脳にキく薬

solve
coagula

Kishō entrou às pressas em seu laboratório privativo. Quando o fez, atraiu os únicos olhos presentes: os de sua filha adotiva, Aoi, assim como os de sua alma sintética, Nezumi. Geralmente, frases sem pensar dentro de seu laboratório costumam ocasionar respostas não muito educadas, então ambos sabiam que deveriam aguardar e entender antes de falar. Portanto, observaram-no atravessar toda a extensão da sala, dirigindo-se até os eletrodos. Ligou-os com alguns comandos no computador, e passou a remover a parte superior de suas vestes. — Irá ligá-lo agora…? — Interpelou a garota, aproximando-se enquanto coscuvilhava. O cientista aproveitou o momento para olhar mais um pouco para os monitores que transmitiam as imagens de seus capitães. Alguns em perigo, outros prestes a ficar. Considerou enviar Goro sozinho para realizar a tarefa, mas provavelmente acabaria sendo apenas mais um em perigo. Nenhum dos outros consegue pensar como ele, e isso torna sua presença no deserto inestimável. “Kuina é uma imbecil”, pensaria enquanto se aprontava. — Sim. Preciso despertar mais de minha pressão espiritual. Ajude-me a conectá-los. — Mediante solicitações, a garotinha se aproximou de seu corpo exposto, coletando as agulhas e as presilhas do maquinário e prendendo-as no corpo de seu tutor, com receio.

O caso de minha pressão espiritual é um tanto quanto ímpar. Eu não preciso adquirir, de fato, mais pressão espiritual. De acordo com minha inconstante memória, sempre tive grandes reservas espirituais de forma quase que natural; o que acontece é que, devido a certos, ham, acontecimentos prévios, fiquei restrito de acessar meus próprios poderes por muito tempo e, por consequência, sinto que se deu um acontecimento particular de atrofiamento de energia espiritual. Não tive tempo o suficiente de estudar isto com o devido afinco, já que circunstâncias externas continuam interferindo com meus afazeres. Mas, bem, em resumo, tive ao menos tempo o suficiente de descobrir que acrescendo energia [elétrica] em determinadas partes chave de meu corpo, isto é, onde reiryoku costuma fluir com maior frequência, consigo recuperá-la dentro de determinados intervalos de tempo. Este intervalo ainda não acabou, diga-se de passagem, então isto provavelmente significa que eu e os volts iremos ter uns divertidíssimos próximos minutos.

A jovem cientista girou os controladores, ativou os eletrodos e a dolorosa sessão se iniciou. Nimura buscava exercitar não apenas o total de sua reiatsu utilizável, como também a intensidade e a pressão que conseguiria aplicar com esta. Por causa disto, era necessário mudar a posição das agulhas em seu corpo várias vezes, assim como também realizar um trabalho interno de circular o fluxo espiritual dentro de seu âmago; movimentá-lo sob altas descargas era um exercício intrínseco e extremamente difícil, o que certamente influenciaria no resultado final deste pequeno exercício. Entre choques e expansões de reiryoku, pensava a respeito daquilo que poderia enfrentar uma vez que cruzasse o portal. Magnus. Um velho ranzinza que, ao longo dos anos, deve ter adquirido toda a natureza de habilidades. Diante de oponentes perigosos, a chave era conhecer a extensão de seus poderes e criar alguma medida preventiva. Por causa da imprudência dos outros capitães, esta alternativa deixou de ser uma opção viável há algumas horas. E este pensamento, o de que não havia outra alternativa, motivava-o. Refletia, também, a respeito do jovem capitão que levaria consigo. De acordo com a imagem que mantinha, nenhuma alma ─ além de Aoi, Kusanagi e Nezumi, talvez ─ acreditaria que ele se importasse com Goro, mas, de fato, se importava. E era difícil levar um jovem preocupado e ansioso em provar-se para um campo de guerra. E, por isso, passou a gostar da dor que a eletricidade o propunha. “Você merece isso”, pensava. ”Por todos que está colocando em risco.”

Mesmo que não tivesse muito tempo, sentiu que havia realizado progresso o suficiente. — É o suficiente, Aoi. — Informou-a, que por sua vez se pôs a desligar os aparelhos. Talvez não tivesse sentido que havia feito progresso o suficiente, mas que não aguentaria mais caso continuassem. A viagem que fariam nem havia começado, afinal de contas, e deveria manter seu corpo pronto o suficiente para o combate. Nezumi sabia disso, e, durante o procedimento, conjurou uma mistura derivada da adrenalina que recuperaria rapidamente seus músculos, o deixaria saciado e bem disposto pelas próximas horas na terra da noite prevalecente. O cientista confiava em sua criação o suficiente para não protestar quando visse a agulha ou quando ela adentrasse sua pele. Realizava, enquanto concluía os preparativos, alguns exercícios com sua pressão espiritual potencializada, e ainda sentia os volts passando por seu corpo vez ou outra, mas estava pronto.

Ordenou que o portal fosse aberto, conectou-se com Kusanagi, levando uma de suas borboletas mecânicas em seu ombro, enviou dois de seus satélites para a dimensão inóspita e recebeu o haori de Aoi, que o auxiliou a adorná-lo. — Gostaria de acompanhá-lo… — Disse a garota, pronta para ser negada. Nesta ocasião, por incrível que pareça, ouviu algo diferente. — Bem, uma hora ou outra terá de aprender. — E, então, outro de seus raros sorrisos. Coletou, também, uma das borboletas de Kusanagi e aprontaram-se. O elevador levava ambos para cima, onde se encontrariam com o jovem shinigami que os aguardava para que pudessem viajar para Hueco Mundo. O pesquisador-mor cerrava seus punhos, permitindo que sua recém adquirida pressão espiritual corresse por todo o seu corpo. Não sabia se havia feito o suficiente, mas sabia que havia feito tudo o que podia. E isto deveria ser o suficiente.

Considerações:

HP: 700/700
RE: 1150/1150
ST: 05/05