—  Passaram-se menos de três dias desde o meu encontro inicial com a Flor Negra, e serei obrigado a dizer que ele não pareceu trazer muitos benefícios. Durante este tempo, me mantive por fora da Gotei 13, vagando através do mundo humano a fim de detectar possíveis ameaças que pudessem ter passado despercebidas nos dias passados. Porém, não haviam assinaturas de Reiryoku por canto algum, somente uma pressão espiritual maligna que parecia se concentrar em algum ponto nos oceanos, mas invisível. Não haviam Gargantas, e muito menos hollows. Era um vazio enigmático, o qual eu tentei, em vão, desvendar.

Até que meus pés alcançaram a base da Flor Negra, em Gales. Estava gélido, e a neve cobria as ruas da capital do país Inglês. Dentro da abandonada estrutura ancestral, me deparava somente com seu líder: Shiro, um shinigami o qual viria a descobrir ter partilhado do cargo de tenente em um passado não tão longínquo - Somente duzentos anos atrás. Ele estava lendo um livro peculiar sobre as propriedades quânticas da matéria que formava o universo, e mal percebera a minha aproximação. No entanto, quando o chão de madeira antiga grunhiu ao meu primeiro passo, imediatamente deixou o livro cair, assustado, virando-se para mim com um semblante de quase desespero.

— "Não faz isso, porra. Que me dar um infarto?" — Ele ditou, nervoso. — "...Ah, enfim...A que devo a sua presença, Sunken-San? Por acaso veio trocar uma palavrinha com aquele cara, ou tá aqui só por passeio?" — Continuou, irônico.

— "Não se faça de idiota, Shiro. Você também sentiu, não é? Há alguma coisa acontecendo no pacífico, e pensei que você pudesse ter alguma pista sobre isso. São Hollows, mas não vejo nenhum. A concentração é a mesma todos os dias, e não há sinais de movimentação no recinto marítimo." — Expliquei-o a situação.

— "Sim, Sim...Eu sei disso. Os outros também tentaram pesquisar a respeito, mas foi inconclusivo. Minha aposta é de que estão tentando abrir uma Garganta em um ponto resistente do espaço-tempo. Porém, se você quiser ir mais a fundo, eu acho que tô dentro. Tô começando a notar que a pressão está se tornando cada vez mais densa. Não quero imaginar o que vai surgir dali." — Aceitou, aos suspiros.

Nem mesmo os vagantes patrulheiros exilados sabiam dizer ao certo o que poderia ser a fonte daquela anomalia abominável. Por conta disso, uni minhas forças às de Shiro para que pudéssemos chegar a algum resultado em nossas buscas. O ponto em questão parecia estar prestes a explodir, e de fato, se alguma coisa se abrisse dali, deveríamos temer não termos forças suficiente para lidar com aquilo. Eu não havia trago minha Zanpakuto, e o punhos calejados da idade já não eram mais tão fortes quanto antigamente. Mesmo assim, este era o meu dever. Este foi o meu voto.

Proteger os fracos.

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Mas ele parecia estar enfraquecendo com o tempo, mesmo eu estive percebendo o nível de minha frieza e indiferença. O Voto havia sido dado, mas o meu espírito não mais estava ali. Eram palavras vazias. Mesmo assim, era preciso seguir em frente, e pôr um fim aos que verdadeiramente merecem o inferno. Deixávamos, lado a lado, a base de operações da Flor Negra, nos deslocando com velocidade através do mapa para que alcançássemos a sua costa, a fim de atingir o Oceano Pacífico o quanto antes pudéssemos. Sabia muito bem que aquela situação poderia sair do controle a qualquer momento, e, portanto, deveria manter a vista grossa.

— "Estamos chegando." — Disse, após uma hora de viagem. — "Espere, para onde toda aquela pressão espiritual foi?" — Arregalei os olhos, cessando os passos.

— "Merda...Sumiu de repente? Estávamos a sentindo literalmente cinco segundos atrás. Tome cuidado, podem haver armadilhas aqui." — Ele dizia, acima do oceano.

Estávamos a exatamente vinte metros de altura acima do nível do mar, cercados por nada além de um vasto horizonte azul-marinho. Víamos os peixes por debaixo da calmaria oceânica, enquanto a vigília dos arredores se tornava intensa. O Suspensa logo daria origem ao horror, no entanto. Como um flash sombrio, uma pequena Garganta se abrira logo atrás de Shiro, com uma enorme mão de um suposto Hollow de proporções colossais vindo até sua direção, aberta, para que pudesse agarrá-lo. Ele mal teve tempo de olhar para trás, enquanto os dedos se debruçavam em sua pele, esmagando, de pouco a pouco, a sua carne e ossos.

Logo após percebê-lo ser restringido pela criatura inumana, tratei de avançar, com os punhos cerrados e expressão de fúria, para que o libertasse. Realizaria cinco socos diretos, um para cada dedo, a fim de destroçá-los como poder físico que me fora dado. Uma sequência rápida de golpes do Karatê, tão potentes que seriam capazes de até mesmo partir o aço.

— "Como isso pode ser possível? Uma Garganta parcial? Não...Têm algo de estranho. De onde isso veio, por que não sentimos sua pressão espiritual? DROGA!" — Pensei enquanto desferia os golpes brutais.

— "M-MERDA!" — Shiro bradou, ao sentir a força do Hollow imperar sobre seu corpo.

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—  Inferno. Eu havia conseguido destruir o membro do Hollow, reduzindo-o a pilhas de carne disformes que caíram sobre o mar, criando pequenas ondas ao colidirem com a superfície do oceano. Do outro lado, era possível ouvir o Gillian agonizando de dor, enquanto a Garganta parecia colapsar. No entanto, era nossa melhor chance. Tomei Shiro pelo ombro direito e saltei em direção à Garganta, nos levando até o Hueco Mundo.

Caímos em queda livre por cima do Gillian ajoelhado, que se encontrava acorrentado, em meio a uma grande construção que assemelhava-se a uma espécie de castelo rudimentar. Nossos corpos chocaram-se com as cinzas solidificadas do piso desértico do mundo dos Hollows, tendo um pouco de dificuldade para nos levantar, ainda que não houvéssemos sofrido quaisquer ferimentos. Tossindo e retirando a areia de meu corpo, fui o primeiro a me erguer novamente, olhando ao redor para verificar a situação. Em meu primeiro olhar, tive contato direto com o Menos Grande ferido, bem como outros hollows de baixo nível que pareciam ir em sua direção, tentando acudi-lo.

— "...Que porra de lugar é esse?" — Me perguntei. Eu conhecia bem o Hueco Mundo, mas aquilo ali...Não parecia ser obra de Hollows. — "Aquele dispositivo está moldando uma Garganta por conta própria? É impossível que Hollows, mesmo os Arrankar, tenham uma tecnologia desse tipo. Hey, Shiro, levanta logo daí seu saco de bosta!" — Bradei, o repreendendo.

— "Ai, ai...Não precisa ofender, né, porra? ...Enfim, isso aqui parece ser a fonte, não é? Aquela coisa ali." — Ele apontou para o mesmo dispositivo a qual eu me referia.

Era uma espécie de para-raios interconectados através de cabos elétricos que pareciam acelerar alguma coisa para causar a distorção no espaço-tempo por tempo limitado. A estrutura geral era enorme, mas poderíamos encontrar o responsável no interior...Junto de seus guardas, é claro. Não hesitamos, no entanto. Após respirarmos o suficiente para recuperar as forças, disparamos rumo à entrada da base de operações isolada no deserto árido do mundo inferior. Era escuro - Era sombrio, e quente. Mas isso não impediria nossos punhos.

— "Estou com um mau pressentimento. Isso não é obra Hollow, eu tenho certeza." — Shiro ditou.

Olhei para o mesmo enquanto corria.
Ele tinha razão.
O que diabos havia criado aquela coisa?

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—  Vagar através daqueles corredores labirínticos era tão confuso quanto tentar compreender um teorema de matemática avançada. Eu não fazia ideia de para onde ir, ou muito menos do que fazer. Me separei de Shiro, e traçamos caminhos diferentes para que pudéssemos enconrar um corredor que nos levasse ao exato mesmo lugar. Porém, era óbvio que não seria fácil. Dezenas de Hollows se amontoavam nos corredores, entre eles, até mesmo Adjuchas. Porém, não me eram estranhos e muito menos intimidadores. Um golpe em cada máscara era mais do que suficiente para reduzí-las a migalhas, junto de seus corpos. Meus punhos cerrados com veias saltadas eram novamente manchados pelo sangue do inimigo, enquanto travava uma inquisição contra a cabeça conspirante por detrás daquele atentado à humanidade.




O Alarme soou, e uma voz robótica protocolou a ativação de três inscritos da segurança do laboratório. Os corredores se tornaram mais estreitos, e diversas armadilhas surgiram das paredes, bem como do chão e teto. Não obstante, diversos hollows animalescos de nível Adjucha surgiram, movendo-se como bestas irracionais. Eles recebiam danos das armadilhas, mas continuavam a avançar, de maneira suicida. Dei meu melhor para evitar cada peripécia que surgia ao longo do caminho, saltando pelas paredes, no ar e até mesmo realizando movimentos complexos como cambalhotas e mortais olímpicos. Não havia uma previsibilidade advinda daqueles corredores mortais, e muito menos dos hollows.

— "Vou atravessar à força, então. Moda antiga...Isso que eu gosto, porra! Toca o som aí caralho!" — Exclamei.

Não tinha som. Na verdade - Tinha sim. O de hollows sendo estripados pelas minhas mãos. Meu terno elegante fora coberto pelo sangue herético, e os punhos começavam a apresentar feridas. Atingi paredes, o chão e até a estrutura de algumas armadilhas - Porém, no fim, eu tinha certeza de que poderia sair vitorioso. Dançava para me esquivar dos golpes, atingindo-os de maneira magistral em momentos oportunos. Desta forma, procuraria chegar até os confins do laboratório, me reunir com Shiro, e pôr um fim a esta loucura.

— "Essa Reiatsu...Por quê me parece familiar?" — Me questionei, olhando para as paredes.

Não poderia ser...Não é?

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—  Não tinha ideia - E acabei por me perder nos meus próprios delírios enquanto socava os hollows até suas inevitáveis mortes. Foram brutais, seus corpos reduzidos a uma pilha de carne negra que lentamente se decompunha em cinzas espirituais. Quando menos esperava, havia atravessado toda a extensão do corredor traiçoeiro, alcançando o terceiro andar do edifício, onde sons de metal se colidindo poderiam ser ouvidos. Me apressei, os passos foram velozes - Cruzando a porta, e me esquivando no último instante de uma rajada de Reiatsu que cortara as paredes atrás de mim ao meio. Fora tão veloz que meus olhos mal tiveram tempo de piscar, mas meu corpo respondera como prova de minha experiência como um shinigami ancião. Ao jogar meus olhares para frente, me via deparado a Shiro, desprovido de seu capuz e sobretudos que ocultavam a sua aparência. Estava visível dos pés à cabeça: Detentor de longos cabelos negros, vestido como um capitão a partir de tecidos falsificados e portando em sua canhota uma enorme lâmina serrada, virada para trás. Ele jogou rapidamente seu rosto para mim, fitando-me.

— "Foi fácil piratear essa roupa, hein. Bem estilosa." — Ele exclamou, irônico. — "Chegou em boa hora, Sunken-San. As coisas começaram a se complicar aqui...Eu finalmente descobri quem é que está por trás disso. É um shinigami, como nós, mas que submeteu-se ao mal. Tome cuidado, ele está invisível em algum lugar dessa sala." — Finalizou.


— "Shinigami? Você só pode estar de brincadeira!" — Foram minhas únicas palavras, antes de um calafrio arrepiar toda a minha espinha. — "Essa não!" — Bradei em minha mente.

O Corte foi limpo. Minhas costas foram cortadas, e mesmo que não houvesse sido um ferimento grave, havia sido poderoso o suficiente para que eu bambeasse por dois passos, deixando que meu corpo escorresse o sangue. Havia sido rápido e silencioso, como a brisa da madrugada. Meus olhos se contraíram, mas não esbocei nenhuma reação - Tampouco produzi algum som manifestando a dor. Eu não poderia me dar ao luxo de ceder a ferimentos tão ridículos. O Shinigami então desfez a sua invisibilidade, enquanto me via imóvel, fitando-o em seus olhos azuis. Era um homem esguio, de cabelos bagunçados, curtos e dourados, trajado como um hollow e portando em sua mão uma adaga que emanava um brilho esverdeado. Ele sorriu para nós, antes de erguer sua voz maléfica.

— "Ora, peixe grande! Hahahahahah! Eu não esperava que fosse encontrar um das antigas aqui, hein? Você é o tal do Noritoshi do qual eles tanto falaram, ou é só outro bosta sem valor que veio bancar o herói? Me responda, rápido. Sua morte não será indolor, no entanto...Mas eu posso poupar a tortura." — Ele caçoou.

— "O quê? Do que você está falando, seu maldito?" — Meus olhos se arregalaram, incrédulo.

— "...'Maldito'? Huf...Você não deveria chamar a nós assim." — Baixou o tom, decepionado.

— "CORTA ESSA SEU FILHO DA PUTA! EU QUERO SABER QUEM É VOCÊ, DESGRAÇADO!" — Exclamei do fundo de meus pulmões.

Minha aura escapou. A pressão espiritual a tudo tremeu em meus arredores.
Deixei me cegar pela ira do passado. Eu sabia quem ele era, mas precisava perguntar. Eu jurei que os mataria, um a um, com minhas próprias mãos. Mas saber que eram shinigamis como eu?

Eu não estava apenas enfurecido.

Eu estava possuído.

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—  Tanto Shiro como o shinigami traidor engoliram seco ao sentirem a pressão espiritual densa o suficiente para fazer com que os objetos próximos tremesse, distorcendo sua percepção de mundo momentaneamente ao dar a impressão de que a sala estaria se tremulando como um terremoto. Porém, quando a exacerbada energia liberada fosse novamente retraída para o meu corpo, daria um único suspiro, aguardando pela resposta de meu algoz. O Traidor levou sua adaga até a ponte da língua, lambendo-a para consumir o sangue que ali havia sido retido nos ataques anteriores.

— "Hm...Por onde deveria começar? Você com certeza leu a mensagem deixada por mim nos papéis, não leu? É uma pena que o chefe não  esteja aqui. Você deveria ter morrido séculos atrás junto com sua família!" — Exclamou, levando sua destra até uma espécie de alavanca. — "AGORA VOCÊS IRÃO FICAR AQUI COMIGO, PARA SEMPRE!" — Finalizou.

Ao baixar a alavanca, a eletricidade gerada pela mesma fez com que não apenas ela, como todos os sistemas que dependiam de energia do edifício foram completamente desativados ou destruídos. O Gerador de Gargantas artificiais também começou a perder potência, e de pouco a pouco, a Garganta ali gerada estava se fechando. Porém, eu estava inabalado. Estava com os olhos semifechados, com expressão quase completamente neutra. Simplesmente avancei, sem ao menos dar um aviso prévio.

Minha mão destra viajou até a garganta do algoz. Meu objetivo era terminar com aquilo com um único golpe, e deixar o Hueco Mundo. Eu não tinha palavras para descrever o que havia ouvido. Muito menos capacidade de reagir propriamente. O que deveria fazer? Não sabia. A única coisa que eu tinha certeza naquele momento...Era de que eu deveria matá-lo, e nada mais.

O primeiro entre muitos cairá hoje.

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Meus dedos pressionaram contra a garganta do cientista, mas o mesmo fora capaz de se livrar da restrição física antes que seu trago respiratório fosse privado de seu corpo. No entanto, a força aplicada pela minha mão fora suficiente para perfurar a pele e fazer com que o mesmo começasse a ofegar por ar de maneira desesperada, enquanto sangue escorria não apenas de sua boca, como também das feridas na região de sua garganta. Ajoelhou-se, pondo a perna esquerda no chão. Estava perdendo as forças, pouco a pouco, mas não havia sido sumariamente executado pela minha fúria silenciosa. Mesmo assim, não havíamos mais tempo a perder.

— "Acabe com ele e me encontre." — Ditei a Shiro.

O líder da Flor Negra acenou positivamente com a cabeça. Sua espada então fora erguida acima de sua cabeça, pronto para pôr um fim ao cientista que tentou a empreitada contra o mundo humano. O mesmo, com sua shikai de invisibilidade, moldou duas barreiras de Reiatsu em sequência, mas fora inútil. A espada transformada de Shiro simplesmente ignorou as barreiras ao piscar por um breve momento em azul, rasgando o corpo do cientista debilitado em duas metades irregulares. A Habilidade de sua Shikai era se transformar em Reiatsu por um instante para se tornar intangível. Com a morte do traidor, poderíamos seguir até a Garganta, que estava quase fechada.

Daria tempo? Não tinha certeza, mas precisávamos tentar. Nos aproximamos do ponto no espaço-tempo instável, onde dezenas de hollows estavam amontados - Mortos. Haviam sido eletrocutados até o seu fim, mesmo o gillian havia perecido diante a eletricidade. Porém, antes que pudéssemos alcançar a Garganta, diversos braços de carne surgiram do solo, agarrando Shiro pelas pernas.

— "O Que é isso?" — Me perguntei, jogando olhares para a janela central do laboratório. O Cientista ainda estava vivo - E esta foi sua última ação. Ele queria levar alguém consigo. Após acionar este último mecanismo, caiu de uma vez por todas. — "SHIRO!!!" — Exclamei.

— "Não se preocupe comigo, porra. A Garganta vai se fechar em breve, é melhor você se apressar, Sunken!" — Ele dizia, tentando se libertar dos braços. — "Não pense que vou morrer aqui! Só vou demorar um tempo pra voltar." — Finalizou.

Eu não podia aceitar. Retornei até sua posição, e tentaria salvá-lo das restrições carnais através da força contida em meus punhos. Eu não poderia permitir que mais um amigo caísse na escuridão. De novo...Tudo está se repetindo de novo....Por quê?

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Felizmente, foi mais fácil do que eu pensava. Os braços pareciam sugar a energia e força daquele quem eles tocavam, e por conta disso, Shiro mal conseguia mover sua espada corretamente, muito menos aplicar golpes minimamente poderosos contra as forças que lhe restringiam. Porém, do lado exterior, eu fui capaz de transformá-los em uma pilha sangrenta de carne dentro de pouquíssimos segundos, tomando o líder da Flor Negra em mãos e saltando em direção a Garganta, a atravessando no último instante. Imediatamente após atravessá-la, o espaço-tempo no local colapsou e a Garganta artificial ruiu, dando um fim definitivo à empreitada maligna proposta pelo traidor. Estava na hora de retornarmos, afinal.

[...]

Quatro horas passaram-se desde então, e nos reunimos novamente na base de operações da Flor Negra, em Gales. Não apenas Shiro, mas todos os membros da organização de exilados estavam presentes. Infelizmente, Shiro havia perdido boa parte de suas energias e acabou ficando inconsciente, mas não parecia correr riscos maiores, ao menos até despertar. Quanto a mim, os ferimentos da "batalha" haviam sido curados, pois Renna, braço-direito de Shiro, tinha conhecimento quanto a técnica de Kaidou.

— "As coisas só vão piorar daqui para frente. É melhor irem planejando uma maneira de se defenderem das ameaças que vos perseguirão. Sei muito bem qual a índole destes demônios." — Ditei, visivelmente apreensivo. — "Eles ainda estão vivos, mesmo após todos estes séculos, então? Ótimo. Mas..." — Não concluí o raciocínio.

— "Tenente." — Renna chamou por mim. — "Você conhecia aquele homem? O que aconteceu em seu passado?" — Me questionou.

— "...Algumas coisas são melhores quando esquecidas." — Respondi de maneira fria.

[...]

Então, retornaria até o Senkaimon.
Voltaria para a Soul Society, mas sem o gosto da vitória.

Eu sabia muito bem como estes demônios malditos agiam: Pelas sombras. Não havia segurança, e o futuro parecia incerto. Parece que os meus erros de mil anos atrás finalmente vieram me cobrar, não é? É minha última chance de redenção. Não por mim, mas por aqueles que não pude proteger. Andejei através do quartel da Sexta Divisão, até alcançar minha residência. A Jornada seria longa e difícil, mas eu sabia, no fundo, que eu poderia encontrar paz neste mundo, afinal.

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