

[...]

A Décima Terceira divisão era conhecida por patrulhar a misteriosa cidade de Karakura, a qual atrai uma quantidade massiva de hollows por nenhum motivo aparente. Alcançando seu perímetro, logo pude notar que uma estranha, porém ágil figura deslocava-se de residência em residência, tão rápido que olhos comuns eram incapazes de percebê-lo. Os oficiais de patrulha pareciam cegos frente á velocidade do traidor, que mesmo trajando uma longa capa negra, passava despercebido, até mesmo na frente de seus opositores sem que os mesmos pudessem esboçar qualquer reação quanto a sua presença. Sua Reiatsu estava completamente oculta, mas eu sabia bem para onde ele iria, e deveria antecipá-lo se quisesse evitar a tragédia.

— "Ele quer roubar informações do Sereitei, não é? Então porque diabos viera até este lugar? Ele quer algo com Karakura?" — Me perguntei, saltando de telhado em telhado para alcançar o Quartel-General da divisão, com capitão igualmente ausente. — "Merda, é melhor eu me apressar antes que ele consiga se safar dessa também. Dei sorte em encontrá-lo aqui. Se ele sair, com certeza não conseguirei mais achá-lo." — Finalizei, afiando os olhares.

Era uma batalha contra o tempo. Ele havia furtado múltiplas divisões ao longo de vários dias, visto que os registros vêm desaparecendo com frequência, em sua maioria contendo informações sobre shinigamis, locais e acontecimentos históricos relevantes que foram escondidos da Soul Society durante décadas, ou mesmo séculos. O Quartel general já estava em vista, mas a figura sombria já não estava mais em lugar algum para ser vista. Sabia bem que havia adentrado no edifício central do esquadrão, resguardado pelos seus oficiais. Eu até poderia ser permitido ali com alguma desculpa, mas não tinha tempo para isso. Eu precisava impedir aquele desgraçado, de um jeito ou de outro.

— "Espere...Agora que eu parei para pensar. O que ele vai fazer com essas informações? Para quem ele está levando?" — Me questionei.

Quem diabos era aquele homem?
Poderia ser...?

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— Saltei para uma distância considerável, alcançando as portas do QG em menos de cinco segundos desde a minha vista ao edifício luxuoso. Adentrando no local e passando despercebido pela segurança externa, fiz questão de fechar as portas e janelas que encontrasse pelo caminho. Subi as escadas, e investiguei sala por sala, cômodo por cômodo, mobília por mobília - E por fim, andar por andar. Nada escaparia de meus olhos de águia, há tanto tempo elogiados pela sua precisão. Degustei do sabor da investigação silenciosa, enquanto me movia tão fantasmagoricamente quanto o invasor traíra, recoberto pelos mantos negros da noite. O prédio manteve-se silencioso, não havia ninguém além de nós dois. O silêncio perdurou por cerca de dois minutos, até que alcancei o último andar.

Todas as luzes estavam acesas. Os arquivos estavam revirados, e praticamente toda a mobília havia sido jogada no chão. Mas era estranho: Como diabos eu não ouvi nada? Foi tão rápido assim? Dei um único passo a frente, somente para ser surpreendido pela presença da figura no extremo lado oposto da grande sala de dez metros de comprimento. Ele se encontrava a frente de um armário quebrado, segurando duas folhas em mãos, de cabeça baixa, as lendo calmamente como se não houvesse ninguém além dele naquele lugar. Cerrei os punhos e rangi os dentes, me colocando em posição de combate.

— "Miserável! O que diabos aquele merda pensa que está fazendo aqui? Ele está fingindo que não estou aqui? Está caçoando de mim?!" — As veias saltaram por todo o meu corpo, e então, avancei, para lhe desferir golpes sequenciais. Porém... — "Huh?" — Me questionei.

— "Parta-se em mil pedaços, Enjinia." — Foram suas únicas palavras.

Então, vidro. Muitos cacos de vidro.
Eu os via refletindo a luz ao redor de meu corpo, como se incontáveis janelas houvessem se quebrado.
O que diabos era aquilo? Eu apenas, instintivamente, tentei jogar o meu corpo para trás e cessar o ímpeto de meu avanço.

De alguma forma, meus instintos me alertavam de um perigo maior.

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— Não me importava. A esquiva fora magistral - Os cacos de vidro fatiaram toda a sala como se fosse tiras de papel, e a luz refletida era cegante a ponto de queimar os olhos daqueles que olhassem diretamente nos cacos. Porém, pude não apenas evitar todos os ataques ao me lançar para trás e baixar o meu o meu corpo, como também me impulsionar daquela mesma posição e encaixar três golpes diretos contra o corpo do opositor. Primeiro, um cruzado de esquerda que ele fora capaz de se defender, dando um leve salto para trás antes de ser recebido por um chute giratório, o qual ele fora obrigado a se abaixar para evitar, e, por fim, finalizando a sequência ao agarrar o seu manto e levar o rosto do traidor até o meu joelho esquerdo, o qual ele não foi capaz de sequer reagir. Porém, reiatsu emanou de seu corpo, e me afastei para cerca de cinco metros. O homem então se recompôs com facilidade, não havendo indícios de sangramento em seu rosto parcialmente coberto pelo capuz.

— "Você mudou muito, Noritoshi. Está velho, está fraco...Quão patético você se tornou?" — O Encapuzado ergueu a voz. — "Está orgulhoso por ter conseguido me tocar neste corpo velho? Mesmo após tantos anos, é você quem está realmente fraco. Onde está a sua Shikai? E a Bankai? Elas eram infernais, se você a utilizasse agora eu provavelmente morreria sem conseguir reagir. Mas eu me pergunto se você sequer é capaz de utilizá-las em seu estado deplorável. Você manteve a aparência jovial, mas consigo sentir a decadência espiritual." — Finalizou.

— "O que você disse...? Quem é você?! Me responda, agora!" — Exclamei, surpreso.

— "Não importa. O gatilho já foi apertado, Noritoshi. Você não pode fazer nada a respeito do disparo - Só observar, impotente. Se estivesse morto, não iria ter muito do que reclamar. Mas aqui você está...De pé, em vão, tentando proteger a Sociedade das Almas. Você nem vale a força da minha shikai neste estado. É um cadáver esperando para ser descartado." — Continuou, baixando o capuz. — "Não se lembra de mim, Noritoshi?" — Revelou-se.

[B] — Devil Trigger, Pt III. 2d2dbd0dca10fd250591fb535d01f487

— "..." — Me pus em silêncio, completamente chocado. — "Ubayashiki...?" — O Questionei, ainda confuso.

Não poderia ser possível. Ubayashiki Rayleigh fora o capitão que, há mais de mil anos atrás confrontou-me no Rokungai e me recrutou no Sereitei como um oficial de sua divisão. Durante mais de trezentos anos, lutei ao seu lado. Ele era como meu irmão - Ou melhor, ele era como um pai que eu nunca tive. Sentia uma sensação estranha, como se meu coração estivesse totalmente acelerado. Por que Ubayashiki estava aqui, traindo o Sereitei...E tentando me assassinar? Qual era o sentido daquele que me ensinou tudo sobre este mundo tentar contra minha vida?

Por quê?

— "Você era racional, altruísta. Você era mais poderoso do que um capitão convencional, uma anomalia que nasce somente de séculos em séculos. Eu, mesmo sendo um capitão, te admirava, Noritoshi. Agora você é só uma casca vazia do que um dia foi. E é por isso que você vai morrer agora. Eu não te reconheço, e é melhor que as boas memórias fiquem no passado!" — Ele ditou, reunindo os cacos de vidro ao meu redor. — "Adeus." — Finalizou.

Então, seu punho fora fechado.

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Ícone : Mensagens : 792 Data de inscrição : 25/09/2022

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— [FLASHBACK ON — 1070 anos atrás, Rokungai ]

O Choque dos golpes - As ondas de pressão que eram arremessadas com o impacto de nossos golpes. Eu, um mero vagabundo vagante, lutando contra uma figura de exímio valor da Soul Society: Um capitão, de carne e osso. Detentor de longos cabelos negros e portando um par de óculos, ele parecia estar se divertindo no combate, mesmo que se recusasse a usar seu poder total. Com meus punhos fechados e ensanguentados, relutava para não ofegar e colapsar devido à exaustão extrema. Meus cabelos eram curtos, dourados, trajado com nada além de trapos sujos. Meus olhos continham fúria, ao contrário do homem, que esboçava um sorriso confiante em seu rosto.

— "Ha! Este é o espírito, rapaz! Continue assim, você é realmente poderoso." — O Capitão desconhecido bradou, limpando o sangue do fio de sua lâmina reta. — "Você está aí vivendo como um vagabundo qualquer...Há alguma razão para isso? Você tem um nome, garoto?" — Me questionou.

— "É NORITOSHI SUNKEN, SEU MISERÁVEL! EU LUTO POR MIM MESMO, E SÓ ISSO!" — Exclamei, completamente enfurecido. — "Eu me sinto bem demais assim! Não vá morrer tão cedo, porra!" — O provoquei.

— "É isso! Vamos lá! Meu nome é Ubayashiki Rayleigh, capitão da Décima Divisão!" — Ele ditou alegremente, avançando.

Meus punhos se chocaram contra os dele, erguendo poeira ao nosso redor. Lembro-me bem de termos batalhado por quase meia hora em sequência, até que eu caí, praticamente inconsciente. Não estava ferido pelos golpes dele, e sim pelo ímpeto descontrolado dos meus próprios. Eu era incapaz de controlar a minha força e fôlego, e acabei colapsando frente ao capitão, que mal se deu ao trabalho de liberar a sua shikai. Ao menos, fui capaz de fraturar dois de seus dedos com um chute direto, o que, para mim, já era um grande prêmio.

— "...Esse garoto...O que acha dele?" — Rayleigh questionou a um companheiro. — "Estou pensando e levá-lo para o Sereitei e treiná-lo. Ele tem um potencial absurdo, maior até do que o de meu tenente, talvez até do que eu. E tudo isso somente com os punhos." — Continuou.

— "Bom, faça o que quiser. Mas se ele se tornar um problema, aí é contigo. Não confio nessa escória do Rokungai." — O outro respondeu, se afastando.

Me recordo bem de ter sido levado praticamente à força para o Sereitei e o quartel de sua divisão, onde fui recuperado por shinigamis da Quarta Divisão. No dia seguinte, eu estava trajado como um deles. Eu havia me tornado um deles - Recebendo treinamento pessoal de Rayleigh ao longo dos meses. Recebendo minha zanpakuto, e primeiras missões, com ele ao meu lado. Pela primeira vez, eu havia recebido aquilo que chamam de amor.

[FLASHBACK OFF — Presente]

Eu fui tomado por um ódio tão grandioso que sinceramente não conseguia compreender. Deixei que uma pressão espiritual massiva fosse liberada de meu corpo, pesando como toneladas sobre os ombros de Rayleigh, que mesmo sendo um shinigami de nível capitão, não pôde evitar se não colocar um dos joelhos no solo, completamente subjugado pelo meu Reiryoku enfurecido. Fitei-o, com olhar firme, penetrando sua alma como se estivesse carregando uma sentença de morte em mãos.

— "O que vai fazer com estas informações, Rayleigh? Responda rápido, antes que eu arranque a sua garganta e te faça sufocar com seu próprio sangue." — O Ameacei, cerrando os punhos a ponto de fazer as mãos sangrarem pelo atrito.

Era imoral.
Era injusto. Aquele homem se virar contra mim? Absurdo.

Mas eu seria mais injusto do que os infortúnios deste mundo. Me aproximei do velho, desferindo um golpe direto contra seu rosto, arremessando-lhe para fora do edifício e fazendo-o cair de dez metros de altura. Saltei logo em seguida, vendo-o se recuperar lentamente no chão, com ferimentos leves. Parei logo ao seu lado, pressionando seu ombro para baixo e o arremessando contra o chão, mantendo a expressão e a pressão espiritual. Ele seria obrigado a me contar. Se não, seria melhor rezar para a sua morte ser rápida.

— "DIGA. LOGO. SEU. DESGRAÇADO. DE. MERDA." — Ditei, com pausas.

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Ícone : Mensagens : 792 Data de inscrição : 25/09/2022

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— Eu estava à beira de matar o homem que um dia considerei como um pai; Minhas estribeiras haviam sido partidas, eu estava fora de mim, praticamente uma outra pessoa. Porém, Rayleigh resistiu a tentação, e acabou aplicando um golpe sujo. Abaixo de meus pés, ele conjurou o Hadou Nº31: Shakkahou, gerando uma enorme explosão carmesim que destroçou o solo e levantou uma grande nuvem de poeira, mas que fora capaz de me alcançar. Saltei por cima do encantamento de nível intermediário, parando a cerca de cinco metros da posição. Porém, quando joguei meus olhares ali novamente, percebi que já não havia mais ninguém. Ele fugiu, uma deixou os papéis roubados para trás.

— "O-O que é isso? Tenente Sunken?! O que está havendo aqui, oras?" — Um oficial da 13ª Se apresentou, assustado.

— "Mande seus homens limparem a bagunça. O tal do traidor estava aqui, eu vim o perseguindo, e parece que consegui dar um jeito nele. Ele não é louco de meter as caras por aqui novamente." — Lhe expliquei.

Na sequência, deixei o local de maneira rápida. A chuva ainda caía firmemente, e enquanto os quartéis da 13ª Divisão eram restaurados, eu estava nas ruas, me molhando, enquanto lia os papéis rasgados que foram roubados dos arquivos confidenciais do Sereitei pelas mãos de Rayleigh. A lista era extensa, e assustadora.

Cartas escreveu:

Carta 1 - "938 D.C — Relatório.

Um vagabundo do Rokungai considerado extremamente poderoso foi recrutado pelo capitão Ubayashiki Rayleigh, da 10ª Divisão da Corte. O nome do sujeito é Noritoshi Sunken, e atualmente está sob os cuidados da divisão. Dizem que ele têm um potencial monstruoso, e que desejam impor limites para o seu poder e planos de contenção. Enviem esta carta ao comandante-geral, para que a Central 46 possa resolver este caso."

Carta 2 - "968 D.C — Relatório

Noritoshi Sunken foi imposto como um potencial de perigo extremo para o Sereitei, e não poderá ocupar os cargos de tenente ou capitão, independentemente de quanto poder tenha. Ele deverá ser vigiado e mantido sob os cuidados de Rayleigh até segunda ordem. Envie-o para missões mais perigosas, ele não irá morrer. Dizem que ele já têm uma Shikai comparável a uma Bankai."

Carta 3 - "1036 D.C — Relatório

Noritoshi Sunken e seu esquadrão foram emboscados por Quincies durante sua excursão no Hueco Mundo. Dizem que foram salvos por interferência exterior - Os boatos sugerem que tenha sido um Arrankar. Houveram poucos sobreviventes, com Noritoshi incluído. Aparentemente ele utilizou sua Bankai no combate. Seu nível é comparável ou superior ao de um capitão. Reforcem a segurança."

Carta 4 - "1100 D.C — Relatório

Noritoshi Sunken desapareceu sem deixar rastros. Não foi sequestrado, e nem morto. Ao que tudo indica, ele deixou o Sereitei por conta própria, e a Central 46 exigiu para que fosse recuperado o mais rapidamente possível. Se não puder ser feito, ele será considerado um exilado da Soul Society. Rayleigh foi punido por defender a posição de Sunken, e será destituído de seu cargo até segunda ordem."

Carta 5 - "1730 D.C — QUEIMA DE 20ro ci89gujo94e

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A última ilegível, quase escrita em códigos. Já as demais me deixaram bastante...Triste. Não haviam lágrimas a serem derramadas. Eu apenas sentia um grande vazio em meu coração, como se um pedaço de mim estivesse faltando. Eram poucos relatórios roubados, mas por quê todos eram sobre mim, até aquele momento? Eu ainda tinha cerca de doze cartas guardadas em um dos bolsos, mas quatro delas eram sobre mim, e a outra estava completamente codificada. O que ele faria com estas informações? Me dar como um traidor procurado da Soul Society? Era impossível.

Eu não sou um traidor.
Nunca fui, e jamais serei.

Agradeço por este relatório ter sido recusado pelo comandante geral da época. Era um absurdo. E também, que saudades...Da época em que poderia usar minha Shikai e Bankai. Eu perdi tanto nestes séculos, e me enfraqueci a ponto de parecer um oficial qualquer. Por que você é tão fraco, Noritoshi? Onde está o monstro que o Rokungai criou?!

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Ícone : Mensagens : 792 Data de inscrição : 25/09/2022

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— Retornei para casa, completamente desnorteado. Queimei aquelas quatro cartas sobre mim, eram informações absurdas - E além de tudo, não poderia permitir que soubessem quem realmente sou. Era fato que eu não era a pessoa que eles pensavam que eu fosse, mas jamais me rebaixaria ao nível de trair àqueles que me deram toda a minha felicidade e amor. Sentei-me em das cadeiras da sala, observando as cartas serem incineradas pelo meu forno. Um pedaço da história havia sido apagado, mas de pouco importava. A grande maioria dos registros roubados foram deixados para trás por Rayleigh em sua fuga, haviam dezenas de papéis espalhados pelo chão. Eu pude recuperar apenas alguns deles, e quanto aos restantes, os guardei.

[...]

Poucas horas depois, retornei até o local de onde Ubayashiki fora visto pela última vez, notando que não haviam vestígios de seu paradeiro. Havia evaporado, e o quartel da 13ª Já estava sendo reparado, imaginava que dentro de um único dia acabaria por ser restaurado ao seu estado original. Dei um suspiro, pois por mais que houvesse causado alguns danos, pude expulsar o desgraçado da Soul Society, ao menos por enquanto, recuperar os arquivos importantes e queimar alguns que já deveriam ter sido apagados da história há muito tempo. Dei as costas, baixando a cabeça e retornando paras as instalações da Sexta Divisão.

É culpa minha de Rayleigh ter se tornado um criminoso?
É culpa minha de todos eles terem sido mortos?
É Culpa minha de tantos companheiros terem perdido suas vidas em vão?

Não tinha certeza. A única certeza da qual eu tinha era de que o gatilho final fora minha decisão de deixar para trás a vida de Shinigami.
O meu único
e maior
pecado.

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Ícone : Mensagens : 554 Data de inscrição : 14/08/2022

Sinceramente sua formatação de texto é tão boa que torna tudo tão fácil e tranquilo de ler. Eu não acompanhei os demais enredos, mas admito, fiquei curioso quanto, talvez quando tiver um pouco mais de tempo irei atrás. Aproveitando para comentar que as habilidades citadas parecem bem interessantes também. Repetindo: está aprovado.

Re: [B] — Devil Trigger, Pt III. - Publicado

1999

Inverno

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