脳にキく薬

solve
coagula

Energia espiritual têm sido escassa na Sociedade das Almas.

E, aqueles que a possuem, de fato, estão sumindo aos montes devido a um interessante fenômeno de equilíbrio das almas. O universo olha para nós, ceifadores, e diz: “Já que vocês, imperialistas, não conseguem, no auge solene de suas sabedorias, resolver este problema, eu mesmo o farei”. E, de fato, é exatamente isto que tem ocorrido. As maiores fontes de energia espiritual que temos estão sumindo. Eu estou trabalhando nisto, é claro, e como de costume, todos os outros capitães estão simplesmente seguindo com suas próprias vidas confiando que eu terei a resposta final para este pequeno enigma metafísico.

Eu não tenho, mas o terei.

E, como Nimura sempre costumava fazer, todos os seus planos e contingências deveriam ser separados em passos, ou etapas. A primeira delas, seria entrar em contato, novamente, com seu estoque de energia espiritual: ter sido jogado num buraco escuro por cem anos pode causar danos irreversíveis à determinadas características de um ceifador de almas, conforme o próprio pesquisador havia denotado, e, então, precisava novamente se sintonizar com a essência de seu poder para voltar a entender todo este problema que paira sob a Sociedade das Almas como um todo. Não conseguiria recuperar toda a sua reiatsu, é claro, mas nem pretendia, afinal de contas isto o tornaria um alvo.

Conectou determinados equipamentos em seu corpo; poucas vezes se encontrava despido de vestimentas da parte superior dele. Possuía várias marcas de costura espalhadas por sua pele alva, sob um físico que carregava uma estranha dualidade entre estar em forma e estar definhando. Seus olhos voltavam-se para os monitores espalhados em uma mesa à sua frente, que inclusive providenciavam as únicas fontes de luz no laboratório de luzes desligadas. Na tela, o programa que havia arquitetado era capaz de transformar em números o potencial espiritual de um indivíduo. Um simplificador lítero-matemático, conforme poderia ser visto. Mas ele não fazia cálculos. Este era o trabalho da serpente.

Interpretava os dados e entendia como cada um deles afetava a performance da energia ativa presente em seu corpo. Vez por outra, mudava os equipamentos de leitura presentes em seu peito: uma hora, movia-os para o estômago, em outro momento para as costas e assim sucessivamente. Em um ou dois momentos, retirava amostras de seu sangue e posicionava-as em alguns tubos de ensaio eletricamente conectados aos monitores para obter outros tipos de leitura. E, então, realizou uma pausa em um momento.

Desconectou-se dos equipamentos, caminhou até uma gaveta no meio do escuro e retirou uma iguaria do mundo humano: nicotina. Posicionou-o em sua boca, e fez algo com seu dedo indicador para incandesce-lo. Girou o grande mecanismo em sua cabeça algumas vezes enquanto soprava a fumaça resultante para o teto. Seus olhos estavam cansados e pensativos. Pensava em como os outros capitães fariam esta tarefa. Treinando fisicamente, provavelmente. Utilizando suas espadas, treinando com outros. Meditação. Luz. Sol. Palavras completamente distantes de sua realidade. Voltou seus olhos para o conjunto de máquinas, agulhas, monitores e luzes artificiais. Seus únicos companheiros. Inalou e expirou a fumaça outra vez, guardou os apetrechos de volta no lugar e retornou para onde estava se examinando.

Desta vez, entretanto, as máquinas que utilizaria seriam outras. E o que fariam pode explicar porque estava tão hesitante em utilizá-las. Conectou-as em seu corpo via agulha, penetrando dentro de seu corpo em determinadas partes e órgãos que seriam de uso fundamental ao processo, incluindo sua recentemente adquirida Kakuja, que poderia auxiliá-lo grandemente nesta tarefa. Respirou fundo uma vez, e, depois duas, e, na terceira, sua mão já estava no botão do transformador. Apertou-o, girou uma bobina e recebeu um intenso choque. Pouco acostumado ao processo, caiu no chão depois da primeira descarga. Seus músculos e nervos, confusos mediante a grande carga recebida, tremiam e contorciam-se involuntariamente para todas as direções enquanto o cientista encontrava-se derrubado. Não demorou para se levantar, aumentar levemente a carga e recebê-la em seu corpo novamente. Era adaptável, então, desta vez, pôde controlar o seu corpo bem o suficiente para não cair no chão. Assim que esta descarga cessou, olhou para os monitores. Houve uma melhora de determinada porcentagem ─ não era capaz de ver exatamente qual era a porcentagem mediante sua visão anuviada. E, então, cogitou aguentar uma última carga; a bobina correu mais um pouco para a direita, e apertou o botão novamente. A descarga elétrica correu por todo seu corpo, cintilando-o enquanto iluminava a sala escura. Caiu de joelhos quando terminou o processo, exalando tanta fumaça quanto a própria máquina responsável por administrar a eletricidade.

Vestiu por cima de seu tórax exposto um jaleco de sua divisão logo após ter removido as agulhas de seu corpo. Encaminhou-se para uma pequena ala médica estabelecida em seu laboratório particular e fez os devidos curativos; certificou-se de costurá-los e deixar as costuras aparentes, ao menos por enquanto. Seriam um bom lembrete. Tomou um pouco de água, e voltou a olhar para o monitor, que traduzia o seu ganho em potencial espiritual em cerca de cem pontos. “O suficiente por enquanto”, pensou, desligando o conjunto de maquinários.

Ainda era assombrado pelos pensamentos de como os outros capitães ─ normais, honráveis, desejosos ─ tinham tudo mais fácil. Um treinamento e tudo teria sido resolvido. Nascer para ser diferente pode, por vezes, se assemelhar mais a uma maldição do que a uma bênção, afinal de contas. Hora de observá-los novamente.

Considerações:

HP: 700/700
RE: 1050/1050
ST: 05/05