1999

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A espera finalmente havia acabado. Já estava completamente curado das batalhas que aconteceram. Só tinha sido ferido uma única vez, por Kuina, mas aquele golpe trouxe algumas consequências severas em meu ego. Suficiente para que eu ficasse alguns dias recluso, pensando em como poderia ter sido diferente se eu tivesse enfrentado aquela Ceifeira filha da puta e não deixado a Quarta Espada. O sentimento era como se quem tivesse sido derrotado fosse eu, e não os vermes que vieram até o Hueco Mundo com falsas promessas.

Ter meu cargo elevado por mérito após a batalha contra os vermes não foi suficiente para me acalmar. Muito pelo contrário. Ser a Primeira Espada só significa ter ainda mais responsabilidade das quais, desde quando virei um Arrankar e vim viver sobre os tetos de Las Noches, evitava ao máximo. Os Fraccions que me seguiam, pensando unicamente por esse lado, me deixavam um pouco mais aliviado. Era uma troca mútua. Eles poderiam viver no palácio, como também aumentarem seus poderes sobre minha sombra e eu, assim, teria mais tempo para focar unicamente em mim e conseguir me tornar ainda mais forte para concluir meu principal desejo; me tornar o Ser mais forte entre todas as Raças.

Tendo tempo para refletir em como me tornar mais poderoso, lembrei do Privaron Espada que conseguiu me sequestrar semanas antes da Reunião contra os Ceifeiros. A forma como ele tentou me dar uma lição em utilizar mais a cabeça do que os instintos se tornou contraditório com base nos feitos que tive durante a pequena batalha.

— Preciso devolver na mesma moeda. Pelo menos isso. — Tinha apenas uma convicção. Nunca mais deixar oponentes sobreviverem, ou melhor, nunca mais não devolver na mesma moeda, pelo menos, o que fizeram contra mim.

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Suspirei fundo. A ideia já estava clara na minha mente. O problema, seria executá-la. De todas as dificuldades que seria enfrentar aquele filho da puta que se mostrou extremamente forte, a mais gritante era encontrar o Arrankar que me fez de otário. Se tratando dele e lembrando daquela habilidade peculiar e completamente diferente de tudo que eu havia visto em tantos anos de existência, com toda certeza, ele deveria saber se esconder e poderia, se fosse esperto, ter bastante seguidores fortes o suficiente esperando uma represália vinda de minha parte. Se me lembro bem, ele me conhecia tão bem, ou até mesmo melhor do que eu mesmo. Fato que só mostrava o quão preparado o ex Espada se mostrou ser ao me capturar.

Mais um suspiro, dessa vez, quebrando o raciocínio e me trazendo de volta ao eixo. Estava fazendo o que ele tanto me disse para fazer; utilizando a inteligência ao invés da raiva e impulsividade. O único problema é que, se tratando de mim, me deixar ser levado pela impulsividade trouxe muitos mais frutos do que usar a mente, assim como agora, que sequer conseguia encontrar uma resposta.

Olhei para a Tormenta de canto de olho. Ela parecia vibrar com nosso novo foco e me dizia, no silêncio do meu cômodo, para agirmos ao invés de continuar pensando em como colocar em prática o plano.

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Segurei a Tormenta pela haste enegrecida, olhando as lâminas afiadas da zanpakutou e sorrindo em resposta ao que eu sentia ressoar dela; uma vibração intensa buscando por ambição.

Arrumei a veste esbranquiçada característica do meu cargo e me olhei pelo espelho com uma rachadura no meio, atravessando todo o objeto. Reparei na nova tatuagem que se sobrepõe à antiga de número cinco. O semblante irônico, um pouco desdenhoso representava bem o significado do que eu achava em ter me tornado a Primeira Espada do Rei.

Sabendo das vantagens que carrego com o número Um estampado em minha pele, sai do meu grandioso quarto rumando, a passos firmes e rápidos, na direção oposta ao qual eu deveria ir; para o deserto do Hueco Mundo.

Tentando mesclar um pouco de ideias com minha busca pelo Privaron, fui até um dos Arrankar mais antigos vivendo sobre o teto de Las Noches. O quarto dele, apesar de não ser tão relevante na hierarquia para ostentar algo tão grande, significava a importância dele. Realizei uma única batida na porta, forte o suficiente para qualquer um que estivesse no mesmo andar conseguisse escutar com clareza um estrondo.

Consegui contar cerca de sete a oito segundos de demora para responder. Não tive outra escolha senão arrombar a porta, usando a haste da foice para quebrar a maçaneta e, consequentemente, conseguir ver o interior do quarto. O Arrankar tomou um susto. Parecia ocupado demais para conseguir escutar a batida na porta, mas ao ver sua porta sendo arrombada logo saltou da cadeira em que estava sentado. O semblante em seu rosto parecia espantado. Talvez por não esperar me ver ali, ou por simplesmente ter sido pego de surpresa.

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Fiquei parado do lado de fora do quarto, esperando ser convidado apesar de ter arrombado a porta. O silêncio perdurou por mais alguns segundos, onde mantive meus olhos fixos no rosto do Arrankar. Parecia não ter mais do que um metro e setenta, corpo esguio e uma tatuagem com um número extremamente alto estampada no antebraço esquerdo. Ao julgar pela aparência, poderia compará-lo com Vega.

— P-pode entrar, por favor. — Ele finalmente falou comigo. Pensei que suas primeiras palavras seriam para repreender minha ação, mas, como imaginado, ser a Primeira tem suas relevâncias. Caminhei até o centro do cômodo, olhando para os lados e analisando tudo o que havia ali. Apesar da grandiosidade, aparentava ser simples, com uma cama, alguns móveis e não mais do que isso.

— Preciso de uma informação. Me disseram que você é o ser ideal para me auxiliar nisso. — Fui direto ao assunto. Não tinha tempo para perder, tão pouco tato para conversar com alguém que não fosse importante o suficiente na hierarquia. Ele balançou a cabeça de forma positiva, abrindo a brecha para que eu continuasse.

— Quais foram, durante todos os anos de existência de Las Noches, os detentores da Nona Espada? — O semblante dele, de espanto, permaneceu. Aquilo começou a me irritar de certa forma. Precisava de respostas e não de um tapado descrente com o que estava vendo ou escutando. Foi então que ele balançou a cabeça, voltando a si e com um sorriso no rosto, começou a me responder.

— Não existiram tantos assim… me lembro de apenas um para falar a verdade. Mas ele sumiu do palácio e, se eu puder ir além, do Hueco Mundo a muitos anos atrás. Cerca de quinhentos ou mais. Não vou lembrar o nome dele com exatidão, mas se não me falha a memória de um Arrankar velho, ele era alto, musculoso, totalmente diferente do que estamos acostumados de um Arrankar… — Interferi a explicação dele me aproximando um pouco mais, segurando-o pela gola da veste branca.

— Trate de se lembrar então. Quero o nome desse merda. Você tem dois minutos. — Soltei-o, movendo as mãos para tirar o amarrotado que causei ao segurá-lo de forma brusca.

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Ele andou de um lado a outro, parecia querer criar um buraco com os próprios pés de tantas vezes que realizou o mesmo processo. Manteve a destra sobre o queixo, demonstrando que estava pensando ou buscando algum plano para fugir e, de fato, precisaria caso não conseguisse me dar um nome. Se ele fosse tão esperto quanto Vega, mentiria, caso não conseguisse encontrar o nome verdadeiro do único Espada Nove que foi detentor do cargo antes de Shi.

Vi ele se aproximar de uma escrivaninha branca, assim como tudo dentro do palácio. Dela, abriu uma gaveta e tirou algumas folhas. Pareciam anotações, mas eu sequer sabia escrever ou ler, então não conseguia ter total certeza disso.

— Bingo. — Disse ele, todo animado tanto no semblante quanto no tom de voz. Se aproximou de mim mais uma vez, com uma folha em mãos, como se ostentasse um troféu.

— Aldebaran. Esse é o nome de quem você procura, mestre Ryugan. Antigo Nona Espada, detentor de grandes feitos dentro do Hueco Mundo, como também um dos mais inteligentes de nossa raça, apesar da aparência física. — Ele me deu a folha como se fosse adiantar de algo para mim. Ignorei, dando as costas para o Arrankar. Já havia conseguido a informação do nome do meu alvo. Bastava, agora, achá-lo. E, obviamente, o passo mais difícil até então.

— Trate de colocar uma porta nova nessa espelunca aqui. — O tom desdenhoso foi suficiente para me despedir dele, conforme era abraçado pela penumbra característica do palácio.

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Agora sim bastava ir na direção do deserto e começar a procura. Era como procurar por uma agulha no meio de um mar de areia, mas, eu tinha uma ideia. Voltar ao lugar onde lutei com ele pela primeira vez e fui derrotado, sendo sequestrado logo em seguida. Lembrar do labirinto que tive de enfrentar para fugir me dava certo asco, assim como saber que estava próximo de conseguir dar o troco ao Aldebaran mantinha minha motivação ainda mais forte, a cada segundo que se passava.

Deixei o Palácio de forma rápida. Já conhecia todos os caminhos e busquei os mais fáceis, que me afastaram de qualquer intromissão. Quando deixei os portões, alguns dos Arrankar até mesmo tentaram me perguntar para onde eu estava indo. Mas apenas os ignorei. Não precisava dar satisfações, meu cargo me isentava disso.

Senti o frio característico do deserto abraçar meu corpo. Era como o abraço de uma mãe que nunca tive; acalentador. Tive um momento de reflexão, até mesmo tentando acessar minha memória para lembrar em qual das incontáveis cavernas ficava o esconderijo do Privaron Espada.

A dúvida não perdurou por muito tempo, quando finalmente consegui lembrar de seguir para noroeste do portão principal de Las Noches, tendo de passar por algumas dunas e cerca de cinco horas de viagem pelo deserto gélido.

Assim fiz, a passos lentos que começavam a aumentar de velocidade de forma gradativa com o passar do tempo.

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Só conseguia me lembrar das palavras de Denki enquanto caminhava analisando o deserto do Hueco Mundo. ‘’Criar novos biomas… Patético.’’ Me perguntava por qual motivo ele achava que precisávamos de novos biomas que não o nosso deserto de sempre. Não conseguia ver a necessidade de mover fundos e tempo para isso se, na minha visão, poderíamos estar focados em achar um jeito de invadir seja lá onde os lixos dos Ceifeiros vivem e conseguir fazer o que eles falharam em concluir no nosso mundo.

Continuei vagando e divagando em minha mente, enquanto tentava me manter, junto a isso, atento ao deserto, buscando achar a caverna. Algumas horas vagando pelo deserto consegui ver a mesma caverna, com o mesmo símbolo estampado na entrada dela, feita com sangue. Poderiam existir outras com o mesmo símbolo, entretanto, a chance, por mais burro que eu fosse, seria baixa o suficiente para que eu conseguisse apostar nessa caverna.

Me aproximei rapidamente, levantando um pouco de areia conforme aumentei minha velocidade para diminuir a distância em poucos segundos. Coloquei a canhota sobre o símbolo de sangue, sentindo a energia daquele lugar. Ele me fazia hesitar um pouco, semelhante à técnica que Ei Sei usou contra mim em nossa breve luta. Mas, se eu consegui superar aquilo, superaria uma sensação de hesitação com bastante facilidade. Foquei, franzindo o cenho e olhando pra dentro da caverna completamente escura. Suspirei no fim, dando um passo à frente.

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Deixando a sensação de hesitação de lado, comecei a entrar na caverna, com um passo após o outro, tomando cuidado para não ser pego de surpresa como da última vez que estive ali. Dessa vez, o local permanecia em um silêncio acolhedor, que parecia me chamar a cada instante. Apesar da penumbra, conseguia ver o mínimo possível, mas, graças a noite infinita do Hueco Mundo, já estava acostumado e a falta de luz não seria tão impactante assim.

Fui lembrando do caminho aos poucos. As mesmas bifurcações, as mesmas armadilhas. Já havia enfrentando tudo isso antes, portanto, não seria pego desprevenido novamente, não por elas. Mas, ainda assim, mantinha concentração ao máximo para não ser pego de surpresa por Aldebaran ou qualquer lacaio dele. Por mais que fosse um Privaron, se mostrou forte o suficiente para ser digno de ter seguidores, assim como eu.

Os corredores foram ficando cada vez mais estreitos. Alguns com suporte para tochas, por mais que não estivessem acesas. O silêncio era predominante e, por mais que eu gostasse, já estava me dando nos nervos não conseguir encontrar nenhuma pista do Privaron. Era como se a caverna tivesse sido abandonada a semanas.

— Merdaaaaa — Meu grito ecoou pelas paredes do lugar, em tom de desabafo, porém, feito de um jeito para tentar chamar atenção de alguém que pudesse estar ali ainda. Parei por completos dois minutos, com os olhos fechados tentando concentrar nos meus outros sentidos que não a visão.

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A espera, de certa forma, valeu a pena. Por mais impaciente que eu estivesse, consegui não só sentir uma presença de espírito vindo ao meu encontro de forma rápida, como também escutar os passos. Me mantive estático, como se não tivesse sentido a presença do ser para que, com ele já próximo o suficiente, eu virasse em cento e oitenta graus, pegando-o de surpresa. Consegui encarar o Hollow olho no olho. Não se tratava de um Arrankar, mas sim um animal qualquer. Por mais que eu pudesse extinguir a existência dele com somente um golpe, não o fiz. Tinha outros planos para ele.

Percebi a tentativa falha dele em me golpear com as mãos e, assim, coloquei a haste da Tormenta entre meu corpo e as mãos do insignificante, parando o golpe. Em seguida, aproveitando a brecha que ele deixou ao me atacar de forma despretensiosa, girei a foice, batendo com a ponta dela, não perfurante, no estômago dele, fazendo-o cair no chão agonizando de dor. A diferença entre nós era gritante. Dava pra notar só de olhar para o semblante de ambos, caso tivesse algum espectador.

Coloquei as lâminas da foice próxima do pescoço dele, sem cortar, servindo como uma forma de ameaçar.

— Aonde está Aldebaran?— A pergunta foi uma só, e quanto mais ele demorava para responder, mais eu pressionava a lâmina contra o pescoço dele, chegando até mesmo cortar parcialmente a pele esbranquiçada do ser. Ele, em contrapartida, tentou relutar um pouco, mas percebeu que perderia a vida caso tentasse.

— O mestre lhe aguarda a semanas, Ryugan. Chegamos a cogitar que você não viria, ou tivesse morrido na batalha contra os Shinigamis. — O tom de desdenho que carregava suas palavras fez com que eu respondesse de forma mortal. O corte limpo na garganta dele fez o sangue esguichar por todo o solo arenoso. Ele até tentou sobreviver, colocando ambas as mãos no corte, mas de nada adiantou. Já havia conseguido a informação que precisava. Liguei os pontos de um dos servos do Privaron aparecer para me atacar com o fato dele estar me esperando para deduzir que estava no local certo.

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Só me restava continuar a fundo na caverna. Com todo o cuidado para não ser pego em alguma possível armadilha da qual Aldebaran, conhecendo-o minimamente, com certeza teria em seu covil. Conforme eu ia mais adentro do local, conseguia sentir mais sinais de Reiatsu espalhados, alguns mais fortes que os outros. Parei por um instante para analisar a quantidade de cada ponto, até encontrar o ponto com maior concentração e deduzir, a partir disso, que nesse ponto em específico estaria meu alvo. Afinal, que líder teria menos presença de espírito que um subordinado?

Sabendo o caminho a seguir, comecei a correr na direção dele, mostrando entusiasmo sobre meu semblante. Tormenta continuava vibrando em resposta à minha sensação, como se ambos estivéssemos mais que conectados, fôssemos parte de um só corpo.

Quando cheguei, me deparei com uma sala escura e uma cadeira ao centro, semelhante ao mesmo cômodo em que fui preso e submetido a algumas sessões de tortura. Não havia ninguém aparentemente, mas eu sabia que sim, havia alguém ali. Podia sentir a presença dele.

Hesitei ao entrar, mas a Tormenta me encorajou. Com um passo após o outro, segurando minha zanpakutou pela haste de ferro, colocando-a à frente do meu corpo, assim, me precavendo de qualquer ataque inesperado, comecei a tirar todo o cômodo. A penumbra não me deixava enxergar por completo, mas estar mais próximo do centro já me auxiliava o suficiente para ver que não havia ninguém ali.

Parei por um instante para refletir. Era bem provável que Aldebaran estivesse utilizando de algum truque, afinal, ele era bom com essas coisas. Fechei os olhos, suspirei fundo, torcendo para que alguém me atacasse nesse meio tempo. Infelizmente, não aconteceu. Quando virei de costas pro cômodo e andei a passos lentos para fora, uma gargalhada uníssona pode ser escutada. Vinha de dentro do mesmo cômodo, mas como era possível? Eu sequer conseguia vê-lo.

— Você continua o mesmo burro de sempre, Ryūgan. Não mudou nadinha. — A voz era exatamente igual a do Privaron. Por mais que eu não pudesse vê-lo com meus próprios olhos, agora sim, tinha certeza de que ele estava ali.

— Nem mesmo após lutar contra os Shinigamis você é capaz de entender e superar minha habilidade? Talvez eu tenha me enganado sobre você, Espada Uno hahahahahah. — As falas dele me deixaram ainda mais confuso e trouxeram à tona meu lado pavio curto. Girei sobre o próprio eixo com a Tormenta em punhos para cortar qualquer coisa que estivesse ao meu redor.

Ele continuou rindo. Por mais que a voz estivesse ali, me rodeando, não conseguia sequer vê-lo, quem dirá acertá-lo.

— Hoje eu vou te ensinar uma lição dolorosa. Algo que aqueles vermes não conseguiram. — Senti uma Reiatsu invadir meu corpo e me jogar para longe, contra as paredes arenosas do cômodo. Com o impacto, veio o cansaço e um pouco de sangue derramado pela minha boca. Senti minhas pernas tremerem ao tentar levantar, mas com um pouco de esforço, consegui. Continuei perdido, sem saber contra o que estava lutando e em como superar essa adversidade.

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Mais uma grande quantidade de sangue foi expelida por minha boca, sujando ainda mais o solo arenoso com o líquido carmesim. A voz dele parecia vir de lugar nenhum, mas, ainda assim, estava em todos os lugares dentro daquela caverna. Parecia um fantasma, se é que isso realmente pudesse existir. Arrankar… Shinigamis… até aí tudo bem, mas, agora, Fantasmas? Não mesmo.

Balancei a cabeça duas vezes tentando recobrar o foco e pensar em algo para contra atacar meu oponente. Não existia meios de achá-lo senão pela própria Reiatsu dele. Entretanto, todo o cômodo estava repleto de resquícios dela, o que, seria quase impossível pra mim saber com precisão de onde ele me atacava e aonde estava. Só me restava usar da Pesquisa, mesma técnica que utilizei contra Ei Sei na nossa luta para tentar encontrar o Ceifeiro covarde.

Fechei meus olhos, concentrando e deixando minha Reiatsu invadir o meio de forma natural. Da escuridão, logo começava a aparecer algumas finas linhas azuis de Reiatsu, ligando em um ponto central vívido, grande, mostrando exatamente onde Aldebaran estava. Ainda com os olhos fechados, sorri ao conseguir encontrar o Privaron. Ele, em contrapartida, gargalhou, da mesma forma cínica que antes.

— Parece que aprendeu novos truques. Interessante. Agora posso terminar essa técnica básica. — Conforme disse, eu abri os olhos e vi ele à minha frente, com não mais do que sete metros nos separando.

— Finalmente resolveu dar as caras, velhote. Vamos por um ponto final nisso de uma vez? — Disse em resposta, limpando resquício de sangue que sobrou no canto dos lábios, deixando com que as mangas do sobretudo branco se misturasse ao vermelho vívido.

Não esperei sequer um segundo. Parti, diminuindo a distância entre nós em menos de um segundo, com minha maior velocidade e ferocidade. Tormenta, segura pela destra, ansiava vingança tanto quanto eu. Brandi a foice buscando cortar os músculos de Aldebaran. Sabendo das habilidades dele, com toda certeza daria um jeito de se esquivar ou até mesmo utilizaria do Hierro para aguentar o corte com a própria pele. E, assim como esperado, foi. Minha lâmina não conseguiu transpassar a pele dura como qualquer aço que compõem as zanpakutous.

A soberba do ex Espada era nítida em seu semblante e em como se portava na luta. Sequer se mexia. Aproveitei da proximidade para realizar mais alguns golpes com a foice. Cortes na horizontal como na vertical, sem qualquer refino, somente a brutalidade que me cerca e anda lado a lado comigo. Novamente, nenhum golpe foi capaz de cortar a pele dele. Minha irritação era evidente. Meus movimentos se tornavam cada vez mais lentos e ineficazes.

HP: 680/800 l RE: 875/900 l ST: 7/7 l Cansaço: 0/4

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Estava cansado. Ofegante. Parecia que estava lutando não só contra o homem à minha frente mas também contra a própria gravidade, assim como a pressão do ar. Cada movimento meu, a cada segundo que se passava, estava mais descuidado, lento, sem a força típica. Escutar as gargalhadas do Privaron me faziam ter ainda mais raiva e graças a ela, não conseguia focar na luta, sequer pensar bem no que fazer. Era como se eu fosse qualquer rato Gillian e que um abismo tivesse separando nossas forças.

Ainda próximo a ele, senti novamente uma pressão atingir meu corpo, fazendo até mesmo meus órgãos se mexerem. Pelo menos essa era a sensação de tamanho poder do impacto. Fui jogado para longe mais uma vez, batendo com as costas na parede arenosa da caverna. Escutei ela rachar enquanto cuspia mais uma quantidade considerável de sangue. Meus pulmões não estavam funcionando tão bem quanto antes. Demorava para conseguir recuperar o ar. Fechei os olhos por meros segundos, sabendo que ele continuaria com sua soberba e não me atacaria nesse meio tempo.

Pense, Ryugan. O poder dele deve ter um limite. Se eu usar minha transformação aqui irei colocar a caverna para desmoronar. Não é o ideal, preciso contar com minhas habilidades sem ela ativada. Mas como? Como passar por essa defesa impenetrável e aguentar essas rajadas de Reiatsus tão poderosas? Colocar as ideias no lugar não era tão fácil assim, pelo menos não pra mim que sempre fui guiado pela força bruta. Olhei para a Tormenta à minha frente, sozinha, no solo. Segurei ela com minha destra, colocando toda a força na pegada e mostrando à ela que, por mais difícil que estivesse sendo, meu espírito de lutador continuava a ser determinante em minhas ações.

Devolvi a arrogância de Aldebaran com um sorriso sarcástico em meu rosto. Acumulei uma quantia ínfima de Reiatsu na boca, cuspindo na direção dele não só sangue, mas ácido também. Não tinha intenção de causar-lhe dano, mas sim criar uma brecha na defesa intransponível dele.

Conforme o ácido viajava na direção dele, busquei a lateral de meu oponente, com a foice sedenta por sangue inimigo. Golpeei forte, com precisão, apesar do cansaço, na lateral dele, buscando atingir as costelas desguarnecidas. Aldebaran, assim como anteriormente aos meus outros ataques, sequer se mexeu pra defender, contando apenas com o Hierro enquanto colocava ambas as mãos para interceptar o ácido. Graças a força impregnada no golpe, ou até mesmo a sorte, o Hierro dele não foi suficiente para aguentar cem por cento do golpe. Me deleitei ao ver o sangue dele jorrar, por mais irrisório que fosse. Era a primeira vitória na luta.

HP: 560/800 l RE: 860/900 l ST: 7/7 l Cansaço: 0/4

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Fui jogado para longe mais uma vez, entretanto, com menos força. Só me fez ser jogado a alguns metros de distância dele. Senti o golpe, mas parecia estar conseguindo lidar melhor com aquilo que eu não conseguia entender ainda. Precisei de alguns segundos a mais para recuperar o fôlego.

— Por que o ambiente está tão pesado, Aldebaran? — Tentei buscar alguma informação dele. Pela arrogância, talvez ele me respondesse os motivos e as habilidades das quais ele está utilizando e, assim foi. Primeiro ele gargalhou. Depois, balançou a cabeça afirmativamente.

— É a minha intenção de te matar, pura e simplesmente. Tá tão pesado assim? Jurei que a Espada Uno conseguiria lidar com qualquer intenção assassina de um Privaron Espada. Enfim, parece que conseguiu passar pela minha defesa, só me pergunto a que custo. — Ele apontou pra mim, mostrando todo o sangue no chão que me circundava. Meu próprio sangue. Estava certo. Mas, ainda assim, não diminuía a conquista de conseguir transpassar aquela pele dura feito o aço.

Soltei minha Reiatsu no ambiente de forma invasiva, tentando mimicar o mesmo efeito dele. Mostrar minha real intenção de matá-lo, sensação que mantive suprimida até finalmente conseguir encontrar o homem.

Os olhos arregalados de Aldebaran me instruíram sobre algo que eu sequer havia notado. Uma aura em minha volta, dourada, assim como uma força abraçando meu corpo. Não conseguia explicar, mas era como se Tormenta estivesse me emprestando seu poder, assim como na transformação, mas com menos força.

— Resurreccion Parcial? — Disse Aldebaran, incrédulo. Dava pra ver o medo dele refletido sobre os olhos. Olhei meus braços esbranquiçados e a aura dourada envolta deles. Gargalhei. Escutei o teto sobre nossas cabeças rachar, caindo. Aproveitei a Reiatsu em torno do meu corpo para criar uma redoma translúcida, evitando ser soterrado ou tomar qualquer dano das rochas que caiam sobre nós. Aldebaran deu o jeito dele.

Agora, sobre o deserto, estava na hora de pôr um ponto final à vida do Privaron Espada, como também ao meu desejo de vingança.

HP: 400/800 l RE: 810/900 l ST: 7/7 l Cansaço: 0/4

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Pela primeira vez consegui ver o medo sobre a face irônica de Aldebaran. Não conseguia conter minha gargalhada. Além da transformação parcial, sentia meu corpo pulsar em troca de tanto sangue que eu havia perdido. Era como se a cada gota de vitalidade eu me tornasse cada vez mais forte. Parti na direção dele, com a Tormenta clamando por mais sangue do Arrankar. Diminui a distância em um piscar de olhos, talvez menos, realizando um único movimento com a arma, da esquerda para a direita, impregnando toda a força momentânea no golpe como também um pouco da Reiatsu que transbordava junto à minha nova forma.

Ele não teve tempo suficiente para esquivar ou ativar o Hierro. Sentiu o golpe colocando um dos joelhos sobre a areia cinzenta característica de nosso mundo. Seu sangue trouxe uma nova cor ao deserto, como seu grito de dor foi capaz de expulsar qualquer Gillian que se mostrasse interessado na luta.

Aproveitei para, por consequência do movimento, utilizar a lâmina da foice em contato com a areia para fazê-la subir, criando uma cortina de fumaça densa o suficiente para ocultar meu próximo ataque.

Sabendo da situação dele e crendo que ele permaneceria ali, incrédulo com a diferença de nossos poderes que nem mesmo eu sei como aconteceu, usei novamente da Reiatsu sendo expelida pelo meu corpo para criar três estacas e atingirem o corpo dele.

HP: 380/800 l RE: 785/900 l ST: 7/7 l Cansaço: 0/4

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Quando a cortina de areia baixou, pude ver Aldebaran completamente perfurado com minha Reiatsu em forma de estacas. Não consegui ser tão preciso para atingir a cabeça e matá-lo de uma vez, mas ambos os membros superiores e parte lateral da barriga se encontravam com buracos de quase trinta centímetros de circunferência cada. O sangue jorrava assim como uma cascata d’água.

— Parece que finalmente te superei. E sequer precisei usar minha verdadeira transformação… mas, antes deu por um fim a sua existência, essa Resurreccion Parcial, o que seria? — Por mais que eu quisesse matar Aldebaran, precisava, pelo menos, tirar uma última informação dele.

— Uhrg… é uma transformação… igual a qualquer outra, mas, comparada a nossa Resurreccion, um pouco menos forte. Parece que você liberou ela de forma inconsciente, apenas lutando e vencendo. — Ele terminou a breve explicação, fechando os olhos, se mantendo de joelhos e, aparentemente, aguardando sua inevitável morte.

Não havia mais nenhuma pergunta. Segurei a foice com firmeza, mirando na jugular do Privaron. Não demorei sequer um segundo para executar um corte limpo, vendo a cabeça dele rolar sobre a areia já manchada de sangue. A cena me dava certo prazer, diferente de qualquer outro oponente morto. Tinha um certo respeito por Aldebaran, entretanto, ganhar de alguém forte, sobrepuja-lo em uma luta limpa e franca fazia com que eu me sentisse ótimo.

— Que seja… você foi um bom oponente. — Afirmei, dando de costas ao local e buscando voltar para Las Noches, curar minhas feridas e entender um pouco mais sobre a nova habilidade adquirida.

HP: 380/800 l RE: 785/900 l ST: 7/7 l Cansaço: 0/4

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Ícone : Mensagens : 792 Data de inscrição : 25/09/2022

@Coca

Excelente RP, aprovado.

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