Hagane não estava pelos aposentos do décimo primeiro batalhão, por falar a verdade faziam bons e longos tempos que eu mal via o capitão pelos campos de treinamento da divisão de combate da Seireitei. Hagane era uma máquina de combate ambulante, e tê-lo do lado era um prelúdio da vitória,  era nele em quem pensava quando estava desistindo, em casa treino que realizava, como homem a ser batido. O monstro do capitão da décima primeira divisão, era ele quais as outras raças – e até alguns outros males que sonhavam em atacar – temiam.

Aquele dia, com esse mesmo pensamento, levantei depressa pelos corredores da divisão,  pulei da cama e estiquei o lençol,  arrumando também meu armário naquele mesmo momento. Me guiei até o banheiro e sauna do lugar, onde pude descansar um pouco os meus músculos,  e colocar meu ferimento da última patrulha sobre águas quentes, o que aliviava um pouco a dor. Me mantive quieto quando outros oficiais chegavam na sala, como sempre,  todos do décimo primeiro andavam machucados, ofício do esquadrão mais briguento da Seireitei.

Depois de algumas horas de um devido descanso, levantei-me secando o corpo, sentia como se as fibras do meu corpo começassem a se soltar, e ali, entendia estar pronto finalmente para o treino intenso que seria feito logo em sequência.  Pulei por uma das janelas do prédio,  lançando-me ao chão, a dor era excruciante, mas depois de algum tempo conseguia me levantar, sacudir a poeira do corpo e me manter instável,  mesmo com uma queda de dez metros. Algumas escoriações cobriram meu corpo pela queda. Mas o que não me mata, me fortalece.

Saquei minha zampakutou, colocando a bainha na mão esquerda e a direita em seu cabo. O seu deseimbanhar foi marcado por um som característico tal quanto uma pressão exercida naquele exato momento, os pelos do meu corpo arrepiaram-se e quando notei, meu cabelo havia soltado. Exalava uma energia ameaçadora, e sentia como se aquele momento eu pudesse fazer qualquer coisa. No entanto, que quando percebi o que estava acontecendo dispensei a energia, e olhando em volta notei que diversos olhos estavam em mim, por isso, regressei ao estado normal.

Nos bonecos de treino espalhados pelos imensos campos de treinamento da décima primeira, comecei um treino o intensivo trabalhando primeiro um aquecimento básico,  cortando alternando entre direita e esquerda no boneco de palha, segurando a zampakutou com a mão direita enquanto com a esquerda me mantive equilibrado. Instintivamente, coloquei um pouco mais de força e o cortei ao meio.

Tendo terminado o treino de resistência através do cansaço, me propus a algo inusitado geralmente e bem comum na décima primeira: um combate “amistoso”. Apontar a zampakutou para um dos companheiros era como um convite, e fazendo isso, um dos novos talentos da divisão pulou ao campo de treinamento e se aproximou de mim. Sem muito mi-mi-mi ou conversa, em alta velocidade partiu. Reaparecendo a minha fronte.

Com a zampakutou em mãos, sorri. Era como um dos maiores gestos de humildade e companheirismo naquela divisão de malucos, um combate franco, sem motivo é sem limites. Bloqueei aquele cordial cumprimento colocando perpendicularmente minha espada com a dele, empurrando para frente e criando o atrito necessário para o fazer recuar alguns passos atrás.

Naquele mesmo momento avancei como se não tivesse medo ou receio, avançar com tendências suicidas e sem medo da morte era algo que me deixava bem, não deveria ter medo de morrer em combate, já que provavelmente  num treino como aquele não seriam desferidos golpes mortais, e tratava com um oficial qual eu podia vencer. Não tinha nada a temer.

Um corte diagonal, da direita para a esquerda rasgando superficialmente seu rosto. Defletido por sorte pela Karina que este empunhava. Infelizmente,  aquele momento foi o necessário para sofrer uma antecipação que o fez sangrar. Com toda a certeza, Kikori não esperava que o seu companheiro estivesse um, ou até dois passos na sua frente.

O sangue escorreu e eu já não tinha mais certeza de que conseguia ganhar aquele embate, eu não era como eles, eu tinha medo de morrer.  Minhas pernas tremiam naquele momento e não faltava muito pra me mijar. No entanto, aquele mesmo momento, a pressão de outrora voltou a ser presente. Minha aura mudou completamente e eu parti com todas as minhas forças em um único e unilateral corte. Que fora recebido sem contra golpes ou defesas. Um corte crítico que deixou-o ao chão.

Naquele exato momento recobrei a consciência, e notei algo estava errado comigo, todas as vezes que minha energia fervia, era como se algo tomasse o controle do meu corpo, sorte e azar. Como se um deus brincasse comigo, com algo muito errado e um alivio cômico na sequencia. Parecia que algo estava me gravando, e que talvez, toda a minha vida fosse um reality show.

De qualquer forma, cumprimentei meu companheiro de esquadrão, e subi para deitar-me, estava com uma dor de cabeça estranha e feroz.

Deitei novamente numa banheira, agora cheia de gelo. Estava cansado, com dor, e precisava que meus músculos se recuperassem rapidamente, ou então, demoraria pra sair em missão e precisava mostrar serviço, já que Hagane não estava por ali. Não sabia bem aos detalhes, mais muitos capitães haviam sido convocados para uma missão especial. Droga. As vezes eu esqueço do pavor que eu tenho de morrer. Eu nunca deveria ter lutado com ele! Eu não posso com aquela montanha de músculos e cicatrizes!

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