O Vasto Lorde manteve-se firme em desviar das investidas do dragão de fogo, que a cada momento parecia mais fraco. Aparentemente, em virtude de ter pouca reiatsu, Bali não conseguiria manter a transformação por muito mais tempo.

Magnus pensou em zombar, mas recuou da ideia. O inimigo precisava pensar que estava vencendo, afinal. Curiosamente, Bali pouco se importou com a morte de Moon, assim como Zara. Isso era estranho. Eles pareciam uma seita com desvio de senso. Magnus precisava os dissolver, literalmente, nesta oportunidade – não poderia desperdiçá-la.

O Segunda Espada sentiu seus cabelos carbonizarem nas pontas, onde as chamas da Bankai quase atingiram. Bali, enfim, esgotou-se e tombou de joelhos. Magnus nem precisou se esforçar muito. Aparentemente o shinigami portador da Bankai se achou suficientemente forte apenas por despertá-la.

Não era sequer um tenente, ao que tudo indicava. De onde saiu a loucura de atacar um Vasto Lorde em campo aberto?

Magnus negou com a cabeça, em desaprovação.

— Bem sinceramente, eu esperava mais. Meu caro rapaz... — Disse, olhando fixamente para o portador da bankai. — Você não é tão forte quanto um capitão. Sequer é tão forte quanto um tenente. Você colocou em risco as estruturas fundamentais do nosso mundo por um orgulho tolo e que, verdadeiramente, não possuía nenhum fundamento. — Magnus descartou a zampakutou que estava em sua posse. — Você é um tolo insignificante e eu vou te mostrar por quê. Eu vou te mostrar o verdadeiro e absoluto poder!

E então Magnus sussurrou. — Que o mundo pereça diante d’el Gran Rey...!

Magnus olhou os corpos no chão, dissolvendo depois do poderoso ataque que sofreram. Sua ressurección agora já desativada. Enquanto transformado, utilizou-se de seus poderes para “apagar” a ocorrência de toda a batalha, desde o encontro com Ruel até a morte dos dois últimos shinigamis.

A lua agora ameaçava sumir para dar lugar ao sol. Demoraria ainda algum tempo para o dia raiar e os humanos perceberem – e encontrarem alguma lógica justificativa – para a destruição sem precedentes no meio de Londres.

Hollows e Shinigamis – mesmo os Quincys e demais mortais –, por força de Magnus, não notariam nada de anormal ou que proviesse de origem inumana (pensariam decorrer da tempestade chuvosa, afinal), assim a paz poderia se manter por longo período e o pacto estaria preservado. A paz entre a Soul Society e o Hueco Mundo era fundamental para que as coisas fluíssem bem – ou tão bem quanto fosse possível, de qualquer modo.

Não havia lado certo, nem lado errado. Cada espécie fazendo seu papel na balança do cosmo.

Magnus suspirou pesadamente, cansado. Seus passos agora tocavam o chão e o fizeram abrir uma Garganta, indo até uma mansão em Paris, onde residia no mundo humano. Tinha que trocar sua roupa e limpar-se da imundície em que se encontrava, afinal, parecia que havia participado de uma carnificina, com sangue espalhado por todo seu esbelto corpo.

Entrou em seu banheiro, despindo-se imediatamente. Tomou um longo e regozijoso banho, removendo de si todo sangue que outrora o contaminara. Em seu peito o buraco podia ser visto.

Uma memória. Uma longe e perigosa memória de que Magnus não era um deles.

Estava bem longe de ser.