Minha visão parecia turva. Um lugar estranho e familiar ao mesmo tempo reside em meu olhar, quase como um vívido paradoxo. Ouço um som estranho, e por instinto me viro em direção a ele. Vejo um bebê, provavelmente recém-nascido, no colo de alguém que aparenta ser sua mãe. Tento me focar em seus rostos para discernir algo, mas minha visão ainda está estranha. Seus rostos me parecem estranhamente familiares e essa sensação faz com que eu me perca em pensamentos tentando descobrir de onde vem este sentimento, até que uma voz quebra minha concentração.

- Nozomi, seu nome será nozomi.

Ao ouvir essas palavras sinto um arrepio, semelhante a uma onda de choque que passa por todo meu corpo. Será possível?

- Espero que esse nome lhe dê forças em seus dias difíceis, e lhe guie em direção ao futuro que deseja.

Essas palavras ditas em uma voz trêmula causam um aperto indescritível em meu peito, lágrimas começam a surgir em meus olhos de maneira tão natural que mal as percebo. Percebo que minha respiração está ofegante, poderia essa visão ser...

Em um susto, levanto, lágrimas caindo de meus olhos e minha respiração ainda intensa. Um sonho, poderia ele significar algo ou seria apenas um fruto de minha mente ansiando por resposta sobre meu passado?

Em meio a estas dúvidas me sinto obrigado a levantar da cama e sair de meu quarto para tomar um ar pois este ambiente está me causando uma sensação estranha de claustrofobia e certamente não conseguirei mais dormir.

Ao chegar ao lado de fora, percebo que ainda é noite, provavelmente umas três ou quatro horas. Esta sensação incômoda ainda paira sobre mim, um amalgamado de ansiedade, saudade e tristeza. Começo a caminhar sem rumo pelo Sereitei, tentando acalmar minha mente com um pouco de movimento.

Não sei ao certo quanto tempo se passou desde que comecei minha caminhada, mas imagino que pelo menos que já estou andando há quase uma hora. Todo esse tempo andando não parece surtir nenhum efeito positivo em meu estado e percebo que minhas ideias ainda estão confusas e instáveis até que me deparo com uma imagem.

Uma árvore, aparentemente comum, mas que possui muitas memórias preciosas. Me lembro como se fosse ontem, foi aqui aonde fiz meu juramento após me tornar oficialmente um Shinigami. Estava dando uma caminhada com o oficial da primeira divisão que me trouxe para Soul Society, com a finalidade de conhecer o local até que ele me para aqui e diz.

- Todos precisam de um ponto de partida e o seu será aqui.

Por não entender suas palavras, olhei para ele com um semblante visivelmente confuso.

- É como um rito de passagem que eu gosto de fazer, você escolhe um lugar para marcar o início de sua jornada, assim, sempre que se sentir perdido, saberá aonde voltar.

- Mas por que essa árvore, ela tem algo de especial?

- Por que não essa árvore? Entenda uma coisa, não importa de onde você parte, isto é apenas um ponto de referência para você futuramente poder olhar para trás e ver aonde você chegou, o que realmente importa é ter um lugar.

Suas palavras não faziam muito sentido, mas resolvi não questionar. Seguindo suas instruções, peguei minha Zanpakutou e fiz um pequeno corte na árvore.

- Pronto, agora a sua jornada oficialmente começou. Lembre-se, se algum dia se sentir perdido, venha até aqui e deixe que esta árvore seja o seu guia para lhe lembrar de onde veio e aonde quer ir.

Ao me ver de frente para ela agora, acho que finalmente entendo o que ele quis dizer, talvez meu subconsciente tenha me trazido até aqui por acidente ou realmente seja obra do acaso, mas não importa. Sigo em direção a árvore e minha mente já parece se acalmar, ainda assim, não posso apenas ignorar as dúvidas que me cercavam, preciso usar esta oportunidade.

Sento em frente a árvore e fecho meus olhos, tentando entrar em contato com os pensamentos que há pouco tempo me rodeavam tão intensamente. De maneira quase inexplicável, sinto que consigo controlar e talvez finalmente entender o que está acontecendo. Começo a respirar profundamente, entrando em um estado quase de transe e começo a vagar pelos confins de minha memória, até que me vejo novamente sobre aquela cena.

Minha visão agora está mais clara, consigo discernir os rostos a minha frente, tanto da mulher quanto do bebê, ainda que não consiga identificar quem são. Tento me concentrar mais e deixar que meus instintos me guiem em direção a resposta, encaro atentamente a cena quase estática diante de mim até que uma palavra escapa de meus lábios.

- Mãe...

Não sei dizer ao certo como sei disso, mas a pessoa que vejo em minha frente certamente é minha mãe. Não é fruto da minha imaginação, mas sim vestígios de meu passado perdido. Agora sinto que consigo entender com mais clareza a situação. Consigo me lembrar que ao chegar no Rukongai, não conseguia nem me lembrar de meu próprio nome direito, e por isso, depois de um tempo acabei adotando o nome Kenshin. Ainda assim por algum motivo um outro nome acabou aparecendo ao acaso em minha cabeça eventualmente, e decidi adotá-lo como sobrenome.

Fecho os olhos calmamente e ao abri-los, me vejo novamente diante da árvore agora com o sol pairando sobre minha cabeça. Me levanto calmamente, sinto como se um peso tivesse sido retirado de minhas costas. Certamente não mudarei meu nome, mas é bom saber meu verdadeiro nome e sua origem. Um sorriso se aparece naturalmente em meu rosto ao lembrar do mais importante, o rosto perdido da pessoa que me agraciou com ele.

Ando em direção a árvore e agradeço ao homem que me fez marcar esta árvore como um lugar especial, agora entendendo finalmente a importância de termos um lugar que simbolize nossa origem. Ao me afastar percebo também que minha energia flui com mais facilidade, como se uma pedra que estivesse há muito tempo obstruindo seu fluxo tivesse sido finalmente removida, permitindo que um poder maior se revele.

- Lhe deixarei orgulhosa, mãe.

Digo enquanto caminho de volta em direção a divisão 1, revigorado e pronto para seguir com meus deveres de Shinigami.

Considerações:

Minha visão parecia turva. Um lugar estranho e familiar ao mesmo tempo reside em meu olhar, quase como um vívido paradoxo. Ouço um som estranho, e por instinto me viro em direção a ele. Vejo um bebê, provavelmente recém-nascido, no colo de alguém que aparenta ser sua mãe. Tento me focar em seus rostos para discernir algo, mas minha visão ainda está estranha. Seus rostos me parecem estranhamente familiares e essa sensação faz com que eu me perca em pensamentos tentando descobrir de onde vem este sentimento, até que uma voz quebra minha concentração.

- Nozomi, seu nome será nozomi.

Ao ouvir essas palavras sinto um arrepio, semelhante a uma onda de choque que passa por todo meu corpo. Será possível?

- Espero que esse nome lhe dê forças em seus dias difíceis, e lhe guie em direção ao futuro que deseja.

Essas palavras ditas em uma voz trêmula causam um aperto indescritível em meu peito, lágrimas começam a surgir em meus olhos de maneira tão natural que mal as percebo. Percebo que minha respiração está ofegante, poderia essa visão ser...

Em um susto, levanto, lágrimas caindo de meus olhos e minha respiração ainda intensa. Um sonho, poderia ele significar algo ou seria apenas um fruto de minha mente ansiando por resposta sobre meu passado?

Em meio a estas dúvidas me sinto obrigado a levantar da cama e sair de meu quarto para tomar um ar pois este ambiente está me causando uma sensação estranha de claustrofobia e certamente não conseguirei mais dormir.

Ao chegar ao lado de fora, percebo que ainda é noite, provavelmente umas três ou quatro horas. Esta sensação incômoda ainda paira sobre mim, um amalgamado de ansiedade, saudade e tristeza. Começo a caminhar sem rumo pelo Sereitei, tentando acalmar minha mente com um pouco de movimento.

Não sei ao certo quanto tempo se passou desde que comecei minha caminhada, mas imagino que pelo menos que já estou andando há quase uma hora. Todo esse tempo andando não parece surtir nenhum efeito positivo em meu estado e percebo que minhas ideias ainda estão confusas e instáveis até que me deparo com uma imagem.

Uma árvore, aparentemente comum, mas que possui muitas memórias preciosas. Me lembro como se fosse ontem, foi aqui aonde fiz meu juramento após me tornar oficialmente um Shinigami. Estava dando uma caminhada com o oficial da primeira divisão que me trouxe para Soul Society, com a finalidade de conhecer o local até que ele me para aqui e diz.

- Todos precisam de um ponto de partida e o seu será aqui.

Por não entender suas palavras, olhei para ele com um semblante visivelmente confuso.

- É como um rito de passagem que eu gosto de fazer, você escolhe um lugar para marcar o início de sua jornada, assim, sempre que se sentir perdido, saberá aonde voltar.

- Mas por que essa árvore, ela tem algo de especial?

- Por que não essa árvore? Entenda uma coisa, não importa de onde você parte, isto é apenas um ponto de referência para você futuramente poder olhar para trás e ver aonde você chegou, o que realmente importa é ter um lugar.

Suas palavras não faziam muito sentido, mas resolvi não questionar. Seguindo suas instruções, peguei minha Zanpakutou e fiz um pequeno corte na árvore.

- Pronto, agora a sua jornada oficialmente começou. Lembre-se, se algum dia se sentir perdido, venha até aqui e deixe que esta árvore seja o seu guia para lhe lembrar de onde veio e aonde quer ir.

Ao me ver de frente para ela agora, acho que finalmente entendo o que ele quis dizer, talvez meu subconsciente tenha me trazido até aqui por acidente ou realmente seja obra do acaso, mas não importa. Sigo em direção a árvore e minha mente já parece se acalmar um pouco, ainda assim, não posso apenas ignorar as dúvidas que me cercavam, preciso usar esta oportunidade.

Sento em frente a árvore e fecho meus olhos, tentando entrar em contato com os pensamentos que há pouco tempo me rodeavam tão intensamente. Procuro concentrar toda minha energia espiritual para acalmar as dúvidas que me cercam e tentar encontrar o verdadeiro sentido das imagens que vi em meu sonho. Percebo que minha energia se move de maneira errante, quase que como resposta ao meu atual estado, minha energia parece se comprimir e modificar de maneira estranha, como se estivesse perdida e confusa.

Tento me concentrar mais, intensificando minha respiração, se minha reiatsu é um reflexo de meu estado, então é crucial que eu consiga dominá-la. Imagino o fluxo de energia passando pelo meu corpo, fluindo, e utilizo esta imagem para tentar induzir minha reiatsu a voltar ao seu estado natural. Após um tempo imaginando a energia fluindo de maneira natural, como um rio, começo a sentir os resultados. Finalmente percebo uma calma, indicando que finalmente retomei o controle de minha energia espiritual.

Utilizo esta energia em meus pensamentos, para tentar induzir minha mente a um estado mais calmo. Após um tempo me concentrando nisso, sinto que as imagens em minha mente finalmente parecem mais claras. Começo a respirar profundamente, entrando em um estado quase de transe e começo a vagar pelos confins de minha memória, até que me vejo novamente sobre aquela cena.

Minha visão agora está mais clara, consigo discernir os rostos a minha frente, tanto da mulher quanto do bebê, ainda que não consiga identificar quem são. Tento me concentrar mais e deixar que meus instintos me guiem em direção a resposta, encaro atentamente a cena quase estática diante de mim até que uma palavra escapa de meus lábios.

- Mãe...

Não sei dizer ao certo como sei disso, mas a pessoa que vejo em minha frente certamente é minha mãe. Não é fruto da minha imaginação, mas sim vestígios de meu passado perdido. Agora sinto que consigo entender com mais clareza a situação. Consigo me lembrar que ao chegar no Rukongai, não conseguia nem me lembrar de meu próprio nome direito, e por isso, depois de um tempo acabei adotando o nome Kenshin. Ainda assim por algum motivo um outro nome acabou aparecendo ao acaso em minha cabeça eventualmente, e decidi adotá-lo como sobrenome.

Fecho os olhos calmamente e ao abri-los, me vejo novamente diante da árvore agora com o sol pairando sobre minha cabeça. Me levanto calmamente, sinto como se um peso tivesse sido retirado de minhas costas. Certamente não mudarei meu nome, mas é bom saber meu verdadeiro nome e sua origem. Um sorriso se aparece naturalmente em meu rosto ao lembrar do mais importante, o rosto perdido da pessoa que me agraciou com ele.

Ando em direção a árvore e agradeço ao homem que me fez marcar esta árvore como um lugar especial, agora entendendo finalmente a importância de termos um lugar que simbolize nossa origem. Ao me afastar percebo também que minha reiatsu brilha com mais intensidade, como se tivesse alcançado um novo nível após tudo que ocorreu. Minha energia espiritual flui com mais facilidade, como se uma pedra que estivesse há muito tempo obstruindo seu fluxo tivesse sido finalmente removida, permitindo que um poder maior se revele.

- Lhe deixarei orgulhosa, mãe.

Digo enquanto caminho de volta em direção a divisão 1, revigorado e pronto para seguir com meus deveres de Shinigami.

Considerações: