Pessoas morrem todos os dias. A morte dessas pessoas alimenta a roda da vida, alojando as almas na Soul Society ou no Hueco Mundo. A morte é demonstração ou de pouco poder ou de ter enfrentado quem não deveria, mas sempre terminava do mesmo jeito: escuro, mórbido e vazio.

Os humanos pereciam pela própria natureza: pelas doenças, pelos acidentes, pela idade. Com eles, era implacável. Já quanto aos shinigamis, pelo que Aurum observava, a morte era mais tolerante: viviam para além da contagem e, embora a morte viesse, esta demorava. Viviam com certa perenidade, assim como os hollows, cuja morte viria pelos seus próprios pares, na maioria das vezes.

Aurum estava sentado em cócoras na beirada de um prédio humano. Olhava do alto, altivo, enquanto refletia.

— Como são frágeis... Esses humanos. Mas são curiosos, sem dúvidas. Eles compõem fundamentalmente o ciclo que alimenta o equilíbrio. Mas como funciona, exatamente? — Aurum sorriu mentalmente, enquanto sua mente viajava em outras eras. Lembranças o tomaram de assalto. Sua cabeça deitou suavemente à esquerda, enquanto saltava do prédio e se permitia sentir o vento forte contra seu rosto, até que tocara o chão com tanta suavidade que era como se fosse apenas mais um passo adiante.

Olhou pelos lados, em busca de algo ou alguém que lhe chamasse a atenção. Ele estava em busca de alguém em especial, alguém que lhe fora útil no passado e tinha vastas respostas para o futuro. Aurum o sugaria como um sanguessuga. Conhecimento, enfim, é poder.

Essa era uma das poucas vezes em que Aurum estava no mundo dos humanos. Como crescera no Palácio, não e como se tivesse tido muitas oportunidades de escapar de lá sem ser percebido.

Agora, todavia, a situação era diferente. Como membro do Seireitei, tinha a liberdade de estar ali. Pisou firme no chão, buscando rememorar onde encontrava-se quem buscava.

O nome do local em que respirava era Londres, no seio do Reino Unido. Quando sua visão voltou a focar, olhou acima de seu ombro e pôde ver o Palácio de Windsor, que se erguia ao longe, cortando os raios solares que já pendiam a cair no horizonte, mostrando que o horário já avançava.

Saltou com vigor, manejando seu corpo para um outro prédio, pelo qual passou com brevidade, logo saltando para outro e para outro, até estar distante do outrora gigante Castelo, e mais próximo de uma área periférica da grande cidade.

Aurum respirou profundamente, como se absorvesse do ar as informações que precisava. Não era o caso, já que ele apenas focava sua concentração num mapa que vira por tão breve tempo, que estava aprofundado em sua mente, difícil -, mas não impossível, - de acessar pelo jovem shinigami de cabelos alvos.