O ruído constante provindo do circuito interno dos computadores do laboratório era, de alguma forma, tranquilizante. O som dos ventiladores embutidos responsáveis pelo resfriamento dos capacitores e placas. O barulho da energia incessantemente correndo pelos fios e dando vida aos monitores que iluminavam a sala num azul escuro, enquanto toda a escuridão parecia ficar distante.

Os olhos vidrados de Ikki ao monitor do segundo monitor do canto esquerdo, um pouco abaixo do primeiro na fila de cima, observavam a movimentação externa ao ISPD, na barracas da 12ª Divisão. Um grupo de Shinigamis se aglomerava em frente à uma das barracas. Sete pessoas. Aparentemente conversavam. Ikki não sabia o que, mas era curioso perceber seus trejeitos e movimentos. Um pouco mais à direita, próximo ao monitor do canto, imagens do corredor central do ISPD. Ikki analisava enquanto enrolava um cacho de seus cabelos em seu dedo indicador; seus olhos sequer piscavam. Duas pessoas passaram no corredor, acenando entre si em sinal de cumprimento. Ikki ajeitou seus pés que estavam sobre o assento, curvando-se um pouco mais para frente.

*toc toc*

O barulho de alguém batendo à porta chegou aos ouvidos de Ikki. Ele sequer virou-se. — Ootsuka? — Uma voz jovial chegou aos seus ouvidos, era um homem. — Sim. — Ikki respondeu, ainda sem tirar os olhos das telas. — Alguns equipamentos pararam de funcionar no laboratório E12. Precisam de você.— Comunicou, o homem. A atenção do jovem cientista de cabelos brancos parecia permanecer imersa nas telas que se dispunham à sua frente e, por um momento, o silêncio pairou. — Ootsuka? — O jovem perguntou na tentativa de chamar a atenção do outro. — Sim? — Ikki manteve-se na mesma posição. — Eles precisam de você. — O rapaz enfatizou, enquanto ajeitava os óculos com um sorriso sem graça em face. — Eu ouvi. — Fora a resposta de Ootsuka, sem olhá-lo ou flexionar a voz, friamente enfático.

O jovem rapaz virara-se com raiva aparente em seu rosto, praguejando enquanto fechava a porta. — Babaca. — A palavra chegou ao ouvido de Ootsuka, porém, sequer entendera o motivo pela qual ela fora desferida. Tomou como motivo uma aparente falta de conexão emocional e, por isso, ignorou. Pausou mais alguns segundos diante da tela e, então, se levantou devagar. Descalço, caminhou até a porta e assim seguiu pelos corredores, até o laboratório E12.

Abriu a porta do laboratório lentamente, dando de frente ao comportamento agitado de um jovem com sobrepeso e olhos esbugalhados. — Ah, que bom chegara, eu não sei o que aconteceu, simplesmente desligou tudo... — Ele explicava com palavras cuspidas rapidamente, enquanto o jovem albino caminhava laboratório adentro. O local comportava uma sala de experimentos tecnológicos, onde um único monitor de tamanho grande se conectava por um cabo grosseiro que ia até um equipamento logo abaixo. Uma espécie de processador. Ao lado do processador, uma câmara fechada e sem luz aparente, uma espécie de forno com composição tecnológica avançada. Diversos fios se esgueiravam pela sala, interligando-se à equipamentos desconhecidos acoplados na parede.

Ikki olhou ao redor, ignorando o pequeno e gordo cientista.

Considerações:

Técnicas:

——