—  Okita, aquele grande idiota. Eu havia deixado ordens claras: Deixar a Meio-Hollow nos meus aposentos, na 6ª Divisão. Mas ao invés disso, o covarde, com medo de ser considerado um invasor pelos membros de meu esquadrão, decidiu escapar para o Mundo Humano por mais uma vez e deixar a mulher nas Ilhas Seychelles. Eu jamais poderia descobrir isso naturalmente, então ao menos ele teve senso em deixar uma breve carta indicando onde estaria localizado. Dei um suspiro após terminar a leitura da mensagem, esmagando-a com a mão destra e a transformando em cinzas ao concentrar o reiryoku na palma de minha mão. Na sequência, rumei até o Senkaimon mais próximo para me transportar até o plano terreno por mais uma vez, que há tanto tempo vêm sendo assolado pelas tramas sombrias dos shinigamis exilados que escondem-se nas sombras, com alguns poucos que traíram as raízes de sua própria raça e entregaram-se à escuridão do Hueco Mundo.

— "Te encontrei." — Ditei.

Chegando até as Ilhas Seychelles através do Senkaimon, visava alcançar a posição imediata de Okita e a mulher, em um luxuoso resort praiano à beira dos belos mares cristalinos da região. Adentrando da gigantesca estrutura lotada de humanos, demorei cerca de dez minutos até encontrar o quarto em que se encontravam, nos andares superiores da estrutura. Com grandes portas de vidro reforçadas e mobílias dignas de um rei, me perguntava se o rapaz tinha algum tipo de complexo mental. Por que tanto luxo para um shinigami que não pode usufruir deles no Mundo Humano? De qualquer forma, estava presente. Porém, me assustei: A mulher estava desperta.

— "Hã? Quem que é esse maluco aí?! Ô Okita!" — Ela exclamou, pensando que eu era um humano. Não parecia se lembrar de mim. — "Tira esse doido daê." — Finalizou.


— "Caralho, que linda." — Pensei, antes de balançar a cabeça para deixar estes pensamentos de lado. — "Tá chamando quem de doido, hein? Fui eu que lhe salvei, sabia?! Nem pra dizer um obrigado?" — Exclamei de volta, para chamar sua atenção.

Ela voltou seus olhares para mim, com uma expressão de desconfiança. Porém, Okita chegara. O imbecil estava com roupas de praia e coloridas, me dava vergonha. Tudo bem, ele era um adolescente, mas precisava parecer tão ridículo assim? Até eu vestido de terno na Soul Society parecia mais normal do que isso. De qualquer forma, o médico explicara a mulher que, de fato, o que eu dizia era verdade, e que ele estava encarregado apenas de cuidar dela.

— "Ah...Perdão, então. Pensei que fosse um tarado. Eu não me lembro do que aconteceu, estive inconsciente por muito tempo depois das correntes terem sido quebradas. Meu nome é Ayla, e sou uma shinigami, assim como vocês." — Ele me cumprimentava.

— "Pode me chamar de Sunken. Sou o atual tenente da Sexta Divisão. É bom ver que está bem, Ayla. Por pouco não a encontrávamos morta. Aquelas correntes estavam sugando toda a sua energia vital e reiatsu para manter alguma fonte externa ligada. Mas você parece ter reservas grandiosas de Reiatsu, então conseguiu resistir, pelo menos. Você se lembra de alguma coisa? Sabe o que fizeram contigo?" — A Questionei diretamente, me aproximando.

Porém, ao invés de responder, a mulher virou sua cabeça, como se estivesse incomodada com algo.
Então, deixou a sala, rumando em direção a cozinha do apartamento. A Julgar pela reação, tinha certeza de que haviam feito coisas horríveis com ela. Mas não importava: Eu precisava saber o quê e quem. Era maior do que eu. Maior do que todos nós.

Informações:

—  Ela parecia hesitante, e mesmo que eu tentasse conversar com ela sobre tal assunto, recusava-se a dar qualquer tipo de informação quanto ao seu passado com Rayleigh. Joguei olhares para Okita, e o chamei para a sala de estar. Aproximei-me de uma das janelas, que dava para a vista direto do mar. Calmaria; Felicidade, alegria. Todos aqueles humanos saltavam com largos sorrisos em seus rostos, mas nós três estávamos enclausurados em uma trama sobrenatural que nenhum daqueles seres jamais seria capaz de conceber sequer uma mera ideia de sua existência. Talvez eu invejasse-os. Talvez eu nunca quisesse ter sido um shinigami, afinal. A longevidade só me trouxe desgraças.

— "Você sabe algo sobre ela, Okita? Ou ela evitou esta conversa contigo também?" — Questionei o jovem.

— "Não quis dizer nada. Acho que ela está traumatizada, consigo perceber que está se segurando para não derramar lágrimas. Será difícil convencê-la a falar, quem dirá revelar tudo sobre esses traidores. E também, hora ou outra, eles virão atrás dela." — Ele respondeu, com pesar na voz e olhar.

— "Entendo. Parece que esse tipo de aproximação não vai adiantar. Mas eu preciso dessas informações. O que está em jogo é toda a Soul Society. Não há problemas derramar algumas lágrimas para evitar milhares delas." — O Respondi.

Okita cerrou os punhos. Parecia relutante em aceitar o meu posicionamento de forçá-la a falar, mas entendia que era necessário. Como médico, ele repudiava a batalha, o sangue e o sofrimento. Mas há momentos que não é possível escapar dessa realidade, não importa o quão rápido seja. Imaginação é diferente do mundo real. E você só descobrirá isso quando a realidade se chocar contigo.

Assim como foi comigo. Naquele maldito dia.

Deixei o local e retornei para a cozinha, onde Ayla se encontrava, suspirando de maneira visivelmente nervosa e encarando a si própria no espelho. Porém, eu deveria continuar tentando. Aproximei-me da mulher, que imediatamente tentou se afastar. Mas ao invés de permiti-la ir, a segurei de leve pelo braço esquerdo, impedindo que continuasse a fuga. Fitei seus olhos, com expressão de pesar. Meus olhos nunca foram vivos, mas, depois daquele dia, perderam a cor. Perderam o brilho, e a esperança. Ela percebeu isso. Arregalou os seus próprios ao cruzar olhares comigo. Não eram necessárias palavras para que pudéssemos entender um ao outro. Desta forma, tentaria levar a conversa de modo a deixá-la mais a vontade, e retirar informações de seu passado.

Somente um sofredor para entender outro sofredor.

E cegamente aqui estamos, buscando a paz, mesmo que ela tenha de vir pela dor.

Informações:

—  Enfim, confessou. A convenci, através das palavras, a relatar o que havia sofrido nas mãos de Rayleigh até chegar a aquele ponto. Suas palavras eram duras: Ela ditava que fora sequestrada ainda quando criança e submetida a uma série de experiência de laboratório, e que desde então vêm sendo uma cobaia para os testes do capitão. Há duzentos anos, quando foi encontrada, era uma somente criança, e acabou sendo atraída por uma oferta peculiar de poder do capitão e seus capangas: Eles a fariam transcender o limite dos shinigamis. E talvez tenha se cumprido a promessa, mas a custo de que? Explicou que havia sido aprisionada para alimentar uma fonte de poder externa chamada pelos capangas de Rayleigh de somente "O Controle", e que ela possivelmente se encontraria nos confins do Hueco Mundo. Fundir-se com esta fonte lhe concedeu habilidades Hollow, coisa que deixou o fugitivo em êxtase.

— "Então você realmente sofreu a Hollowficação? Eles pretendiam controlar a sua mente e te usar como uma arma? Parece idiota. Um único ser não pode contra a força da Gotei 13. O que ele tinha em mente para este absurdo?" — A Questionei.

— "Aí que está. Eu não tenho certeza, mas ele pretendia criar um vírus capaz de transformar shinigamis em Hollows ou Meio-Hollows que ele pudesse controlar. Esta fonte externa foi feita para gerar este vírus. Ele quer impregnar a doença Hollow pela Soul Society e reinar acima de todos aqueles que ele puder subjugar." — Explicou.

— "E você é a única com estas habilidades?" — Continuei.

— "Não. Eles têm Vizard. A maioria dos capangas dele são. Já ele...Eu não faço ideia." — Finalizou.

Suspirei, para processar aquelas palavras. Se Rayleigh realmente pretendia criar um vírus capaz de transmutar a reiatsu de um ser ao contato, porque se preocuparia tanto com uma única pessoa? E porquê ele estava atrás de meus registros e documentos, se nada de relação tenho com os seres malditos do Hueco Mundo? Era estranho. Talvez ele estivesse planejando tomar a mim por conta do poder que demonstrei no milênio passado? Soava idiota. Eu preferia morrer do que me juntar àqueles seres malditos. Então, ouvi um leve tremor. Joguei a cabeça para o lado, e vi Okita observando a paisagem.

Era só minha imaginação? Ah, deixa pra lá.

Informações:

—  Quem dera houvesse sido apenas minha impressão. Detectei três pulsos de Reiatsu que desapareceram subitamente de vista. Assim como Okita, que veio até mim, correndo, para saber se eu havia sentido o mesmo que ele. Apenas Ayla se encontrava confusa, aparentemente ela não havia aprendido a detectar pressões espirituais existentes ao seu redor, mas era irrelevante. Desde que estivesse próxima de nós, seria o suficiente.

— "Merda. Tire ela daqui, rápido. Se for o inimigo, lutar aqui vai tirar a vida de centenas de pessoas." — Ditei, preocupado. Então, abri uma das grandes janelas, e saltei através da mesma, pisando no ar. — "Okita! Leve-a para um lugar seguro! Se a perdermos, já era." — Exclamei.

— "B-Beleza! Ayla, vamos. Parece que eles estão aqui." — O Médico disse à mulher, que acenou a cabeça em sinal de afirmação.

Então, começaram a se afastar. De repente, então, uma figura humanoide aparecera a minha frente, trajada com longas vestes completamente brancas, com uma máscara óssea na forma de um gato em seu rosto. Era um Vizard, mas já estava utilizando o seu poder, mesmo naquela situação? Cerrei os punhos e levantei a guarda, esperando que ele fosse atacar sem ao menos cogitação. Porém, ao invés do que eu pensava, o mascarado olhou para o lado, e pretendia seguir Okita para capturar a mulher, mas o impedi, me posicionando a frente do mesmo. Não obstante, notei que duas sombras seguiram por cima de mim.

— "Então vocês são os Vizard que Ayla disse sobre, não é? De que época vocês são, malditos?" — O Questionei, sério.

— "Rayleigh nos avisou sobre você, Noritoshi. Nós somos Shinigamis com apenas meio milênio de idade, mas já é o suficiente. Transcendendo o poder Shinigami, não é mais necessário nos preocuparmos com tipos como você. Não importa se você se acha forte. Nós somos mais." — Ele avisou, sacando sua Zanpakuto, que era uma Wakizashi. — "Gostaria de provar desta lâmina? Eu vou te mostrar o que é horror de verdade!" — Continuou.

— "Pode vir, desgraçado." — O Provoquei, abrindo um sorriso irônico.

Enquanto isso, dois Vizard abordaram tanto Okita como Ayla. A dupla havia sido interceptada por um homem com uma máscara remetente a um lagarto, e uma mulher com uma máscara completamente branca, com espaço apenas ao olho direito. Ambos trajavam vestes completamente brancas, e sacaram sua zanpakuto de imediato. O médio pôs-se a frente da Meio-Hollow, que afiou os olhares.

— "Merda, merda, merda, merda! Tô morto!" — Okita exclamou, apavorado. — "O que eu faço, o que eu faço?!" — Continuou, tremulando.

— "Calma, moleque. Eu cuido deles pra você. Esses aí são só a ralé dos esquadrões Vizard do Rayleigh. Não tenha medo...Mesmo sendo um médico, você ainda tem uma Shikai, não é? Use-a. Mostre a eles do que os shinigamis de verdade são feitos!" — Ela o encorajou.

— "Ralé é você, sua piranha de merda!" — A Mulher vizard se irritou, avançando.

A Guerra havia começado.
Shinigamis contra Vizards.

Informações:

—  O Combate entre mim e o Vizard se iniciava. Eu não havia trago minha Zanpakuto - Como de costume, e fui confrontado por um mestre na arte da esgrima. Com golpes precisos, o mascarado avançava com velocidade contra minha pessoa, desferindo sequências diretas com sua Wakizashi, na tentativa de não apenas me perfurar com a ponta extremamente afiada de sua espada, como também cortar, mirando em meus cotovelos e joelhos. No entanto, fui capaz de evitar a saraivada de golpes violentos, me aproveitando de minha habilidade corporal superior para realizar esquivas espaçadas e saltos para trás, no intuito de afastar. Porém, em determinado momento, o homem avançou com tamanha velocidade que não teria tempo de realizar uma outra esquiva. Para contornar aquela situação difícil, no último instante, pus ambas as mãos sobre o braço do homem e me joguei para cima, encostando a ponto do pé direito em seu rosto enquanto me levantava para cair logo atrás do mesmo, contra-atacando com um chute poderoso que o jogou para vários metros de distância, seguido por uma sequência de golpes que fora finalizada com uma joelhada em sua nuca. Ele gritou, mas pareceu não ter recebido danos graves.

— "AAAAAAAAARGH!" — O Vizard exclamou, abrindo a boca de sua máscara. — "Ah....Seu merda. Esses ataques não vão conseguir me matar. Meu corpo se tornou muito mais forte após receber a máscara. Não adianta. Seus punhos não podem atravessar os meus músculos, shinigami! A dor é irrelevante! Eu sou indestrutível!" — Ele exclamava, gargalhando.

— "Está se gabando por ter resistindo a alguns de meus golpes comuns? Ponha-se em seu lugar, traidor maldito. Eu nem precisaria usar a Shikai contra um lixo que nem você. Se estiver no nível de um tenente comum, seria impressionante. Você é fraco demais." — Ditei, desprezando-o.

Houve silêncio. O Homem cessou as gargalhadas, e pôs a mão esquerda sobre a lâmina de sua espada.

— "Sangre, Shinku no Tsukuyakari." — Ditou, liberando a Shikai.

A coisa ia ficar séria.

[...]

Enquanto isso do outro lado, Ayla se preparava para defender-se do golpe adjacente da Vizard, mas foi surpreendido quando uma enorme lâmina cruzou sua visão. Cravando-se no braço da Vizard, o artefato fora tragado para baixo, decepando o membro da mulher mascarada, que gritou em agonia, se afastando para cerca de vinte metros do local. O braço então caíra em direção a praia, e um homem encapuzado poderia ser visto logo atrás de Ayla, com uma das mãos postas sobre o ombro de Okita. Baixando o capuz, Okita poderia reconhecer quem era.

— "Shiro! Você veio!" — O Médico exclamou, visivelmente feliz.

— "Heh. Parece que o Sunken também veio, né? Que bom que você me avisou disso, moleque." — O Líder da Flor Negra respondeu, com um leve sorriso.

— "Quem é ele?" — Ayla questionou.

— "Ele é um conhecido do Tenente Sunken, e também está envolvido nessa trama, de alguma forma. Ele é líder de um grupo de shinigamis que foram exilados da Soul Society, chamado de Flor Negra. Ao que tudo indica, esse exílio foi armado e planejado por Rayleigh e seus semelhantes. É basicamente isso aí, hehe." — O Médico explicou.

Porém, não teria tempo para conversar. O Vizard com máscara de lagarto apontou sua Zanpakuto para o trio, e a mesma começou a desfazer-se em um líquido esverdeado. A medida em que o líquido corrosivo pingava rumo ao oblívio, a mulher Vizard retornava ao campo, segurando sua espada pela lâmina, forte o suficiente para fazê-la derramar sangue.

— "Corroa, Don'yokuna hachūrui." — O com máscara de lagarto ditou.

— "Pulverize, Norowareta usagi!" — A Mulher exclamou.

Naquele momento, Shiro já estava com sua Shikai liberada. Talvez aquilo houvesse dado a Okita uma oportunidade de brilhar pela primeira vez em um combate. Empunhou sua zanpakuto firmemente com ambas as mãos, e suspirou profundamente antes de dizer as palavras de liberação. Estava na hora de enfrentar a realidade. Não dava para ficar nos bastidores para sempre.

Informações:

— A Troca de golpes se tornava sublima, tão veloz que olhos comuns não poderiam acompanha. A lâmina banhada por sangue do Vizard parecia possuir propriedades curativas. A cada golpe que eu desferia no mesmo, ele arremessa o líquido similar ao sangue em estruturas físicas e providas de vida, como árvores. Suas feridas se fechavam e as estruturas atingidas eram completamente corroídas por influência de sua Reiatsu. Enormes árvores tombavam, e o caos instaurava-se na praia. Gritos por todos os lados, mas que apenas pareciam ter instigado ainda mais o sentimento assassino que percorre o coração deturpado do mascarado.

— "A Minha lâmina irá te consumir, e reduzi-lo a ossos. Você não pode escapar, shinigami. Não importa o que faça, o seu destino já foi escrito!!!" — Ele exclamou, avançando. Desta vez, utilizou-se de uma técnica para lançar lâminas de reiryoku carmesim, que viajaram em minha direção com extrema velocidade. — "MORRA!!!' — Ele continuou.

Inútil.
Fraco.
Impulsivo.

Ativando o Nagari no Ken, juntava as mãos como a postura de um tigre, e esperei a aproximação do indivíduo. Esquivando-me de seus golpes adjacentes e recuando após evitar as lâminas de sangue, saltei por cima de sua lâmina sombria e agarrei o seu rosto, deslocando-me junto ao mesmo até o solo, onde o mesmo se colidiu violentamente com a nuca contra o asfalto, rachando o chão ao redor. Não obstante, desferi diversos golpes contra o seu rosto, partindo a máscara e desfigurando a face, agora coberta pelo sangue do cretino traidor. Ainda assim, ele parecia ter alguma força restante.

— "Ban..." — Ele ditou, com dificuldades. — "...Ka-" —Interrompido.

Antes que finalizasse sua frase, esmaguei seu crânio ao pressioná-lo ainda mais forte contra o solo com meu calcanhar direito, efetivamente o brutalizando com um pisão. Não adiantava a ter poder, se não sabia utilizá-lo. Arrumei o terno, e joguei olhares para cima, onde os outros ainda estavam a combater seus algozes.

[...]

— "Consuma a existência e reduza-os a pó, Souruītā!" — Okita bradou, ativando sua Shikai.

A sua pequena lâmina transformou-se em uma lança de guerra. Sua ponta, no entanto, era completamente dourada, e parecia estar envolta por olhos, que rodavam ao redor da arma de longo alcance. Imediatamente, suor escorreu de seu rosto, mas ele tinha coragem. Sua arma era um desastre como médica, mas um monstro para o combate. Atacando o Vizard detentor da máscara de lagarto, o médico tentara estocá-lo por diversas vezes. O homem, no entanto, se esquivou facilmente de todos os ataques, mas bloqueou o último. No instante em que seu braço entrou em conta com a lança, decaiu, até ser reduzido a ossos. Ele literalmente havia sido desconstruído em sua frente.

— "Tolo...A minha Souruītā consome almas e se fortalece com isso! Ela é a pior coisa que um médico desejaria ter, mas é uma das melhores para um guerreiro sanguinário! É uma pena que ela tenha me escolhido...Eu certamente sou um idiota por pensar que posso lutar." — Ele ditava.

— "MAS QUE DESGRAÇA É ESTA?! MEU BRAÇO! MERDA! SEU DESGRAÇADO, EU VOU TE FAZER EM PEDAÇOS!" — O Vizard exclamou.

Então, manipulou o ácido ao redor de seu corpo e o fez chover por cima do trio. Agora, a Meio-Hollow cuspia uma substância viscosa que formava um escudo acima de si, protegendo seus companheiros da técnica do mascarado. Enquanto isso, a mulher vizard confrontava Shiro a curtas distâncias. Sua shikai parecia ser capaz de aplicar explosões ao contato com matéria sólida. Tudo o que ela tocou até aquele momento fora desfeito uma uma enorme explosão de reiatsu.

— "Wow...Você deveria tomar mais cuidado com isso aí, hein!" — Shiro ditava.

— "Cale-se!" — Ela bradava, desferindo diversos golpes com a lâmina agora transformada em um grande machado de guerra. — "Só consegue fugir? Se meu machado te tocar, ele te fará em migalhas! Morra de uma vez, shinigami maldito!" — Ela continuou.

O Combate estava chegando ao seu fim.

Informações:

—
Eram Vizards de baixo nível, e foram facilmente derrotados pela força conjunta do trio que se encontrava aos céus. O Lagarto fora o primeiro a cair, finalizado por Okita e Ayla, que, juntos, foram capazes de rasgar o seu torso. Já a mulher mascarada teve a máscara rompida pela Shikai de Shiro, e fora arremessada diretamente contra o solo, sendo retirada de combate imediatamente. O impacto havia sido poderoso o suficiente para despedaçar sua coluna e romper os órgãos internos, a ponto de fazê-la vomitar sangue. Então, todos descemos, nos reunindo ao redor da mulher, que deixava lágrimas escorrerem de seu rosto.

— "...Não...Ainda não..." — Ela não aceitava a sua morte. — "Rayleigh-Sama...Eles são fortes...Por favor...Acabe com todos eles..." — Finalizou, sorrindo. Então, começou a gargalhar, durante seus instantes finais. — "Não podem escapar...Shinigamis...O Controle...Vê tudo.....E todos...." — Finalizou.

Então, seus olhos perderam a cor, e tudo retornou ao silêncio. Estava morta. Sua cabeça pôs-se de lado logo após perder a vida, e um olhar confuso pairava entre os que estavam presentes. Eles realmente eram apenas a ralé das forças do capitão banido, mas porque clamavam pelo Controle? Será que Rayleigh já tinha os recursos para pôr em prática este plano maléfico? Não poderia ser possível. Isso significava que tantos Vizard surgirem eram obra dele?

— "Você lutou bem, Okita. Tens poder, mas não possuis habilidade. De qualquer forma, eu não esperava vê-lo aqui, Shiro. Sua ajuda caiu como uma luva para nós. Parece que esta é apenas a primeira onda de ataques que Rayleigh enviará. Sabe algo sobre isso?" — O Questionei.

— "Sim. Ele diz que é um projeto para enterrar toda a luz. Ele pretende unir almas de shinigamis e hollows. E já começou. Nós precisamos pará-lo, de alguma forma. Mas não dá para ir no Hueco Mundo nestas condições, então o único jeito é encontrar fontes que estejam aqui, no mundo humano." — Ele explicava.

Era mesmo verdade, então? O mesmo relato de Ayla. Rayleigh, seu verme desgraçado, sabe ao menos o que diabos você está fazendo?!
Não percebe a tolice de seus atos?

Informações:

—
Soava absurdo aos meus ouvidos que um shinigami considerava que a junção das almas de ceifadores com as de hollows daria certo. Para falar a verdade, era até cômico. Quando foi que você se tornou tão patético, Rayleigh? O respeitava como se fosse meu próprio pai, e agora o enxergo como nada além de uma casca vazia do que um dia já fora. Dei as costas, aos suspiros pesados.

— "Parece que esse pesadelo ainda está longe de acabar. O que você acha sobre isso, Shiro?" — O Questionava.

— "Sheesh...Eu tenho algumas informações na base, eu vou passar para vocês. Venham comigo." — Ele ditou.

Então, saltou em direção aos céus. O Seguimos logo na sequência, rumando até a base de operações da Flor Negra, que se encontrava no País de Gales. Por mais que tivéssemos nos despachado daqueles Vizard que possuíam um nível equivalente ou similar a de um tenente, sabíamos que hora ou outra figuras muito mais poderosas apareceriam para nos confrontar. E era justamente isso que eu mais temia: Sermos surpreendidos numericamente, fora ou dentro da Soul Society. Éramos os únicos que possuíam as informações de Rayleigh e seus planos. Portanto, os únicos capazes de pará-lo. Acima do oceano, estávamos. Até que tudo tornou-se silencioso.

As nuvens se separaram.
O Oceano acalmou.
Um leve ruído ao fundo.

[...]

Informações:

—
A Pressão espiritual caiu sobre todos nós como uma torrente maligna. Todo o ar ao redor parecia distorcer-se com a força do espírito do agressor. Faíscas elétricas poderiam ser escutadas à distância, como se uma tempestade se formasse além do que nossos olhos poderiam ver. Eu não havia sido subjugado pelo poder espiritual, assim como Shiro e Ayla, mas Okita estava praticamente revirando os olhos. Sua mente era incapaz de resistir a um poder daquele nível, e por fim, acabara por desabar. Ayla o agarrou em seus braços, e tanto eu como Okita nos viramos para ter noção do que se punha sobre nós. Bastou um mero olhar, e um relâmpago já estava à beira de colidir com vossos corpos. Imediatamente, esquivei-me para o lado direito sem ao menos ter noção do que havia cruzado o meu caminho, enquanto Shiro desviava a rota do projétil elétrico com sua Shikai, fazendo-o explodir em uma grande detonação elétrica que cobriu cerca de dez metros radiais.

— "...Que diabos?" — Ele se perguntou.

— "Não são muitos aqueles capazes de resistir a este tipo de golpe. Me perdoem, mas...Eu não vou pegar leve com a raça imunda de vocês." — Um Vizard se aproximou, revelando sua máscara com seis chifres na cabeça, e olhos verdadeiramente demoníacos, sem espaço algum para o nariz ou boca. — "Enterraremos o Sereitei, e reinaremos acima de todos. Os Hollows não vão se submeter a vocês, malditos shinigamis de merda!" — Bradou.

Sua aura deixava o corpo, moldando-se como uma onda palpável de Reiryoku ao redor do mesmo. Sua lâmina era um relâmpago, literalmente. Não havia a forma de uma espada - Era um raio, palpável. Os céus pareciam se conectar com a Bankai. A chuva caía, e o mar tornava-se violento à medida em que o mundo ao redor era exposto ao poder da liberação final daquele monstro. Cerrei os punhos, e me preparei para o combate. Seria uma luta que muitos poderiam considerar impossível de ganhar.

Mas não eu.

Não há bankai neste mundo que me dê medo.
A Morte poderá me ter quando me conquistar. Até lá, eu me recuso a cair.

Informações:

—
O Vizard se calou, e o silêncio deu origem a uma tempestade elétrica. Ao arremessar o relâmpago que moldava a sua Bankai aos céus, as nuvens negras se formavam, e diversos raios caíam sobre nós, na forma de projéteis extremamente velozes e poderosos. Sem hesitação, Shiro tomou a frente, e deixou que sua Zanpakuto girasse ao redor de seu próprio eixo. Com um Hadou de nível 50, ele criava um gigantesco tornado a partir da lâmina de sua espada, o que foi o suficiente para afastar alguns dos relâmpagos cadentes. Ainda assim, foi apenas  tempo suficiente para nos dar a chance de escapar de um acerto garantido. A velocidade da técnica da Bankai do Vizard era impressionante, mas sabíamos agora que era focada em longas distâncias. Bastava se aproximar, não é?

— "Uma Bankai Elétrica, então? Não é de se arrepiar. Já enfrentei todo tipo de pessoa que carregava consigo habilidades relacionadas a eletricidade, sei muito bem quais as suas fraquezas. Se eu me aproximar, sua espada não poderá voltar a tempo, maldito!" — Ditei, avançando. — "É o fim para você!" — Finalizei.

Porém, no momento em que meu punho destro chocou-se contra a máscara do Vizard, uma grande explosão elétrica irrompeu. Na sequência, um relâmpago extremamente fino perfurou o meu abdomen, enviando-me para dezenas de metros de distância ao impacto. Cuspindo sangue, havia percebido que subestimar o oponente havia sido uma péssima escolha. Além do terno e da carne, um ferimento se abria em meu corpo envelhecido, que por sorte ainda era capaz de manter a forma. Ofeguei, percebendo que meus movimentos haviam sido retardados. Mais um pouco e eu haveria sido completamente paralisado por aquele maldito.

— "Agh..." — Bufei, com rancor no olhar. — "Uma espada relâmpago? Bom movimento. Parece que sua máscara lhe concedeu alguns benefícios, não é?" — Ditei.

— "Maldição!" — Shiro bradou, erguendo sua lâmina. — "TSUKASA!" — Exclamou.

Então, arremessou a sua espada, que ao utilizar de tal técnica, criava um enorme vórtice de poeira ao seu redor, capaz de atrair e destroçar tudo aquilo que estivesse ao seu redor. Como um bumerangue, ela avançou diretamente contra o Vizard, em curva diagonal. O mesmo fora capaz de se esquivar, ainda que houvesse sido obrigado a utilizar os seus relâmpagos para desviar a rota da Shikai do líder da Flor Negra, que retornou por detrás do mascarado. Desta vez, três relâmpagos caíram e formaram uma estrutura defensiva nas costas do homem, que saltara por cima da Shikai, deixando que ela retornasse ao seu portado. Ele havia recebido alguns cortes, no entanto. Sangue escorria de leve de vários pontos do seu corpo.

Parece que entramos em uma batalha difícil.

Informações:

—
Talvez neste estado fosse simplesmente mais fácil deixá-los se despedaçar. Estávamos próximos da base de operações da Flor Negra, e sem quaisquer perspectivas de futuro. Frente àquela ameaça, percebia o quão idiota havia sido a minha decisão de vir lutar somente com os punhos. De qualquer forma, cuspi o sangue que havia se acumulado em minha boca e percebi que seria inútil tentar alcançar aquele desgraçado com as mãos. Portanto, deveria deixar aquela situação nas mãos de meus companheiros, até que eu encontrasse uma saída para tal acontecimento. Os relâmpagos continuavam a viajar, caindo como tempestades que ficavam mais e mais violentas. O céu acima já estava completamente negro: O Vizard estava ficando cada vez mais forte a medida em que os céus se fechavam, e os relâmpagos tornavam-se mais espessos e velozes. No entanto, ele parecia se gabar o suficiente para deixar sua guarda baixa. Subjugando a shikai de Shiro, Ayla foi a próxima a tomar a frente, parcialmente transformando o seu corpo e lançando um Cero gigantesco a partir de sua boca. O Feixe de energia cruzou o oceano, evaporando toda a água que tocou e forçando o mascarado a se esquivar, uma vez que seus raios eram incapazes de lidar com tal energia.

— "Bom, bom! Faça de novo, cadela!" — Ele bradou, como se estivesse em um circo. — "Vou fazer você voltar para o buraco de onde saiu, desgraçada!" — Continuou.

Então, ele segurou cinco relâmpagos em sua mão esquerda, e os jogou diretamente contra nós. Os raios se dividiram em vários outros menores, e uma gigantesca nuvem de fumaça fora criada ao impacto, junto de explosões elétricas.  Naquele instante, utilizei o Shunpo, desaparecendo de vista com o passo relâmpago e retornando logo atrás de meu inimigo, que não havia percebido o meu desaparecimento. Com os olhos afiados, cerrei o punho destro enquanto o mesmo gargalhava, admitindo que todos ali estariam mortos. Porém, antes que pudesse reagir, minha mão alcançou o seu corpo. No momento do contato, ele virou o rosto e até tentou desviar, mas era tarde demais.

Com a pressão focalizada, seu peito fora perfurado.

— "Muito poder, pouco cérebro. Típico da sua laia." — O Zombei.

Informações:

—
Um relâmpago havia quase encostado em minha pele. Antes de meu ataque final ser realizado, o Vizard ainda teve tempo de convocar um de seus raios para me atacar pela retaguarda, mas o golpe foi paralisado logo antes de me alcançar. A máscara quebrou-se, e as nuvens negras se desfizeram com chuva. Os olhos do mascarado se reviraram, e ao ser solto, já estava sem vida. Caiu - Rumo ao oblívio, para o oceano a fundo. Esquecido, havia pago o preço por ter se rebelado contra a Soul Society. Ofeguei, visivelmente tenso por conta da situação. O ferimento em meu corpo não era grave, mas estava a me causar incômodos desagradáveis o suficiente para me causarem um certo grau de preocupação. Afinal, quem não estaria se revirando de dor ao ter a barriga perfurada?

— "Merda...Vamos logo, se ficarmos aqui, eles vão enviar mais e mais destes vermes malditos atrás de nós. Mostre o caminho, Shiro. Não há mais tempo a se perder!" — Ditei, ordenando-o.

— "Ah, droga. Você tem razão..." — Ele disse, desativando a Shikai, e mostrando o braço, que havia sido partido por um dos relâmpagos. — "Ele quebrou o meu braço, mesmo eu tendo defendido o ataque com a lâmina de minha Zanpakuto. Se tivesse me atingido, eu provavelmente estaria em pedaços agora. Vamos, já estamos próximos." — Ele disse, sorrindo.

Então, o seguimos.

— "Vocês sofreram estes ferimentos e ainda estão a chamar os Vizards de Rayleigh de fracos? São masoquistas, por acaso? Não consigo compreendê-los..." — Ayla nos questionava.

[...]

De qualquer forma, cerca de cinquenta minutos passaram-se até alcançarmos a base da Flor Negra, no País de Gales. Localizada em um país extremamente distante de Seychelles, teríamos paz, ao menos por enquanto. Okita poderia curar aquelas feridas ao acordar, mas era nítido que o escalão de força daqueles homens continuaria a subir até sermos subjugados por diversos Vizards de nível capitão. Se o Controle realmente possuísse o poder de fundir a alma Hollow com a Shinigami, então já estávamos em desvantagem desde o início.

E mesmo assim, corríamos contra a corrente.
Uma insistência mortal.

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Todos estavam no interior das ruínas abandonadas. Ao adentrar, imediatamente uma das garotas encapuzadas trancaram as portas que separavam a nós do mundo exterior. Suprimimos nossa reiatsu, e nos jogamos sobre qualquer cômodo que pudesse servir como uma cadeira ou cama. Okita seguia desacordado, mas não apresentava ferimento algum. Quanto a nós, a situação era diferente.

— "A-Ah! O braço dele!" — Ranni exclamou, apontando para Shiro. — "Que coisa horrível! Não...Não...Renna! Venha cá, logo!" — Ela exclamou.

[...]

— "Eu descobri algo muito importante sobre isto, Sunken. Ele está atacando pontos específicos do mundo humano, e parece estar tentando criar algum tipo de Garganta artificial e um chamariz Hollow para que possa iniciar uma invasão ao Mundo Humano, e talvez até mesmo ao Sereitei. Se eu fosse você, ficaria de olho. Esses caras não vão dar o braço a torcer tão facilmente." — O Homem ditou, visivelmente perturbado.

— "E Quanto a mulher? Você acha que ela têm alguma relação com isso tudo?" — Retornei a pergunta.

— "Sim. Ela é fundamental para Rayleigh, então salvá-la foi uma escolha crucial. Com ela do nosso lado, teremos mais chances de derrubá-lo. Os Vizard não são facilmente criados, o processo de Hollowficação deve levar a grande maioria das cobaias à morte. Podemos emboscá-lo quanto tivermos a chance. Porém, ele não é o único inimigo. Soube que ele têm contado com a ajuda de um outro shinigami para isso. Não sei quem é, mas deve ser da mesma época que ele." — Shiro finalizou, deixando o local.

[...]

Enquanto as coisas aconteciam ao meu redor, permaneci em silêncio, pensativo. De fato, todos eles estavam vivos, não é? Ubayashiki...E os outros. Eles estavam aí, e na pior das hipóteses, ao lado de Rayleigh nesta empreitada maligna. De qualquer forma, havia conseguido me livrar daquelas aberrações mutantes que chamam por Vizard e proteger a Meio-Hollow.

A levaria de volta para a Soul Society. Lá ela encontraria segurança.

Ao menos...Por enquanto.

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