1999

Ícone : Mensagens : 103 Data de inscrição : 30/07/2022

Vida: 800/800　Reiatsu: 600/600　Stamina: 6/6　Cansaço: 0/4

空

Era chegado o dia.

O salão era longo. As paredes eram altas e vermelhas. O piso de madeira, encerado perfeitamente, refletia cada um dos que chegavam como se estivessem andando sobre a água. O portão de entrada tinha cinco metros de altura. Do lado oposto, uma cadeira cujo encosto tinha o tamanho de três homens jazia de frente para o resto da sala. O assento do comandante. Na parede logo atrás, um pergaminho imenso estava pendurado como se fosse uma bandeira. Nele, em tinta preta e absoluta, estavam listados todos os ritos e tradições da Gotei 13.

Kuina foi a primeira a chegar. Chegou meia hora antes, inclusive. E do jeito que ela era, provavelmente se segurou para não chegar ainda mais cedo. Naquele dia ela não conseguiria se atrasar, mesmo se tentasse. Não poderia se dar esse luxo. Esse era um dia que martelava na sua cabeça desde que ela foi nomeada comandante.

A reunião dos capitães.

Plink. Uma gota de suor manchou o piso. Kuina limpou o rosto. E então se sentou na cadeira, de pernas cruzadas. A bochecha repousou no punho direito. O manto de capitã-comandante se aconchegava ao redor do encosto. Era como se ele sentisse saudade dali. Kuina riu em silencio. Ela só percebeu agora, mas hoje não estava o usando como uma capa. Era a primeira vez que realmente o vestiu.

Seus olhos vagaram pelo salão vazio. Estava cedo. Sem pressa, o tempo caminhava. Conforme caminhava, a garota começava a se perder nos pensamentos. O reflexo no piso agora parecia uma enorme tela de cinema. Ela viu muitas coisas naquela tela. Viu uma espiã, cujos olhoa cintilavam com determinação. Viu juízes, que julgavam duramente. Viu Ayato. Viu uma tenente ao lado dele. Viu o Hueco Mundo. Viu o sangue que se espalhava pelo deserto, e os gritos daqueles que foram sacrificados. E viu a Seireitei. Cada uma das pessoas da Seireitei. Eles olhavam para ela com olhos de desaprovação. E de repente iam sumindo, um a um. A cada vez que um deles sumia, o piso ia ficando mais escuro, atē que se viu em cima de um mar negro e infinito. Um calafrio rasgou sua coluna e ela se sentiu em queda livre. Até que um som seco de martelo perfurou a sua mente, e ela acordou. Estava suando. Nesse momento, um vento frio e violento correu pelo salão. Seus cabelos voaram loucamente e ela cerrou os punhos. Foi quando ouviu o som de passos se aproximando.

Já estava na hora.

Importante:

Ficha

Ícone : Mensagens : 407 Data de inscrição : 04/09/2022

Vida: 700/700

Reiatsu: 1300/1300

Stamina: 6/6

Algum tempo tinha se passado desde a última vez que entrara naquela sala. Um ano, dois? Não dava para lembrar direito e não importava. Agora o peso em minhas costas era totalmente diferente, não só filosoficamente como fisicamente, o manto da nona divisão condecorava minhas costas enquanto no corpo trajava um kimono puxado ao roxo e lilás, dava o primeiro passo e olhava pela sala, de certa forma ela parecia diferente de antes ou seria apenas a impressão?

As memórias pareciam inundar-me aos montes, seja quando era apenas tenente e Genro estava vivo, lembrava de sempre olhar para ele adentrando a sala e logo íamos para a sala dos tenentes e pós sua morte eu participando em seu lugar ainda como tenente. Agora as coisas eram diferentes, era a nova capitã da nona divisão, uma divisão nova para mim e com um papel importante dentro da Soul Society. O ar parecia mais denso desde a última vez, talvez pelos últimos acontecimentos também.
Essa era outra coisa curiosa, por que Kuina teria chamado uma reunião agora? Apenas para alinhar as expectativas de seus subordinados ou teria algo amais? Será que o enredo com Ayatto finalmente começaria a se desenrolar frente as ações da nova capitã-comandante? “Bom, não importa agora, nossa capitã não tomaria essas ações atoa” E sem pensar mais acenava com a cabeça para a comandante, quase como uma reverência e sentava na nona cadeira, esperando os outros capitães comparecerem.

Depois de Kuina eu era a primeira, e isso me fazia imaginar como seriam os outros. A Seireitei mudara bastante desde os últimos eventos e agora para onde seria sua direção ?

Ícone : Mensagens : 132 Data de inscrição : 14/08/2022

Yukimura Yuichi

Quando o comunicado de que a nova Comandante ordenara uma reunião entre os capitães apenas assenti de maneira pensativa. Então finalmente chegara o momento onde o novo corpo do alto escalão de comando do Gotei 13 se encontraria. Era difícil imaginar quantos rostos diferentes veria e quantos deles seriam familiares; era de se esperar que, assim como eu, alguns dos antigos tenentes dos capitães que haviam desaparecido tomariam seus lugares e continuariam seu legado, porém ao mesmo tempo, imaginava quantos teriam sido indicados inesperadamente, como Kuina, nossa recém comandante.

Enquanto caminhava até a sala de reuniões refletia em como no decorrer de toda minha vida no Gotei 13 nunca fiz grandes amizades; além de minha capitã e eventualmente alguns oficiais da sétima divisão, dificilmente um forte laço se formava entre os integrantes dos demais esquadrões e eu, mesmo convivendo com os até então tenentes em ocasiões como essa, onde éramos convocados para tais momentos de burocracia.

Um segundo antes de aparecer frente a porta parei e respirei fundo. Mantive a rotineira expressão neutra enquanto adentrava o grande portão que guardava o salão. Da perspectiva de um capitão era diferente, mas era como se nada tivesse mudado desde a última vez que eu estive ali, além é claro, da presença de Aika. Um suspiro escapou enquanto ainda passava pelo acesso da sala e vislumbrava a presença de outras duas pessoas no local: Akado Kuina, nossa mais nova Capitã-Comandante e um rosto já conhecido, que eu julgava ser a nova Capitã da nona divisão pela posição que se encontrava na sala, Komei. Acenei com a cabeça para ambas em um gesto de respeito, mas nada disse, logo me direcionando ao posto de capitão da sétima divisão e aguardando os demais chegarem.

hp 600/600 | reiatsu 1400/1400 | stamina 7/7

Ícone : Mensagens : 346 Data de inscrição : 17/04/2021

700 HP — 900 RT — 00/06 ST

Não havia passado muito tempo desde a notícia. Ichanabe Aiko, Tenente da Décima Divisão, havia desaparecido há cinco dias. Sem vestígios, como o esperado. Talvez, se eu tivesse me ocupado mais em ficar dentro de meu batalhão, isso não tivesse acontecido. Entretanto, confabular sobre as coisas não mudariam os fatos. Outros haviam desaparecido como ela. Confesso que ainda não havia ponderado todas as possibilidades naquele tempo e, inesperadamente, havia surgido aquela reunião.

Aos passos lentos, eu parti até o salão. Sem pressa alguma. O sorriso despreocupado ainda não deixara meu rosto, apesar dos acontecimentos. Alguns diriam ser um otimismo tolo, eu chamava de manter a postura. O desespero só traria mais caos entre os meus homens e os demais. Ao entrar na sala, me surpreendi por não ter sido o último a chegar, mas sim, um dos primeiros. — Yare, parece que não fui o último a chegar. — Falei em tom descontraído, parado próximo a porta do salão.

Três pessoas conhecidas, mas, contraditoriamente, desconhecidas. — Parabéns pela promoção, Capitã Komei. — Falei, com um sorriso simpático em meu rosto, a mulher que eu julgava ser a nova capitã da nona divisão. Em seguida, cumprimentei o Capitão Yuchimura com um leve aceno com a cabeça e em seguida, olhei a mulher sentado em uma cadeira. Akado Kuina. — Capitã-Comandante... — Eu dizia. — É um prazer conhecê-la pessoalmente. — Falei. Logo, eu me movi até meu lugar de direito. Em todos aqueles anos, eu já estava acostumado àquele tipo de reunião, apesar disso, as coisas eram diferentes agora. Não recordava, em todos esses anos, de uma situação tão drástica quanto aquela.

[...]

Considerações:

Ícone : Mensagens : 141 Data de inscrição : 17/07/2022

H

ōmon

Ao por os pés em minha divisão, sou recebido com um chamado da capitã comandante, convocando todos para uma reunião; Um suspiro junto ao apoiar de minha mão direita na testa revela minha animação para tal encontro, diversos rostos novos, cargos ocupados por desespero e um mistério que ameaça todos os planos de existência. — Maravilha... Ozuke! Meu haori, por favor. — Exclamo enquanto caminho em direção a sala designada.

O grande portão onde já estive milhares de vezes ao longo dos anos se torna pela primeira vez em muito tempo, intimidador... As informações que seriam passadas ao longo dessa reunião irão refletir no estado geral da Seireitei; Abro o portão, ficando parado por um instante, observando os rostos presentes ao longo da sala retangular, ao final da mesma está ela, a mais nova esperança dos mundos... "Estamos na merda..." — Penso enquanto largo um suspiro cansado, me dirigindo ao meu local designado e permanecendo em silêncio, já aclamando pela nicotina que irá aliviar minha dor de cabeça após esse show de horrores.
Observo Satoru, exibindo sua alegria como sempre, aceno levemente com a cabeça como sinal de respeito.

Considerações:

N

六番隊
Rokubantai

Noboru Ohta

C

Ícone : Mensagens : 127 Data de inscrição : 15/08/2022 Idade : 26

ミーティング

O amadeirado do piso refletia a imagem daqueles sob ele como se fosse um espelho, que não se limitava apenas ao grande salão, já que estendia-se também pelos corredores de todo o prédio da 1a divisão. Em toda Sereitei, aquela era certamente a única instalação apropriada para receber uma reunião daquele calibre; cujos convidados não eram ninguém menos do que todos os capitães de todas as 13 divisões da Gotei 13 - pelo menos os que ainda não haviam desaparecido. - - Quando foi a ultima vez? - se perguntava o Shinigami enquanto caminhava por um dos corredores. Ainda que fosse um dos veteranos, mal podia lembrar de uma ocasião em que algo do tipo havia ocorrido, exceto talvez por duas ou três breves formalidades ao longo de uma centena de anos, normalmente precedidas por uma série de eventos infortúnios e catastróficos.

Na ultima, mais especificamente à 40 anos atrás ainda era um dos subordinados de Ayato, ex-comandante geral cujo atual paradeiro era um mistério e uma dentre as várias prováveis razões para o encontro. Na época havia atendido a reunião como um tenente, e passado algumas horas jogando conversa fora na sala ao lado. Agora 40 anos depois, entrava no salão principal como capitão substituto de uma das principais divisões, a 2a. - Que azar o meu.... - Suspirava, assim como fazia toda vez que lembrava da responsabilidade que havia caído em seu colo. Quando entrava na sala, seus olhos afiados como os de uma águia não permitiam que detalhes passassem despercebidos; a começar por exemplo com a presença de outros quatro capitães, entre eles uma presença feminina a qual um mulherengo como Ei Sei obviamente não podia ignorar, sete assentos vazios, e por fim a atual comandante Kuina, a qual havia encontrado anteriormente. Ah, e é claro, como pude me esquecer das cortinas avermelhadas?

Inevitavelmente também podia ser visto por aqueles dentro da sala enquanto adentrava, com sua pele levemente morena e longos cabelos negros, presos por um rabo de cavalo. O tronco definido era revestido de um kimono branco, e na cintura ficava a bainha com a Zanpakutou dentro. De forma excêntrica, fazia fumaça com um cachimbo naquele momento, sendo este tão notório quanto as diversas cicatrizes que se espalhavam por todo o corpo; enfim o semblante de um veterano. - Espero não ter chegado tarde. - Constatava de forma casual antes de sorrir de forma despojada, trazendo algum tipo de leveza à aquele ambiente pesado, e alguma simpatia a aquele semblante sério. Rebuscou a líder com os olhos - "Kuina..." - E apenas acenou com a cabeça, de forma respeitosa. Logo em seguida dirigiu-se para o assento respectivo a divisão a qual representava.

Talvez para alguns dos homens presentes fosse um rosto familiar, afinal era amplamente conhecido como um dos principais homens na longa lista de subordinados de Ayato; para os mais novos entretanto, ou menos informados, sua surpresa poderia causar algum espanto, já que o homem quem substituía aparentemente também havia sido alvo de um dos estranhos casos de desaparecimento.

Vida: 1100/1100　Reiatsu: 800/800 Stamina: 0/7　Cansaço: 0/4

Considerações:

Ficha

Ícone : Mensagens : 178 Data de inscrição : 22/07/2022

tempo de sangue
危機

Havia, de fato, uma ironia na facilidade com que uma vida shinigami poderia ser ceifada. Ainda que carregassem o título de divindade e a suposição de intimidade com o momento mais temido pela maior parte das existências, nunca mostraram maior resistência à finitude da vida que qualquer outro mortal. Talvez até estivessem mais suscetível a ela, no fim das contas. Sempre tiveram, contudo, uma infinidade de ferramentas para sobreviver a mais que muitos outros, permanecendo de forma marcante no tempo e história. Dentre aqueles de maior arsenal e poder, o Capitão Comandante do Gotei 13, o assassino ao qual todos os outros assassinos respondiam. E mesmo com toda a variedade de recursos dispostos às suas vontades e perspectivas, novamente os shinigamis exibiram a fragilidade escondida por trás do nome e deixaram com que seu Comandante e diversos outros pontos de poder fossem simplesmente tirados do mapa.

Era para tratar disso que a reunião dos capitães havia sido convocada. Era o que Atlantis supunha, pelo menos. Ou esperava. O cenário estava feio para os shinigamis quando se falava em estabilidade de poder, ter mais detalhes era essencial. Boa parte da influência do Gotei 13 vem do respeito e do medo que impõem sobre aqueles aos quais dominam. Porém, com tantas baixas, quão respeitados e temidos seriam? E esse era apenas um dos diversos buracos no casco do navio. Para muitos deles, contudo, Atlantis já havia pensado em algo para tampar, em algumas das últimas noites perdidas. Pretendia sugerir suas perspectivas na reunião, se a oportunidade surgisse.

Quando cruzou o arco de entrada, distraído e ainda pensando no que poderia ser usado para impedir que o navio afundasse, deu de cara com um salão muito mais cheio do que esperava que estivese. A distração e os pensamentos distantes imediatamente deram espaço aos olhos felinos e inquietos, mas a surpresa foi suficientemente contida. Sem qualquer dúvida, a primeira figura a atrair a vista de Atlantis fora Kuina e seu cabelo sempre atrativo. Ela parecia incomodada ou inquieta, ou talvez fosse apenas impressão. Assim que deu o primeiro passo para dentro, ofereceu à mulher um sorriso caloroso e receptivo e buscou o lugar reservado ao seu posto.

Por volta do quinto passo, quando percebeu que a mão repousava no cabo da espada, tentou tirá-la com sutileza e acenou de forma geral para todos. Até chegar onde deveria, não foi difícil perceber que cada um dos rostos correspondia de alguma forma com o que Atlantis já ouvira de seus nomes. Ele, por sua vez, estava no maior padrão esperado de um capitão do Gotei 13: shihakusho e haori vestidos no mais fino alinhamento, zanpakuto pendurada na cintura direita, bem ao alcance da mão do mesmo lado. O cabelo estava solto, diferente do que usualmente usava, mas nada tinha a ver com tentar tampar a cicatriz na testa, ainda que fizesse algo a respeito disso. Não tentou em momento algum disfarçar a curiosidade que seus olhos tinham sobre cada detalhe das figuras alinhadas, esperando, mesmo após se sentar.

Vida 800/800;

Reiatsu 1300/1300;

Stamina 8/8.

Considerações:

Ícone : Mensagens : 103 Data de inscrição : 30/07/2022

Vida: 800/800　Reiatsu: 600/600　Stamina: 6/6　Cansaço: 0/4

炎

Kuina limpou o suor do rosto. O portão se abriu com um rangido e revelou o primeiro deles: Komei. Seus cabelos roxos descansavam em cima do kimono e emanavam uma aura quase mágica, e seu andar disciplinado conseguia superar até mesmo Kuina, que estudou etiqueta por anos dentro do Palácio. Ela olhou-a de ponta a ponta e deu um sorriso. Pela primeira vez, podia vê-la usando o manto de capitã. Nas costas um losango destacava o kanji 九 (nove). Era incrível como há poucos meses atrás ambas se encontravam no salão ao lado como duas tenentes. Ela se lembrou de como sempre estava nervosa nas reuniões, tentando buscar as palavras certas no caos interminável de papeis e de gavetas que era a sua cabeça. Mas também se lembrou como todas essas gavetas se organizavam magicamente quando sentia a mão de Komei no seu ombro. Nunca foi necessário dizer uma única palavra. E hoje também não foi. Quando a capitã da nona divisão acenou com a cabeça, Kuina acenou em resposta, e pôde sentir as gavetas lentamente voltando ao seu lugar. Ela deu um suspiro. "Foi bom recomendá-la para o posto de capitã", pensou, percebendo que nem tudo estava dando errado ultimamente.

O segundo a entrar foi Yukimura Yuichi. Quando a porta se abriu, uma brisa gelada invadiu o salão e Kuina cruzou os braços. O kanji 七 (sete) podia ser visto nas costas do rapaz. Assim como ela, Yuichi era um dos tenentes que assumiram o cargo de forma emergencial. Seus destinos eram parecidos, mas a garota não conhecia muito sobre ele. Soube que ele foi chamado para a Seireitei pessoalmente pela antiga capitã, Aika. O motivo, infelizmente, não sabia qual era. Talvez um dia perguntasse para o rapaz. A relação entre aqueles dois a intrigava. Aika, principalmente, a intrigava. Havia algo na história do seu desaparecimento... que simplesmente não fazia sentido.

Os números seguintes foram 六 (seis) e 十 (dez). Satoru e Ohta entravam no salão um após o outro. O primeiro a cumprimentou, e Kuina respondeu assentindo. O segundo a fitou, silencioso, e ela entendeu que estava sendo julgada. Suspirou em silêncio. Eram dois capitães que Kuina não conhecia bem, mas sabia o quanto eram diferentes entre si, como dois polos de um ímã. Satoru nascera em um ambiente perigoso, mas foi acolhido por uma família rica. Já Ohta nascera em uma família rica, mas foi afastado por ser perigoso. Ela se lembra de quando havia feito sua pesquisa sobre os dois, e em como achou curioso o fato de seus destinos se cruzarem justamente aqui, na Gotei 13.

Em seguida veio o 二 (dois). Esse ela já havia conhecido dias atrás: Ei Sei, o mais novo capitão da segunda divisão. Ele acenou com a cabeça, e Kuina fez o mesmo. Quando ele parou na sua posição designada, ela percebeu o quanto preferia que, de todas as pessoas, fosse Awashi de pé ali. Mas não havia sentido em entreter esses pensamentos. Awashi não está mais ali, bem como Ayato não está mais aqui, pensou ela. Ei Sei era o mais perto que conseguiria chegar deles, e isso era o suficiente.

Por fim, 十三 (treze) entrou no salão. Este era, de longe, o capitão mais misterioso da atual Gotei 13. Atlantis III assumiu seu cargo de capitão da décima terceira divisão ao mesmo tempo em que Kuina assumiu o posto de capitã-comandante. Seu semblante era distante e difícil de ler, e ela nunca teve oportunidade de investigar seu passado. Em todos os sentidos, ele era uma folha em branco para ela. Tudo o que sabia era que, por algum motivo, a Central decidiu promovê-lo da mesma forma que a promoveu.

Os sete capitães agora estavam dentro do grande salão. Quando o último passo foi dado por Atlantis, um vento implacável fez a porta se fechar com um estrondo. Era a própria Seireitei anunciando que ninguém mais chegaria. Eram eles, apenas eles. Dos treze capitães que compunham a Gotei, eram estes sete que ditariam o rumo de tudo. Da Seireitei, da Soul Society. Do mundo.

"Seis faltas", pensou a garota. "Considerando a situação atual da Soul Society, acho que devo agradecer por não terem vindo menos pessoas." Kuina apertou o cabo da espada e fechou os olhos. E então esvaziou a mente. Era hora de jogar fora todo o ruído. Todas as nuvens negras que ofuscam sua visão. Todas as teorias, preocupações, inseguranças. Ayato já não estava mais ali. Neste momento a Gotei 13 dependia de você.

Os olhos se abriram. Kuina se levantou, sacou sua espada junto à bainha e a apoiou no chão como um cajado. As mãos repousaram uma em cima da outra na ponta no cabo. Seus olhos varreram o salão. Já não havia mais vento.

Estava iniciada a primeira reunião das novas divisões da Gotei 13.

[Evento] Reunião dos Capitães 0cpoujC

隊長会議開始

৯

O silêncio dominou a sala por intermináveis dez segundos. Quando Kuina começou a falar, foi como se o tempo de repente tivesse voltado a andar. Seus olhos estavam afiados e seu semblante era firme. Sua voz saiu tão sólida que até mesmo ela se surpreenderia ao revisitar esse momento no dia seguinte.

ー Ex-quarta oficial da nona divisão, Aiko Yukimura. Ex-tenente da quinta divisão, Kyoshi Ibane. Ex-oficiais da décima divisão, Masaki Hihiro, Ren Oyashiro e Takahiro Murata. Ex-oficiais da quarta divisão, Irie Ryuugu e Anko Takefumi. Ex-capitão da décima terceira divisão, In'ei Takahashi. Ex-capitão da décima segunda divisão, Kanzen Akashi. Ex-capitã da sétima divisão, Igarashi Aika. Ex-capitão da segunda divisão, Tsujikaze Awashi. ...E ex-capitão-comandante da Gotei 13, Ayato Ittosai. ー dito isso, Kuina pausou por alguns segundos. A mão direita apertou o cabo com mais força. Houve um suspiro, breve e silencioso. E então ela continuou. ー No total, foram registrados doze desaparecimentos. Dentre eles, 5 capitães e 1 tenente. Durante os milênios de história da Gotei 13, foram poucos os eventos que chegaram perto do que estamos vivendo agora. Em termos práticos, perder 5 capitães é como perder 20% da nossa capacidade militar. Considerando que um deles é Ayato, essa perda se torna imprevisivelmente maior. Não seria exagero supor que a Seireitei está em seu estado mais vulnerável desde a sua fundação.

Ela pausou. Seus olhos fitaram cada um dos seis presentes, principalmente Ohta e Satoru. Os dois eram, de longe, os capitães mais experientes ali. Foram os únicos que já possuíam seus cargos antes do desaparecimento de Ayato. Por isso, Kuina queria de todo modo entender o que se passava em suas cabeças. Se estavam desconfiados, preocupados, inseguros. Kuina sequer possui 2 anos de atuação como Shinigami. Informações como essas vindas daqueles com centenas de anos de experiência eram, para ela, extremamente valiosas.

Ela fitou o teto, e continuou.

ー Estamos fracos. Inegavelmente. Acredito que o primeiro passo deve ser aceitar isso. Boa parte dos capitães atuais são ex-tenentes promovidos de forma emergencial. Sei que muitos de vocês têm ressalvas, inclusive ressalvas quanto a mim. Peço que guardem essas ressalvas para si, e as tranquem em baús no fundo dos seus corações. Em tempos de paz, estão livres para abrir cada um deles. Mas neste momento, precisamos estar unidos. Por mais difícil que seja, por mais irracional que seja. Esta é a reunião que marca uma nova fase da Gotei 13. A partir de hoje, está efetivamente encerrada a regência de Ayato Ittosai. E eu, Kuina, juro dar a minha vida para que seja restaurada a ordem e o equilíbrio da Seireitei.

Ela fechou o punho direito e o levou até o peito. Seus olhos cintilavam. Por mais instável que parecesse, a sua determinação era genuína. Ela permaneceu nessa pose por alguns segundos, e então a destra voltou a repousar no cabo. Ela fechou os olhos, e prosseguiu.

ー Nós temos que encontrar quem, ou o quê está causando os desaparecimentos. Tomem isso como uma missão de prazo indefinido dada todos os capitães da Gotei 13. A partir de hoje, esta será a tarefa de maior prioridade de cada um dos treze esquadrões. Encontrar a causa é a chave que vai nos libertar dessa catástrofe de uma vez por todas. Eu, em particular, já passei noites em claro tentando descobrir o que ela é. Mas, de alguma forma, esse mistério sempre está um passo a frente de mim. Os locais, os cargos, os indivíduos envolvidos... são todos são diversos e sem conexão. Sequer estão limitados à Seireitei.

Dito isso, houve uma pausa.

ー É possível que nem todos saibam disso ainda, mas não são apenas os Shinigamis que estão sumindo de forma inexplicável. Há fontes que relatam sumiços de repentinos de grandes grupos de humanos, principalmente na cidade de Karakura. E parece que eventos similares aos nossos estão acontecendo no Hueco Mundo. O mais gritante deles: o Rei-Hollow desapareceu, da mesma forma que Ayato desapareceu. Do jeito que aquelas criaturas são, provavelmente o castelo deve estar envolto em um lago de sangue, com dezenas de Arrancars tentando tomar a coroa para si. Mas não se enganem, há a possibilidade de um novo Rei ter surgido sem a necessidade de um massacre. Se for esse o caso, a este ponto eles já devem estar organizados e cientes do nosso estado de fraqueza.

Houve silêncio. Kuina tomou algum tempo para pensar. Por mais que houvesse milhões de coisas que queria falar neste momento, ela não poderia simplesmente despejar uma torrente de palavras para os seus subordinados. No fundo, eram poucas as coisas que realmente importavam. Após uma reflexão rápida, a comandante ergueu o olhar. Eram...

ー ...Duas. Neste momento, há duas coisas que vocês devem ter ciência. Em primeiro lugar, pouco antes do ex-capitão da segunda divisão, Tsujikaze Awashi, desaparecer, houve um incidente estranho. Seu esquadrão capturou uma espécie de criatura, cuja a aparência se assemelha a um dragão. Não faço ideia do que ela seja, mas relatos me fazem acreditar que a sua reiatsu seja igual à que eu senti quando o ex-comandante desapareceu. Infelizmente, com o desaparecimento de Awashi, a sua localização é desconhecida. Uma coisa, no entanto, é certa: ela está sendo mantida em algum lugar dentro da Seireitei. Se conseguirmos encontrá-la... talvez possamos finalmente chegar em uma solução. Em segundo lugar, vocês já devem saber que, daqui a alguns dias haverá uma reunião com quem quer que seja o novo líder dos Hollows. Não faço ideia de como esse encontro terminará, e acredito que nenhum de vocês saiba também. Pode ser que tudo termine bem. Pode ser que seja iniciada uma guerra. Com isso em mente, há duas opções: podemos insistir na diplomacia, e focar em manter a paz, por mais instável que ela seja, ou podemos tomar a iniciativa. Atacá-los quando estão mais fracos, e evitar que a Seireitei sofra uma invasão sem precedentes.

Dito isso, ela bateu com a espada no chão como um cajado.

ー Não tomarei essa decisão por mim mesma. Quero ouvir, em primeiro lugar, a opinião de vocês. Façamos uma votação. Aqueles que são a favor de manter a paz, apoiem a espada no chão com a mão esquerda. Aqueles que são a favor de atacarmos, apoiem a espada no chão com a mão direita.

Sua espada permaneceu à frente do corpo, nem à esquerda, nem à direita. Suas mãos só se moveriam em caso de empate. Seus olhos fitaram cada um dos presentes. Ela ouviria o que eles têm a dizer. Fosse sobre os desaparecimentos, sobre os Hollows ou qualquer outra coisa. Aquele era o momento de parar de guardar tudo para si. De abandonar as teorias e focar no que estava à sua frente. De se tornar, de fato, uma comandante.

Essa última palavra ecoou três vezes na sua cabeça, e ela esperou que os outros começassem a falar.

Importante:

Ficha

Ícone : Mensagens : 407 Data de inscrição : 04/09/2022

Vida: 700/700

Reiatsu: 1300/1300

Stamina: 6/6

Novas figuras acomodavam-se em seus respectivos lugares conforme chegavam ao local, umas já conhecidas, como o capitão Yukimura, outras eram de certa eram mesmo que conhecidas por nome, desprovidas de intimidade, ainda que não deixasse de os cumprimentar com a devida cordialidade e um sorriso gentil, em especial pela parabenização da promoção, não os conhecia ao ponto de memorar de episódios de sangue e glória, conhecia-os pelos nomes ditos entre reuniões, pelos relatórios ou pelo simples encontro no corredor. De fato, daquele grupo apenas dois nomes me eram mais conhecidos: Kuina e Yukimura. Sendo assim, no meu papel como a nona divisão, talvez devesse visitar os demais capitães no momento apropriado, seria difícil manter uma harmonia com eles se não os conhecessem, ainda mais com o dever dos tenentes para com a nona, o qual poderia soar de certa forma invasivo demais.

E então, com a passagem do vento a reunião se iniciava. Era interessante ver como o semblante de Kuina mudava de um momento para outro, antes parecia até nervosa, agora seu rosto exalava determinação, era a figura sólida de uma capitã-comandante e suas palavras não deixavam por menos: era o início de uma nova era. A paz parecia ir desparecendo assim como infelizmente nossos compatriotas, e de outro lado um alvorecer de guerra tomava seu espaço no horizonte. Mas a grande pergunta era: Guerra contra quem?

Essa pergunta ecoou na minha mente ao ouvir a primeira das duas grandes notícias, a primeira era estrondosa somente de ser pensada, a autoridade máxima do Hueco Mundo havia desaparecido, todos sabíamos que o Rei-Hollow não era apenas um monarca, era uma figura de estabilidade dentro da selvageria de Las Noches, sua presença ditava o compasso que os Hollows deveriam seguir já que eles seguiam a sociedade da força, portanto o mais forte deles reinava como o supremo e sua palavra era lei absoluta para os que não desejassem desaparecer. Sem sua presença, de fato o Hueco Mundo estaria frágil, mas por outro lado isso também nos fragilizava, estaríamos suscetíveis a um novo monarca e também aos desejos de seus lordes enquanto o novo rei não chegasse ao trono.

A segunda informação era tão preocupante quanto. Um dragão? Indagava pensando no que significaria isso, fora dito a muito tempo atrás nas lendas que as zanpakutous poderiam tomar forma de animais lendários, porém sua reiatsu não era conforma a capitã descrevera, zanpakutous eram conhecidas por nós shinigamis, portanto com certeza o ex-capitão saberia diferenciar, além disso, quer o que fosse tinha força suficiente para sumir com um capitão. Considerando isso, saber que ele estava dentro da Soul Society era um alívio, mas na conjectura atual dificilmente poderíamos agir sem pensar duas vezes e talvez esse fosse o motivo da reunião atual?

Minha dúvida era prontamente atendida por Kuina, ali decidiríamos o próximo passo da Gotei 13, e não um passo qualquer, sendo um voto a esquerda ou a direita, em ambos os casos teríamos consequências. Consequências sérias.

“ Tanto nós quanto os Hollows estamos sofrendo com esses desaparecimentos, um novo Rei há de ascender. Se atacarmos agora, atrairemos sua ira, pior do que isso, esse novo inimigo parece ser tão poderoso quanto os Espadas ou ainda mais, agora são os Hollows que estão em fraqueza, mas no futuro podemos ser nós, pelo balanço das almas e pelo nosso momento a melhor opção é essa”

Por um momento olhava nos olhos de todos os presentes, o que será que eles pensavam sobre isso? De todo modo seu voto diria bastante, talvez Yukimura tivesse mudado desde a última vez que falara com ele e agora era a hora de saber.

Sem mais delongar, pegava a espada gentilmente e segurando sob a empunhadura da espada encostava a ponta da bainha a frente do corpo, erguendo a arma com a mão esquerda, o voto estava dado, nossos inimigos agora não pareciam ser os Hollows, não havia motivos para crer nisso, não havia razão em criar mais uma guerra além da que já estávamos.

Ícone : Mensagens : 132 Data de inscrição : 14/08/2022

Yukimura Yuichi

Aos poucos alguns dos capitães remanescentes começavam a chegar. Logo depois de mim vinha Aikyo Satoru, capitão da 10ª divisão. O bom humor do capitão fazia minha expressão rígida levemente ser suavizada; a leveza que ele carregava consigo era algo que me lembrava o conforto que Aika me trazia. Talvez a tensão de tantos acontecimentos ao mesmo tempo começava a me afetar mais do que eu percebia. Relaxei os ombros sem perder a postura e respondi o aceno do capitão com um breve sorriso. Logo em seguida o símbolo da sexta divisão entrava; coberto por cicatrizes os olhos rosados de Noboru Ohta analisaram o ambiente friamente antes que se colocasse silenciosamente em sua posição. Apesar de conhecer os capitães aquela interação era algo novo; os últimos a entrar eram os mais experientes na sala até o momento e eu podia sentir o nervosismo ao imaginar como minha nova posição soava para ambos, afinal era algo completamente inesperado. O líder da segunda divisão era o próximo. Ei Sei adentrava o ambiente soltando fumaça pela sala e era o segundo a conseguir trazer alguma leveza ao ambiente com suas palavras; era curioso imaginar que alguém agora responsável pelas forças especiais poderia agir tão descontraidamente em um ambiente como aquele, talvez essa fosse uma lição a levar dali pra frente. Atlantis, capitão da décima terceira divisão era o último a se juntar a nós antes que Kuina decidisse que era hora de iniciar a reunião. Sete de treze; me perguntava onde os outros seis estariam; se estariam bem ou se novos nomes se juntariam ao quadro de desaparecidos da Gotei 13.

Quando a comandante começou a falar sua voz era firme; uma lista de nomes reverberava pela sala e nenhum dos presentes precisava pensar muito para entender o contexto. Quando ouvi o nome de Aika uma pontada passou pelo meu peito; fitei o chão por um segundo quase ouvindo um sussurro frígido bradando que eu mantivesse a postura em uma situação como aquela, mas Kuina por si mesmo manteve o silencio por alguns segundos após entoar o nome do antigo comandante, Ayato. Parece que no final das contas nós tínhamos algo em comum.

Quando finalizou sua contextualização de toda a situação em que nos encontrávamos me senti mais próximo da mulher que agora falava. Suas palavras me alcançavam; de certa forma a garota parecia ter algumas inseguranças que eu conhecia de perto como um recente capitão, porém em um peso infinitamente maior. Nós erámos um corpo com o dever de ajuda-la, mas o peso das decisões repousava sobre seus ombros. Ademais, muitas das informações eram de conhecimento comum, mas algumas chegavam a ser chocantes. O próprio Rei-Hollow havia desaparecido, assim como nosso comandante, e... Humanos? Uma sinfonia caótica se montava em minha cabeça quando nada daquilo simplesmente fazia sentido. Por fim, uma espécie de dragão que poderia estar diretamente ligado aos desaparecimentos havia sido descoberto pelo último capitão da segunda divisão; os acontecimentos eram de fato de estruturas colossais. E agora, Kuina apresentava nosso papel ali; comandar, tomar uma decisão.

Dado o ultimato daquela que oficializava de uma vez por todas sua posição como Comandante, Capitã Komei era a primeira a se posicionar; colocando sua zanpakutou a frente de seu corpo sobre sua mão esquerda votava pela paz. Sinceramente era algo que eu esperava; era estranho, mas apesar de bravos guerreiros eu sentia que os membros da sétima divisão tinham esse traço de bondade consigo, ao menos até o momento em que fosse necessário deixar essa postura de lado. Acredito que era algo que ela teria sucesso em levar adiante em sua nova divisão. Tomando minha espada com a mão esquerda a apoiei no chão, frente a meu corpo, mas senti a necessidade de me posicionar. Com a voz firme anunciei:

- Sabemos que a maioria dos hollows são criaturas de puro instinto, porém o Rei-Hollow e seus servos de maior nível são tão inteligentes quanto nós. No momento estamos em um momento de alerta; tendo perdido tantos companheiros não acredito que seja o melhor momento para atacar e arriscar perder ainda mais membros da Gotei 13. Porém, creio que todos concordamos que não podemos baixar a guarda em momento algum na futura reunião que nossa Comandante anunciou junto do novo Rei-Hollow e de possivelmente suas Espadas; é certo que são tão inteligentes quanto são traiçoeiros.

Talvez eu apenas estava ali expressando o óbvio, mas acredito que era hora de me posicionar e principalmente focar nas entrelinhas; esperava que Kuina fosse capaz de entender com a ênfase em sua posição que a partir daquele momento eu estava pronto para apoiar suas decisões.

hp 600/600 | reiatsu 1400/1400 | stamina 7/7 | cansaço 4/4

Ícone : Mensagens : 346 Data de inscrição : 17/04/2021

700 HP — 900 RT — 00/06 ST

Aos poucos, iam chegando outros capitães. Noboru se apresentava logo depois de minha chegada. Com um aceno simples, ele me cumprimentava e, assim, eu o retribuía. A chegada dos demais trazia a tona duas coisas que me saltavam os olhos. Dos presentes, apenas eu e Noboru já havíamos estado ali antes, naquela mesma posição, como capitães. Logicamente, isso não invalidava quaisquer mérito de meus companheiros, entretanto, era uma curiosidade que me vinha à mente. O segundo fato e, talvez, até mais curioso e importante que o primeiro, era a ausência de seis dos treze capitães da Gotei 13. A princípio poderia-se pensar que aquilo era simples displicência dos demais, entretanto, se aprofundando no assunto, era possível imaginar os verdadeiros motivos. A Sereitei realmente estava em crise. Nem mesmo os Capitães se dispunham a representar os postos que lhe foram atribuídos. Era de se imaginar a dimensão do problema.

A voz de Kuina se fez presente, despertando-me de meus devaneios. Os nomes aguçaram minha curiosidade. Em especial, alguns que ainda não havia ouvido. — Awashi. — Pensei. E, agora. — Ichanabe Aiko. — Mentalizei, enquanto isso o esmaecer daquele sorriso em meu rosto era possível de se perceber. Minha face era séria e impassível. Meus olhos fitavam o chão, a medida que Kuina citava os problemas que afligiam a Sereitei. "Não seria exagero supor que a Seireitei está em seu estado mais vulnerável desde a sua fundação." Ela disse e, nesse momento, meus olhos a observaram de canto. Ela nos olhava, numa pausa dramática. Senti como se, de algum modo, seu olhar pedisse uma luz, um conselho, talvez. Mas, naquele momento, estava em suas mãos o próprio destino da Sereitei. Minhas pálpebras se fecharam lentamente, apesar de tudo, eu estava tranquilo. Ao mesmo tempo, uma curiosidade latente me fazia pensar sobre seu próximo passo.

E seu próximo passo, fora justamente o mais imprescindível. A necessidade de reforçar sua gestão. Naquele ponto, parecíamos compartilhar da mesma visão. Agora, não importava as desaprovações pessoais. Não enquanto tudo estava por acontecer. Era possível ouvir a determinação na voz da garota e, enquanto ela falava, algumas coisas começavam a se tornar cada vez mais nítidas ou, de certo modo, mais confusas. — Hmmm... além da Sereitei. — Pensei e a voz da Capitã-Comandante supriu minhas curiosidades. Meus olhos permaneciam cerrados, a medida que eu ouvia atentamente àqueles fatos. Os sumiços no Hueco Mundo e no Mundo Humano. A ideia do Rei Hollow sumir, não me fazia descartar a hipótese de um assassinato as escondidas. Entretanto, dado as condições atuais, não seria incomum pensar que ele realmente havia desaparecido como os demais. Entre humanos, shinigamis e hollows, os desaparecimentos não pareciam exigir qualquer característica. Entretanto, a ideia de um desequilíbrio na balança das almas cruzava minha mente.

O fato seguinte, talvez, tenha sido o que mais chamou minha atenção. A existência de uma criatura cuja reiatsu se assimilava à reiatsu sentida durante os sumiços. Se isso fosse verdade, haviam pistas, então. Awashi teria escondido essa criatura em algum lugar em sua divisão? Era uma boa pergunta. Pelos meus conhecimentos sobre a Sereitei, havia um lugar em específico que eu podia imaginar. Além...veio a reunião com os Hollows. A paz mantida durante anos estava frágil, isso era certo. Kuina propunha uma votação para o início ou não de uma guerra. Então, era essa a maneira que ela pretendia comandar. Suspirei levemente, meus olhos se abriram ao fim de suas palavras, havia algo de notável em suas atitudes. Ela não pretendia criar problemas com uma decisão precipitada. Entretanto... — Está abrindo mão do controle para se proteger do erro. — Pensei, a medida que minha mão direita tocava minha katana e a levava ao lado direito de meu corpo. Esse era meu voto. — Isso fala mais sobre sua insegurança do que sobre suas habilidades em comandar, Kuina. — Não falei uma sequer palavra, apesar disso.

Minha face correu entre os demais, observando suas decisões. Eu tinha ressalvas, mas as deixaria para mais tarde.

[...]

Considerações:

Ícone : Mensagens : 141 Data de inscrição : 17/07/2022

H

ōmon

Observo cada um dos capitães com um olhar penetrante, buscando entender seus pensamentos antes mesmo de serem expostos. As palavras da Comandante me fazem puxar um merecido cigarro, a nicotina fluí em meu sangue enquanto suspiro ao receber as notícias reveladoras e preocupantes; Sumiços em todos os mundos, um monstro poderoso... , uma criatura aqui na Seireitei. As informações vagavam em minha mente enquanto buscava processa-las de forma analítica, buscando nossas melhores opções de abordagem.
Antes que pudesse terminar, Kuina se faz presente sugerindo uma votação democrática com relação a uma possível guerra contra as desestruturadas forças do Hueco Mundo. Ao fitarem os olhos para mim, apago o cigarro pressionando-o contra a cadeira e assumo uma postura confortável, exclamando:

ー Serei direto em minhas frases, espero que elas não causem algum rebuliço desnecessário em seus corações. Tudo que direi nesse momento de reunião será exclusivamente profissional, posso soltar palavras duras e necessárias e tomar um chá com cada um de vocês após isso... Capitão Satoru pode atestar. Muito bem, dito isso, Comandante Kuina.. Serei sincero, não posso negar minhas dúvidas sobre sua capacidade de comandar as 13 divisões, sua idade jovem e falta de experiência militar me preocupa com relação a elaboração de estratégias e tomadas e decisões difíceis; Porém, apesar de tudo, Satoru me fez enxergar um lado que possa ser mais positivo, apesar de não ser muito a minha inclinação, acredito que em tempos como esses, onde o mistério e medo abraçam a maior parte de nossas informações e parecer, pensamentos como esses nos fazem não desistir.

Irei abrir meu coração para a possibilidade Comandante, conto com sua capacidade e humildade em buscar auxílio onde lhe falta conhecimento e experiência, para isso estamos aqui... Estou de braços abertos.
Isso vale para todos... Principalmente os que assumiram cargos inesperadamente." ー Varro o salão com um olhar penetrante, porém que emite verdade em cada sílaba proferida, fitando cada um dos capitães ali presentes.

"ー Agora.. Não é novidade que os Hollows são traiçoeiros, acho interessante, antes de tomarmos uma decisão definitiva, buscar conhecer esse novo Rei a ser proclamado, somente após isso, uma decisão mais precisa e correta poderá ser feita; Minha opinião é de manter um protocolo de guerra com relação as defesas da Seireitei para buscar evitar ao máximo um ataque surpresa, pelo menos até que possamos chegar à algum consenso com os bárbaros. Porém enquanto não temos essas informações... — Apoio minha espada em meu lado esquerdo, indicando minha escolha pacifista.

Minha mente está decidida e em consenso com minhas palavras, acredito, sinceramente que essa seja a melhor das opções.

Considerações:

N

六番隊
Rokubantai

Noboru Ohta

C

Ícone : Mensagens : 127 Data de inscrição : 15/08/2022 Idade : 26

ミーティング

O ar era tão denso quanto a fumaça que subia pelo cachimbo do veterano. Os sete capitães presentes se entreolhavam enquanto Kuina pronunciava em bom tom o nome daqueles que haviam desaparecido, muitos deles familiares a aqueles ali presentes. Ei Sei franzia o cenho. - Doze desaparecimentos, um número até então inédito. - Por um instante seu pensamento vagava de volta para o passado, rebuscando algum evento semelhante nos últimos 500 anos nos quais estava presente, algo com qual pudesse trazer algum contraponto as palavras da atual comandante. Sem sucesso, trazia novamente seu foco ao presente. - O que a Seireitei tinha ali em mãos era uma calamidade de proporções nunca vistas. Como lidariam com aquilo? O que Ayato faria? - Se questionou mentalmente, antes de afiar os olhos e direciona-los a mulher de pé. - Ou melhor, o que Kuina iria fazer? - Sua insegurança era visível a todos ali, afinal como não poderia? Apenas dois anos de serviço, e agora possuía uma responsabilidade daquele tamanho em mãos.

O simples fato dela ser capaz de elevar a voz ali, naquele salão, discursando para sete capitães em uma situação como aquela, era algo a ser louvado. Ei Sei via isso, mas inevitavelmente enquanto ouvia suas palavras buscava a resposta para a mesma pergunta que todos se faziam em silêncio - Afinal, porque Kuina? - Seus olhos iam por um instante de encontro aos da comandante, os fitando de forma compenetrada, deixando escapar um breve sorriso de canto. - Determinação huh? Seria essa a resposta? - Cruzava os braços, fechava os olhos e recostava sob o assento.

Dois dos nomes enunciados pareciam ter força suficiente para silenciar o salão; o nome do ex-comandante geral Ayato, por razões óbvias, e o nome do ex-capitão da segunda divisão; Tsujikaze Awashi, cujas condições excepcionais de desaparecimento pareciam ser o pilar para a resolução dos demais. Como atual encarregado da divisão, Ei Sei já havia se antecipado e mergulhado a fundo no caso, tendo como uma de suas primeiras medidas o interrogatório de alguns dos antigos membros do esquadrão, presentes durante o ocorrido; sendo realizado em boa parte, graças a pressão exercita pela Central em busca de respostas. Algumas das informações obtidas resultaram em uma série de afastamentos, em uma tentativa da própria Gotei 13 de abafar os escândalos que envolviam a divisão. Talvez o mais notório dentre estes, fosse a manipulação de alguns relatórios entregues pelo próprio Awashi, tornando o caso ainda mais suspeito.

Naquela sala apenas Kuina e o próprio Ei Sei pareciam estar cientes de todos os ocorridos - pelo menos até aquele momento. - Quando Kuina trouxe o assunto a tona, o shinigami optou por permanecer em silêncio, enquanto fazia fumaça com seu cachimbo. Em seus monólogos, também parecia destacar-se o fato de que os desaparecimentos não eram exclusividade dos Shinigami, uma vez que haviam relatos de desaparecimentos semelhantes acontecendo com os Hollow de Hueco Mundo e com grandes grupos de humanos em Karakura. Surpreendentemente, até mesmo o rei hollow parecia ter desaparecido, abrindo precedentes para aquilo que poderia culminar em uma nova guerra entre Shinigami, e Hollow.

- Isso é mais perigoso do que imagina Kuina... - Pensou consigo, ao ouvir a líder propor uma votação. Embora para o veterano fosse indiferente, Ei Sei sabia que a inabilidade de tomar decisões como aquela por sí só, expunham a maior fragilidade da atual comandante. - Todavia, já havia entendido que não tinha como ser diferente, e de certa forma até admirava a honestidade com qual ela se comunicava - Então mais uma vez apenas preferia se abster, assistindo a reação dos demais, até que por fim encontrasse o momento certo de se pronunciar.

[...]

- Dois votos a um... - Soprava a fumaça pelo nariz em silêncio, antes de se manifestar pela primeira vez. - Faço das palavras de Noburo Ohta, as minhas. Ainda é cedo para tomar essa decisão. Devemos antes descobrir qual grau de informação e envolvimento os Hollow possuem com os ocorridos. - Pausava, antes de tragar novamente o cachimbo, e soprar mais fumaça. Na sequência posicionou sua Zanpakutou à esquerda, antes de continuar - Dito isso, possuo apenas uma única ressalva. - pausou novamente, direcionando um olhar afiado para o Comandante da 6a divisão, imediatamente trazendo um ar pesado para o ambiente . - Se me lembro bem, Ayato recém havia chegado a sua segunda centena de anos, quando assumiu o posto de comandante a quase setecentos anos atrás, e apesar da desconfiança dos anciões da época, foi capaz de trazer paz a Sereitei por muito tempo. - Voltou a olhar em volta, fitando cada um dos presentes, estacionando o olhar diretamente nos olhos de Kuina. - Claro que era uma situação completamente diferente... - Sorriu, voltando seu olhar ao normal, trazendo a leveza de volta ao salão. - E é óbvio, com relação a estratégias militares... Bem, para isso que velhos como nós estamos aqui, não é mesmo Noburo-sama? - Novamente voltou olhar para o capitão, com uma expressão tranquila em rosto.

Vida: 1100/1100　Reiatsu: 800/800 Stamina: 0/7　Cansaço: 0/4

Considerações:

Ficha

Ícone : Mensagens : 178 Data de inscrição : 22/07/2022

tempo de sangue
危機

Qualquer um concordaria que Kuina carregava consigo disposições que, em tempos normais, fariam o mais inocente dos capitães suspeitar da possibilidade da sua gestão afundar. Puseram-na como capitã de um navio com o casco infestado de buracos, dos quais ninguém tinha o menor indício da causa. Seu tempo navegando como deusa da morte também não era o bastante para atrair tanta experiência e sua ascensão fora designação de entidades maiores. Talvez não houvesse conexão entre ela e as pessoas agora sob seu comando e segurança, contudo, havia uma linguagem sutil e familiar na maneira como aquela mulher existia na frente de tantos indivíduos capazes de alterar o balanço das almas. Não havia dúvida do comprometimento e determinação no soar daquela linguagem, mas também não havia dúvida dos resquícios de insegurança que Atlantis esperaria de qualquer indivíduo naquela posição. Talvez ele pudesse ajudar com isso.

Desde a primeira palavra do relatório de Kuina, os únicos estímulos importantes para Atlantis eram as palavras seguintes da comandante. Seu interesse pelos aspectos dos outros capitães morreu quando a mulher começou a soprar a neblina que cercava alguns casos. Awashi fora um nome conhecido que muitas vezes ecoara no submundo. Atlantis nunca tivera nenhuma relação ou conhecimento específico sobre a figura, mas era curioso logo ele ter encontrado a tal criatura semelhante aos dragões. Ainda mais curioso não saberem a localização de uma peça tão relevante. Certamente estavam segurando alguma informação, um evento tão importante não careceria de informações dessa forma.

Mais importante que o dragão, a força misteriosa por trás de todos os desaparecimentos. Atlantis tinha ainda menos experiência que Kuina como shinigami e suas perspectivas sobre os costumes políticos e culturais dentro do Gotei 13 estavam buscando precisão, mas em qualquer organização, receber doze importantes baixas e sequer saber quem aplicara o golpe é motivo de vergonha. Escorria fraqueza por todas as brechas e era importante que Kuina reconhecia esse momento. Mais do que nunca, caberia ao Gotei uma demonstração de força e resistência maior que a de qualquer momento antes desse.

Não muito depois do último som de Ei Sei, que não deixava de atrair o nariz de Atlantis com o aroma agradável da fumaça, o capitão da décima terceira divisão agarrou a bainha da espada com a mão direita de uma forma que a simples torção do pulso desprendia a arma toda da roupa. A mão representava sua visão sobre o caminho a ser trilhado. Era tampo de fraqueza, confusão, tempo de sangue, prender-se à uma paz que já havia sido quebrada com a morte de doze dos nossos apenas atrasaria a potencialidade do Gotei. No entanto, não estavam errados em suas visões e constituíam um equilíbrio necessário dentro de um mecanismo de guerra. E, ainda que a guerra e o sangue fossem necessários, existia o rastro entre as duas possibilidades sugeridas.

“E se...” Atlantis disse ao mover lentamente a mão direita com a espada embainhada como se fosse batê-la contra seu reflexo perfeito no chão polido, em nome de seu voto de guerra. “Em vez de nos apegarmos as únicas opções, reunião por acordo provisório de paz ou guerra declarada imediatamente...” Quando ameaçou dar o impacto final da ponta da bainha contra a madeira, girou o punho e deitou sua espada numa posição horizontal sem qualquer posicionamento. “Considerarmos a possibilidade de irmos para essa reunião com a suposição de ouvi-los e analisá-los, mas na verdade vamos preparados para eliminar eles e capturar o necessário para termos informação. Se acontecer de mostrarem um ambiente que gere confiança para um acordo, o que eu acho difícil com essas criaturas, podemos considerar aceitar.”

Atlantis parou por um instante e procurou observar qualquer brecha nas expressões dos capitães. Sem esperar, ofereceu para cada um deles um sorriso largo e continuou. “Eu sei que pode parecer meio traiçoeiro, mas não estamos em posição de escolher estratégia. Não temos informações, não temos força completa nem confiança dentro da própria Soul Society. Precisamos começar a tapar o buraco das informações com pelo menos um capturado nessa reunião.” Ainda havia os desaparecimentos humanos e do capitão da própria divisão a ser tratado com a comandante, mas naquele momento Atlantis tentava abraçar mais o bom senso e esperar o momento certo.

Vida 900/900;

Reiatsu 1300/1300;

Stamina 9/9.

Considerações:

Ícone : Mensagens : 103 Data de inscrição : 30/07/2022

Vida: 800/800　Reiatsu: 600/600　Stamina: 6/6　Cansaço: 0/4

炎

A votação havia se encerrado.

Sem que precisasse mover sua zanpakutou, a Gotei 13 optou pela paz. As mãos de Kuina, que agarravam tensas o cabo da espada, agora pareciam relaxar. Com o voto de Ei Sei, o resultado estava decidido. Com quatro votos contra, e um a favor. Ainda que Atlantis fosse favorável à guerra, nada mudaria. Sendo sincera, Kuina não esperava esse resultado: de todas as pessoas que poderiam ter votado a favor da guerra, foi Satoru quem ergueu a mão direita. O capitão que, até então, considerava um pacifista. Esse dilema flutuou na sua cabeça por um tempo, insistente, como uma mosca que não sai de perto do seu ouvido. Seria o capitão da décima divisão uma pessoa tão diferente do que ela havia previsto?

Ela balançou a cabeça.

Não. Algo dentro de si a dizia que não era isso. Não podia ser isso. Havia alguma coisa estranha naquele voto. Satoru, que ultrapassa sua experiência em alguns séculos, poderia estar vendo algo que ela não conseguia. Havia um ponto que ela deixou de considerar? Seria a paz realmente a decisão certa? Ela fechou os olhos, e pôs-se a pensar. Bom, com toda certeza, aquela era a decisão mais racional. Era evidente que o inimigo naquele momento não eram os Arrancars, mas sim algo ーimensurávelmente ー mais perigoso. Gastar os poucos recursos que tinham em um combate como este seria como dar um tiro no pé. Talvez, até pior do que isso. Talvez fosse um erro irreversível para a Gotei 13. Ao menos isso era óbvio. Gritante. Quando parava para refletir, a paz de fato era o caminho mais natural. No fundo, aquela era uma decisão que ela mesma poderia ter tomado.

De repente, sentiu uma fisgada na nuca. Era óbvio, sim. Mas então… por que não o fez? Surpreendeu-se ao perceber que até então não havia se perguntado isso. Uma votação parecia algo tão natural. Foi uma das poucas coisas que não hesitou em trazer para a reunião. Mas, pensando agora, por que simplesmente não tomou a decisão sozinha? Ela era a capitã-comandante. Precisava tanto assim da confirmação das outras divisões? Teria ela convocado uma discussão por mera insegurança?

Cerrou os punhos. Patético. Aquela era a primeira reunião que presidia e já estava demonstrando fraqueza. As palavras proferidas por Ohta ressurgiram na sua cabeça. Eram palavras duras, mas sinceras. Não poderia pedir muito mais do que isso. “Decisões difíceis”, dizia ele. Kuina mordeu o lábio discretamente. Não seria aquela votação uma decisão difícil da qual ela havia acabado de fugir? Por um instante, se perguntou se era isso que Satoru queria dizer com seu voto. Se perguntou também o quão pesado seria o fardo da sua inexperiência. Querendo ou não, ela possuía menos de dois anos como Shinigami. Até mesmo oficiais de esquadrão já passavam da sua primeira centena. Ela ainda não conhecia todos os lugares da Seireitei, passou noites em claro para decorar os ritos e tradições, e agora ela tinha que lidar diariamente com os documentos mais importantes da Soul Society. De repente, fechou os olhos e viu-se perguntando a mesma coisa pela milésima vez:

“Por que, de todas as pessoas, fui eu a nomeada pela Central 46?”

No instante em que abriu os olhos, o silêncio do salão foi cortado. “Dito isso, possuo uma única ressalva…” Era Ei Sei. Ele a estava defendendo. Ayato, assim como Kuina, também assumiu o posto de comandante jovem. Mais jovem que ela, por sinal. Este era um fato muitas vezes esquecido da história da Gotei 13, dada toda a glória e prestígio que iluminaram seus anos posteriores. Ela nunca havia conversado com ele diretamente sobre essa época, mas havia lido o suficiente no acervo de livros da Academia Shin’ou. “É verdade”, pensou, “ele… já esteve no meu lugar antes.” Ela ergueu o olhar. Seu peito de repente se aqueceu, e seu semblante se preencheu com uma certeza latente.

ー Ei Sei tem razão. A nomeação de Ayato também foi motivo de controvérsia há séculos atrás. Na época, a Seireitei estava em um de seus momentos mais críticos: estavam surgindo as primeiras versões do que hoje chamamos de Vasto Lordes. O capitão-comandante anterior havia sido assassinado por um, e todas as divisões estavam com baixas de oficiais. Era uma situação desesperadora, e os Hollows avançavam pelas cidades livremente. Mas Ayato, no seu primeiro dia de regência, transferiu todos os membros da primeira divisão para as outras doze. Isso não só cobriu as baixas, como também providenciou reforços sem precedentes. Graças à sua liderança, foi possível reconquistar os territórios no mundo humano e restabelecer a prosperidade na Seireitei. Não só isso, mas até o seu penúltimo ano como comandante, ele não aceitou sequer um membro novo na primeira divisão. Ele lidou com todas as tarefas, responsabilidades e missões sozinho. Todos já devem saber disso, mas foi assim que ele ficou conhecido como o “Capitão Solitário”.

Dito isso, pausou. As memórias fluíram pela sua mente, e ela deu um sorriso.

ー O milagre que ele fez florescer na Seireitei só foi possível graças aos esforços de cada uma das outras doze divisões. Enquanto Ayato segurou as pontas dentro da Soul Society, foram os doze capitães que lutaram contra a horda de Vasto Lordes e reconquistaram o mundo humano. …Eu, de fato, não sou capaz de elaborar estratégias militares eficazes, tampouco tenho experiência em tomar decisões difíceis. Mas a situação que estamos vivendo é sem precedentes. Não há experiência no mundo que nos dirá quem vai ser o próximo a desaparecer. Da mesma forma como há setecentos anos atrás, não vamos chegar ao final desse túnel apenas com um comandante. Cada um de vocês é uma peça chave para que a Seireitei possa prosperar mais uma vez.

[...]

Era a vez de Atlantis votar.

Kuina o observava, mas sua mente estava distante, pensando no que iria dizer após a votação. O resultado, afinal de contas, já estava estabelecido. Por mais que ele votasse contra, ou a favor, nada mudaria. Quando o viu levar a espada para a mão direita, estava certa de que seu voto seria a favor. Um voto que, talvez, tivesse feito a diferença se surgisse mais cedo. Ao menos, neste momento, ele daria a ela uma noção melhor de quem exatamente era o capitão da décima terceira divisão.

Foi quando ele apoiou sua espada na horizontal. Kuina arregalou os olhos. Aquilo até então não havia passado pela sua cabeça. Ao invés de buscarem um acordo de paz, ou declarar uma invasão, o capitão havia proposto "...um meio termo", pensou a garota. Houve silêncio enquanto Kuina pensava. Havia, de fato, um meio termo entre a paz e a guerra?

Ela trouxe a espada de volta à cintura. Aquela ideia cozinhou por um tempo na sua mente. De repente, seus olhos cerraram e ela encarou Atlantis.

ー A sua proposta tem certo mérito. É fato que temos pouca informação sobre o que está acontecendo. Capturar um dos Espadas no meio da reunião não só os enfraqueceria, como também poderia nos dar pistas cruciais sobre a origem dos desaparecimentos.

Dito isso, a garota fez um sinal de "dois" com a mão direita.

ー No entanto, há dois problemas no que você disse. Em primeiro lugar, não fazemos ideia do quão forte será o novo Rei Hollow. Considerando que ele surgirá a partir de um combate onde outros Espadas estão envolvidos, podemos presumir, no mínimo, que seu poder supera o de um capitão. É bem possível que não sejamos capazes de concluir um sequestro, ainda mais se o Rei vier acompanhado de outros Espadas. E isso, sim, seria uma tragédia irremediável.

Ela pausou, e cruzou os braços. Um sorriso discreto escapou do rosto. Aquela proposta havia dado a ela uma ideia. Ainda havia uma coisa que precisava anunciar nesta reunião.

ー Em segundo lugar, Atlantis, você está errado sobre uma coisa. Nós não estamos totalmente sem informações. Há uma pista crucial que nos foi deixada por um dos capitães anteriores. Esta, inclusive, talvez seja mais chocante que a presença de um dragão na Seireitei.

Seus olhos se voltaram para Yuichi. Ela o fitou, e pôde sentir a aura fria que envolvia aquele rapaz. O rosto erguido de Kuina passava um ar de autoridade, mas ao mesmo tempo de empatia. No fundo, ambos foram vítimas de tragédias similares. Talvez, dos seis capitães presentes naquele salão, fosse ele o mais próximo de entender as incertezas que ela sentia.

ー Yukimura Yuichi. Lamento ter que reviver essas memórias, mas estou certa de que se lembra bem das circunstâncias que envolveram o desaparecimento da sua antiga capitã, Igarashi Aika. Antes de sumir, Aika deixou uma carta recomendando a sua nomeação como o próximo capitão da sétima divisão. Essa carta, encontrada logo após o seu sumiço, foi marcada com uma assinatura de reiatsu. Foi dessa forma que conseguimos identificar a sua autoria e validar a recomendação. No entanto, acho que todos conseguem entender o que isso também implica. ー Dito isso, houve uma pequena pausa. Kuina encarou o salão e esperou que eles chegassem à mesma conclusão que ela. ー A assinatura ainda está presente na carta até hoje, mesmo após o desaparecimento. Isso é prova suficiente que, onde quer que esteja neste momento, Igarashi Aika está viva.

Sua última frase ecoou sutilmente. Kuina lamentava que essa informação tenha demorado tanto para ser divulgada. Atualmente, essa carta estava sendo mantida em um ambiente controlado dentro da Central de Pesquisa e Desenvolvimento, para garantir que nenhum fator externo dissipe a assinatura. Naquele momento, por mais frágil que fosse, essa era a única conexão que eles tinham com algum dos desaparecidos. No dia em que descobriu sobre a carta, foi como enxergar uma linha de luz solar no meio de uma gruta. Se um deles estava vivo, então os outros também poderiam estar. Talvez, inclusive, Ayato…

Kuina fechou os olhos. As coisas não eram tão simples.

ー Não sei se esse também é o caso para os outros capitães. Também não há confirmação de que a causa do desaparecimento de Aika é a mesma que a dos outros onze Shinigamis. No fundo, essa informação pode terminar em um beco sem saída. Mas ainda assim, quero que isto seja investigado o quanto antes. Afinal, o mero fato de Aika ter deixado uma carta antes de sumir sugere que ela, de alguma forma, sabia o que estava prestes a acontecer.

Ela ergueu o olhar e, com um movimento brusco, projetou sua mão direita para frente. Seus olhos fitaram dois dos capitães presentes.

ー Yukimura Yuichi. Aikyo Satoru ー exclamou em tom firme e enfático. ー Dou a vocês dois a missão de descobrirem onde se encontra a ex-capitã Igarashi Aika. Ela foi avistada pela última vez pelo seu próprio esquadrão durante uma missão de reconhecimento. Foi durante esta missão que confirmamos o sumiço do Rei Hollow. Em outras palavras… Aika desapareceu enquanto estava voltando do Hueco Mundo ー concluiu, e então pausou por um instante. ー Será durante a reunião que o castelo de Las Noches estará menos guardado. Estimo que ela levará em torno de oito horas. Esse é o tempo que vocês terão para cruzarem um portal, descobrirem o que puderem e voltarem em segurança. Se forem atacados, não hesitem em fugir. Se for possível lutar, lutem. E se lutarem, capturem o inimigo vivo. A prioridade da Gotei 13 neste momento é informação. Tenham sempre isso em mente.

Dito isso, ela esperou. Esperou para que todos entendessem o que havia sido dito. Aquela era a primeira missão concreta que dava a um capitão. Aqueles dois seriam os primeiros braços a se moverem. O primeiro movimento impetuoso da nova máquina que compunha a Gotei 13. Yuichi, sem sombra de dúvidas, seria indispensável nessa jornada. E para compensar sua inexperiência, Kuina decidiu enviar Satoru. Pelo que havia pesquisado, ele era um homem calmo e controlado. Diante de um inimigo que não possam derrotar, ou diante de uma ação impulsiva de Yuichi, com toda certeza aquele homem seria o primeiro a pará-lo e levá-lo de volta à Seireitei. Era isso que ela queria. Não seriam mais toleradas baixas na Gotei 13.

ー Infelizmente ー continuou ela ー junto de Kanzen Akashi, o ex-capitão da décima segunda Divisão, também perdemos nossa única rota até o Hueco Mundo. Antes de mais nada, precisamos de um portal novo. Um portal forte o suficiente para sustentar a reiatsu de dois capitães, e manter a passagem aberta por até oito horas seguidas ー disse, e então se virou para o capitão da segunda divisão. ー Ei Sei, vou ser direta. Ambos sabemos que só há uma pessoa atualmente na Seireitei capaz de construir algo nesse nível. Devo dizer que foi difícil conseguir a aprovação da Central, mas já está feito. Diante do estado emergencial da Gotei 13, a sentença daquele homem será suspensa indefinidamente. E quero que você me leve até lá na hora de libertá-lo.

Por fim, havia apenas uma última decisão a ser tomada. Uma última missão que a Gotei 13 deveria cumprir. Kuina havia passado horas ponderando sobre quem iria convocar. Mas no fim, as coisas pareciam ter se encaixado perfeitamente. A garota deu um riso em silêncio, ao perceber que estaria escolhendo exatamente aqueles que Ei Sei a recomendou dias atrás.

ー Komei. Noboru Ohta. Vocês irão comigo para a reunião. Quero que saibam que esta talvez seja a missão mais difícil de todas. Estaremos cara-a-cara com o novo regente do Hueco Mundo. Não posso dar-lhes garantia do que vai acontecer lá, nem qual vai ser o resultado. Por isso, treinem. Até o dia da partida, aprimorem suas habilidades ao limite, e estejam preparados para todas as possibilidades. Inclusive um combate direto com o Rei.

Dito isso, fitou a capitã.

ー Komei, eu a indiquei para assumir o posto de capitã pois confio nas suas habilidades. Durante muito tempo você cumpriu com os deveres de um capitão estando ainda no posto de tenente. A forma como você segurou as pontas da sétima divisão em um momento crítico como aquele… de certa forma me lembrou um pouco Ayato. E você deveria se orgulhar disso. Mas este momento é diferente. Estaremos indo de encontro a uma criatura cujo poder não conseguimos sequer estimar. Agora, mais do que nunca, é o momento de provar seu valor como capitã e honrar o cargo que lhe foi concedido.

Por fim, seus olhos se viraram para Ohta.

ー Noboru, a sua experiência militar é imensuravelmente maior do que a minha. Quero que saiba que é justamente por saber disso que estou escolhendo você. Quando estivermos lá, tudo pode acontecer. Não importa o quanto eu veja e reveja os planos, sempre haverá alguma possibilidade não contemplada. E se um imprevisto realmente acontecer, eu quero ter a sua intuição ao meu lado.

E então, ela parou. Com isso, as missões estavam delegadas. A grande roda da Gotei 13 começava novamente a girar. Em frente, em direção ao desconhecido, qualquer que fosse o futuro reservado para eles.

Kuina suspirou. E então esperou as respostas.

Importante:

Ficha

Ícone : Mensagens : 407 Data de inscrição : 04/09/2022

Vida: 700/700

Reiatsu: 1300/1300

Stamina: 6/6

Os votos iam um a um sendo deferidos, alguns pareciam já esperados, outros eram dissonantes, mas o último chamava a atenção, por estar no meio seria neutralidade? O capitão do décimo-terceiro esquadrão parecia ser ganho seu cargo a pouco tempo, entretanto ao ouvi-lo falar entendia seu plano, não era neutralidade, era ambas opções. Na verdade, uma opção mais ardilosa, era adentrar no plano do Hueco Mundo com a intenção de capturar o que melhor fosse na situação, não como uma cobra traiçoeira, mas como um falcão que ronda na região e na melhor oportunidade ataca, algo como uma tática de guerrilha. Sua argumentação fazia sentido até certo ponto, teríamos o melhor dos dois mundos, paz ou no melhor caso a guerra, mas seriamos realmente capazes de chegar nesse estado? Talvez por ser o mais próximo de Karakura, Atlantis fosse quem mais entendesse do poder real dos Hollows, entretanto a dúvida ainda pairava em minha cabeça: o quão poderoso seria o novo Rei Hollow?

Outro ponto que havia observado era Noboru Ohta, seu voto era pela paz, mas suas palavras eram duras, metade fora focada apenas em Kuina, e outra em nós capitães. Ele tinha a experiência em seu favor já que era um capitão antes de boa parte de nós, ainda assim algo me incomodava naquilo, por que agora? Ele poderia trazer essas preocupações a sós com Kuina, mas por que desmoralizá-la na frente de todos os capitães presentes? Dos treze capitães apenas seis estavam presentes, isso já não era a desmoralização o suficiente para Kuina? Preferia por acreditar no lado bondoso dele, já que mesmo em meio de seus espinhos havia um lado de aconselhamento para com a comandante, mas preocupava-me o fato da escolha da hora. Noboru Ohta parecia um sólido tigre, mas ao mesmo tempo podia ser letal demais e acabar matando outros. Segurava a espada um pouco mais firmemente ao pensar nisso, não havia espaço para discordância dessa espécie, não agora. Cruzava o olha no salão encarando o capitão por um momento matutando ainda sobre o motivo daquela queixa agora, o que ele ganhava ao fazer isso? Apenas alertar? Por fim, um segundo depois, movia meu olhar dele para a capitã novamente.

Por falar nela, certas coisas também eram curiosas por parte de Kuina, seu jeito, suas palavras comedidas e extremamente pensadas, ela parecia nervosa, talvez pela sua primeira vez discursando para os capitães, afinal ela não fora capitã antes de ser capitã-comandante e estava agora discursando para já dois veteranos. Talvez incerteza ou insegurança? Não parecia a cara dela agir dessa forma, talvez ela não esperasse ser confrontada por alguns capitães tão logo e isso havia a desestabilizado, mas sabia das qualidades dela, e sabia o que ela estar ali significava. Precisava falar com ela sobre isso depois.

Então a reunião dava prosseguimento, a comandante trazia seus contra-argumentos aos planos de Atlantis e me continha apenas a concordar com a cabeça, não sabíamos o tamanho do perigo e não podíamos correr tal risco, a hora não era essa. Porém sua segunda afirmação movia um pouco meus eixos, levando a um pensamento falso, mas ilusório. Se Igarashi Aika estava viva, poderia ser que Genro..estivesse vivo? Afinal eu não tinha visto sua morte, apenas ouvira sobre, mas ele...não..estava longe disso. Fechava os olhos por um momento dissipando esses pensamentos, meu marido morreu nas mãos de um Hollow, apenas isso.

De repente o clima da reunião mudava, de conversas e decisões mudávamos para algo como um momento decisivo, o próprio tom na voz de Kuina mudava, sua voz agora firme, decidida, potente, sim aquela era ela em seu verdadeiro ego, o motivo pelo qual Ayato deveria tê-la aceitado como discipula, o motivo pelo qual agora ela conseguia manter-se como capitã-comandante, a determinação e firmeza de um leão. Sua primeira decisão era uma missão para Yuichi e Satoru, deveriam invadir o Hueco Mundo enquanto acontecia a reunião em Las Noches e tentariam obter o máximo possível de informações. Olhava para Yuichi e esperava o melhor, sabia que ele tinha sido um escolhido de sua mestra, não à toa, ele era promissor, mas não poderia vacilar em um lugar como aquele e ainda após a coroação de um novo Rei, Las Noches estaria em fervor e sedento por sangue daqueles que esgueiravam por suas areias.

Em seguida, estranhava um pouco o tom usado por Kuina, não conseguia saber direito [i]quem[i] referia-se Kuina, mas imaginava que pelo fato dela designar Ei Sei para essa tarefa, deveria ser um criminoso muito importante, e isso colocava ainda mais peso sobre a capitã, com certeza a Central iria fazer barulho ao saber disso e por isso, mais do que nunca, ela precisava de sucesso na empreitada ao achar os desparecidos.

A reunião parecia ir em bom ritmo e estar chegando aos seus finais, porém sentia um gelo percorrer minha espinha quando ouvia o som do meu nome saindo da boca da superior. Não só o meu como de Ohta, não esperava ser chamada, não agora, afinal meu trabalho parecia mais relacionado ao mundo dentro da Seireitei do que fora dele, ainda assim fora convocada para algo além dos portões da Soul Society, eu iria também para o Hueco Mundo. Além disso, nosso papel lá era de extrema importância, seriamos os guardiões de Kuina ao mesmo tempo que estaríamos ali para dar tempo suficiente para Yuichi e Satoru investigarem o que achassem no Hueco Mundo. Um passo errado nosso e os dois teriam bem mais dor de cabeça, assim como um passo errado deles e a missão da reunião com o Rei Hollow poderia ir água abaixo.

O que ouvia dela na sequência me tranquilizava um pouco, entender que para a comandante eu estava li por mérito e não apenas por formalidade era um motivo de mais gratidão com Kuina, talvez pela minha mudez muitos da Central sequer pensariam em recomendar-me e sabia que alguns dos antigos capitães desprezavam ao ver eu falar com Ayato através de papeis, como se eu estivesse rebaixando o comandante. Assim, soltava um tenro sorriso para ela e cumprimentava os elogios com um aceno de cabeça. Para Noboru, deixava também um sorriso amigável no rosto e fazia uma curta reverência como se estivesse indicando que aguardava pela colaboração desse.

Então, guardava a zanpakutou e de dentro dos bolsos da veste sacava o tradicional bloco de notas e anotava em duas folhas mensagens distintas. Na primeira escrevia:

“Fico lisonjeada pelos elogios. Não se deixe abalar agora Kuina, você não está onde está apenas por mero acaso do destino, Ayato estaria orgulhoso de vê-la sentada nessa cadeira, você já está honrando o legado dele. Fui leal e ele, e serei a você."

E na segunda escrevia:

“Será uma honra contar com a sua experiência capitão Noboru, espero que amanhã já possamos conversar sobre essa reunião, sugiro também treinarmos juntos e então eu aceitaria de bom grado o seu convite de tomarmos um chá”.

Então dobrava o primeiro, entregando-o com as duas mãos para a capitã e em seguida entregava o outro para Noboru da mesma forma, tal qual a etiqueta pedia.

Ficha

Ícone : Mensagens : 132 Data de inscrição : 14/08/2022

Yukimura Yuichi

Aos poucos os capitães se posicionavam com seus votos e seus pontos de vista. Um, dois, três, quatro. Quatro a um. A cabeça da décima divisão era o único a votar a favor de um conflito direto, o que me parecia inesperado, visto que fora o primeiro a trazer alguma leveza ao ambiente com sua presença. O mesmo nada disse, apenas declarou seu voto trazendo sua zanpakutou ao seu lado direito, como indicado pela comandante, tornando-o ainda mais curioso sua posição. O capitão da sexta divisão tomava então sua deixa com palavras duras; deixava claro sua desconfiança sobre a capacidade de Kuina, o que me fazia lutar contra minha vontade de encolher os ombros – apesar de ter crescido dentro da Sereitei sendo treinado desde muito cedo, a julgar pela aparência da mulher nós tínhamos idades muito próximas. Em contraponto, ele terminou seu discurso de maneira ponderada, oferecendo suporte a todos presentes e com uma opinião tão inesperada quanto a de Satoru, votou pela paz. Ei Sei se juntou a Noboru em seu discurso, suavizando um pouco da situação; ele deixava claro seu apoio à Kuina ao comentar sobre a história do antigo comandante e sua similaridade com a situação em que a garota se encontrava ao tomar o posto. Aquilo pareceu o combustível que a mulher precisava; discursou sobre a história de Ayato e, apesar de demonstrar sua vulnerabilidade, pôde demonstrar que não fora escolhida por simples acaso; no final das contas, apesar da experiência de outros capitães, talvez fosse justamente o reflexo que Ayato deixara no passado que fizera com que a Central 46 escolhesse Kuina como sua sucedente. Atlantis era o último a se posicionar e apesar de seus argumentos, sua ideia não me pareceu destoar muito de uma posição de guerra. Ir até o encontro do rei de Las Noches e iniciar um combate é uma declaração de guerra; mesmo que no final nosso lado saia vitorioso, a história ecoaria pela infindável noite daquele lugar e então teríamos não apenas os desaparecimentos e a tal criatura como preocupação, mas também o próprio Hueco Mundo como um inimigo declarado. Àquele ponto já não importava, então não demonstrava menção de discutir, ao menos se Kuina mantivesse sua posição inicial, a decisão final havia sido feita.

Seguindo com a reunião a comandante refletiu sobre a ideia do capitão da décima terceira divisão e em seguida colocou-se a olhar diretamente para mim. Ao sentir sua vista sobre mim estreitei os olhos por uma fração de segundo; mesmo quando tenente sempre me coloquei à sombra de Aika. Eu dificilmente era o centro das atenções e a última coisa que esperava no momento era meu nome em pauta tão diretamente como acabava de acontecer. Usualmente meu primeiro instinto seria segurar um dos pulsos com a mão oposta e esperar que o toque frio de minha pele me acalmasse, mas eu tinha ciência que naquele momento demonstrações de acanho poderia exprimir alguma fraqueza frente aos capitães, então apenas intensifiquei a força com a qual segurava minha zanpakutou embainhada com a mão esquerda enquanto a Kuina comunicava os presentes sobre os acontecimentos na sétima divisão. Ao ressoar da última palavra que saia da boca da garota eu sentia como se meu coração pulasse uma batida. “Estúpido.” pensei comigo mesmo; aquilo deveria ser óbvio. Como você nunca pensara nessa possibilidade? Institivamente eu aguardava que do fundo da minha mente um sussurro se fizesse presente, indicando que eu não tivesse esperanças; Aika sempre demonstrara enorme aptidão com suas técnicas de selo, foi assim que ela me resgatara, talvez aquela assinatura não fosse um desafio para ela, mas enquanto Kuina continuava com seu discurso, era como se eu estivesse sozinho em um grande salão onde só uma brisa gelada me acompanhava. Tudo o que a comandante falava era verdade e pela primeira vez em muito tempo nada além de meus pensamentos estavam em minha cabeça; aquilo era incomum e uma pontada no peito começava a me incomodar. Se Aika tivesse alguma ideia do que iria acontecer...

Voltava a superfície quando meu nome era entoado uma segunda vez. Recebia minha primeira ordem como capitão da sétima divisão e sinceramente me pergunto se não poderia ser pior. Talvez eu esperasse vingar Aika em uma batalha ou algo do tipo, mas meu objetivo seria investigar seu desaparecimento. Enquanto Kuina comunicava minuciosamente nossos objetivos, deixava um breve e inesperado suspiro escapar, logo recuperando a postura. Aquela é a vida de um shinigami; Aika te treinou por mais de uma centena de anos pra isso. Não havia tempo para lamentações, o equilíbrio de muita coisa estava em jogo. – Sim senhora. – Proferi em tom firme enquanto assentia com a cabeça e encarava a comandante diretamente nos olhos no momento em que ela terminava suas orientações, passando minha visão brevemente por Satoru, quem me acompanharia na missão. Ao menos eu não estaria sozinho; eu finalmente começava a sentir o peso do manto branco sobre meu shihakusho e mais do que nunca me perguntava se eu realmente estava pronto para manter aquele posto.

Kuina continuou com suas ordens e então o plano inicial estava posto. Uma movimentação como aquela de fato não era comum; após muito tempo entravámos em um momento histórico não apenas para a Sereitei, mas como para todos os mundos.

hp 600/600 | reiatsu 1400/1400 | stamina 7/7 | cansaço 4/4

Ficha | Aparência

Ícone : Mensagens : 346 Data de inscrição : 17/04/2021

As nuvens no céu
não fazem o sol deixar de brilhar
Capitão da Décima Divisão

Um tiro no escuro. Um voto baseado num pressuposto; numa intuição. Essa era a definição de meu voto. Uma tentativa de manipular o resultado final. A guerra, naquele momento, seria uma decisão precipitada e, ciente disso, procurei confrontar a decisão de meus colegas. Dois votos já haviam sido favoráveis à paz, antes mesmo da minha posição. De acordo com minha perspectiva, os mais velhos tenderiam a se posicionar contrários ao conflito e, portanto, era de se esperar que, com meu voto, uma maioria quase unânime decidisse pela paz. Me posicionar a favor da batalha criava a possibilidade, ainda que ínfima, de um empate e, portanto, a necessidade do posicionamento de Akado Kuina.

Houveram, então, os demais votos. Noboru Ohta foi o próximo. Sua posição não me surpreendeu. Era de se esperar um planejamento razoável por parte do mesmo. Sua visão sobre o conflito e o preparo diante a fragilidade da Soul Society eram perspectivas que eu compartilhava. Suas ressalvas acerca do comando de Kuina demonstravam um lado que eu já havia conhecido anteriormente. Apesar disso, ele se mantinha flexível à situação e era possível entender seu posicionamento. A busca por aconselhamentos; a tomada de decisões por si só. A dicotomia escondida por trás da necessidade de um ponderamento meticuloso. Escolhas que devem ser feitas de maneira cautelosa. Noboru soube bem como confrontar tais conceitos que, por vezes, são tão antagônicos. Talvez, ele tivesse percebido o mesmo que eu e, por esse motivo, havia escolhido uma maneira mais direta de expressar seus pensamentos.

Houve, então, um momento de silêncio até que a voz do Capitão da Segunda Divisão se fizesse presente. Ei Sei, apesar de ter assumido o cargo de Capitão há pouco tempo, era um veterano. Era de se esperar que suas opiniões fossem sensatas acerca do conflito. O mesmo dizia sobre uma decisão precipitada e, talvez, essa fosse a principal questão sobre a escolha de uma guerra. Dito isso, o que falou depois fora suficiente para que ficasse nítido seu posicionamento. Citar a história de Ayato Ittosai era, realmente, uma maneira coerente de se comparar o modo como as pessoas tendem a temer o novo. Eu conhecia aquela história e a repetição era nítida. Tal ressalva era suficiente para que a reflexão voltasse a tomar nossos corações e, talvez, apaziguasse o sentimento de dúvida, mesmo diante das incertezas que vinham pela frente. Naquele instante, eu fechei meus olhos e sorri levemente. As palavras de Ei Sei refletiam nitidamente a minha própria maneira de ver a situação. "É para isso que estamos aqui…". Ele disse. Era sobre tal apoio que eu havia falado a Noboru, alguns dias atrás. Servirmos como pilares para que o comando de Akado Kuina se torne proveitoso e não um desastre. Mesmo Ayato era ciente de suas deficiências e isso não lhe tornava um mau comandante. Pelo contrário, Ayato sabia equilibrar suas fraquezas através do apoio dos Capitães, Tenentes e Oficiais. Isso era a tão chamada comunhão. O trabalho em equipe. Algo que eu prego em minha própria divisão.

Naquele instante, a própria Kuina pareceu preencher-se de uma confiança trazida pelas palavras de Ei Sei. O fato de relembrar um passado ao qual se identificar parecia lhe trazer a estima necessária. Ayato era uma figura de respeito e exemplo para aqueles que o conheceram e isso era visível nas palavras da própria Kuina. Ei Sei havia conseguido acender uma fagulha de determinação no coração daquela jovem. Suas palavras eram humildes e demonstravam, apesar de tudo, que ela estava disposta a aprender e a comandar da maneira que lhe fosse possível. Para mim, aquilo era suficiente.

Por fim, era a vez do último capitão. Atlantis, Capitão da Décima Terceira Divisão. Uma incógnita. Meu plano já havia ido para o espaço. Entretanto, naquele momento, meus companheiros já haviam despertado um sentimento mais importante do que a própria ideia que eu havia me atido. Enfim, as mãos de Antlantis pareceram tomar o caminho da guerra, mas, em dado momento, sua Zanpakutou fora colocada em horizontal, representando uma terceira opção. "E se…". Ele dizia. Sua visão era diferente daquelas propostas até então. Tomar o caminho de uma captura para a tomada de informações me parecia um caminho sem volta. Não era bem uma terceira opção. O próprio Capitão reconhecia os traços perversos de seu plano, porém, para ele, haviam motivos pelas quais seguir tal caminho. Em minha mente, no entanto, haviam mais "poréns" do que certezas. A tentativa de uma captura era, de certo modo, uma declaração de guerra disfarçada. Talvez, não fosse descoberta em primeiro plano, mas, uma hora ou outra, poderia trazer problemas. Kuina fora rápida em se posicionar sobre o assunto. Suas ressalvas inicias não contemplavam as mesmas opiniões que eu guardava no fundo de minha mente, entretanto, ela fora enfática em trazer novas informações à reunião.

Aquela história não me era estranha. Aika era conhecida entre os corredores da Sereitei, apesar disso, seu desaparecimento parecia tão misterioso quanto os outros. No entanto, havia essa carta. A existência de tal carta era conhecida, entretanto, tais fatos nunca chegaram a ser revelados para os demais. O simples revelar de que a reiatsu de Aika continuava a se manter intacta ainda após seu desaparecimento, dizia muita coisa. Era fácil deduzir que isso poderia ter diversos significados. Minha experiência de anos, porém, me alertava sobre a falsa esperança. Encontrar os desaparecidos vivos seria um ótimo desfecho para toda história, mas parecia distante e mesmo aquela notícia não me fazia enxergar uma luz tão brilhante ao fim do túnel. Mesmo eu, com todo meu otimismo, não colocaria minhas expectativas em tal final feliz. A decepção seria a maior tragédia diante uma expectativa frustrada. Era hora de, acima de tudo, garantir certo grau de realismo ou, ao menos, proteger-se contra uma frustração. A dor da perda era grande, isso era incontestável. Todos nós procurávamos maneiras de lidar com as perdas e tristezas, alguns agarravam-se as buscas pelos desaparecidos, a esperança de encontrá-los e a ideia de um reencontro. Não, não era isso que eu me agarrava. Em dado momento, esses sentimentos chegaram a me visitar, porém, outra coisa me preenchia. O que me fazia continuar eram aqueles que ainda permaneciam; por aqueles que se foram. Descobrir o porquê dos desaparecimentos não tinha como objetivo principal encontrar aqueles que se foram. Aquilo era como uma batalha. Deveríamos proteger aqueles que permanecem. O objetivo, então, se tornava encontrar o motivo dos desaparecimentos para evitar que mais pessoas desaparecessem. Aqueles que se foram, se encontrados vivos, seriam um deleite inesperado e não uma expectativa esperançosa e ansiosa. Sim, aquele era minha maneira de lidar com o problema. Aquela era minha maneira de evitar a dor futura de um encontro com a morte de meus companheiros ou de um reencontro. Talvez, uma parte escondida do meu próprio realismo; um contraste com meu otimismo.

Não podia, porém, ignorar aquela informação. Um rastro de reiatsu poderia ser encontrado e nos levar até alguma fonte do problema ou, até mesmo, a algo inesperado. Ignorar tal possibilidade seria uma tolice tremenda. Era uma pista ainda que volúvel. Kuina parecia ciente da ideia de que, dada as circunstâncias, as condições dos desaparecimentos poderem apresentar fatores diferentes. Aika parecia ter se preocupado o suficiente em deixar uma carta pós-mortem antes de sua partida, o que significava a premeditação de algum acontecimento. Tal fato, me trazia lembranças.

“Yukimura Yuichi. Aikyo Satoru.”. A voz de Kuina me arrebatou de meus devaneios. A missão atribuída destinava-se ao encontro de informações que levavam ao desaparecimento de Aika. Uma missão perigosa. A simples peregrinação no castelo de Hueco Mundo significava o possível encontro com personagens complicados da trama. Vaguear por tal mundo exigia responsabilidade e, acima de tudo, noções específicas sobre a hora de recuar e a hora de continuar. O horário exato era aquele marcado para a Reunião e o tempo era curto. Me surgiu à mente se era a melhor decisão designar Yuichi para tal missão, dado o valor sentimental que ela possuía para o mesmo. Entretanto, talvez, fosse o exato motivo que fez Kuina colocá-lo em tal posto, em contrapartida, com minha presença mediadora. Eu assenti com a cabeça, em silêncio. Os traços de comandante finalmente surgiam naquela jovem garota. A insegurança parecia ter se esvaído de sua postura.

Dito isso, ela continuou. A perda de Akashi era mais um dos contribuintes para o aumento dos desaparecimentos. Junto a isso, a necessidade de mudanças imediatas. Naquele caso, a Central de Pesquisa se tornava indispensável para a missão. Kuina parecia entender isso e, disposta a abrir mão de certos confortos, parecia buscar soluções mais drásticas. — Aquele homem… — Repeti mentalmente. Realmente, havia uma história que me vinha à mente. Um cérebro que havia sido contido, anos atrás, após um incidente em Rukongai. Seria aquele homem que ela se referia? Havia tanto tempo que não me recordava de seu nome, entretanto, seria difícil pensar em mais alguém que pudesse substituir um cargo de tal patamar. A Central, na época, havia o considerado um perigo à sociedade pelo simples motivo de existir. Para evitar problemas, ele havia sido encarcerado e posto sobre vigilância. Talvez, fosse o único capaz de substituir o lugar de Akashi. Era uma jogada arriscada, dada sua natureza desconhecida e sua personalidade insólita.

Entretanto…

Sobre a reunião, ficava definida a participação da Capitã Komei e do Capitão Noboru. Kuina parecia ciente dos fatos e, acima de tudo, concisa em suas palavras. Trazia consigo a explanação de tal decisão, tecendo elogios à nova Capitã. Sua confiança quanto às habilidades da mulher pareciam exceder a ideia de atributos de batalha, mas também sua própria maneira de ser. Tal tipo de confiança me parecia necessária para a formação de uma Sereitei unida. O mesmo poderia se dizer sobre as palavras dirigidas a Noboru. A experiência e intuição do homem seriam alicerces na reunião e era compreensível sua presença em tal. Mais uma vez, Kuina havia acertado em sua decisão.

— Acho que não preciso me preocupar. — Pensei, levantando a cabeça e olhando para o teto por um instante.

Naquele momento, ouvi o som de papel e movi meus olhos de volta à reunião. Era Komei. Ela escrevia em um bloco de notas. Eu havia ouvido que a jovem mulher era muda. Os papéis eram entregues aos destinatários, deixando certo ar de mistério. Bom, pelo menos para um curioso nato como eu. Não contive um leve sorriso de canto em meu rosto. Komei parecia guardar um coração bondoso. Um ar de gentileza que transpirava sua maneira de ser, tal como a etiqueta com que se portava. Era notável, no entanto, que a mulher se destacava entre os pares e sua promoção, como posta por Kuina, havia sido por mérito e não por simples acaso.

Naquele momento, acreditei que fosse a melhor hora para me pronunciar.

— Ora. — Dei um pequeno salto de supresa. — Pelo jeito, eu confundi os lados. — Falei, soltando uma gargalhada sem graça. Nunca havia sido um bom ator, apesar disso, tentei me esforçar naquele instante. — De qualquer modo… — Introduzi, enquanto, por um momento, colocava minha espada de volta em minha cintura. — Fico feliz de ver as decisões serem tomadas. — Dessa vez, estava sério e através do canto de meus olhos, meu olhar se cruzou com a face de Kuina e um sorriso forçado rapidamente surgiu pelo canto de minha boca. Aquela era minha maneira de tentar comunicá-la sobre meus pensamentos.

Por um breve instante, mantive o silêncio, até o momento em que, num suspiro profundo, ergui minha face para o teto. Por um curto momento, eu refleti sobre o que estava prestes a falar.

“Aiko…”.

— Ichanabe Aiko… —. Minha voz soou firme. — Tenente da Décima Divisão, está desaparecida, há cinco dias. — Meus olhos voltaram a altura dos presentes. — Dada as circunstâncias atuais, podemos imaginar que ela é mais uma vítima do fenômeno que vem nos acometido. — Respirei fundo, fechando os olhos por um momento. — Achei pertinente trazer tal informação. — Conclui.

Brevemente, corri meus olhos pelos presentes enquanto voltava a falar. — Quanto ao que foi dito, creio que, nesse momento, não tenho o que acrescentar. — Meu modo de agir era discreto. — Pessoalmente, as conversas particulares sempre foram mais agradáveis para mim do que falar em público. — Eu dizia. Um leve sorriso percorreu minha face e meus olhos se fecharam num breve silêncio. — É por isso que podem considerar meu silêncio como uma forma de assentimento e caso haja alguma dúvida, fiquem a vontade para perguntá-la diretamente a mim — Meus olhos então se abriram e se viraram para Kuina. — Porém, tenho algo a pedir. — Não sabia qual seria a reação da jovem, entretanto, era algo necessário. — Se possível, eu gostaria de encontrar com… — Eu ia falar teu nome, mas hesitei. — Com o sucessor de Akashi. Tenho perguntas importantes a fazer. — Seguidamente, continuei a falar. — A missão de investigação depende inteiramente de seu trabalho e acredito que seja importante nos inteirarmos dos pormenores da situação — Eu falava calmamente e sem muita pressa. — Para o caso de algum imprevisto. — Por fim, um leve aceno com minha cabeça, cordialmente indicava o fim de minhas palavras.

A partir dali, esperei o desenrolar da conversa.

HP: 700/700 | CH: 900/900 | ST: 06/06

*Spoiler abaixo*

Considerações:

Template por Vênus

Ícone : Mensagens : 141 Data de inscrição : 17/07/2022

H

ōmon

O desenrolar dos votos se faz presente a medida que as tragadas no segundo cigarro o fazem diminuir, assim como o pessimismo em minha mente sobre a posição de Kuina; A jovem parecia se acomodar em seu posto a cada palavra proferida, seu semblante desconfiante e sem jeito aos poucos ia se perdendo no mar de determinação que a garota trazia consigo.

Ei Sei concorda parcialmente com minhas palavras até citar Ayato e sua forma parecida de assumir o comando. — Hunf... — Reajo ao assimilar suas palavras, mantendo uma feição séria e focada, levando apenas os olhos cor rósea para sua direção. — Pegar uma situação como aquela e definir como regra só nos atrapalhará... — Penso enquanto fecho os olhos e permito os outros darem seus pareceres restantes.
Por último, Atlantis junto a sua burrice espetacular propõem uma alternativa, o simples fato de querer arriscar um conflito direto com inimigos de poder desconhecido, em uma situação de fragilidade como aquelas já se torna um grande NÃO ao "plano", minha única resposta é fechar os olhos e expor um sorriso.

Ao final, Kuina resume o resultado e expõe algumas informações até então contidas, rastros de reiatsu ativa... Essa questão abre um leque de possibilidades, tanto positivas quanto negativas... porém guardo para mim e busco não deixar desabrochar nenhuma expectativa vazia.
Após analisar e opinar sobre os votos, Kuina inicia o processo de designação de missões, investigar o Hueco mundo, soltar Aquele homem... AQUELE HOMEM?! — Arregalo os olhos por um momento, desencostando da cadeira por revolta... Porém a lógica me faz soltar um suspiro e conter minhas emoções, voltando a fixar o teto. — Nimura Kishou... Uma criatura apodrecida, suas éticas e lógicas despertam o pior em meu âmago, esse homem foi um imenso teste de paciência, para não dizer outra coisa. — Meu pensamento é cortado ao escutar meu nome da boca de Kuina.

Recebo suas ordens em silêncio, apenas acenando com a cabeça; Uma pequena carta me é entregue por Komei, que expõe sua opinião sobre a missão que nos foi dada, emitindo um convite singelo na mesma. Olho para a capitã e dou um sorriso curto porém sincero, dizendo:

ー Fique a vontade para me visitar assim que estiver disponível capitã, acho que seria inteligente se soubéssemos nossas capacidades e fraquezas... Um treino amistoso será suficiente acho... ー Questiono coçando a cabeça.

O momento descontraído é rapidamente cortado por Satoru, que expõe o desaparecimento de sua tenente a poucos dias, minha feição se torna séria novamente, enquanto espero pela reação da comandante e do desenrolar da reunião.

Considerações:

N

六番隊
Rokubantai

Noboru Ohta

C

Ícone : Mensagens : 127 Data de inscrição : 15/08/2022 Idade : 26

ミーティング

Os pensamentos de Ei Sei flutuavam como uma nuvem enquanto Kuina discursava palavras sobre Ayato. Seus olhos por um instante vagavam pelas cortinas, passando pelo avermelhado das paredes, e indo de encontro ao assoalho amadeirado antes de estacionar novamente no rosto da atual comandante. Naquele momento, teve uma rápida visão do semblante do líder, seguido de uma nítida lembrança do primeiro encontro com o próprio.

Naquela época, era apenas um novato recém chegado à Seireitei, enquanto Ayato por sua vez... - Bem, ele sempre foi Ayato. - Nas memórias do Shinigami o homem era sempre relembrado como o líder capacitado que era, capaz de enfrentar a crise dos Vasto Lorde e emergir vitorioso contra qualquer uma das probabilidades. Um homem de olhar compenetrado, e ação comedidas - Com ele não haviam nunca pontas soltas, e se haviam, ele as amarrava - Mesmo agora, apesar de enunciado com alguma naturalidade por Ei Sei, seu nome e o paralelo entre as histórias - a sua e a de Kuina - era forte o bastante para trazer um consenso à aquela reunião. Ainda que frágil como vidro, e ainda mais importante; despertar um leão adormecido dentro da garota, depositando algumas fichas a seu favor. Quando suas palavras se encerraram, novamente veio o silêncio. Assim olhos dos capitães se voltaram a um único homem. Agora era a vez de Atlantis.

[...]

Seu voto se apresentava como sendo uma espada na horizontal, um sinal que imediatamente era compreendido por Ei Sei. - Hoh. - Pensou consigo soprando fumaça, aguardando que a ousada proposta fosse verbalizada. Quando o homem o fez coçou a barbicha por um instante e então reclinou novamente sob o assento.

-Então esse é o tipo de homem que temos a frente da 13a divisão? - Anotou mentalmente. Em fato, a ideia também lhe ocorrera enquanto votava, ainda que tenha deixado de sugerir da mesma forma, levando em conta a falta de informações acerca do novo Rei Hollow; algo que poderia inviabilizar a manobra. - Ou não... - Olhou ao redor e pensou consigo mesmo, quantos dos sete haviam tido o mesmo pensamento e o ignorado julgando ser apenas mais um impulso sórdido da mente. Uma ideia perversa e passageira, digna de uma mente tão pervertida quanto a própria. Estranhamente, o rosto de Atlantis não lhe era familiar, e em sua mente não conseguia reaver uma informação sequer sobre o homem isso lhe perturbava por um instante. - Qual a real natureza desse homem? -

A verdade era uma só, e nela situações de poucas informações e alternativas levavam a decisões difíceis, onde todas as rotas e soluções deveriam ser levadas em contas - inclusive movimentos sórdidos como estes. - A dicotomia da batalha pelo equilíbrio das almas era algo bem mais complexo que o bem contra o mal, ou mocinhos contra vilões. Era evidente que na verdade em muitos dos casos ambos Shinigami e Hollow eram apenas dois lados da mesma moeda. E que muitas vezes, ambos pensavam igual. - E é claro, o tipo de pensamento que em nove de dez casos pode acabar te mandando para o ninho dos vermes... - Mas que se usado de forma inteligente podia cortar uma ou duas etapas e agilizar alguns processos. Um tipo de pensamento soturno, convencional para alguém como Ei Sei, que já havia se deixado corromper por vícios humanos como o mulheres e álcool. No fundo sabia que ainda que a atual crise fosse resolvida, no final continuariam restando Hollow, Shinigami, e sua guerra milenar, então talvez não fosse de todo ruim aproveitar-se da situação para variar.

Kuina respondia a ousada sugestão apresentando dois contra-pontos como principais argumentos: O primeiro a falta de informações acerca do novo rei Hollow também evidenciada nos pensamentos de Ei sei, o qual o mesmo só respondia com uma soprada do cachimbo. E o segundo sendo uma nova informação oculta; uma possível pista em forma de assinatura de Reiatsu, deixada para trás por um dos ex-capitões. Quando Kuina terminou, Ei Sei murmurou para sí mesmo seu nome - Igarashi Aika... - Imediatamente reavendo o rosto da mulher em seus pensamentos. - Uma das doze desaparecidas. - Satoru falou pela primeira vez na reunião, então como os demais limitou-se apenas a ouvir calado. - As ervas estão acabando. - Constatou olhando dentro do cachimbo. - - Tenho algumas memórias acerca da capitã também ainda que não fosse próximo... - Pontuou enquanto buscava um sachê de erva em um bolso dentro de seu quimono branco. Quando o achou, abriu e reiterou as ervas dentro do cachimbo de madeira, voltou a tragar e continuou - Temos de ser positivos quanto a qualquer tipo de vestígio ou pista. Ainda mais com tão poucas delas. - Suspirou enquanto soprava. No amadeirado do chão podia ver seu próprio reflexo, no momento em que se distraiu com uma leve brisa que cruzou a janela, então tirou seu foco da reunião por um segundo, olhando diretamente para o horizonte, acometido por uma estranha sensação. Algo parecia errado, e aquilo o deixou inquieto por um breve instante.

[...]

Assentia com a cabeça, refletindo sob o nome de Kanzen Akashi também mencionado por Kuina. - Certo. - Concordava, ainda que se questionasse se aquela era de fato a melhor decisão a se tomar. - Ele é difícil. - Apontava, com algum pesar, suspirando na sequência. - Nimura Kishou... - Imediatamente um número lhe veio a cabeça - 300... mil. - Era a quantidade de pessoas que haviam morrido no experimento feito pelo imprudente pesquisador.

Assim como os rostos de Igarashi Aika o do homem também vinha nitidamente a seus pensamentos, especialmente levando em conta que ambos atuaram na organização pelo mesmo período de tempo. Consequentemente também estava lá em sua prisão. Na época o ocorrido fora uma catástrofe, nunca antes precedida em toda história da Seireitei e que aparentemente havia acabado de ser remediada provisoriamente, fato que trazia certo desconforto a mesa.

Enquanto refletia a missão lhe atribuída, seus olhos fitavam as cortinas novamente, encarando o vento que entrava janela a dentro. Continuava a sentir aquela estranha sensação, agora como um abrupto arrepio. Seus olhos semi-cerraram, e encararam diretamente os de Kuina por um segundo como se dissessem - Você também sentiu isso? -

Vida: 1100/1100　Reiatsu: 800/800 Stamina: 0/7　Cansaço: 0/4

Considerações:

Ficha

Ícone : Mensagens : 178 Data de inscrição : 22/07/2022

tempo de sangue
危機

A porção de história narrada por Kuina era bem recepcionado pela atenção de Atlantis, mas era informação para mais tarde. Na verdade, cada detalhe que compunha as percepções do capitão sobre a reunião era um bom pedaço de pensamentos a ser apreciado, depois. Uma vez que havia sugerido um terceiro caminho a ser seguido pelo Gotei, seus olhos e ouvidos começaram a caçada pelos detalhes fugidos de cada figura e qualquer resquício de pensamento lidaria com o que fosse encontrado.

Kuina deixou que o espanto corresse solto pelo par de olhos que naturalmente já eram enormes. Atlantis esperava que uma possível terceira rota já fizesse parte da cabeça, pelo menos de um pedacinho dela, de todo mundo, mas a Capitã Comandante indicava o contrário. O tempo teve espaço para se alongar pela reunião enquanto a mulher considerava o cenário. Não apenas ela, cada um dos deuses da morte deixou que um fragmento de perspectiva vazasse por uma brecha ou outra.

危機

O produto das considerações de Kuina carregava o que poderia ser visto como o eco de um medo que talvez existisse de três formas. Na primeira delas, o medo maior, aquele que deslocava cada alma abrigada na Soul Society para bem longe do conforto e segurança. Uma ameaça desconhecida que, por um ínfimo e discreto instante, mostrara uma capacidade encharcada de intimidação que jogara sobre os anseios de Kuina suas duas outras formas pelas quais o medo que exalava existia.

A segunda e terceira formas coincidiam em surgimento e causa. Uma vez que aquilo que sustentava a paz e a segurança da Sociedade das Almas levava treze tapas de uma mão gigantesca e invisível, por consequência essa mesma mão colocava a mulher na pressão e no receio de falhar que o cargo agora sobre ela impregnava. Junto aos deveres por uma organização em naufrágio, recebia da mesma forma a iminência de uma guerra contra inimigos batalhados desde os primórdios e contra aqueles que sequer sabia onde olhar para ver. A troca de olhares entre a Comandante e um estado maquiado de paz era previsível, contudo, as raízes dos receios de Kuina talvez estivessem mais profundas em suas decisões.

Enquanto as palavras de Kuina se esticavam pelo salão, Atlantis pescou com o canto dos olhos o balançar da cabeça de Komei no mesmo ritmo que as perspectivas da Comandante. Aquilo tirou um sorriso quase imperceptível do homem e fez sua atenção voltar às palavras da outra. Ele ainda não parecia saber o que o divertia exatamente e nem queria descobrir naquele momento. A primeira questão levantada por Kuina deixava o resquício desagradável do gosto de apenas uma observação.

“Por que considerar o rei Hollow uma criatura tão ou ainda mais capaz que um capitão? Ela mesma disse, eles vêm de um cenário onde também tiveram baixas causadas, muito provavelmente pelo mesmo inimigo que o nosso. Da mesma forma que nós, é quase certo que suas potências foram varridas da solidão do Hueco Mundo. E se o que restara dos Espadas é destinado ao combate pelo título de rei, uma força já aleijada tem seu potencial reduzido ainda mais. O mais forte da sobra, do resto, era o que consideravam ter um potencial digno de medo.” As palavras disparavam pela mente do capitão quase simultaneamente aos estímulos que as criavam. Apenas pela mente.

“E mesmo que a suposição de que o tal “rei” é mais forte que um capitão esteja certa, quantos espadas ainda restam depois de tudo? Dos que restam, quantos permanecem fiéis ao sistema que “rege” o Hueco Mundo a ponto de acompanhar tão imediatamente um rei ascendido do sangue? Quanto do inimigo Kuina de fato conhecia ou lembrava? A história entre hollows e shinigamis é sangrenta desde o primeiro suspiro de existência. Nós trazemos a morte das criaturas que, por consequência, carrega equilíbrio ao sistema de almas que sustenta o mundo humano, Soul Society e Hueco Mundo. Hollows existem e se adaptam a esse existir temendo o momento em que o aço de um Deus da Morte atravessará sua máscara. Foi essa adaptação regada de medo que os fizeram alcançar um poder capaz de superar até mesmo o dos shinigamis. Entretanto, não passa de uma conquista recente se comparada ao tempo que existimos. Muito recente, pouco explorada. Ela traz traços de racionalidade próximos aos que temos, o que permite que eles se organizem de forma preocupante para o Gotei, mas não deixa de ser recente. Um sistema recente, espancado por um inimigo em comum, reerguido por meio do sangue daqueles que restaram e sobrevivente entre uma população de criaturas mais irracionais que racionais; era o momento perfeito para mandar espiões buscarem informações para fazermos o que vínhamos fazendo por toda nossa existência: dominar e equilibrar.” Inquietação e um tanto de ansiedade muito bem contida acompanhavam cada naca de pensamento, contudo Atlantis oferecia apenas seu sorriso largo.

危機

A segunda questão da Capitã Comandante fazia com que até mesmo a argumentação mental entre Atlantis e Kuina fosse imediatamente posta para espera. A sobrevivência confirmada de um dos desaparecidos dava a possibilidade de outros também estarem vivos, ainda que distante. O motivo pelo qual vestia a haori como capitão, imposto pela Central, até podia ser visto com um pouco de curisidade. Porém, se devolvesse o posto ao antigo portador...

"Comandante, o sumiço dos humanos e do antigo capitão da décima terceira, em Karakura, me preocupam e vejo como obrigação da minha divisão ir atrás de cuidar disso. Pretendo fazer isso imediatamente, caso concorde." As palavras foram calmas, ditas com firmeza e um tanto de autoridade, mas o tom não deixava escapar o fato de que era um pedido de autorização. As ordens já haviam sido passadas e os capitães se pronunciado,

Vida 900/900;

Reiatsu 1300/1300;

Stamina 9/9.

Considerações:

Ícone : Mensagens : 103 Data de inscrição : 30/07/2022

Vida: 800/800　Reiatsu: 600/600　Stamina: 6/6　Cansaço: 0/4

炎

Ohta e Komei haviam aceitado suas missões. Da mesma forma fizeram Yuchi e Satoru. Kuina deu um suspiro ao ver que, no fim, tudo havia se encaixado. Ela leu a carta de Komei, com calma, e cada palavra parecia sussurrar para ela a mesma coisa: ela havia feito um bom trabalho. Ela sorriu, confiante, e sentiu uma vontade imensa de respondê-la. Mas se conteve. Teria tempo suficiente para conversas no futuro. E então guardou a carta dentro do kimono, próxima ao peito.

[...]

ー Ichanabe Aiko foi… uma boa Shinigami.

No fundo, foi tudo o que conseguiu pensar naquele momento. A décima terceira vítima. Se perguntou como Satoru deveria estar se sentindo. Ela não sabia o quão próximos eram os dois, mas esperava que essa reunião tivesse servido para acender uma faísca de esperança. Ela poderia estar viva, afinal! Por mais improvável que isso fosse, ela poderia estar viva. Quem sabe, nessa empreitada até o Hueco Mundo, não encontrassem uma pista que os levassem até ela também?

Kuina não comentou mais do que isso. E em seguida, Satoru fez um pedido.

ー Que seja ー respondeu ela. ー No entanto, esta decisão não cabe a mim. Na verdade, o lugar onde vamos é dentro do território oficial da Onmitsukidou. De todas as pessoas, você deveria pedir permissão a ele ー concluiu, olhando para Ei Sei.

Agora, o pedido vinha de Atlantis. Kuina voltou os olhos para ele e, por um instante, viu-se pensativa.

ー Os desaparecimentos em Karakura são um problema que me incomoda há um tempo. Por algum motivo, eles só começaram a disparar bem depois dos eventos aqui na Seireitei. Além disso, mesmo um capitão tão antigo quanto In’ei… desapareceu sem deixar rastros.

Houve silêncio. Por um momento, se perguntou se realmente valia a pena arriscar enviar um único capitão para uma missão assim. Suas origens eram desconhecidas, e ela não tinha ideia da sua força. Se mais um capitão acabasse desaparecendo antes do encontro com o Rei Hollow…

ー Pois bem. O desaparecimento de In’ei Takahashi me intriga. E algo me diz que há informações em Karakura que não conseguiremos encontrar em nenhum outro lugar. Atlantis, considere-se livre para conduzir essa investigação como quiser. Trate-a como uma missão de alta prioridade e, acima de tudo, volte com vida.

[...]

Kuina cortou o ar com a mão direita.

ー Foi dada a cada um de vocês uma missão. A partir de hoje todos nós formamos uma nova Gotei 13. Independente se foram capitães há muitos séculos, se acabaram de ser promovidos, ou se sequer vêm da Seireitei, agora somos membros pulsantes de uma só máquina. O que quer que esteja nos aguardando no fim daquele deserto pálido, ou na conclusão desse maldito mistério, depende do quão implacável será a marcha desta máquina. Treinem. Aprimorem seus sentidos ao limite. Estudem os inimigos. Estudem os aliados. Não deixem nenhuma informação passar despercebida. E acima de tudo: fiquem vivos.

Dito isso, pausou e cerrou os punhos. Seu olhar, no entanto, era livre de angústia.

ー A Era de Ayato, que começou há 702 anos atrás com a derrocada das 13 divisões… acabou. As batalhas daquela Era foram travadas, e seus inimigos agora estão presos no passado. Estamos em uma nova Era. E isso significa novos inimigos, novas crises, mas ao mesmo tempo novas vitórias. Por isso, e por muitas outras coisas, eu declaro esta a Era d--!

De repente, parou.

“...O que… foi isso?!”, pensou. Por um instante, jurou ter sentido algo desabar sobre seus ombros, como se estivesse embaixo de uma cachoeira, só que de água torpe e agourenta. Seu pensamento foi confirmado ao ouvir que Ei Sei, aparentemente, também sentira. Uma gota de suor escorreu do seu rosto conforme ela fitava cada um dos presentes. Talvez todos já tivessem entendido.

Aquilo era pressão espiritual.

Mas não qualquer tipo. Shinigamis não emanavam aquela reiatsu suja. A única vez em que sentiu algo parecido foi… “no Hueco Mundo”, pensou. E então mais uma enxurrada de pressão a fez se apoiar na cadeira com as mãos. O ar ficou denso, a madeira começou a estalar. Kuina se recompôs e limpou o suor do rosto. De repente, podia-se ouvir Shinigamis correndo do lado de fora do prédio. Seu semblante ficou sério e afiado. Ela começou a caminhar para fora do salão, com a mão direita na Zanpakutou, e pôs-se a falar.

ー A todos os capitães ー exclamou. ー A Soul Society acaba de ser invadida. Declaro neste momento a reunião encerrada e proclamo estado de alerta em toda a Seireitei. Pelo nível e textura da reiatsu, não é nada menos do que um Hollow de nível Espada. Todas as divisões que tiverem oficiais disponíveis devem enviar um esquadrão para varrer todo o território. Principalmente a região ao redor do Senkaimon. Se ninguém aqui sentiu a barreira quebrando, o inimigo deve ter vindo pelo nosso próprio portal.

Dito isso, ela abriu o enorme portão mais uma vez. O salão, que manteve-se selado desde o início da reunião, foi recebido com um vento gelado de fim de tarde. O pequeno vislumbre que os outros capitães tiveram do corredor revelou oficiais correndo para lá e para cá, diante da repentina chuva de reiatsu que acabou de acontecer. O semblante de cada um deles transmitia a mesma ideia latente: querendo ou não, já havia começado. Mesmo antes da reunião terminar, mesmo antes de terem um portal para o Hueco Mundo. Era como se o universo estivesse rindo deles e de todo o seu planejamento. No fim, não conseguiram prever sequer o que aconteceria nos próximos cinco minutos. E muito menos tinham ideia dos eventos bizarros que os esperavam nos próximos meses.

A reunião estava terminada.

Importante:

Ficha

Ícone : Mensagens : 178 Data de inscrição : 22/07/2022

tempo de sangue
危機

A essência daquela energia pesada que se escorava nos ombros de cada shinigami no salão era inconfundível. A mão direita de Atlantis, que antes já resistia à atração do cabo da espada, agora o apertava até embranquecer os nós dos dedos. Sabia exatamente de onde vinha e a magnitude daquele poder, nada impedia seu caminho até a criatura nem o de seu aço até a face que deveria conter uma máscara. Contudo, aquela era a primeira apresentação da sua pessoa diante de figuras as quais exigiam um bom primeiro impacto, ou pelo menos um que não expusesse uma de suas fraquezas.

O capitão da décima terceira divisão continuou com o cabo da espada apertado pelos dedos, mas conteve o impulso de deixar o shunpo tirá-lo dali. A expressão de quem suprimia o desejo de morte também foi mal contida, Atlantis apenas acenou duramente às permissões de Kuina, abraçou seus pensamentos e deu as costas a todos quando foram dispensados.

“Espero que isso clareie as perspectivas de todos. Enquanto discutimos paz com aqueles que dizimam humanos e aos quais caçamos há tempo demais, somos, outra vez, facilmente invadidos. Por eles. E ainda pretendemos mergulhar numa reunião aparentemente no território deles, na esperança de que não tenha nenhum tubarão na espreita. Nós deveríamos ser os tubarões.” Pensou.

Vida 900/900;

Reiatsu 1300/1300;

Stamina 9/9.

Considerações:

Re: [Evento] Reunião dos Capitães - Publicado

1999

Inverno

Tutorial

Anúncios

Mapa do Fórum