Mais uma noite em que Vega vagava por Las Noches. O Arrancar precisava admitir que as coisas tendiam a se misturar com o tempo sem nada que o ajudasse a se distrair e ocupar sua mente entre as ordens de seu Espada. Por isso Vega estava vagando em busca de algo que o ajudaria a lidar com o infindável tédio que se arrastava atrás dele como uma corrente em cada um dos seus passos na fortaleza de Las Noches.

Contudo, enquanto andava, uma das paredes se abriu, revelando um interior da mesma pedra polida que formava a maior parte da fortaleza. Aquilo interessou Vega, que ergueu uma sobrancelha antes de entrar. Naturalmente com seu Hierro preparado, o Arrancar avançou com passos cautelosos, os olhos dele indo de um canto a outro, parecendo preparado para quaisquer armadilhas, mas nenhuma veio.

Ao invés disso, depois de vários segundos na escuridão, ele se viu diante de um grande aposento circular, com um teto alto em abóbada. Estava tudo escuro mas as luzes se acenderam automaticamente quando Vega entrou ali, e a abertura que o permitiu entrar se fechou, com o som característico de pedra deslizando sobre pedra. O chão estava separado por níveis, acessíveis por escadas em espiral. Nas paredes, haviam bancadas embutidas das quais a maior tinha um grande computador, completo com teclado e tela ainda acesa brilhando num débil tom de azul, lançando uma luz fraca, quase fantasmagórica pelo chão. Porém, o que mais chamava a atenção era como tudo parecia... Abandonado.

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Técnicas

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Observações

Spoiler:

Os dedos do Arrancar passaram pela bancada... Um laboratório. Completo com todo o equipamento necessário para funcionar, béqueres, anotações e tudo o mais, mas desde quando aquele lugar estava abandonado? Quem o usou por último? Todas perguntas que ele se fazia e não tinha respostas. Ainda assim, aquele parecia um exercício intelectual interessante para dizer o mínimo. Entre seus pares, Vega não tinha exatamente muitos iguais em termos de suas inclinações. A maioria dos Arrancars era focada em forças e batalha e nem mesmo seu Espada era uma exceção. Raios, talvez ele fosse a maior comprovação dessa regra mesmo entre os Espadas.

Talvez fosse um exercício em futilidade, mas pelo menos Vega teria algo para ocupar sua mente em seu tempo ocioso dentro de Las Noches. E, vendo o estado do local, a primeira coisa que ele precisaria fazer era... Uma limpeza. Não que a poeira o incomodasse fisicamente, mas se ele fosse ficar ali, ele queria um ambiente de trabalho mais adequado ao que ele pretendia fazer.

E assim as horas se passaram, com Vega usando seu Sonído para fazer tudo da forma mais eficiente que podia, mas se guiando ainda pelo propósito que deu a si mesmo, o de transformar aquele laboratório em um lugar onde ele poderia trabalhar de forma devida. O Arrancar ainda não sabia exatamente a escala do que ele poderia fazer ali... Mas isso é algo que Vega descobriria com o tempo depois de estudar os materiais contidos no laboratório.

Mas por agora, ele deveria continuar limpando!

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Técnicas

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Observações

Spoiler:

Depois que sua limpeza acabou, Vega olhou e contemplou a sua obra. O laboratório estava com uma cara muito melhor e agora sim ele poderia se dedicar ao conhecimento ali contido. E assim o tempo voou. Vega não só aprendeu o conhecimento básico e necessário para operar o laboratório, mas também muitas coisas sobre a ecologia dos Hollows e como aqueles Hollows sobretudo com características animais tendiam a formar uma teia de relações similar à teia alimentar que se via entre aimais do mundo humano.

Isso fazia sentido, o Arrancar refletiu. Como Hollows se tornavam guiados pelo instinto em todos os momentos depois de suas mortes, a razão devorada pelas emoções negativas que os prendiam ao mundo, era natural que seu estado fosse similar ao de animais... Afinal, humanos eram exatamente isso, não? Animais.

E a relação ali indicada fazia sentido, onde Hollows mais agressivos tendiam a ter formas similares á de animais carnívoros e predadores de forma geral, ao passo que Hollows menores ou mais passivos tendiam a ter outras formas, como animais menores, o que era refletido na forma que sobreviviam ou absorvendo o reishi do ar presente no Hueco Mundo ou comendo as árvores e areia que encontravam, que também eram ricas em reishi. Dessa forma, esses Hollows menores eram então devorados por Hollows maiores até que estes evoluíam para Gillians e vagavam até a Floresta dos Menos, onde lutavam e se devoravam até evoluírem para o próximo nível, Adjucha, que era onde a maior parte do crescimento Hollow tendia a estagnar, uma vez que um Adjucha precisava devorar Hollows de mesmo nível para não involuir para Gillian, mas ao mesmo tempo, se uma parte de seu corpo for devorada, então este se torna incapaz de seguir em frente com sua evolução.

E se, mesmo contra todas as possibilidades, um Adjucha evoluísse para Vasto Lorde, então não havia mais a necessidade de devorar tudo o que encontrava uma vez que seu poder se estabiliza nessa fase do desenvolvimento. Vasto Lorde era o ápice da evolução, todos os Hollows sabiam disso. Mas ver esse tipo de confirmação com explicações longas, detalhadas e elegantes confirmavam para Vega que aquele laboratório tinha muito mais a revelar do que ele havia imaginado a princípio.

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Técnicas

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Observações

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Agora, o que o Arrancar tinha a fazer era separar e organizar os materiais para experimentos, que tinham uma galeria notável, ele precisava admitir, mas a forma de organização ali não parecia algo que combinaria com o estilo dele... Por isso, o Arrancar procurou organizar seguindo um critério alfabético e alfanumérico, usando um sistema de números e letras para criar um arquivo de cifras que permitiriam a ele encontrar sem grandes problemas possíveis espécimes e experimentos em particular.

Um dos espécimes que Vega não esperava encontrar era um braço Shinigami, ainda segurando a Zanpakuto, perfeitamente preservado em um tubo de líquido alimentado por outros menores... Ao lado dele, havia uma pequena placa que informava: "Braço do Tenente Shiba" [o nome estava ilegível] "coletado durante uma invasão fracassada a Las Noches. O resto do corpo foi jogado aos Hollows."

Aquilo era interessante. Vega precisava admitir que ele havia devorado Shinigamis antes, mas ainda assim, era interessante ver como um espécime daquele foi conservado para experiências por sabe-se lá quanto tempo... Afinal Vega ainda era relativamente novo em Las Noches. Porém ele precisava admitir que aquilo era interessante. E assim o Arrancar começou a procurar pelas notas do braço do tenente, que ele encontrou em um caderno, aparentemente escritas à mão, que ele sentou e começou a ler.

A partir dali, foi possível comprovar algumas coisas, a começar como a natureza de várias habilidades Arrancar se assemelhava ao Kidou em virtude de sua natureza como Hollows que adquiriram poderes Shinigami, sobretudo as habilidades com natureza mais esotérica. Ainda assim, ele sentia que poderia haver mais ali, então ele continuou sua inspeção antes de encontrar algo sobre uma técnica do clã Shiba, que desfazia a ligação entre as partículas de reishi e as dispersava. Aquilo era interessante... Mas o que mais chamava a atenção de Vega... Era a Zanpakutou dele.

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Observações

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E com isso, Vega tinha certeza que era tudo o que havia por ali. Ele passou dias limpando, arrumando, arquivando, organizando... E finalmente, o laboratório estava mais uma vez em perfeita condição, com mais alcovas descobertas por ele que davam em lugares interessantes de Las Noches... Mas isso é algo para outro momento. Por enquanto, a mente de Vega corria, animada pela ideia do que ele poderia fazer ali... Só analisando as notas dos experimentos e registros do computador, parecia que o conhecimento de Vega se expandiu em todas as direções, tornando-se infinitamente maior e mais abrangente.

Ele não esperava encontrar um laboratório tão bem mantido, organizado e sortido e, por mais que ele tenha precisado mudar as coisas para melhor se encaixarem com seu senso de estilo, estética e organização, ainda assim aquele laboratório era nada mais nada menos do que maravilhoso. De fato, havia muito o que o Arrancar faria ali, isso era tão certo quanto a lua que iluminava a noite eterna do Hueco Mundo.

E, contemplando o final de sua obra, contemplando o laboratório que agora estava de volta às condições ideais de trabalho depois de dias de limpeza mesmo com Vega usando suas capacidades aumentadas, o Arrancar começou o seu trabalho...

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Vega estava em seu novo laboratório, estudando as anotações ali presentes uma vez que os espécimes que ele encontrou haviam sido... Destruídos. Aparentemente o antigo dono tinha um senso único de paranoia que, quando Vega tentou desfazer as travas ali postas usando sua Reiatsu, um mecanismo de failsafe fora ativado que levou à esterilização total através de ácido, que por sua vez destruiu todos os espécimes e apagou as anotações relativas a eles.

Um primeiro dia de trabalho maravilhoso.

Contudo, as anotações que aainda estavam ali eram mais que o suficiente para que ele se guiasse. E por isso Vega resolveu estudar tudo desde a base, voltando para o básico sobre Hollows para descobrir algo que talvez ele tivesse deixado passar. Por sorte, esses registros estavam na considerável biblioteca anexa.

Desde a base, desde o começo.

Hollows eram almas humanas que, por qualquer motivo, não foram enviadas à Soul Society e, ficando tempo demais no mundo humano ou presas por assuntos inacabados e emoções negativas, acabam se tornando monstros sem coração que precisam devorar outras almas. A perda de seu coração é representada por um buraco em seus corpos (em alguns isso representava o lugar onde a Sakketsu estava; em outros, representava o lugar onde foram mortos enquanto humanos), com as máscaras sendo feita pelo mesmo coração perdido depois de sua transformação. Por enquanto Vega não encontrou nenhuma novidade, nada que ele já não soubesse, mas se ele queria saber mais, aprender mais, ele precisaria fazê-lo desde o mais básico dos fundamentos.

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Vega prosseguiu com seus estudos, sem perceber as horas que passavam à medida que ele continuava. Enquanto muitas das coisas ele já sabia (intimamente por sinal, ele viveu e sobreviveu àquilo tudo), ainda assim ele estava procurando construir seu conhecimento desde a base.

Prosseguindo, quando um Hollow devora almas o suficientes ele se torna um Menos, um canibal que precisa devorar outros Hollows para saciar sua fome, o que o marcava como perigoso, embora Menos se atraíssem, provavelmente em busca de mais alimento. A partir daí, Menos eram mortos por Shinigamis ou encontravam algum portal que os levasse ao Hueco Mundo, onde sua evolução prosseguiria.

Não havia muitas novidades, afinal Vega já era familiar com a ecologia dos Hollows... Porém, quando ele chegou na descrição dos Gillians (Ou Menos Grande como costumavam sermais conhecidos no Hueco Mundo), algo chamou a atenção dele.

Uma habilidade em especial, chamada "Negación". Algo que os Hollows costumavam perder com sua evolução para Adjucha em troca de maior racionalidade e poder, mas que era unicamente poderoso. Ao enviar um raio de luz, era possível isolar o alvo em uma dimensão separada, isolada de uma forma que era impossível atingí-lo não importando quanta Reiatsu fosse usada. Porém, por ligar duas dimensões diferentes, se uma Negación fosse comprimida de forma que o alvo fosse infinitesimalmente pequeno, não havia um limite, em teoria, para quanto poderia ser transportado.

As mãos de Vega deixaram o livro cair com a realização.

Ele usou seu Sonído para ir rapidamente até o computador, seus dedos febrilmente digitando, acelerados pela mesma técnica de movimento Arrancar enquanto o único olho dele percorria a tela, vendo as informações e compreendendo o que ele precisava fazer... Se ele conseguisse usar o Negación nessa escala, não haveria limite para o que poderia ser registrado por ele...

E assim ele começou seu trabalho, seu primeiro grande desafio diante de si.

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Vega chegou a um ponto em seus estudos sobre Negación em que era impossível a ele progredir mais. Toda a teoria estava ali e funcionava, mas agora a única forma de colocar à prova seria ele próprio conjurando o Negación e usando-o para registrar os dados desejados. Infelizmente, isso era algo que demandaria mais tempo, mas saber que o arcabouço teórico era sólido e era uma possibilidade era o suficiente... Por agora.

Mas se ele desejava estocar mais que informação em seu Negación, Vega precisaria estudar sobre as partículas fundamentais que formavam tudo: o Reishi.

Reishi era o nome dado às partículas espirituais que formavam todos os corpos, animados e inanimados, na Soul Society e Hueco Mundo, ao contrário das Kishi, as partículas que formavam os corpos no mundo material. As partículas de Reishi podem interagir com o mundo das mais diversas formas ao estabelecer ligações entre si para formar seres e objetos, com cada partícula tendo uma "vibração" específica e atraindo partículas de vibração similar. Em geral, nos seres, a vibração era determinada por seu Reiryoku, a capacidade espiritual latente em todos os seres presentes na Soul Society e Hueco Mundo. Porém, Reiryoku era energia potencial, não a energia real, posição ocupada pela Reiatsu. Falar que alguém tem Reiatsu por ter Reiryoku era como dizer que um humano podia ultrapassar um carro em movimento porque ele podia correr.

Enquanto isso não é tecnicamente mentira, na prática a capacidade do humano é pequena demais para realizar esse tipo de coisa. Todas as almas tinham algum Reiryoku latente, a questão é que poucas eram fortes o suficientes para se tornarem Shinigamis dentro da Soul Society, em contrapartida do Hueco Mundo, onde os Hollows ali presentes pertenciam à classe dos Menos, já sendo agregados de almas e instinto com poder espiritual muito superior à uma alma humana comum, considerando que um Menos típico já devorou centenas de almas humanas antes de começar a canibalizar Hollows.

Continuando, o motivo para Kishi não existir nos mundos espirituais era uma questão de oposição natural: O Kishi formava ligações com partículas que tinham vibração oposta à sua. Em um mundo onde a natureza das ligações eram invertidas, um humano comum que não fosse formado por Reishi teria o corpo dilacerado assim que passasse para o Hueco Mundo ou para a Soul Society por causa da repulsão que ocorre num nível fundamental.

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Sabendo disso, o fenômeno de grande resistência se dá pela força das ligações entre as partículas de Reishi. Quanto mais fortes a ligação, maior era a resistência do objeto. A regra básica era essa e era isso o que determinava que aço era mais forte que ferro por ali: tão somente a força das ligações do ferro, que eram quebradiças, em comparação à solidez do aço. Porém, havia uma coisa que podia ultrapassar esse fenômeno básico: Reitasu.

Por exemplo, se um Shinigami destrói uma parede com um soco, não necessariamente aquele Shinigami é extremamente forte: aquilo pode ser apenas um uso de sua Reiatsu, que aumenta a força de suas ligações e permite uma demonstração de força nesse nível. Porém, esse tipo de manipulação é grosseira e não é algo que possa ser feito considerando que esse tipo de coisa costuma ser feito por quem não conhece a própria força. Por isso os constantes treinos para Shinigamis. O princípio defensivo é o mesmo, mas para inimigos que podem controlar melhor sua Reiatsu, esse tipo de coisa se torna inútil, sendo apenas uma versão vastamente inferior do Hierro.

A mente de Vega se viu perguntando sobre uma espada capaz de cortar tudo e todos indiscriminadamente, algo que o permitiria desfazer as ligações de Reishi e dissipar as partículas no ar... Uma lâmina que pode cortar tudo e um escudo que o protegeria de tudo pois as ligações seriam dissipadas no momento do contato, seja com a barreira erguida com esse princípio ou com a ponta da espada capaz de separar as partículas de Reishi praticamente uma por uma. Vega fez uma anotação mental para desenvolver algo nesse sentido depois. Mas, por agora, ele ainda precisava continuar seus estudos...

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Observações

Spoiler:

Vega alcançou a solução que tanto buscava.

Se ele reduzir os fragmentos de Reishi de algo à sua menor expressão e estocar em um Negación, ele pode guardar objetos e resultados de pesquisas uma vez que o Reishi precisa apenas se formar novamente depois de ter sido reduzido à sua forma mais elementar. E as partículas podem viajar a velocidades extremamente altas em virtude de sua natureza como fragmentos de almas e matéria. Como almas no Hueco Mundo e na Soul Society também eram feitas de matéria espiritual, era possível registrar mesmo elas... E mesmo que um corpo real não fosse registrado, talvez fosse possível usar a Reiatsu para mudar a vibração das partículas de Reishi para permitir mesmo a ressurreição...

Mas seria mesmo ressurreição? Parecia mais trazer um recorte do passado de volta ao presente... Mas mesmo assim, parecia algo infinitamente melhor, por mais que mudanças na personalidade e mentalidade fossem refletids na Reiatsu e a pessoa trazida de volta não fosse a mesma que morreu a depender de quando o registro fora feito...

Ainda assim, tudo era teoria por enquanto, mas Vega sentia que ele tinha acertado ouro. Mesmo que trazer alguém de volta não fosse possível, ele ainda assim sentia que poder transmitir informações com esse tipo de velocidade, acelerando Reishi e tratando-o como luz com uma capacidade quase infinita de registrar informação somado ao limite quase infinito de informação estocável dentro da Negación...

Vega podia ter alcançado uma realização do tipo que jamais fora visto no Hueco Mundo antes... Mas ele tinha muito trabalho a ser feito.

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Técnicas

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Observações

Spoiler:

Em mais uma das infinitas noites iguais no Hueco Mundo, Vega estava fazendo algo que ele não fazia habitualmente: meditando.

O Arrancar não sentia mais a ligação instintiva com seus poderes Hollow. Por mais que ele ainda pudesse usar com facilidade suas capacidades mais gerais como Hierro, Sonído, disparar Ceros, abrir Gargantas entre outros... Havia uma capacidade básica que não estava mais ali, facilmente acessada, uma que representava o seu verdadeiro poder e potencial, o poder que fora selado quando ele ganhou seus poderes de Shinigami depois de quebrar sua máscara.

Ressurrección.

Ainda assim, Vega não podia sentir o leve puxão inconsciente que estava sempre ali e que ele só reconhecia agora que não estava ali. A sensação se assemelhava á dor fantasma, que alguns sentiam em membros que foram cortados, mas cuja dor continuava como se o membro ainda estivesse ali. Era como se o seu potencial perdido doesse.

Por isso, Vega buscaria a resposta no único lugar em que ela poderia estar: dentro de si.

Em seus aposentos, ele se sentou com as pernas cruzadas, colocando sua Zanpakutou equilibrada sobre os joelhos antes de fechar os olhos e deixar sua alma mergulhar em si mesma. Ele estava se guiando por ecos dos Shinigami que ele devorou no passado, sabendo que aquilo era eficiente por mais que o conhecimento exato do que era ou do motivo por trás fora perdido em meio aos gritos, choros, uivos e todos os sons mais que incontáveis almas faziam na esperança de serem elas a assumirem o ego da entidade que um dia vagou pelo Hueco Mundo apenas devorando tudo o que via e que hoje era Vega Zrillioni.

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Observações

Spoiler:

Quando Vega abriu os olhos novamente, ele não esperava o que viu. Sua primeira imagem mental de como seria o seu subconsciente, seu mundo interior, seria algo parecido com o Hueco Mundo, e não aquilo.

Ele estava numa praia. A areia deu espaço para seus pés a cada passo, o mar arrebentava na praia com a espuma branca evaporando e o sol brilhava no céu... Ele já havia visto o sol antes...?

Ele prosseguiu com os passos, vendo a grande construção ao longe, os muros brancos e gigantescos parecendo uma mancha em um lugar infinitamente longe de seu alcance. As mãos dele foram ao cabo de sua espada, que estava embainhada em seu quadril como sempre mas o gesto não lhe trouxe a paz que ele desejava. Ao invés disso, o movimento talvez tenha sido profético porque algo emergiu do oceano: um Hollow.

Seu corpo era gigantesco, longilíneo, magro e negro, com placas brancas ao longo do seu corpo, uma máscara Hollow tapando seu rosto enquanto o buraco estava bem no centro. O Hollow uivou, lançando ondas de choque com seu rugido que sopraram a areia para longe com força para causar uma gigantesca tempestade, Vega protegendo seus olhos com o Hierro para evitar qualquer partícula que pudesse cegá-lo. Um desafio? Alguma encarnação de seus sentimentos e pensamentos que tomou forma? Algum dos muitos Hollows que devorara e que agora desejava vingança e uma chance de se tornar o ego que o guiava?

Ele sacou sua Zanpakuto e, ao mesmo tempo, ambos investiram com Sonído, máscara e lâmina se chocando.

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Observações

Spoiler:

A luta foi brutal.

O mar se tornou vermelho com o sangue, pedaços de carne e osso estavam caídos por toda parte como antigos monólitos cujo propósito fora esquecido pelo tempo. As areias estavam manchadas de sangue e mesmo Vega se viu coberto de sangue, suas roupas completamente tomadas pelo vermelho... O mesmo vermelho que pingava de sua Zanpakuto em grossas gotas... Antes de sentir algo puxando sua calça.

Era uma criança. Um garotinho. Altura mediana, usando roupas pretas... Uma Shikakusho Shinigami. Ele não se lembrava de ter comido um Shinigami tão jovem... Ou mesmo se Shingamis tão jovens sequer eram permitidos... Mas duas coisas chamavam a atenção: a primeira era que ele não tinha Zanpakutou.

A segunda era que ele não tinha rosto. Um negrume borrado, cinzento e sem feições, que englobava toda a cabeça dele que tornava impossível dizer qualquer coisa sobre ele...

─ Olá senhor! ─ O garoto disse. ─ Me acompanhe! Eu vou te guiar de volta para o seu poder!

Vega ergueu uma sobrancelha. ─ Muito bem. ─ Ele disse. Se fosse uma emboscada de alguma alma julgando que poderia se vingar, ele apenas a esmagaria... Ele já subjugou todos os pedaços de alma que agora formavam a sua uma vez... Ele poderia fazê-lo quantas vezes fossem necessárias.

Se não fosse, o que era ele, se não um pedaço de sua imaginação, um fragmento de sua consciência que iria guiá-lo de volta para a fonte de seu poder?

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Spoiler:

Os dois deixaram a praia através de um portal aberto pelo garoto... Mas o portal não se assemelhava ao Senkaimon ou a uma Garganta, mas sim parecia mais um talho direto no espaço que cedeu quando ele fez um gesto com a mão ao invés de ter alocado o Senkaimon como os Shinigamis faziam ou aberto uma Garganta através do próprio espaço.

─ Siga-me! Existem algumas coisas que precisamos cuidar para você recuperar o seu poder total e não podemos deixar que você desista agora! ─ O garotinho disse antes de passar pelo portal estranho, sendo seguido por Vega, que estava ainda um tanto quanto receoso, mas ainda assim ele pretendia recuperar todo o seu potencial... Não importando o que ele precisasse fazer para isso.

Quando eles saíram do portal, o Arrancar se viu em... Uma cidade? As casas eram simples e de madeira, o chão de terra batida e ele podia ver barracas, barris, cestos... Mas não havia ninguém por ali.

─ Para recuperar o seu poder, você precisa cumprir três tarefas. ─ O Garotinho indicou. ─ Na primeira, tem um pedaço da sua alma que você se esqueceu qual é... E precisa encontrar. Ele está em algum lugar dessa cidade. ─ Ele explicou.

Atrás dele, Vega podia sentir as presenças... Todas elas irradiando um poderoso intento assassino, um desejo de exterminá-lo que era tão claro, direto, sincero...

Era quase nostálgico.

─ Mas... Seria um erro achar que você não tem concorrência. ─ O Garotinho disse e, mesmo sem ver o rosto dele, Vega sabia que ele estava sorrindo. Uma ampulheta apareceu em suas mãos. ─ Você tem até o último grão de areia dessa ampulheta cair para encontrar... Do contrário, o seu poder vai estar perdido para sempre.

O sorriso do garotinho se ampliou, Vega podia sentir.

─ E o tempo começa... ─ Ele disse, virando a ampulheta. ─ Agora.

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Spoiler:

─ Ooh, aquilo me pegou de surpresa, o jeito que você escolheu resolver tudo... ─ O garotinho disse, olhando Vega que estava terminando de embainhar a sua Zanpakutou, diante da montanha de corpos Hollows dentro dele. ─ Mas foi assim que você aprendeu a seguir em frente não é? Massacrando impiedosamente todo mundo em seu caminho...

─ Mas agora chega! Precisamos ir para o seu segundo teste! ─ O garotinho disse abrindo outro daqueles estranhos portais, que os dois atravessaram. Mais uma vez, Vega se viu em uma praia, mas essa era em uma paisagem infinitamente mais familiar. A areia branca, árvores de quartzo, céu negro e lua minguante deixavam claro que aquele era o Hueco Mundo, mas diante de Vega havia...

─ Um mar de sangue? ─ Ele perguntou, confuso pela visão, o vermelho contrastando com a paisagem árida, neutra e uniforme.

─ A sua segunda tarefa é beber tudo isso. ─ O Garotinho apontou o mar carmesim.

─ E de onde veio esse sangue todo? ─ O Arrancar perguntou.

─ Esse é todo o sangue que você já derramou desde que virou um Hollow. ─ Ele indicou. Para isso o Arrancar não tinha uma resposta e se aproximou da beira do mar de sangue, que estava completamente parado, a superfície vermelha parecendo perfeita e uniforme.

"Isso... Eu preciso mesmo fazer isso?", Vega pensou, as mãos unidas e já cheias do sangue que ele conseguiu reunir. "É a única forma... Não é?", Ele disse a si mesmo depois de beber o primeiro gole, sentindo o gosto salgado de ferrugem em sua boca e descendo por sua garganta. Aquele foi o primeiro gole. Ele tinha muito o que beber.

"Eu... Realmente matei tantos assim...?"

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Vega não sabia quanto tempo ele demorou, mas, depois do que pareceu ser uma eternidade, lá estava ele. Suas roupas mais uma vez sujas com o sangue que ele bebeu e diante de si havia apenas um grande vazio. O garotinho mais uma vez estava ao lado dele.

─ E mais uma vez você me surpreendeu... ─ Ele comentou. ─ Não imaginei que você realmente teria a força para fazer isso tudo... Mas eu imagino que isso seja apenas o poder de um Vasto Lorde! ─ O garotinho riu. ─ Agora... Agora é hora do último teste... Logo ali. ─ Ele disse indicando o grande monólito ao longe que era Las Noches.

─ Mas antes desse teste... Você pode falar com alguém... Vamos, eles estão esperando. ─ Ele disse... E asim Vega o seguiu rumo a Las Noches.

Uma vez que chegaram e as massivas portas se abriram, Vega viu um grande salão cheio de outras pessoas com robes negros como a noite, com rostos, altura, sexos, espadas... Tudo era diferente de um para o outro. Enquanto andava, ele via... Todos os Shinigamis que um dia já devorou.

Todos com as espadas embainhadas, todos com os olhos pousados nele. Vega não sabia o que falar, mas ele se sentou ali, diante de todos e fechou os olhos antes de falar.

─ Vocês... Podem me dizer como eu posso superar meu último desafio?

─ Você não pode vencer. ─ Um shinigami disse.

─ Aceite ─ Outro apontou.

─ Algumas batalhas não são feitas pra sere vencidas. Você deve perder. ─ Um terceiro disse, com os conselhos se dissolvendo numa cacofonia que basicamente dizia a mesma coisa... Vega não tinha como vencer aquela luta. Era difícil dizer quanto tempo ele ficou ali, segurando a frustração

─ O tempo acabou. ─ O garotinho disse e, com um gesto de mão, todos os Shinigamis ali desapareceram. ─ É hora de deu desafio final, Vega Zrillioni. ─ Ele disse, indicando grandes portas duplas para Vega, que se colocou de pé e andou até elas, colocando as mãos na pedra e fazendo um pequeno esforço, com as portas se abrindo com facilidade e sem fazer ruído.

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Spoiler:

As portas se fecharam depois que Vega entrou. O ambiente parecia um grande coliseu com o teto coberto e com iluminação branca e artificial, feita com a mesma pedra branca que Las Noches, tendo vários degraus para uma audiência que, agora, consistia de uma única pessoa.

Vega sacou sua Zanpakuto, a expressão dura e imóvel dele parecendo esculpida em pedra.

E então, o oponente dele chegou.

O corpo parecia coberto numa mistura de pedra oceânica e escamas rudes, que cobriam todo o torso e pernas. Os braços terminavam em garras afiadas que Vega sabia serem tão letais quanto sua Zanpakutou. A máscara era diferente, tendo dois chifres que apontavam para o alto e tendo um distinto formato de caveira, tudo isso num corpo humanoide que falava sobre a imensa condensação de almas.

Vega sabia tudo sobre aquele ser.

Afinal... Aquele era Vega quando ele ainda era um Hollow vagando pelo Hueco Mundo.

A investida foi simultânea, afinal como não seria? Aquele era Vega e Vega era ele. As garras se prenderam com a Zanpakutou do Arrancar, que encarava sem demonstrar emoção enquanto sua versão antiga e selvagem rosnava e grunhia, o avanço bloqueado pela lâmina do Arrancar, com ambos se afastando usando seus respectivos Sonídos para ganhar espaço e indo para o alto... Pisando no ar.

Os movimentos estavam sendo espelhados não como algum tipo de programa de treinamento ridículo e macabro, mas sim porque ambos eram o mesmo ser e usavam as mesmas estratégias.

Vega estendeu a mão direita e apontou os dedos para o Hollow, que abriu a boca. Ambos acumularam Reiatsu em seus pontos focais...

E dispararam os Ceros ao mesmo tempo, causando uma grande nuvem de fumaça quando os golpes se chocaram e se anularam, agitando as fundações do coliseu... Não... De Las Noches e de todo o Hueco Mundo.

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As armas de ambos, a Zanpakuto do Arrancar e as garras do Hollow se chocavam constantemente, com faíscas alaranjadas voando a cada encontro de ambas. Os dois haviam reforçado o próprio corpo com Hierro para não sofrerem com o backlash dos próprios golpes, que lançava ambos para longe por conta da força colocada no encontro.

Mas havia uma diferença importante que marcou a natureza daquela batalha como uma luta de atrito: regeneração. Nenhum dos golpes de Vega ficava no corpo do Hollow porque este ainda tinha acesso à suas capacidades regenerativas... O que não era o caso de Vega, que estava começando a sentir o peso dos golpes se voltando contra si.

Ainda assim, o Arrancar não parou. Ele investiu mais uma vez, desaparecendo no ar por um momento enquanto sua contraparte fazia o mesmo... Mas havia algo inesperado.

Quando ambos se fecharam em seus golpes mais uma vez, o Hollow fora pego de surpresa... Porque desta vez o seu braço direito fora completamente cortado antes dele ser enviado para longe por uma massiva explosão à queima-roupa.

─ Você não deveria contar apenas com isso... Afinal, inteligência e estratégia são uma forma muito melhor de vencer a luta. ─ Vega comentou, com o garotinho compreendendo.

"Ele usou o Cero para aumentar o poder de corte da espada...", o garotinho pensou enquanto olhava o Hollow que uivou, já se regenerando, furioso com o ataque e investindo mais uma vez contra Vega.

Mais uma investida dos dois, mas dessa vez, não houve o familiar som de aço se chocando contra algo tão duro quanto.

Houve um som de pano rasgado seguido de um barulho molhado e nauseante.

─ Ele... Ele o mordeu?! ─ O garotinho exclamou, surpreso. ─ Ele ficou louco?!

─ Essa foi uma surpresa. ─ Vega Zrillioni disse, limpando o sangue de sua boca... Sangue que era dele e ao mesmo tempo não era. ─ Eu nunca imaginei... Que meu próprio gosto seria tão ruim.

O Hollow, que agora estava abaixo dele, de volta ao chão da arena, grunhiu furioso.

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Spoiler:

A luta voltou mas estava diferente agora... O Hollow estava claramente furioso e seus ataques eram mais selvagens e desgovernados, enquanto Vega estava mantendo uma defensiva calma e controlada... As garras colidiam com a espada do Arrancar, lançando faíscas constantemente.

"Mas o que é que ele está pensando? Não tem como ele ganhar dessa forma... Ele não tem como seguir com uma batalha de atrito desse jeito!" O garotinho pensou enquanto via o Hollow carregando mais um Cero e Vega investindo mais uma vez... Quando a rajada de energia fora disparada, Vega desviou para o lado com seu Sonído, desviando para uma distância curta e ao lado do Cero de forma que a miragem de velocidade dele foi atingida pelo Cero... E o Hollow teve um novo buraco aberto em seu corpo quando Vega o acertou com a bainha da Zanpakutou, usando o Onibi para lançá-lo a uma grande distância, um novo buraco em seu corpo.

O Hollow voou e arrebentou uma das paredes do Coliseu, uma grande nuvem de fumaça e detritos se erguendo, mas ele logo estava de pé, o corpo fumaçando com a regeneração... Porém Vega ainda estava ali, de pé...

O Hollow investiu com seu Sonído e...

O garotinho ouviu o som de carne sendo perfurada antes de ver o corpo de Vega atravessado pelo braço de sua contraparte Hollow.

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Observações

Spoiler:

Depois de perfurar o corpo de Vega, o Hollow apenas o encarou com os olhos vazios de sua máscara, com o próprio Vega apenas sorrindo enquanto o Hollow se desfazia em partículas espirituais, a ferida de Vega já fechada.

─ E o vencedor leva tudo. Agora é hora de irmos para a saída! ─ O garotinho disse, indo até Vega e abrindo outro portal... Que os dois atravessaram.

─ Eu quero perguntar algo a você, antes de voltarmos. ─ Vega começou, antes de seguir com a sua pergunta. ─ Quem é você?

─ Tem certeza que não sabe? ─ O garotinho perguntou. ─ Eu sou um fiapo de memória... Um fragmento de ego que conseguiu tomar forma com um pouco de Reiatsu Shinigami que você devorou. Eu ainda tenho memórias vagas. Dias felizes, verões ternos e uma vida feliz enquanto durou: eu não tive grandes problemas e haviam outros ali por mim.

Vega continuou em silêncio.

─ No fim... Acho que alguém estava ali para segurar a minha mão. ─ O garotinho continuou. ─ Considerando o que sou... O que somos... Que rosto eu devo ter para você?

Um outro talho se abriu, este indo para uma escuridão infinita como o vácuo do espaço.

─ Você sai por aqui. Agora você já possui o seu potencial desbloqueado... E não precisa se preocupar comigo. ─ O corpo do garotinho estava se desfazendo em partículas luminosas que evaporavam no ar. ─ Você vai ficar bem. Nós vamos ficar bem.

"Afinal, nosso presente é o maior tesouro que temos... E o único que vamos ter."

E, em Las Noches, Vega Zrillioni abriu os olhos.

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Técnicas

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Observações

Spoiler:

Depois da massiva batalha entre Shinigamis e Arrancars que abalou as fundações de Las Noches, era hora de se focar nos reforços de reconstrução de Las Noches e do Hueco Mundo em geral. Todos os Arrancars estavam envolvidos nos esforços de reconstrução e mesmo os Espadas tinham afazeres a cumprir, estes mais ligados à natureza básica do grupo, isto é: procurar por Hollows poderosos que pudessem ajudar a suprir o desfalque de seus números como casualidade da batalha.

Vega deveria verificar a extensão geral de Las Noches e reportar todos os dannos que pudesse encontrar. Uma missão relativamente simples e que poderia ser cumprida em uma questão de horas com o uso do Sonído para cobrir a distância... Mas Vega resolveu usar essa oportunidade como uma forma de treinamento. Vega sabia que seu corpo era bastante... Frágil quando comparado à maioria de seus pares e isso era uma fraqueza que ele precisava suprir o quanto antes... Afinal, ele precisava ser capaz de lutar sem confiar em seus experimentos no pior cenário e por isso o Arrancar precisava melhorar suas defesas...

Afinal, contar sempre com suas técnicas não era uma receita para sucesso. Era uma forma declarada, real e extremamente arrogante de se tornar complacente... E ele, como Hollow, Arrancar e cientista jamais poderia permitir que algo assim acontecesse.

Complacência era o que levava todos a ruína. Homens, mulheres, crianças, Shinigamis, Hollows, Arrancars... Nem deuses estavam excluídos desse simples fato, tão certo e verdadeiro quanto a lei da gravidade. Complacência levava à preguiça e preguiça levava ao caos. Haviam formas certas de ficar preso no limbo da Estagnação.

Mas, de qualquer forma, Vega resolveu usar essa oportunidade para se treinar. Naturalmente, as dimensões e danos reportados foram entregues a um de seus Ataúdes antes do fim do dia... Mas o Arrancar, uma vez que estava na entrada de Las Noches, começou a correr. Correr o mais rápido que podia, mas sem usar nenhum pingo de sua Reiatsu, se focando apenas no movimento dos músculos, no calor da própria respiração, em como o ar parecia correr como fogo por seu corpo...

Vega precisava saber seus limites e, depois do que pareceram ser algumas horas, seu corpo já cansado e curvado lhe informava isso. Mas isso não bastava.

Ele precisava ir além. Dessa forma, ele resumiu sua corrida. Ele correu e correu. Seus tendões pareciam prestes a romper, seus músculos pareciam prestes a rasgar... Cada lufada de ar em seus pulmões era quente como fogo e esfaqueava como se ele inspirasse agulhas.

Mas ele ainda assim continuou, sem parar. Determinado a seguir em frente afinal... Era a única coisa que ele podia fazer. Se o futuro estava eternamente vindo e o futuro era o acúmulo do passado e o passado é nada mais nada menos que o acúmulo do presente, então ambos eram apenas uma ilusão... Mas, ao mesmo tempo, sempre havia algo vindo... Uma expectativa que podia ou não se tornar real... E a vida de Vega, de certa forma, é a marcha infindável rumo a essa expectativa, não olhando para a frente ou para trás... Mas sim eternamente aninhando em seus braços o que todos chamavam de "presente". Talvez, quando ele era humano, ele fosse o curador de um museu.

Depois de algum tempo, até a Reiatsu de Vega começou a vacilar, como se mesmo seu poder espiritual não conseguisse acompanhar o ritmo brutal mas lento de seu corpo, que fazia parecer que mil lâminas microscópicas estavam dentro de seu corpo, matando-o célula por célula. O ego dele continuava forte por mais que o esforço quase suicida daquela corrida por Las Noches fizesse seu corpo se dobrar da forma que sua mente jamais o faria.

Os sentidos de Vega sequer podiam informar mais nada a ele. Seu olho só via o que estava diante de si, seu tato lhe informava que o chão era duro, seu paladar só sentia o sabor amorfo e insosso da própria saliva pastosa, seu olfato ardia como brasas a cada nova lufada de ar para seus pulmões e sua audição só podia captar os sons que seu corpo quase em colapso fazia. Nem mesmo sua língua parecia mais uma parte de seu corpo, sendo mais um pedaço inútil de carne que pendia molemente de sua boca. Se Vega tentasse falar algo, não haveria som algum saindo de seus lábios, só o mesmo silvo sibilante que enchia sua traqueia a cada nova inspiração.

Ele ouvia aqui e ali algumas vozes, mas o som era distante, anecoico e vazio, como ecos no deserto sufocados pelo som do vento. E Vega não parava. Era difícil dizer se ele havia parado ou não, onde ele estava ou mesmo até onde a dor que começava em seus pés alcançava o seu corpo, mas Vega continuava. O olho dele captou um pequeno rastro vermelho pelo chão... Mas não lhe ocorreu que aquele era o sangue que saía de seus pés arruinados pela corrida quase insana que ele empreendeu. Las Noches era inigualavelmente grande... Pela escala do mundo humano, as dimensões eram as mesmas que um país pequeno. E Vega ainda estava em seu compromisso quase insano de ficar mais forte ao reforçar a si mesmo... Ao forçar seu corpo além dos limites num ritmo que já ultrapassava os limites da própria insanidade.

Ryūgan estaria orgulhoso de ver o esforço de Vega, mas talvez até ele se preocupasse com um método de treino tão simplista que se tornou pura loucura.

Ao mesmo tempo, uma forma de treinamento tão simples, direta e extrema era a única que Ryūgan genuinamente aprovaria para um de seus subordinados, então é bem capaz que ele ainda falasse que Vega precisasse se esforçar ainda mais se queria mesmo ficar mais forte. Era apenas a forma que o seu superior pensava e, depois do tempo passado trabalhando para ele, o Arrancar precisava se perguntar o quanto da forma quase insanamente simples e direta de Ryūgan agir estava influenciando-o... Ou se ele sempre fora assim e o seu Espada apenas trouxe esse lado à tona.

Vega só soube que desmaiou quando acordou. Ele estava de volta a seus aposentos... Seu corpo parecia ter sido mastigado, cuspido e esmagado por algo infinitamente maior do que ele, mas o Arrancar sacudiu a cabeça, tentando tirar as teias de exaustão de sua mente... O Arrancar começou a se vestir e, assim que o fez, começou a correr novamente.

Mas, dessa vez, ao invés de ter todas as suas energias drenadas no esforço para não parar e continuar seguindo em frente, dessa vez, Vega foi capaz de manter a sua mente alerta e tranquila, com a sua inteligência de sempre presente e ativa... A capacidade de percepção, dedução e análise tão afiadas quanto o fio de sua espada.

Aquilo não era para velocidade, nunca havia sido. Ao invés disso, era para aumentar sua resistência e estamina...

O sucesso em sua pequena empreitada de insanidade foi o suficiente para fazê-lo sorrir enquanto voltava a seus aposentos.

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Técnicas

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Observações