Então lá estava eu novamente. Voltei para onde eu vim as minhas origens, parecia um ciclo, sempre estávamos fadados a dar meia volta e se encontrar no começo de novo. Não era uma regressão, pelo contrário, um passo para trás servia como impulso para dois mais à frente. "Um grande salto para frente", essa frase apareceu em minha cabeça tão instintivamente que nem eu sabia por qual motivo. Vestido com meus trajes comuns, um simples roupão de camponês caminhava pelas vielas escuras e sujas do Distrito 80, Zaraki, um nome que traz medo e frio na mais humana das almas.

As vielas estavam vazias, ninguém me deu boas vindas, talvez nem me conheçam mais, faz tempo que sai das ruas e também nunca simpatizei com vadiagem, crimes.  Apesar de tudo ser diferente de quando parti, uma coisa estava como antes, a bodega à beira da rua. Uma cabana de madeira quase escorraçada da rua, quase no meio daquela rua estreita de pedra. Puxei suas curtas cortinas e sentei em uma das quatros baquetas sustentadas por um bambu, por um momento pensei que estava sozinho, mas um cara munido de um bigodinho fino, ralo me recebeu, não aparentava ter passado dos 20.

- Konbanwa, o que deseja senhor? Não respondi. - Senhor? Você me ouviu?

- Sim, ouvi, mas não quero nada

-Bem, se não quer nada deixe o banco para os cliente pagantes. Respondeu impaciente.

- Desculpe, o que tem para vender?

-Todo tipo de bebida, é um bar senhor, não percebeu? O atendente estava ainda mais impaciente.

254 palavras

- Sim, sim, vou pedir algo, uma cerveja.

O atendente me olhou desconfiado, se virou, pegou uma cerveja e voltou-se para me servir.

-Não é daqui senhor como posso perceber. Disse entregando um copo de cerveja para mim, um grande copo curvo, bem amarelo e grande com certeza o maior dos copos que eu já vi.

- Sim eu sou, para falar a verdade.

-É? não sabia, nunca te vi aqui, é um viajante então eu conheço praticamente todos os habitantes da 80, e nunca te vi. Disse se virando para limpar a pia.

-Você acertou, sou um viajante e estou aqui procurando um amigo. Respondo após um breve gole, não estava afim de beber.

-Aé? Qual o nome dele? Talvez eu conheça, conheço quase todo mundo desse distrito, as almas vem muito aqui. Perguntou despretensiosamente o aparente dono da bodega, não parecia interessado, só educado.

-Yamaguchi, um velho amigo.

O garçom tossiu e se virou pra mim imediatamente.

- N... Não, melhor não pode ser seu amigo, mas não.

-Ele vai ficar feliz em me ver.

-Humpf... -. Suspirou tensamente. - Não, não, ele não fica feliz em ver ninguém.

-Sim eu sei, já fui seu subordinado há muito tempo, o décimo terceiro Kempachi como os chamam eu o conheço já fui seu subordinado.

-Desde que foi exilado ele não tem apreço pelos shinigamis mais, eu também sou seu subordinado e seu sobrinho, mas ele só me vê duas vezes por semana e nas duas eu apenas levo a bebida para ele e preto minhas contas.

-Por favor, me faça esse favor, é uma questão urgente.


262 palavras

O sobrinho fechou a porta de correr feito de madeira e tela do bar. Fui levado a um casebre de dois andares caindo aos pedaços , janelas quebradas, tinta descascando e ripas de madeira se desgrudando da parede com montes de carunchos de cupim no chão, para uma pessoa que já não liga pra nada isso é uma residência apropriada. Tirei os chinelos, deixei no alpendre e adentrei nas casa que no interior é bem cuidada com o piso de madeira mais envernizado que eu vi na vida. Fomos até o quarto de Yumuji, 0 13, e fui anunciado pelo seu sobrinho

- Tio...

- Não é o dia de você vir aqui Takadori.

-Sim eu sei, mas tem alguém que quer te ver.

-NÃO QUERO NINGUÉM...

Adentrei no quarto para poder interromper a gritaria antes que virasse uma briga que acabasse em morte. Consegui surpreender e chocar o velho.

- Ora, Ora, meu antigo tenente, Baal o grande , o bom filho à casa torna, o que precisa aqui? Algum problema? Lá estava Yumuji, com sua careca ladeada pela pelagem ruiva longa e lisa e sua barba pontuda e hirsuta que aparentava mais uma estrela branca com as pontas vermelhas. Mesmo velho era definido, corpulento, e forte de uma presença e reiatsu esmagadora, apesar de faltar seu braço esquerdo.

-Sabe porque vim aqui, senhor, está na hora…

-Sim, posso ver, venha vamos, chegou a hora.. O velho riu, se levantou ainda rindo e fez sinal para que eu o seguisse para o fundo de sua casa, deixando seu sobrinho esquecido.

256 palavras

Descemos as escadas nos fundos da casa. Yumuji descia as escadas descompensado pelo seu próprio corpo, a falta de um braço dificultava a descida de escadas, mas no plano andava normalmente, sem nenhum tipo de dificuldade, e apesar de velho, sua força não aparentava diminuir nem ao menos perto de desvanecer.

-Sabia que você viria, apenas eu sei o quebra ossos como ninguém , minha Hakuda não tem comparação com nenhum ser vivente na Soul Society HAHAHA. Riu, não sei se por ironia ou se vangloriando.

Descemos as escadas, chegamos aos fundos da casa que dava para um jardim pedregoso e acidentado, eram os limites do 80 distrito Zaraki.

- Se quer aprender o quebra ossos vai ter que aprender a ter força.

Yumuji se agachou no chão e com sua única mão agarrou um pedaço plano de calcário que se estendia a quilômetros no descampado atrás de sua casa. Yumuji levantou a rocha acima de sua cabeça e pude ver que se tratava de um a rocha em forma de gota e ele estava levantando a sua ponta e por consequência todo o resto se levantava com terra e raízes caindo do calcário outrora enterrado. Yumuji soltou a pedra fazendo um estrondo retumbante ao cair. Tudo isso com apenas um braço, uma mão.

-Agora, você.

Com as duas mãos agarrei a ponta da rocha e a levantei… até a altura de meus joelhos, tremendo e com dificuldade, meus músculos queimavam, pareciam prestes a estourar. Minha força falhou e meus músculos retesados também, então, deixei a pedra cair fazendo um estrondo menor.

260 palavras

Soltei a rocha e a poeira voou em meus olhos limpei os ciscos lacrimejando um pouco.

- Já está chorando? Melhor desistir, se já está dessa forma -. Desdenhou o velho soltando uma fungada zombeteira. -Levante a rocha acima de sua cabeça, fique com ela o tempo necessário, assim eu vou decidir se você está forte ou não.

O velho virou as costas de volta para sua casa.

-Quanto tempo tenho que suportar a pedra? Perguntei, mas já sabia a resposta, conhecia o velho suficientemente bem, para saber.

- O quanto eu achar que está bom! Gritou. - Agora deixe-me em paz, está amanhecendo e tenho que tomar café da manhã.

"O tempo que eu achar que está bom", sim era isso que eu esperava que fosse dito.

Passei um pouco de terra nas palmas da mão, me agachei com a postura mais reta que consegui, deixando minha coluna pronta para o peso. Enterrei minha mão na fenda entre pedra e terra quase enterrando meus punhos por baixo do calcário. Com toda a força que eu conseguia dispensar, mais do que na primeira tentativa com certeza, ergui aquele demônio.

- AAAAAAAAAAAAA -. Gritei para que o ar saísse de meus pulmões fazendo com que a força se ampliasse.

A pedra cedeu, e deixou que eu a levantasse mais um pouco chegando um pouco mais acima de meus joelhos, quase na cintura, mas... ela caiu no chão e eu fui jogado para trás em exaustão

Cai de costas na terra rochosa e batida, mas não tinha tempo para cair e se apaixonar pelo chão, novamente me levantei me recompondo
- Uma terceira tentativa.

265 palavras

A manhã chegou, mas os primeiros raios de sol da manhã pareciam quentes como aqueles do meio dia. Sentado no chão depois de tentar levantar aquela pedra mais de dez vezes eu não tinha mais forças por enquanto. Na décima oitava tentativa de levantar o calcário sob minha cabeça não consegui levantar a pedra em cima da minha cabeça, falhava antes de chegar a minha canela agora, nem da cintura passava como antes. Estava molhado de suor e vermelho estatelado no chão quando o maneta chegou.

-Trouxe uma sacola com duas tigelas de Ramen.

Uma era para mim e a outra para ele, uma bela porção de ramen com macarrão quente e carne de porco. Sentamos à frente da rocha desprendida da terra depois de tantas tentativas e começamos a comer e conversar.

- Se não é capaz de levantar uma pedra, não é capaz de quebrar uma, se não é capaz de quebrar uma pedra no muro, bem, não poderá quebrar um osso.

-É fácil comparar, e falar, mas fazer.

-Bem, com um só braço eu consigo.

Tomado de humilhação e raiva levante, minha reiatsu ferveu meu sangue como fogo ferve a água. Me agachei da maneira mais relaxada, apressada e nervosa que minha irracionalidade conseguia.

Segurei a pedra com as mãos e levantei a pedra acima de minha cabeça de uma só vez, lá estava acima da minha cabeça fazendo sombra sobre mim e enquanto eu olhava para aquela sombra formada pelo calcário. Eu fazia a linha reta que segurava a rocha em forma de gota, fazendo eu o ângulo de noventa graus com o chão. Nem eu mesmo acreditei.

-Ótimo, agora fique assim. Disse o mestre antes de se virar e me deixar ali segurando a pedra.


289 palavras

O sol fechava o seu ângulo a cada hora. Meio dia, uma hora, duas horas. A roda do tempo era imparável, inexorável , depois das três da tarde minha percepção de tempo parou com essa hora a passar. A pedra era sustentada pelos pilares que eram minha mão, meus músculos retesavam e podia ouvir com isso o estalar de meus ossos enquanto eu me ajeitava com o mínimo que a situação me deixava, achar conforto ali era difícil. Apesar de todo o peso sob mim o que mais doia eram minhas mãos que a essa altura pingavam de suor.

O tempo parou de fazer sentido, meus braços começaram a tremer, meus pés se afundavam na lama cuja a fonte da água foi meu suor escorrendo, conseguia sentir o meu próprio cheiro. Já era noite, talvez a virada do amanhã quando Yumuji disse:

- Largue-a. Quando soltei a pedra no chão, desmaiei

No dia seguinte lá estava eu deitado em uma cama. "A cama de Yumuji", pensei por óbvio.

- Você não tem tempo garoto, vamos, coma seu desjejum e vamos treinar.

No pátio onde eu fiz o teste de força agora se encontrava a última e mais dolorosa fase do Quebra Osso.

-Aqui está quebre essas pedras e assim, quebrar ossos vai ser fácil.

Placas de granito cinza estavam muito bem fixadas em um suporte de madeira, parecia uma porta cravada no chão com o centro em rocha, várias camadas destas.

- Se consegue quebrar pedras, quebra ossos vá e não se esqueça de usar sua reishi.

Com toda a minha força soquei a placa de granito, mas a única coisa que senti foi uma dor infinita percorrer por cada célula de meu corpo como ondas que se propagam por um lago.

-AAAAAAAAA DESGRAÇA. Gritei de dor.

- No começo é assim mesmo.


289 palavras

O primeiro soco na pedra foi uma vergonha devo admitir, perderia o posto de capitão se fizesse aquilo na frente de toda Gotei. Escorei minha mão direita no alvo e tomei fôlego, deixei minha mão melhorar. Minha mão latejava, vi uma mancha de sangue no formato dos nós de meus dedos no calcário cinza.

Arfava, não tinha me recuperado direito, mas segundo Yumuji assim era bom. A batalha não escolhe quando acontece, disse o meu mestre e ex-capitão exilado.

- Bem, vou deixá-lo, melhor não sair daqui se não conseguir dar conta dessas pedras.

-Sim, mestre.

-Não me chame de mestre Baal. Se retirou arfando, furioso com aquilo, sem motivo ao meu ver.

Sequei a sujeira e o sangue de minhas mãos antes de tentar de novo, agora eu tinha uma estratégia. Ao invés de socar o mais forte que eu conseguisse da primeira vez eu deveria fazer isso progressivamente. Direita e esquerda, dois socos menos fortes na placa de calcário, mas de força e dor suportável. Respirei fundo, direita e esquerda, outra sequência de socos que não fizeram efeito.

Respirei fundo, abri e fechei o punho estalando meus dedos, talvez se tivessem flexiveis fosse mais rápido quebrar pedra. Concentrei minha reishi para abrir as fibras do músculo e me deixar mais forte. Soquei, soquei e soquei aquela pedra até que seu centro ficasse manchado de vermelho de meu sangue, uma cicatriz na pedra.

- Droga. Tudo em vão.

Limpei o punho nas minhas calças e passei a mão limpando o vermelho da pedra. Mais uma sequência de seis socos na pedra, dessa vez um pouco mais forte que os murros anteriores, gradativamente a força devia ser aumentada e os ossos de minha mão acostumados a socar a rocha.


287 palavras

Vida: 900 Reiatsu: 800 Staminha: 7

Gradativamente, gradativamente e gradativamente esse era o pensamento que eu tinha sempre antes de soca aquela maldita placa de pedra emoldurada em madeira forte de carvalho. A madeira da moldura reverbera a cada soco, mas a pedra não, continuava intacta, aparecia que a única coisa que eu tirava daquela pedra era areia, nem mesmo lascas eu via saltar. Após uma centena de socos decidi descansar à sombra de uma árvore contra o impiedoso sol do meio da tarde.

Suspirei soltando o ar cansado. Olhei para minha mão, estava vermelha e com tons roxos de hematomas. Os ossos de minha mão devias estar rachados, eles rachavam e regeneram devido minha reishi um milhão de vezes, mas meu metabolismo não era tão rápido e forte assim. Cortei a manga de minha camisa e amarrei em meus punhos para cura-los.

Neste dia o velho mestre me deu unguentos, faixas novas e alguns remédios para do e os ossos.

- Cálcio para ficarem fortes. Disse o Yumuji.

Neste dia eu estava me recuperando, assim que os ossos cicatrizarem vão ficar mais fortes, menos sensíveis e por isso mais propícios para quebrar ossos. Comi da comida de Yumujie, dormi em seu teto, mas no dia seguinte as coisas seriam diferentes.

Levantei sobre a luz do primeiro raio do sol e fui socar pedra. Meus punhos não pareciam estar mais sensíveis, menos doloridos neste dia do que no anterior, por isso agora eu podia treinar com cem por cento de minha capacidade. Os socos fortes já não doíam e parecia que cada vez mais eu conseguia


259 palavras

Vida: 900 Reiatsu: 800 Staminha: 7

Um, dois, três, quatro socos, a maioria com o punho direito, mas alguns com o esquerdo. Eu conseguia lutar com as duas mãos, mas com a direita era mais fácil e um pouco mais forte. Soltava o ar em cada soco e gritava quando a impaciência chegava. A rocha estava levemente molhada de sangue e um pedaço de carne estava esmagado na pedra, mas nada faltava na minha mão, talvez um pedaço de pele perdido. Me dirigi até a mina da casa, puxei a alavanca e a água jorrou da minha limpando o sangue em minhas mãos.

Cum um pano velho e molhado limpei a pedra de onde meus socos retumbavam. Depois de limpar, como uma tábua de carne, neste caso a minha, escorei no suporte. Fiquei ali pensando.

-Droga, tenho que resolver isso logo.

Tirei a mão da pedra e tomei distância. Chega, vou botar um fim nisso. Me distanciei da placa, respirei fundo, fiquei na postura de Hakuda e comecei. Socos tão fortes e tão rápidos que até eu fiquei surpreso. Minha mão estava doendo, prestes a quebrar, mas o frenesi me tornou tão entorpecido de dor que meus punhos estavam prestes a destroncarem sem nenhum pingo de dor como aviso.

-AAAAAAAAAAAAAA. Gritei liberando o êxtase da batalha e o resto de força que estava guardado

Minha mão direita varou a placa de granito, minha mão estava do outro lado da pedra, sangrando, começando a latejar de dor. Os dois pedaços de calcário caíram no chão.

-Parabéns guerreiro. Disse Yumuji batendo palmas lentamente.


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