Recém houvera terminado uma caça e estava sentada sobre uma pedra, mascando os pedaços do hollow enquanto observava o nada, pensando no que faria a seguir, se iria caçar de novo, dessa vez por diversão, ou se deveria descansar um pouco. O sangue nem pingava mais, dado a demora que tinha para mastigar, já tendo seu líquido consumido pelas areias e de fato, eu nem comia por fome, mais para restaurar as calorias gastas enquanto perseguia aquela infeliz criatura que agora estava despedaçada.

Olhei ao redor e não havia ninguém, então resolvi descansar, não estava no ânimo de bolar todas uma estratégia apenas para pegar alguma criatura desprevenida e intimidá-la com meu poder até que se visse descrente da vida. Recém houvera feito isso e por melhor que fosse para massagear o ego, com certeza seria um sentimento banalizado se feito novamente em um período tão curto.

Agarrei aqueles restos e os sacudi, retirando um pouco da areia impregnada e logo girei em meu eixo e o joguei o mais longe que consegui, que não passavam dos cinco metros, visto que minha força física era algo ridículo. Tudo bem, apenas ia descansar então.

Usei as mãos para cavar um buraco fundo o bastante para que pudesse deitar de barriga para cima e me espremi ali, empurrando de baixo para cima para que o deserto me cobrisse e deixasse apenas meus olhos de fora. Aos poucos fui relaxando a ponto de quase adormecer, mas sufoquei e tive que me levantar, escorrendo camadas finas de areia pelas minhas curvas e trapos.

- Argh! Quando a máscara é completa no rosto, isso é mais fácil! Nunca quis tanto voltar a ser um gillian nojento! - Tossia os restos de granulados que ficavam entre meus dentes, estalando em cada batida de dentes que eu fazia, assim como transformando minha saliva em lama. Chutava a toca subterrânea com indignação, desfazendo-a completamente e logo em seguida, caindo de costas sobre a mesma, afundando um pouco.

Não demorou e senti uma pressão espiritual, saquei minha zanpakutou e me levantei, olhei que vinha um hollow em minha direção e por causar sua presença, suspeitei que vinha em paz, querendo algo meu e apesar de tudo, não parecia uma criatura realmente ameaçadora. Guardei minha arma e fui na direção dele, confrontando-o com minhas vestes negras de shinigamis mortos.

- Ei, você! - Apontei um dedo enquanto mostrava um sorriso arrogante. - O que vêm fazer em meu antigo ninho?

- Vim lhe trazer um convite para o Las Noches. Há uma convocação. - Rápido e direto, eu apenas perdi a pose e arregalei um pouco os olhos, incrédula que finalmente o meu sonho havia se concretizado. Eu havia sido convidada para o castelo e poderia viver lá, longe da monotonia do deserto e de suas armadilhas mortais. Enfim ficar com outros como eu, criaturas avançadas e racionais.

Não esperei que ele falasse qualquer coisa, simplesmente me coloquei a correr em direção do colosso arquitetônico, obrigando o mensageiro a vir atrás para me auxiliar nos caminhos por dentre o ambiente e também, indicar andar e sala que eu deveria me aprontar.

No que passei pelos portões e me vi em um grande salão redondo com diversas portas que levavam para as entranhas do prédio, recebi auxílio da criatura para ir onde haveria uma seleção e isso já era esperado, visto que não deveria ser qualquer um que chegava lá. Em teoria, eu estava encaminhada, então aquele hollow poderia ficar para trás e continuar com seu dever de procurar os outros participantes daquela pequena reunião. As paredes brancas mesclavam com a areia amarelada e apesar de tudo, seu interior era bem reconfortante e familiar, quase como uma mansão humana, só que em proporções grandes o suficiente para que cada criatura pudesse passear por ali sem descriminações. Os pedaços quebrados e sem manutenção eram um charme único que mostrava uma pitada de nossa natureza hollow, onde certamente não éramos construtores, mas agentes do caos que não se importavam com aquele presente da noite, mas sim no status que ele trazia. Aquilo era a casa da eite.

Fui até onde me era indicado e abri a porta, adentrando num cômodo que parecia um salão de festas, diversas mesas ao redor de uma maior, onde já havia um homem sentado com sua arma, cinco vezes maior que a minha. Sorri para ele enquanto mostrava um olhar desafiador, talvez fosse um dos entrevistados que se apresentavam para a vaga de fraccíon. Bati um pouco nas minhas vestes negras e deixei um punhado de areia escorrer, como se nunca fosse o suficiente para retirá-las, dado os anos vagando por entre elas.

- Saudações, hollow. - Dizia desdenhosa na medida em que me aproximava e não parava o meu caminhar, subindo na cadeira como se fosse uma escada e logo em seguida, na mesa, parando na frente do outro e observando de perto sua foice, a lâmina parecia maior agora, mas não me intimidei, quase levei a ponta dos dedos até o metal para provocá-lo, mas me limitei a me agachar, com os pés totalmente plantados sobre o mármore, o rosto sobre os joelhos no que o fitava diretamente nos olhos e via a máscara em seu rosto, assim como os detalhes necrosados ou enrugados de sua pele, colocava as palmas abertas para apertar minhas bochechas. - Oh, oh. Senhor hollow, você tem uma arma muito grande... Você é arrankar há muito tempo? - O instigava a contar sobre si de maneira nem um pouco interessada, trajando um jeito bem infantil de se endereçar a ele, provocando-o na medida em que fazia caretas para chamar a atenção de alguém que parecia bem sério. - Eu sou... E deixe-me dizer uma coisa. - Enfim colocava as pernas para a frente e sentava na mesa, colocando a beiradas dos meus pés quase que nas coxas dele, mas não me dando tanta liberdade assim, deixava nas beiradas de sua cadeira, encostando o mínimo possível nele, aproximei meu rosto do dele enquanto espalmava minhas laterais, me apoiando para não cair sobre o tal arrankar, não mais fitando seus olhos e sim, sua orelha. - Eu sou mais forte que você. Eu serei a fraccíon de quem quer que seja meu mestre. Eu serei leal. Eu serei perfeita. Eu irei fazê-lo crescer por dentre esse mundo de forma que você jamais conseguiria, hollow.

O deserto tinha alguns problemas constantes, sua eterna noite, o vento frio a falta de um bom sofa para tirar um cochilo. Mas de longe o maior dos problemas eram os hollows que vivem nele. Sempre vinham alguma criatura, mais besta do que homem achando que conseguiria a melhor pra cima de um arrankar. Isso é um saco. Não que essas criaturas sejam necessariamente fortes, mas o constante incomodo de ter de brigar e ficar atento cada instante me incomoda.

- Não dá pra tirar um cochilo aqui fora por culpa de gente como você... - falava para um hollow acabado, já estava moribundo de sua tentativa de me matar. Me levanto da pedra onde estava sentado e começo a andar lentamente na direção da pobre criatura. Ela começa a rastejar para longe e de alguma forma é mais rápida que meu caminhar. Não devo ter machudado-a suficiente, não é a primeira vez que minha lamina é desleixada. Sou obrigado a apressar meus passos enquanto o hollow rastejava.

Percebo mais alguém se aproximando. Abutres esperando carne fresca? Outra besta mais ousada do que esperta tentando a sorte? Não, a pressão parecia diferente. Quando vejo há um arrankar a minha frente. Não uma besta, mas um igual, um ser racional. "Venho em nome de Las Noches. Há uma convocação para Arrankares selecionados se juntarem ao castelo. Você se tronará um Fracción."

As palavras dele não eram uma sugestão, eram uma ordem, dada com a autoridade e confiança que só aqueles encabidos por um poder maior poderiam dar. Não importa se sou mais forte que ele, se posso mata-lo, recusar essa ordem seria como quebrar uma lei no Hueco mundo. Quem dera a ordem fora o rei ou talvez um de seus espadas, ele é só o emissário. Desembainho minha zampakutou e acabo com o sofrimento da criatura, será que ela achou que estava distraído demais para me lembrar dela? Me viro ao arrankar e aponto minha espada a ele alguns instantes antes de embainha-la, testando o rapaz. Ele não hesita um milímetro.

- Vamos.

O arrankar me serviu de guia pelo labirinto que é o castelo e explicou as funções a serem atribuídas a um fracción. Eu não prestei muita atenção, muito mais interessado nas amenidades que viver ali poderia oferecer. Pouco a pouco a ideia de viver nesse lugar não foi parecendo tão ruim. Sem ataques desnecessários e abruptos, sem ter de dormir com um olho aberto para evitar as bestas. E melhor de tudo Las Noches até que aprecia confortavel, cadeiras, sofas, até camas estavam presentes em alguns aposentos. Chega de zanzar em meio ao deserto, chega de acordar enterrado em areia, chega de dor nas costas por dormir em pedras.

O arrankar me deixa em frente a um corredor e fala para seguir para aquela sala. Ao entrar uma cena estranha, dois arrankares um sentado em uma das cadeiras a outra em cima da mesa mesmo. Estavam conversando, ou talvez discutindo. -Boa noite. - Entro na sala e, assumindo que sentar em uma das cadeiras é o mais plausível, me sento em uma das cadeiras mais próximas. Apoio a minha zampakutou em cima da mesa, uma katana simples embainhada em em madeira. - Devo assumir que um de vocês é o chefe, certo? - Não consigo deixar de assumir uma postura mais relaxada na cadeira, fazia tanto tempo que não achava um lugar tão confortavel para me recostar.

Era incrível como parecia que tudo tinha sido orquestrado para que eu me desse mal, pois após toda a minha cena intimidando o Espada, esta foi concluída e então começaram a entrar os demais, permitindo que eu me humilhasse diante do mais poderoso dentre nós e assim que o homem de aparência cansada me observou sentada na frente do líder, eu apenas virei o rosto para ele com o olhar arregalado enquanto suava frio. Pensar que aquele em minha frente era o organizador da reunião nunca tinha passado em minha mente, esperava uma entrada triunfal e cheia de demonstrações de poderes ou arrogância, mas ele era humilde em nos esperar pessoalmente e eu provoquei um pouco de sua ira, pois logo era recebidas palavras cruéis contra mim e na proximidade que tinha de seu rosto, eu nem ao menos podia me esconder ou me reconfortar na cadeira, afundando em meus braços cruzados e aceitando a superioridade do outro.

A pressão espiritual que fora recebida ali não era algo tão opressor, mas nos deixava a par do quão forte ele era e talvez aquilo fosse apenas uma pequena fração. Eu não sabia o que fazer, voltando minha atenção para o homem na minha frente, com o olhar ainda arregalado e suando frio, mostrava os dentes, não para intimidar, mas sim como um esforço para aguentar aquela carga que nem era tão pesada, porém tão próxima, eu me sentia como um rato frente-a-frente com uma cobra; Se eu recuasse, ele me mordia, se por um surto de coragem eu tentasse ir contra ele, eu seria morta antes que pudesse mover um único músculo. Estava confusa e assustada, sentindo meu olhar ficando úmido com as laterais com acúmulos de lágrimas, mas que não escorriam, pois não estava triste, apenas muito estressada e confusa, sufocando pelo meu erro e do quão próxima estava da morte.

Não reagi, paralisada de medo ao que ele se levantou com a foice em mãos, porém o fazia de maneira lenta, me fazendo focar minha atenção em cada detalhe dele, como o animal acoado que eu era, pois Ryugan poderia ter feito de maneira rápida e simples, se distanciando da mesa com a maior facilidade do mundo, porém ele o fazia de maneira lenta, o que era como uma guia na coleira em meu pescoço, dizendo sem palavras que ele não esquecia da minha existência, que aquela ameaça fora real e que por mais que ele tivesse outras coisas para fazer, no mínimo deslize que eu cometesse, ele iria me partir com facilidade, descartando-me como um verme que estraga o sabor de sua comida. Agora sim, minha visão voltava ao normal, baixando a cabeça e olhando-o debaixo para cima, mostrando os dentes em uma atitude que talvez fosse a provocação que ele quisesse para poder me ceifar, mas eu via aquilo como um desafio que eu deveria superar. Se ele seria meu mestre, eu não teria raiva ou ódio por ele ser mais forte que eu, e sim, garantiria que ele nunca mais precisasse me repreender dessa maneira na frente de meus colegas. Deixaria a guia nas mãos dele. Por hora.

Ainda estava meio desestabilizada, então só ouvi o final do que ele dizia, mas entendi que era algo com a pressão espiritual. Antes de todos, eu quis saltar da mesa, porém instintivamente e sem nem ao menos perceber, eu descia sem encostar na cadeira que Ryugan estava sentado (medo ou respeito?) e com toda delicadeza do mundo, como se o chão fosse papel molhado, botei a ponta de meus pés e desci o corpo inteiro, cuidadosa para não fazer movimentos bruscos.

Olhei para Ryugan com um sorriso orgulhoso e exerci minha pressão sobre ele, com toda a minha força, porém ela estava bem instável e deve ter sido algo pífio e que ele nem ao menos houvera sentido. Engasguei e tranquei a respiração por um segundo. Eu estava com medo dele. A pressão dele era muito forte, o mínimo que ele usou para nos mostrar a diferença, era apenas uma gota e agora, eu iria exercer meu máximo sobre ele para que me testasse. Parei na frente dele e ele me colocou em meu lugar sem nem ao menos pestanejar. Eu... Eu estava abalada emocionalmente, com muito medo de que ele usasse sua foice contra mim. A sua presença contra a luz da Lua era bem chamativa, pois ele se mesclava na penumbra como um corpo próprio da noite, a própria morte que estava testando e quem falhasse, seria morto.

Abaixei a cabeça e deixei que o cabelo cobrisse o meu rosto. Por que ele não largava aquela arma? Ou a embainhava nas costas ou sei lá? Ele deveria ter uma guarda. Meu coração palpitava rapidamente na medida em que eu começava a ofegar com as bochechas vermelhas, os cantos dos olhos lacrimosos, fechando-os parcialmente, deixando apenas um filete dourado desbravar os cílios enquanto pressionavam as lágrimas para as laterais da bochechas, mas que ainda assim não escorriam. Abri a boca para respirar melhor e respirei pesado, tomando um enorme fôlego.

Fechei a boca e mordi o canto do lábio inferior. Abri novamente e boca enquanto observava para cima, Ryugan, ainda parado contra a janela e eu com aquela expressão fraca. Respirei fundo, retomando o fôlego por entre os lábios e saquei minha zanpakutou, erguendo o braço com a lâmina apontada para o teto e mudando minha face para um sorriso arrogante e as lágrimas de tensão escorrendo pelas bochechas avermelhadas, eu o olhei desafiadoramente.

- Essa é a minha pressão, Ryugan-sama! Pode não ser a mais poderosa, mas eu serei! Eu serei mais forte! - Baixei o braço até que minha katar estivesse na frente do meu rosto, moldurando meu rosto com o metal e como um maestro, minha pressão pesava mais na sala, não em Ryugan em específico. Vociferei. - Meu nome é Julia Giovanna Sullivan! Fraccíon do futuro rei! - Ergui o braço novamente e desfiz minha pressão como se não fosse nada, ajeitando a zanpakutou entre meus chifres e sorrindo desafiadoramente para Ryugan, esperando que ele aprovasse, mas não se impressionasse com meu poder, que obviamente não era muito e eu tinha consciência disso, mas por mais que tivesse me intimidado anteriormente, agora, sabendo que tinha minha zanpakutou por perto, eu também podia segurá-la para demonstrar que não sou um animal acoado pelo medo, eu sou uma arrankar, uma guerreira e sobrevivente do deserto. - Eu sou Gigi!

Não sabia agora se eu daria uma passo para trás e voltava para a mesa, afinal, eu não tinha um lugar para sentar escolhido, então deixei que os demais se apresentassem e aproveitaria para que a atenção do mestre fosse para o próximo na linha e eu fizesse algo por ali. Sentava próximo de Ryugan? Longe? O que tudo aquilo representava no teste ou na hierarquia? Eu deveria falar algo mais? Deveria mostrar proatividade? Era muita coisa para se pensar, então como se não tivesse medo algum, dei as costas para Ryugan e meu coração bateu sonoramente enquanto a musculatura das minhas coxas tornavam-se duras, porém eu tinha de vencer o medo e a impulsividade, pois tinha coisas a mais que gostaria de falar ou fazer, (impressioná-lo com minha mediocridade, talvez) mas era melhor me limitar a ir até a parede que estava na frente da cadeira escolhida pelo Espada para que me recostasse ali, também na penumbra e deixasse as lágrimas quentes escorrerem, mas dessa vez de felicidade da minha ousadia e paranoias que me consumiam, segurando o riso. A adrenalina estava alta.

Mais um colega chegara, estava começando a me perguntar se talvez ele seria o Espada que solicitou por Fraccións, mas antes de pensar muito nisso a resposta vinha a mim. O homem da foice libera sua pressão espiritual, mostrando quem de fato estava mandando aqui. Meus músculos retesam por instinto, nunca havia visto uma pressão tão grande, essa sendo a primeira vez que vejo um Espada. Era como se fossem mundos de diferença. Aparentemente o Espada não era tão simpatico assim, deixando bem claro que o mínimo desrespeito não seria mais tolerado.

Era reconfortante ver a outra arrankar ser o centro da ira do Espada, diminuía as chances de eu ter de sofrer com alguma represaria pelo comportamento mais relaxado. Faço uma nota mental para tomar cuidado com a companhia da garota que se apresentava como Gigi, ela parecia ter um talento para problemas. Talvez seja apenas uma impressão, mas já dava pra saber que estar no mesmo grupo que ela traria mais trabalho e isso é a coisa que eu mais temia.

O terceiro arrankar também se apresenta, parecia ter uma um senso de etiqueta estranho, com movimentos pensados. Me pergunto se ele também vivia no deserto como eu ou se já estivera no castelo ou em outro tipo de comunidade mais civilizada. Éramos um grupo inusitado de certa forma parecia que não haveria nada em comum entre os 3 possíveis Fraccións, não tinha certeza se isso seria bom, com sorte Vega e Gigi conseguiriam um complementar o outro deixando mais tempo para eu descansar. Conhecendo como os agem Hollows esse sonho de um trabalho em equipe seria apenas um sonho. Ambos Liberam sua pressão que mostra-se equiparável a minha, estava claro que todos tínhamos um nível aproximadamente igual de desenvolvimento, de certa forma isso era reconfortante.

Faltando apenas minha apresentação me levanto da cadeira e fazendo um gesto com a cabeça me apresento.- Arnerim Ekarargas. Espero que possa ser útil a Las Noches. - Libero minha pressão espiritual, ordens de grandeza menor que a do Espada, porém estava confiante que seria o bastante. Assim que o espada se der por satisfeito retorno a minha cadeira.

Usei de muita força de vontade para conseguir me manter de pé diante daquele superpredador que era o Quinto Espada, reforçando o máximo que eu conseguia de minha pressão espiritual na sala e que aparentemente não o impressionava, mas deixava-o a par de quão forte eu era e como eu poderia crescer, mesmo que não fosse o suficiente nesse momento, eu teria que melhorar e me provar para permanecer naquele local, servindo-o - literalmente - com a minha vida.

Antes que pudesse sair de perto e dar espaço para meus futuros colegas, ele assentia com a cabeça, me trazendo um alívio como nenhum outro poderia acontecer naquele momento. Aquele homem que se portava como uma guilhotina pronta para nos ceifar, logo demonstrava um pouco de misericórdia e piedade, ou talvez fosse a mais pura pena diante de minhas esforçadas tentativas de chamar sua atenção. Independente do que fosse, ele me reconhecia de forma silenciosa, um pai orgulhoso da péssima interpretação de sua filha que ao menos tentara. Não soube como reagir a isso, então apenas o observei como se os demais não estivessem ali e garantiria que esse momento ficasse marcado na minha memória como um incentivo e uma forma dele dizer de que queria ver meu crescimento como sua fraccíon. Não sorri e nem demonstrei algo de imediato, porém, inconscientemente, a minha expressão se aliviava.

Era a vez de Vega mostrar o seu poder e ele fazia com maestria, quase que se moldando com a de nosso chefe, erguendo sua pressão com uma sincronia e ritmo que parecia que ele estava, na verdade, compondo uma sinfonia, erguendo-a e se destacando com precisão e não o turbilhão desengonçado que era como eu havia feito. Ele a forçava contra o ambiente e após se apresentar, ela se dissipava como se sempre fizesse parte do ambiente, difícil dizer quando ele houvera parado de pressionar sobre nós. Era algo semelhante da minha, mas ainda assim, a maneira com a qual ele a manejava era bem menos agressiva, muito mais sutil e calculada, mostrando com facilidade quem seria o cérebro por trás daquela inusitada equipe.

Logo, Arnerim mostrava, em poucas palavras, o motivo por ter vindo. Ele anunciava seu nome e logo que gostaria de ser prestativo para o Las Noches e não o Espada em si, coloquei o punho sobre os lábios, como se beijasse os dedos e soltei um leve riso por ver que ele não apenas parecia preguiçoso, ele provavelmente estava ali para deitar na fofa areia banhada pelos raios solares internos e cochilar com o calor. Mas não iria julgar, tendo um companheiro que não trás problema era melhor que um viciado em combate que gostaria de banhos de sangue todos os dias, causando confusões que deveriam ser arrumadas ou ele mesmo ser apagado da vista de todos. Sua pressão espiritual era bruta, ele a erguia e mantinha, apenas esperando que recebesse o comando de Ryugan para que parasse e assim, simplesmente a desfazia como se fosse muito esforço mantê-la. Ri mais uma vez.

Não demorou para que recebêssemos comentários sobre nossos desempenhos e por mais que fosse nosso melhor, ainda assim era bem medíocre para as expectativas do homem costurado. Fiquei com vontade de pressionar minha reiatsu uma segunda vez, mas ainda assim, não seria o suficiente para que ele se satisfizesse conosco. Fechei os punhos, não por me ofender com suas duras palavras e sim, por minha própria incompetência. Queria a aprovação dele e que dissesse que eu não era como aqueles no deserto que só estavam preocupados em encher a barriga e enfrentar shinigamis deliciosos. Meu olhar tornava-bem humano após ele questionar os nossos propósitos.

Fiquei um momento em silêncio, porém logo comecei a andar, saindo da parede e passando atrás das cadeiras, passando a ponta dos dedos enquanto de forma teatral, eu apenas fazia com que minha passada nua fosse ouvida.

- Pelo que cada um de nós luta, você pergunta? - Quebrava o silêncio com uma voz fraca, talvez fazendo com que prendessem a respiração para me ouvir, quase como se falasse comigo mesma. - Essas cadeiras... Elas representam a nós, sua força reserva, certo? - Apontava o dedo para o peito de Ryugan enquanto abria um meio sorriso e tinha um olhar amigável.- Assim como os Espadas são para o Rei Hollow. - Puxei uma das cadeiras pela sua parte superior, arranhando o chão e produzindo um ruído que não era incômodo, mas sonoro o suficiente para que fosse ouvido do lado de fora. Me sentei na mesa em um salta, ficando de costas para o Quinto Espada. - Eu sou uma hollow. Eu luto por mim, obviamente. Mas agora vejo, diante desse castelo e dessas areias brilhosas que não existe apenas eu nesse mundo vazio, mas que há ini... pessoas mais fortes. - Me deitei na mesa e ao erguer as mãos, saquei minha zanpakutou e apontei para o peito do homem uma segunda vez, mostrando os dentes num sorriso provocativo enquanto fechava os olhos. - O motivo de eu existir nesse mundo foi uma mágoa e o sentimento de culpa, que as vezes me consome e eu perco o controle, mas isso sou eu. Você não quer saber de mim, você quer saber como podemos ser úteis para você, certo? - Chutei a cadeira com os dois pés e resvalei pela extensão da mesa, girando o corpo na beirada e caindo de pé, batendo meu solado sem proteção até Ryugan e uma terceira vez, ia em direção de seu peito, mas não apontava e sim, agora eu quase o tocava, erguendo o indicador até o peitoral, parando a alguns centímetros antes de minha unha tocá-lo. Me abaixei como se quisesse ver o umbigo dele, mas ergui o olhar para que ele me visse de cima para baixo. - Eu já lhe avisei, eu serei leal e farei com que você cresça, que as atenções voltem-se para você, talvez, destronar o atual Rei e você possa ter essa posição. Eu cuidarei de todo o processo para que você se embebede de poder. Eu serei um pilar que você sempre poderá retornar para buscar auxílio, mas não se engane... - Ergui minha zanpakutou em direção ao queixo dele, porém antes que ele visse como uma afronta, contornava minha cabeça com a mão e ajustava a arma entre os chifres. - Eu sou uma hollow. Na primeira deslizada que você der, eu estarei lá. Eu serei perfeita para que você se atinja seus objetivos, mas eu peço que também que mostre que você vale a pena que eu me sacrifique por você, pois intimamente, eu farei você ser meu mártir. - Meu olhar humano, na medida em que eu falava aquelas palavras para ele, tornava-se afiado como de um felino.

Meu coração batia com força e eu tentei mascarar o surto de adrenalina que eu recebia ao intimidá-lo uma segunda vez, abrindo a boca e respirando pesadamente por entre os dentes, enquanto mantinha a compostura do sorriso provocativo e o olhar âmbar brilhando na fraca iluminação, mostrando que eu também era uma predadora e se agora eu era fraca, eu iria dar o meu melhor para crescer e fazer ele também. Ele me reconheceria, de uma maneira ou de outra.

Precisava dar espaço para que ele me matasse ou qualquer coisa, sabia que não sairia de graça a minha afronta, então fiquei um tempo parada, aguardando algum ataque ou algo assim, mas na medida em que o tempo passava, minhas pupilas retornaram para a aparência horizontal e girando em meus calcanhares, fiquei lado-a-lado de Ryugan, tomando um metro de distância dele, mostrando um pouco de minha lealdade, que eu estaria por perto para o que ele precisasse, sempre cuidando-o, para o melhor ou o pior. Mas caso ele me agredisse da forma que fosse, eu mostraria de forma diferente o quão leal eu era a ele, não reagindo enquanto permitira que ele me punisse e compreendia as consequências de meus atos, colocando-me em meu lugar, com um sorriso debochado no rosto.

Inexpressivo, meu poder era inexpressivo. Era estranho ver como isso soava, bem, fazia sentido, mas era uma verdade amarga. Se fosse realmente forte não precisaria vir para las noches para me abrigar e conseguir um pouco de paz. Talvez esse fosse real caminho para a tranquilidade se tornar um montanha tão grande que ninguém ousaria escalar. Mas era um caminho muito complexo, cheio de complicações e desafios. Era melhor ficar em Las noches com seus dias ensolarados e moveis confortáveis. Enfim, o chefe não estava tão feliz com nossos resultados, aprecia querer saber mais. Saber o que nos movia e essa pergunta se mostrou um tanto quanto difícil para mim. Por sorte a garota, Gigi, começou antes de mim.

A resposta da garota era longa, e ela fazia bem em dramatizar o que ela queria dizer. Era  uma resposta meio idealista para a pergunta, querer ser parte de algo maior, de servir a uma causa, mesmo que a causa seja o Espada a nossa frente. Era estranho, conseguia me identificar de certa forma, conseguia entender o por que de querer algo assim, de buscar um senso de união comum sob algo. Apesar de talvez entender a garota acabava por não concordar. Sentia que em um passado distante eu pudesse me ver acreditando em algo semelhante, lutando com unhas e dentes por um futuro que acreditava. Só tinha dois problemas, era impossível eu pensar em algo antes, quando ainda era uma besta, e essa ideia parecia incrivelmente cansativa.

Espero um tempo tentando ver se a garota havia acabado e se o nosso anfitrião traria algum insight sobre o que pensava. Assim que encontro uma brecha  razoável de tempo decido falar também.- Se possível prefiro evitar lutas desnecessárias, mas se vamos ser mais amplos no quiz perguntar. É por isso que luto...- Falo enquanto gesticulo para a mesa com a mão aberta.- Por essa mesa que estamos sentados em volta, pelas paredes que nos cercam, pelo teto que nos cobre, pelo sol que brilha sobre esse teto e as muralhas que nos protegem. E luto pelo conforto de poder dormir sem ser perturbado e pela vontade de ter tempo ocioso para desperdiça-lo como bem entender. Luto para descansar. A resposta poderia parecer um pouco estranha para um hollow, o Hueco mundo não era um lugar nada pacato e lutar para poder descansar depois era quase como uma resposta contraditória, mas era o melhor que conseguia formular tendo sido perguntado sobre isso de forma tão direta. Dou um longo suspiro e continuo.

- Pelo que entendi ser seu Fracción me garante o conforto desse castelo além de uma autoridade concedida pro você. Tanto quanto me solicitar atenderei, mas acredito que possa tomar o tempo livre da forma como me convir, e isso me basta.- Termino e olho ao quinto espada e em seguida ao ultimo de nós  Fraccións, curioso com a resposta de Vega.

Assim que ele terminar  tomo a liberdade de perguntar uma coisa ao quinto Espada enquanto me direciono a ele- E você chefe? Se me permite perguntar. Pelo que luta? -  Falo de forma respeitosa como um subordinado deve tratar seu superior.

Enfim, o momento em que eu esperava, se ele iria me punir ou não fazer nada, compreendendo as minhas ambições como algo que desejasse para si e além disso, estava de acordo com os meus termos de destroná-lo se ele não estivesse a par de minhas expectativas. Ele me olhou e ergueu a mão, não a foice e sim, a palma e meu olhar tornou-se afiado enquanto meu corpo tensionou, esperando receber um Cero ou qualquer tipo de agressão para me disciplinar, afinal, estava disposta a perder um braço se meu ponto fosse feito, mas com certeza não conseguia lidar com o que ele fizera.

Bateu com a palma no topo de minha cabeça e logo meu olhar tornou-se humano de confusão. Abri levemente a boca como se fosse protestar por seus atos, mas logo fechei e mordi o lábio inferior. Ele estava me disciplinando de uma maneira sutil, talvez me mandando calar a boca e aceitando minhas condições, porém era tão leve e gentil que chegava a doer no meu orgulho. Eu esperava que ele me atirasse contra a parede ou que me fizesse sentir o fio de sua lâmina, mas não, eu não merecia isso, no caso, eu era vista como algo pequeno e infantil (o que de fato eu era) e minhas bochechas enrubesceram um pouco enquanto sentia a vergonha de seu ato que talvez fosse mal compreendido por mim, mas que ergui ambas as mãos e agarrei a mão dele, pressionando com mais força sobre minha cabeça, passando os dedos dele entre meus cabelos e com a minha própria pressão, baixei um pouco a cabeça. Talvez eu estivesse me ridicularizando ali, então soltei-o e me coloquei ao seu lado, como a fraccíon que eu me tornava.

Arnerim agora dava sua resposta e era um tanto presunçosa, mostrando que seu único objetivo é manter a calma em sua vida e por isso, se submeteria a qualquer coisa que Ryugan-sama lhe oferecesse, desde que no final de sua missão, fosse recompensado com uma cama quente. Ergui a cabeça e arregalei um pouco os olhos enquanto abria a boca, pasma por uma resposta tão boba, mas que ainda assim, parecia algo relevante. Olhei para as paredes que ele falava e de fato, viver dentro do castelo trazia um status e proteção maior que qualquer coisa que o deserto poderia nos oferecer e se ele iria lutar com toda sua força para manter isso para si, considerava algo bem egoísta, mas que assim mesmo, muito útil. O Las Noches seria o seu ninho e ele o defenderia com prazer. Sorri para ele e se nossos olhares se batessem, eu ergueria sutilmente o polegar para ele, aprovando seu pensamento territorialista digno de um hollow.

Por fim, Vega era o mais eloquente de nós, sabendo usar suas palavras em um discurso que falava sobre nós e sobre ele, sendo alguém do nosso mesmo nível e mesmo assim, tão distante. Parecia conciso em dizer que queria almejar um crescimento próprio, usufruindo de seu status de fraccíon para tal, porém o que ele dizia, ao meu entender, era ouvido como "Quero ser um Espada". Olhei-o de forma afiada e fiquei fitando-o por um tempo, com a expressão neutra, quase como uma serpente que espera um movimento em falso para dar o bote, mas após alguns segundos, meu olhar retornou ao seu normal atravessado e sorri para ele, franzindo um pouco a testa, pois por mais que eu quisesse ser amigável com meu colega, ao mesmo tempo, eu sentia que aquele rapaz poderia ser um problema em potencial apenas pela sua inteligência, algo que o destacava dos demais hollows e o deixava em uma posição de vantagem acima de muitos desmiolados que só queriam combater, consequentemente, via-se que era um sorriso falso e eu nutria algum sentimento ou impressão ruim dele.

Ryugan finalmente se pronunciava, nos aceitando como seus subordinados e nos dando um ultimato, dizendo que se nós não crescêssemos o suficiente para nos manter ao seu lado, então ele mesmo iria destruir esse estorvo e logo eu parei de observar Vega e voltei minha atenção para as costas de nosso Espada, que saía do local com sua foice em ombros e antes que ele fosse, eu tive que dizer uma coisa.

- Se meu crescimento não for do seu agrado, Ryugan-sama, então eu mesma não hesitarei em sumir da existência. Mas você não quer promessas vazias, quer ações, certo? - Retirei minha zanpakutou e a penetrei em meu pescoço, deixando um filete de sangue escorrer pela lâmina e fechei os olhos, sorrindo para ele. Retirei a katar e a guardei nos meus chifres, logo em seguida levando a mão ao ferimento e estancando a ferida que não parava de sangrar, mas mesmo que a dor me incomodasse, eu queria que ele soubesse que eu falava sério e o quanto ele significava para mim em meus planos de fazê-lo ascender no Hueco Mundo e agora, após a pergunta de Arnerim, eu sabia que ele queria ser temido por todos os seres vivos, assim como ser o mais poderoso de tudo. Eu assim garantiria que ele fosse e fizesse.

Assim que ele saiu do cômodo, olhei para meus colegas. Talvez me desse bem com o preguiçoso, mas no fim, não precisava me dar bem com eles, então sem a presença de Ryugan-sama, eu fui até Arnerim.

- Muito prazer, Arnerim-san. Vamos nos dar bem, por aqui, certo? Você pode vir comigo assim que essa reunião acabar? Las Noches é um labirinto e tanto e gostaria de ajuda para desbravar o que e onde vamos fazer e ficar. - Passaria por ele e pararia antes de abrir a porta, porém ao invés de abrí-la, eu a chutei para que quem estivesse do lado de fora, não conseguisse abrí-la. - Você tem potencial, Arnerim-san. Agora você, Vega...

Apontei um dedo pra ele com a mão esquerda, enquanto que com a direita, passei por trás de minha cabeça, não para pegar a zanpakutou, mas sim, para fazer um sinal com o indicador e o anelar, similando chifres (complementando os que eu já tinha) enquanto abria um sorriso arrogante mordendo a língua para fora.

- Você pareceu muito ambicioso em sua resposta. Você não se manterá fiel a Ryugan, certo? Ele é só uma ferramenta para o seu crescimento, é isso? Você quer escalar sob as custas de nosso Espada? Qual seu real objetivo? Se tornar um Espada também? O Rei? Ha! - Girei o corpo e andei com passos pesados (para intimidar) e parei frente-a-frente dele, colocando a mão em seu pescoço e puxando sua cabeça mais próxima da minha e olhando diretamente em seu olho, me esforçando para deixar o meu olhar humano, mas eu não conseguia mudar voluntariamente, então continuava com o olhar horizontal. Falei fracamente para ele enquanto com a mão livre, apontava para Arnerim e carregava um Cero. - Eu gostei disso. Você me cativou e eu vou te ajudar no que você precisar, porém você sabe como eu sou... Não cometa erros, Vega... Sama... - Fechei a palma e desfiz o Cero que apontei para nosso outro colega, porém a finta era apenas para ele prestar atenção no ataque que poderia receber e não na conversa particular que eu tinha com o outro.

Soltei o pescoço dele e recuei um passo, baixando os ombros e colocando ambas as mãos para trás.

- Estou ansiosa para trabalhar com você, Vega-san! - Girei em meus calcanhares e saí pulando em direção da porta, abrindo-a e parando após dar um salto para fora, gritando logo em seguida. - Aaaar-Neee-Rim! Vamos logo! Vamos conhecer o castelo! - E ele vindo ou não, eu ia embora. Se não viesse, eu apenas fecharia a porta olhando para Vega com meu sorriso malicioso, saindo dali, porém se Arnerim viesse junto após meu chamado, encheria-o de perguntas aleatórias sobre si e sobre "onde fica tal lugar", mesmo sabendo que ele não sabia.

Estavamos aceitos os 3, porém com duras ressalvas a atingirmos as expectativas de Ryugan. As respostas do pro que lutar tanto de meu novo chefe, quanto de meu colega Vega não me surpreendiam tanto, é um instinto comum dos hollows querer ser mais e se mover por motivos egocêntricos. Seria interessante ver onde os objetivos deles iam leva-los. Enfim havia conseguido meu lugar ao sol  de Las Noches, não pude deixar de escapar um pequeno sorriso ao pensar nas noites bem dormidas que me esperavam nas paredes desse castelo.

O ato de lealdade de Gigi me pegou desprevenido, a garota realmente não podia bater bem, pelo menos Vega parecia menos volátil. Mas ele falava de forma tão difícil, dava preguiça as vezes, também parecia que sua ambição em evoluir era grande demais e podia colocar meu sono em risco. "Porque tenho que trabalhar com pessoas tão difíceis".

Tão logo nosso chefe saia da sala a garota vem a mim. - Opa, Prazer Gigi? Espero que não tenhamos nenhum problema - Respondia com um pequeno sorriso e sinceridade, mas duvidava que conseguiríamos evitar a maior parte dos problemas. Claro, realmente é bem confuso por aqui, mas acho que não deve demorar pra nos acostumarmos.- Começava a acompanh-la para fora , dava uma acenada de cabeça a Vega, cumprimentando-o. Me surpreendo quando a garota chuta a porta.


As cosas se moveram bem rápido a partir dai, Gigi vai pra cima de Vega tirando satisfação. Assim que chega a ele se vira a mim e aponta um cero. Minha mão vai a espada, pronto para me defender, ainda incrédulo que arrumaria briga logo aqui, logo agora. Mas tão subido quanto surgiu o cero se desfez e a garota voltou a ser amigável.

"Realmente não vai ser fácil"

- Vega.- falo e novamente aceno ao Arrankar. Me viro a direção de Gigi, e sigo ela, assim que me aproximo pergunto baixo.- Mas o que que foi isso ali agora Gigi!?! Quer saber, deixa. Então eu vi um quarto parecia ter uma boa ventilação e uma vista bacana, acho que vou tirar um cochilo ...