...houve momentos em que
eu não soube se conseguiria
apesar disso, eu tentei...

A noite havia caído. O que o poente havia deixado era uma estranha sensação de dúvida. Doze dias. Era o tempo em que os desaparecimentos haviam começado. De acordo com os relatórios, os humanos começaram a sumir durante a noite. Nenhum rastro de reiatsu ou atividade anormal. A correlação das vítimas era ínfima. No total, haviam sido trinta e nove desaparecimentos. Os oficiais da 10ª Divisão não haviam encontrado pistas e frustrados, haviam retornado a Sereitei sem um resultado. O nível da missão havia escalonado a partir do momento em que os desparecimentos começaram a aumentar drasticamente nos últimos três dias. Devido as circunstâncias, havia sido decidido minha interferência.

Naquele momento, era melhor que eu me deslocasse sozinho. O local dos desaparecimentos era aleatório, apesar disso, tinha uma relação pertinente. Todos eles aconteceram nas ruas de Naruki City. Era de se esperar que aconteceria novamente. — Caso mais algum caso ocorra, me avise imediatamente. —. Era a ordem dada através do dispositivo eletrônico que colocava em meus ouvidos. A ligação foi encerrada logo em seguida. Daquele ponto, no alto do prédio, era possível ver a cidade de uma maneira ampla. Apesar disso, era cedo. Nenhum dos desaparecimentos haviam acontecido antes das dez da noite. O movimento ainda acontecia nas ruas e, dificilmente, eu seria capaz de antecipar o sumiço sem qualquer pista que me indicasse a provável vítima. Entretanto, era necessário que eu agisse.

Lado leste.

Era onde a maior parte dos desaparecimentos haviam ocorrido. Era uma área menos movimentada da cidade. Talvez, fosse uma pista. A presença de um Hollow naquela região não seria uma novidade, entretanto, seria improvável que meus homens não fossem capazes de rastreá-lo. Aqueles traços eram mais incomuns do que um Hollow qualquer. Entretanto, aquele era meu primeiro e único rasto. Era necessário segui-lo, nem que fosse por precaução.




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apesar disso, eu tentei...

Mesmo naquele horário, haviam poucas pessoas pelas ruas naquele lado da cidade. Era de se admirar que houvessem tantas vítimas numa zona da cidade quase deserta. Talvez, esse fosse um dos motivos aparentes para a fácil atuação do fenômeno. Correndo pelas ruas, a figura de uma jovem garota me chamou a atenção. Ela tinha pressa. Sua respiração ofegante, seus passos desajeitados, a mochila que de maneira atrapalhada sacolejava em suas costas e suas vestes, indicavam que ela era uma estudante. Sobre o telhado do prédio em que eu estava, me agachei sobre o parapeito. O lusco fusco artificial das luzes da cidade iluminavam a maratona da jovem mulher. Por algum motivo, aquilo atiçou minha curiosidade, ao ponto em que, aos movimentos graciosos, eu a segui pelos quarteirões que se estenderam a frente.

Ela parou após alguns metros. Estava cansada. A dificuldade em respirar parecia impedi-la de continuar naquele ritmo. Um suspiro escapou pelas minhas narinas, tal como um leve sorriso ameaçou surgir em meu rosto. Aquelas demonstrações do cotidiano humano me traziam uma sensação de intimidade com aquelas criaturas. O quão diferentes e, ao mesmo tempo, semelhantes a nós elas eram. Me recordava dos dias em que me atrasava para as reuniões e missões, quando era apenas o Primeiro Oficial da Divisão. Foi no instante em que tais lembranças vagavam por minha mente que uma sensação pesada surgiu. O peso daquela reiatsu, sua natureza sinistra, tal como a sensação fria que percorreu minha espinha, fizeram meus olhos se arregalar por um instante. Me movi rapidamente, o ápice daquela sensação fora tão intensa quanto rápida, num breve instante, o que sobrava era apenas a lembrança de onde ela havia surgido. Eu cortava a cidade sobre as casas, numa movimentação intensa, minha pressa era comparativamente superior a da própria garota que eu observava a pouco. A reiatsu havia surgido no lado Norte da cidade. Em poucos segundos, eu me encontrava no ponto onde a intensa energia havia surgido.

Não havia nada ali.

*Trim trim*. O telefone móvel tocou. — Sim? —. Eu atendi, colocando o aparelho sobre os ouvidos. Como eu imaginava, mais uma ocorrência de desaparecimento havia ocorrido. Exatamente no local onde eu estava. — Eu já estou no local. Irei investigar. —. Respondi, desligando a ligação. O aparelho foi guardado dentro de meu kimono, enquanto eu caminhava para o ponto, onde o ápice da reiatsu havia surgido. Me agachei diante o solo, tentando observar possíveis rastros de pegadas ou movimentos. Pelo jeito, não havia nada. — É como se não houvesse uma causa para esses sumiços repentinos. — Pensei, passando as mãos sobre o solo do asfalto. Minha face se ergueu em direção aos prédios ao redor. Aquela sensação permanecia. Aquela sensação estranha e de dúvida. Havia algo errado acontecendo.



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A impossibilidade de encontrar algum vestígio era impressionante. O que é que tenha surgido ali, não parecia ter deixado qualquer pista sobre seu paradeiro. — Talvez, eu esteja me atendo demais ao ponto de desaparecimento. — Pensei. Afinal, deveria ter algo que eu não tenha visto; algo que eu não tenha percebido nas redondezas. Me ergui aos movimentos lentos. Os prédios pareciam intactos, nenhuma manifestação de batalha ou anormal pressão exercida. Apesar disso, havia aquela sensação.

Meus olhos caminharam pelo cenário. Algumas pessoas começaram a surgir pelas ruas. Carros e motos perambulavam pelo local. Não era um ponto tão isolado da cidade como o lado leste. Não houve, no entanto, qualquer mobilização sobre o acontecimento, o que indicava que o desaparecimento havia sido oculto, sem qualquer tipo de percepção dos civis. A impossibilidade de prever o próximo sumiço era uma desvantagem. Dentre todos os moradores, aqueles que estavam nas ruas pareciam ser os alvos mais fáceis, por algum motivo em específico. Eu precisava ficar atento a isso. Por um momento, a ideia de criar uma situação de evacuação cruzou minha mente, entretanto, seria um erro. Provavelmente, o responsável encerraria as operações do dia e voltaria posteriormente, o que não mudaria a situação atual. Eu precisava de um método mais meticuloso. Pelos detalhes da missão, os desaparecimentos aconteciam de maneira individual, ou seja, nunca haviam ocorrido desaparecimentos simultâneos. O que indicava algum tipo de interferência direta ou, talvez, um fenômeno desenvolvido pelo desequilíbrio das almas. Entretanto, eu precisava investigar antes de tirar qualquer conclusão. Seja um acontecimento efeito intencional de alguém ou fenômeno, era necessário encontrar os motivos por detrás disso, o quanto antes. Naquele momento, parecia haver certo padrão, o que indicava uma espécie de atividade maquinada e pensada premeditadamente.

— Há algo que eu não estou vendo... — Reinterei mentalmente. O movimento das ruas continuava, mas era incapaz de me retirar de minhas reflexões internas. Havia aquela intuição latente de que, naquele lugar, ainda jazia uma espécie de pista sobre o desaparecimento. Eu sabia o local, o momento e até mesmo a reiatsu que havia surgido, porém, não conseguia entender o porquê ou como. Foi então que eu fechei os olhos, tentando me concentrar. Eu precisava focalizar minha mente em encontrar algo. Desaparecimentos; humanos; noite; as ruas; a reiatsu monstruosa; a falta de vestígios. Seria algum tipo de capacidade diferente do que eu já havia presenciado?



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—Ahhh... pelo jeito, não tem nada aqui. — Bufei, profundamente decepcionado com minha própria capacidade em detectar a presença ou vestígio de um inimigo. No entanto, eu estava conformado. Aquela missão não era tão fácil quanto eu havia imaginado e isso atiçava ainda mais meu interesse acerca do que estava acontecendo em Naruki City. Perseguir tais rastros de reiatsu se tornava inviável, no entanto, havia algo que eu podia fazer. Esperar o próximo desaparecimento e reconhecer a reiatsu que surgia junto a ela. Talvez, desse modo, eu fosse capaz de reconhecer melhor a atividade que ocorria e, nesse momento, atribuir algum tipo de resolução ao problema. De qualquer modo, era evidente que mais pessoas sumiriam naquela noite.

Naquele momento, eu peguei o telefone móvel mais uma vez, mas, dessa vez, fiz uma ligação para a 12ª Divisão.  — Aqui é Satoru. O Capitão Akashi está? — Quem havia atendido era um dos oficiais da Divisão. —Tudo bem, esperarei. — Alguns segundos se passaram e então, a voz do Capitão da 12ª Divisão se fez presente. — Yooo... Akashi-san, tudo bem? — Cumprimentei de maneira amigável e entusiasmada. Enquanto isso, eu me movia pelo topo das casas e prédios. — Yare, eu não posso ligar para um velho amigo? — Era de se esperar que Akashi achasse estranha a minha ligação. Ele dizia estar ocupado e ordenava que eu fosse direto em minhas palavras. — Tudo bem, tudo bem. Preciso de sua ajuda aqui. — O tom de minha voz se alterou, agora eu demonstrava a seriedade referente aos problemas que aconteciam. — Suspeito que um grande ápice de pressão espiritual surgirá em Naruki City, dentro de alguns minutos. Precisarei que você rastreie a atividade dessa reiatsu e me indique qualquer coisa que descobrir. — Akashi ouviu e não pareceu perder a oportunidade para debochar da minha incapacidade em resolver o problema sozinho. — Às vezes é necessário recorrermos a medidas mais drásticas, Capitão. — Respondi, esperando que ele entendesse a situação. De fato, ele aceitou ajudar, mas não sem antes, deixar claro que eu ficaria lhe devendo um favor. — Tudo bem. — Concordei. Logo em seguida, a ligação foi desligada.

Eu havia feito o possível. Agora, eu precisava esperar. A ajuda da 12ª Divisão podia ser suficiente para que eu entendesse funcionamentos que minha mera capacidade intelectual não fosse capaz. Por isso, me mantive ali. Dessa vez, no centro da cidade. A espera era tortuosa e, de certo modo, ansiosa. Entretanto, necessária.




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O tempo passou devagar. Sob a lua minguante, esperei até o dado momento em que aquela sensação surgisse novamente. Aquela sensação opressora. Até que, de repente, ela eclodiu como um raio que desce dos céus. Dessa vez, não houve surpresa ou correrias. Minha face se virou lentamente para a direção da atividade e meus movimentos, apesar de rápidos, não continham pressa ou desespero algum. Estava ciente do que encontraria na cena do crime. A presença havia surgido na área leste da cidade, como se, de alguma maneira, fosse uma piada sobre o fato de eu não ter permanecido lá por tempo suficiente. Mas, apesar disso, eu não estava abatido.

Na cena, não havia nada de incomum ou paranormal, como o esperado. Vestígios ou rastros não existiam. O que eu podia fazer naquele momento, era esperar a ligação do Capitão Akashi.

*Trim Trim*. Mais uma vez, o telefone tocou. — Sim?— Akashi parecia entusiasmado, sua voz demonstrava a maneira com que aquela atividade havia aguçado sua curiosidade. Havia, no entanto, algo que ele gostaria de compartilhar. De acordo com as informações que ele havia coletado, a reiatsu não surgia do nada, mas sim de uma precedida atividade mais ínfima e imperceptível. Essa atividade quase imperceptível, de acordo com Akashi, facilmente teria passado despercebida por seus marcadores, porém, quando o ápice ocorreu, foi possível perceber que o aumento da pressão acontecia de forma gradual e, posteriormente, explodia, até que voltava a um estágio anterior. Nesse estágio anterior, ela demorava alguns instante antes de finalmente se dissipar. Nesse momento, foi possível descobrir que a atividade era advinda de algum tipo de nuvem de reiatsu que se condensava e, depois, explodia. Entretanto, o que o deixou intrigado é que as características de tal formação eram idênticas as encontradas nas Ressurrecións. Dado as informações, era possível perceber que a reiatsu não deixava rastro pelo fato dela se dissipar de uma maneira muito rápida e, por isso, seu rastro ser muito raso e pouco perceptível. Entretanto, ele existia. — Entendo. Então é possível localizá-lo? — A resposta de Akashi não fora a esperada. De acordo com o mesmo, era possível, mas não da maneira comum. Diferente do normal, onde a reiatsu se mantém concentrada no corpo, de algum modo, este ser era capaz de dissipar a sua reiatsu e, por isso, sua localização se tornava indeterminada. Porém, seu nível de influência tornava-se previsível a partir do ponto em que a reiatsu tornava-se presente. Ou seja, era possível prever seu ataque. Eu só precisava conseguir sentir o campo de influência onde sua reiatsu estava se movendo e, assim, eu seria capaz de encontrar o corpo principal do inimigo.

— Entendo. Algum risco desse fenômeno funcionar em Shinigamis? — "É possível." Foi a resposta de Akashi. Complementando a informação, ele disse que, provavelmente, eu não havia encontrado rastros do ser pelo fato dele já ter deixado o local quando eu havia chegado. Logo, seu campo de influência não podia ser sentido. A questão era o porque dele estar atacando humanos e estar evitando shinigamis. — Isso eu pretendo descobrir. — Falei, de maneira ríspida. —De qualquer maneira, obrigado, Akashi. Te devo uma. — Prestes a desligar, Akashi fez um pedido. Ele gostaria que, se possível, eu levasse o corpo do inimigo até a 12ª Divisão para que ele fosse estudado. — Tudo bem. — Respondi, desligando logo em seguida.




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Naquele momento, eu tinha informações valiosas sobre a missão. No entanto, ainda haviam dificuldades práticas para a previsão de um ataque. Se o campo de influência daquela alma fosse tão ínfima quanto Akashi havia dito, era possível que eu não fosse capaz de encontrá-lo a distância. Por isso, tornou-se necessário que eu me movesse. Sobre uma plataforma de reiatsu, me mantive sobre um ponto favorável, acima da cidade. Naquele momento, não era possível sentir qualquer reiatsu presente. Talvez, fosse necessário chamar reforços. Aumentar a amplitude do raio de investigação e, assim, encontrar o responsável. No entanto, não era possível saber se aquele ser continuaria a atuar mesmo depois de tais atividades.

— Tudo bem. — Eu respirei profundamente. Precisava pensar. Se havia algum campo de influência, então, de certo modo, era mais fácil encontrá-lo do que se ele se movesse as escuras. Entretanto, eu não poderia esperar um terceiro desaparecimento. Era necessário que eu trabalhasse nesse meio tempo e fosse rápido o suficiente para encontrá-lo antes disso. Provavelmente, ele tentaria me evitar. — A não ser... — Que de algum modo, eu o influenciasse a tentar me atacar. Era um plano difícil, afinal, até aquele momento, ele teria atacado apenas humanos. Provavelmente, o motivo era a facilidade com que tais almas eram capturadas sem haver qualquer tipo de batalha. Seria difícil fazê-lo alterar esse padrão, ainda mais, tratando-se de um Capitão. Provável que ele soubesse que eu estava presente no Leste e, por isso, ele atacou no Norte.

O que ficava definido, a partir dali, era a necessidade de eu tentar ocultar minha presença. A partir dali, eu não jogaria mais aquele jogo de gato e rato. Da mesma maneira que eu não podia encontrá-lo, o mesmo seria feito. Sem saber aonde eu me encontro, seria mais fácil achá-lo.




HP: 700/700 | CH: 900/900 | ST: 06/06

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Minha percepção estava nebulosa, eu podia sentir. Como se uma névoa ocupasse o espaço de vastidão dos sentidos e deixasse minhas capacidades aquém do que eu era capaz. — Que sensação é essa? — Saltitando sobre as casas, uma sombra recaiu sobre meus olhos. A escuridão, de repente, se tornou intensa. Indefinível, senti uma pressão surgir sobre meu corpo. A surpresa tomou minha expressão, meus olhos se arregalaram tentando observar algo além do breu que dominou minhas pupilas, porém, eu só via o vazio.

— O que está acontecendo? — Murmurei a mim mesmo e como prova, trouxe minha voz aos meus próprios ouvidos. Senti meu corpo se mover à medida que olhava para os lados, mas a sensação era que nada mudava. A negritude de tudo tornava as coisas idênticas e a vastidão do escuro tomava todo alcance de meu olhar.

— Está com medo, Capitão? — Uma voz fria percorreu meus ouvidos. Não, não era meus ouvidos. Ela surgia como se transitasse o fundo de minh’alma. Percorrendo cada partícula de reishi de meu corpo. — Eu sinto seu medo. — Busquei a espada com a mão direita e revelei a lâmina num movimento rápido. — Isso… Mostre seu medo. — Mais uma provocação. Então era isso que ele queria.

*Ahhhh…*

Suspirei tão profundamente quanto poderia. Meu corpo se relaxou totalmente. — Acalme-se. — Por um momento, apaziguei todos os pensamentos que surgiam em minha mente. Ergui minha face ao inexistente céu e fechei meus olhos. Um fugaz pensamento surgiu em minha mente e pronunciei num perfeito e pausado murmuro.

— Quem é você? —




HP: 700/700 | RE: 900/900 | ST: 06/06

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apesar disso, eu tentei...

O silêncio.

Essa foi a resposta que recebi. Pelo menos, a que achei que receberia. — Vocês, shinigamis, acham realmente que são superiores, não é? — Carregada de rancor, aquela voz pairava a escuridão profunda. — Quem sou eu, Capitão? — Gargalhou como um louco inundado em sua loucura.

— Eu sou o Vazio. —

Aquelas palavras se infiltraram no fundo da minha mente, era como se, de alguma maneira, aquilo contivesse uma pista. — O Vazio? — Eu abri os olhos, mas não fazia diferença alguma mantê-los fechados ou abertos. — Isso realmente é uma Ressureción? — Me perguntei, sabendo que não obteria aquela resposta nem tão cedo. O mistério por detrás daquele ser me intrigava, tal qual a percepção que buscava parecia ofuscada pela falta de informações que minha detecção encontrava como obstáculo. Meus olhos e todos meus sentidos, estavam sendo levados ao extremo.

— Não adiantará ativar minha Bankai sem encontrá-lo, mas… —

Havia uma pergunta que pairava por minha mente. Dentre as várias outras, aquela me intrigava em especial. Ele não havia atacado. Como se estivesse esperando alguma coisa ou como se não fosse capaz. Havia algo de interessante naquilo.

— Parece que quem está com medo é você… — Era hora de tentar outra estratégia. — Por que ainda não me matou? — Perguntei, o sorriso no rosto demonstrava despreocupação, destemor. Entretanto, meu coração sabia a dificuldade em que me encontrava. Era, literalmente, um abismo. Um abismo de onde uma risada maléfica surgia lentamente. — Eu não preciso matá-lo, Capitão. — Foi quando senti um toque suave percorrer meus ombros e sumir, como um fantasmagórico sopro.

— Posso deixá-lo apodrecendo aqui para sempre. —

Aquele era um jogo perigoso. Por mais que seu tom de ameaça não afetasse minha mente, eu sabia que ele não estava brincando. Era necessário que algo fosse feito. Foi quando um estalo surgiu em minha mente. — Eu dei sorte. — Pensava. — Ele está, sem perceber, me dando pistas. Esse toque me mostrou que ele possui um corpo e se ele possui um corpo… — Eu fechei meus olhos por um instante, respirando profundamente. Minha voz pronunciou num som sereno e tranquilo cada sílaba das frases seguintes.

— Renasça, Houyamatsu. —





HP: 700/700 | RE: 850/900 | ST: 06/06

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O silêncio.

Aquela gargalhada lunática ecoou mais uma vez.

— É inútil. — Seu gritou retumbou no fundo de meu corpo. Porém, naquele momento, eu pude sentir. Pude sentir de onde vinha aquela presença. Um sorriso percorreu minha face, mas a princípio, não movi um dedo sequer. — Inútil, Capitão. Inútil. — Ele repetia, em um tom de voz instável e insano. Sua presença se tornava cada vez mais perceptível até que, eu finalmente podia senti-lo totalmente.

— Então… — Eu sussurrava como se não precisasse que meu interlocutor ouvisse. — Aí está você. — Meu corpo se virou, em movimentos rápidos e bruscos, minha espada cortou o vento sendo lançada em direção ao alicerce daquela presença. Uma espiral de fogo fundia-se ao movimento de disparo da Zanpakutou, a medida que, um impulso cortava a distância entre a arma lançada e meu corpo. Um salto, as mãos tocando o cabo da espada e os pés na altura do peito daquele ser que, até então, não parecia possuir um corpo físico. Um movimento de pulso girando a espada que deveria estar fincada em seu corpo anunciava as chamas que carbonizariam seu corpo.

— Queime. — Condenei sob um tom enfático e frio, enquanto as chamas chamuscariam nossos corpos.




HP: 700/700 | RE: 825/900 | ST: 05/06

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A espada atingiu seu ombro, um corte superficial na área do trapézio. Pude sentir no momento em que toquei meus pés em seu peito. A visão cegada tornava a batalha um desafio, encurtar a distância era uma maneira de tentar diminuir a desvantagem. Havia me aproveitado do lançamento para tocar o corpo do oponente, junto a isso, a fogueira humana que nos consumia. O calor gigantesco daquele fogo percorria minha pele como as carícias de uma mãe. Em contrapartida, poderia ser o inferno para outros.

— Patético. — Aquela voz. Mais uma vez, retumbando nas profundezas de minha mente.

O extinguir das chamas veio em conjunto com aquela luz enegrecida que colapsou todas minhas expectativas. Uma bola de energia frente aos dedos daquele homem e, pela primeira vez, seu rosto. Um sorriso maléfico denegrido junto aquela máscara que lhe tomava metade da face. Seus cabelos esbranquiçados jogados pelas laterais de sua cabeça e, aquele aspecto… jovial.

— Morra, Capitão — Anunciou. A surpresa, mais uma vez, dominou meu semblante. Entretanto, sem deixar ser dominado pelas emoções, eu saltei de seu peito. Um movimento em alta velocidade. Para a lateral de seu corpo me movi, mas frente ao seu dedo indicador já se localizava mais uma esfera de energia. — Não ache que me vencerá tão fácil. — Ele se virou rapidamente, gritando como um garoto em apuros. Meus olhos apuraram, mais uma vez a sua face, a medida em que meus movimentos me tiraram do apuro que o lastro de energia representava.

O domínio emocional daquela batalha era óbvio, entretanto…

— Bankai: Munashii no Houyamatsu! — Entoei no mais sereno som, meu corpo agachado logo às do inimigo, minhas bases fixadas no chão em um movimento preciso com a espada. O calor aumentando drasticamente, as chamas tomando meu corpo à medida que a espada entrava numa combustão intensa e se tornava totalmente carbonizada. Movia-se pelo ar num golpe bruto buscando o tronco inimigo junto ao fogo que explodia numa intensidade absurda ao ápice do corte.




HP: 700/700 | RE: 750/900 | ST: 04/06

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A explosão, desta vez, fora ainda maior. O fogo alastrou-se numa intensa rajada espiritual cujo calor dominava aquela dimensão vazia e sem forma. Um grito de dor foi ouvido, ao mesmo tempo que as chamas extinguiam-se lentamente.

— Não acabou. — Estava certo sobre isso. Ao mesmo tempo que a escuridão ofuscava seus olhos, era possível ouvir a respiração ofegante daquele ser.

— Não esperava menos de um Capitão. — Ele sorria. Apenas pelo tom de sua voz, eu podia deduzir isso. Mesmo aquele nível de força não havia sido capaz de derrotá-lo e era óbvio seu próximo movimento. —Cúbrelos, El Vacío Existencial — A energia espiritual daquele Hollow aumentou drasticamente, era possível senti-la em um nível totalmente diferente de antes. Meus olhos se aguçaram diante a imensidão negra, minha expressão se fechou completamente e, por um momento, me preparei para o pior.  Você deve conhecer isso, não é? — Ele voltou a falar. — Nesse estágio, eu me torno como um deus dessa dimensão. Não há limites para o meu poder. — Sua voz era repleta de orgulho, prepotência e, ao mesmo tempo, raiva. — Por exemplo, eu poderia ser como um quincy. — Naquele momento, uma pressão esmagadora recaiu sobre meus ombros, paralisando totalmente meu corpo. O peso drástico me fazia recurvar minhas costas, ao mesmo tempo que tentava me manter de pé. — Como não posso vencê-lo, Capitão. O deixarei aqui, para sempre. — Despedia-se, a medida que podia sentir aquela mesma sensação que surgia durante os desaparecimentos no mundo humano.

Foi, então, que um novo estalo surgiu em minha mente. “Como um quincy.”. Pobre bastardo. Não havia aprendido a ficar em silêncio. Aquela dimensão, então, era o Vazio e aquele peso, era nada menos que reishi acumulado, não é? Se esse era o caso…

As chamas negras começaram a queimar tudo ao meu redor, descontroladamente, à medida que carbonizavam até mesmo o reishi acumulado em minhas costas. Em poucos instantes, o peso já não era sentido e eu podia me mover livremente. — Agora… —. Cortando a distância entre nós, através de meu shunpo fui capaz de alcançar aquele Arrancar antes que ele deixasse a dimensão. Fincando a espada em seu peito, senti, ao mesmo tempo, a mesma sensação que havia me levado ao Vazio. Um sonoro estrondo e, de repente, meus sentidos haviam voltado.

Aquele era… o mundo humano.




HP: 700/700 | RE: 675/900 | ST: 03/06

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